BACEN Contabilidade Apostila Alexandre Américo



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Transcrição:

BACEN Contabilidade Apostila Alexandre Américo 2013 Copyright. Curso Agora eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor.

1. CONCEITO DE CONTABILIDADE NOÇÕES INTRODUTÓRIAS: conceitos iniciais, terminologia contábil. Profº. Alexandre Américo Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e registro relativo aos atos e fatos da Administração Econômica (CONCEITO OFICIAL). A seguir, será detalhado o conceito supra para melhor entendimento!!!!!!! Orientação consiste em prestar informações aos usuários para a tomada de decisões. Controle acompanhamento das definições adotadas pela organização. Registro anotações através da simbologia do débito e do crédito das decisões de comprar, vender, pagar, emprestar etc. Atos são acontecimentos que não afetam o patrimônio da organização; ex: aval, hipoteca, admissão de empregados etc. Fatos são acontecimentos que afetam o patrimônio; ex: pagamentos, recebimentos, compras, vendas etc. Administração Econômica entidade, azienda, empresa, sociedade. Sociedades com fins lucrativos sociedades civis e comerciais. Sociedades civis aquelas que prestam serviços com ou sem fins lucrativos. Exemplos: estabelecimento de ensino, clínicas, consultorias, diretorias acadêmicas etc. Quando tais entidades visam o lucro, não o fazem através do exercício do comércio, mas através da prestação de serviços. Em contrapartida, quando não almejam auferir lucro, são denominadas de Associações, cujos objetivos estão voltados para o fomento de determinada atividade intelectual, caritativa e filantrópica. O registro adequado, em razão do objeto civil, é o do registro civil de pessoas jurídicas, vinculado ao cartório de títulos e documentos. Sociedades comerciais são aquelas que praticam atos de comércio com fins lucrativos; ex: comprar e vender mercadorias, transformar matérias-primas em produtos acabados, negócios bancários etc. Possuem, portanto, objetivos econômicos. O ramo de atividade é o indicativo para distinguir uma sociedade comercial de uma sociedade civil. Seus documentos de constituição e alteração são arquivados na Junta Comercial (Órgão de Registro de Comércio). IMPORTANTE!!!!!!!!!!!!!!! A sociedade anônima sempre será uma sociedade comercial, independentemente de seus objetos. (Art. 2º, 1º, Lei 6.404/76) Contabilidade é uma CIÊNCIA SOCIAL, portanto, não exata, que tem como objeto de estudo o patrimônio das entidades econômico-administrativos (aziendas), tendo por escopo controlá-lo, com a finalidade de fornecer informações úteis, fidedignas, precisas, oportunas, tempestivas, compreensíveis e comparáveis aos usuários da informação contábil, para que estes, subsidiados pelo Sistema de Informações Contábeis, tomem decisões as mais variadas possíveis. Objeto da Contabilidade PATRIMÔNIO DAS AZIENDAS Aziendas é a denominação genérica para as entidades com ou sem fins lucrativos. TOME NOTA! - Alexandre, mas não ficou tão claro o conceito de Aziendas? Seja mais objetivo!!!! Tudo bem, vamos lá!!!! Por Azienda entende-se toda entidade organizada passível de ter um patrimônio (bens, direitos e obrigações). Isso quer dizer que esse conceito é bastante amplo, contemplando pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos, empresas informais, empresas públicas, pessoas físicas. Por exemplo, uma sucata, um hospital, uma sociedade cooperativa, uma organização governamental seriam exemplos de aziendas. - Peraí, Alexandre, agora complicou foi tudo!! Uma sucata não tem patrimônio. Então não pode ser uma azienda. E não sendo uma azienda, a Contabilidade não se lhe aplicaria, é isso? Página 2 de 228

A priori poder-se-ia imaginar que uma sucata não dispõe de um patrimônio. Não é bem assim, entretanto. Vejam que a referida entidade, a sucata, dispõe de bens de venda para comercialização (mercadorias ativos). Se esses bens forem vendidos a prazo, com cheque pré-datado, por exemplo, tal operação provocará o surgimento de valores a receber contra terceiros (créditos, direitos ativos). Ao conjunto de bens e direitos dá-se o nome de ativos. Falaremos disso oportunamente. Tenha calma! Por outro lado, a sucata, administrada pelo Seu Zé Sucateiro, pode ter funcionários registrados em carteira, o que faz surgir débitos, valores a pagar daquela para com os seus empregados. Somando-se a isso, tem-se ainda as contribuições previdenciárias e trabalhistas a recolher, que também contemplam o conjunto das obrigações da entidade para com terceiros. Ao conjunto das obrigações exigíveis de uma entidade para com terceiros dá-se o nome de passivo exigível. Moral da história: uma sucata realmente é uma azienda, pois dispõe de uma patrimônio (bens + direitos + obrigações) submetido à gestão humana. Resumindo: Azienda = patrimônio + gestão humana Objetivo correta apresentação do patrimônio, apresentação e análise das causas de sua mutação. Finalidade fornecer aos usuários o máximo de informações sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do patrimônio e suas mutações para facilitar as tomadas de decisões. Em síntese, presta informações sobre a composição do patrimônio de uma entidade e de suas variações. Segundo conceito da lavra de Hilário Franco: Contabilidade é a ciência que estuda, controla e interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos com o fim de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico da entidade CONTABILIDADE (ciência) OBJETIVO (meio) OBJETO (matéria) FINALIDADE (fim) CONTROLAR O PATRIMÔNIO PATRIMÔNIO FORNECER INFORMAÇÕES 2. ATRIBUTOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL Conforme já exposto, a Contabilidade presta informações aos diversos tipos de usuários. Tais informações são classificadas em quantitativas e qualitativas, as quais podem ser expressas tanto em termos físicos quanto monetários. Por aspecto qualitativo do patrimônio, entende-se a natureza dos elementos que o compõem. A delimitação qualitativa desce, em verdade, até o grau de particularização que permita a perfeita compreensão do componente patrimonial. PATRIMÔNIO ASPECTO QUALITATIVO COMPONENTES ASPECTO QUANTITATIVO EXPRESSÃO MONETÁRIA O atributo quantitativo refere-se à expressão dos componentes patrimoniais em valores. As informações contábeis se revestem dos seguintes atributos: ü CONFIABILIDADE: a informação fornecida precisa estar respaldada na veracidade, completeza e pertinência para que o usuário a aceite e a utilize como referência para tomar suas decisões; Página 3 de 228

ü ü ü Profº. Alexandre Américo TEMPESTIVIDADE: a informação deve chegar ao usuário em tempo oportuno, hábil. Essa qualidade da informação contábil tem estrita relação com o princípio da oportunidade, que será visto na ocasião oportuna!! COMPREENSIBILIDADE: a informação deve ser exposta na forma mais compreensível possível ao usuário a que se destine. COMPARABILIDADE: as informações geradas pelo Sistema de Informação Contábil precisam ser padronizadas, possibilitando ao usuário o conhecimento da evolução entre determinada informação ao longo do tempo, numa mesma entidade ou entre diversas entidades pertencentes a um mesmo setor econômico ou de setores econômicos diferenciados. 3. USUÁRIOS DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS De algum modo, todos nós somos usuários da informação contábil. Alguns possuem interesse direto por estarem ligados à administração de uma empresa (são os usuários internos), ao passo que outros possuem interesse indireto como os acionistas minoritários, os investidores, os empregados ou mesmo o fisco (são os usuários externos) INTERNOS: sócios, administradores, empregados. Os acionistas, sócios ou proprietários demonstram interesse na informação contábil com a finalidade de saber a rentabilidade e a segurança do seu investimento. Os administradores da empresa com a finalidade de tomada de decisões. EXTERNOS: bancos, governo, investidores e público em geral. Os credores de uma forma geral (bancos, fornecedores, etc.) com a finalidade de avaliar a segurança do retorno dos recursos aplicados na empresa. Os órgãos do governo (federal, estadual e municipal) com a finalidade de verificar a tributação das empresas. 4. CAMPO DE APLICAÇÃO (Campo de Atuação, Amplitude da Ciência Contábil) O campo de atuação ou campo de aplicação da Contabilidade é de extensa amplitude, contemplando todas as entidades que possuem um patrimônio a ser controlado, sejam físicas ou jurídicas, de fins lucrativos ou não, ou seja, a contabilidade se aplica às aziendas, que são chamadas também de entidades econômico-administrativas. Azienda pode ser considerado como um ente qualquer (com personalidade ou não) possuidor de um patrimônio. Entidades econômico-administrativas são as entidades que reúnem pessoas, patrimônio, ação administrativa e finalidade estabelecida. 5. FUNÇÕES DA CONTABILIDADE FUNÇÃO ADMNISTRATIVA: Controlar o patrimônio da entidade, tanto sob o aspecto estático quanto sob o aspecto dinâmico. ESTÁTICA PATRIMONIAL Fazer o balanço (posição em dado momento) DINÂMICA PATRIMONIAL Controlar suas mutações qualitativas e quantitativas (DRE) FUNÇÃO ECONÔMICA: Apurar o resultado (redito), isto é, apurar o lucro ou prejuízo da entidade. 6. TÉCNICAS CONTÁBEIS RECEITA > DESPESA = LUCRO RECEITA < DESPESA = PREJUÍZO RECEITA = DESPESA = RESULTADO NULO Escrituração (Art. 177, Lei nº 6.404/76): registro dos fatos que envolvem o patrimônio em livros próprios (livros de escrituração). Demonstrações Contábeis ou Demonstrações Financeiras: quadros técnicos que evidenciam a situação patrimonial, financeira ou econômica da entidade. Art. 176, Lei 6.404/76 (nova redação dada pela Lei 11.638/07) e normas da CVM (Comissão de Valores Mobiliários): Balanço Patrimonial (BP) EVIDENCIA A ESTÁTICA PATRIMONIAL; Página 4 de 228

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) ou, se companhia aberta, por exigência da CVM, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL); Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) EVIDENCIA A SITUAÇÃO ECONÔMICA DA ENTIDADE, A DINÂMICA PATRIMONIAL; Demonstração dos Fluxos de Caixa, EXCETO no caso de companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2 milhões; Demonstração do Valor Adicionado, SE companhia ABERTA As Cias. Abertas, portanto, são obrigadas, por exigência da CVM Comissão de Valores Mobiliários, a elaborar a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), a qual dispensará a elaboração isolada da DLPA, pois é incluída na DMPL. MUITO CUIDADO para a seguinte afirmativa numa questão de prova: Nas Cias. que negociam suas ações em bolsas de valores ou em mercado de Balcão, a DLPA será substituída pela DMPL A AFIRMATIVA SUPRA ESTÁ ERRADA!!!!!!!! IMPORTANTE: A DMPL Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido é uma demonstração contábil obrigatória para as empresas de capital aberto não por força da lei societária (Lei 6.404/76), e, sim, por exigência da CVM Comissão de Valores Mobiliários (Instrução CVM nº 59 de 22/12/1986). Logo, sob o prisma estritamente da lei societária, o referido demonstrativo contábil é facultativo; sob a ótica da CVM, o mesmo é obrigatório para as sociedades anônimas de capital aberto, ou seja, aquelas que transacionam ações em bolsas de valores!!! Juntamente com as demonstrações, as companhias devem complementá-las com NOTAS EXPLICATIVAS, as quais tem por objetivo esclarecer alguns detalhes não explicitados nas demonstrações. INFORMAÇÃO CAPCIOSA De acordo com o item 10 CPC 26 Apresentação das Demonstrações Contábeis, O CONJUNTO COMPLETO DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS inclui: a) Balanço Patrimonial ao final do período => BP; b) Demonstração do Resultado do período => DRE; c) Demonstração do Resultado Abrangente do período => DRA; d) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido do período => DMPL; e) Demonstração dos Fluxos de Caixa do período => DFC; f) notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contábeis significativas e outras informações elucidativas; g) Balanço Patrimonial do início do período mais antigo, comparativamente apresentado, quando a entidade aplica uma política contábil retrospectivamente ou procede à reapresentação retrospectiva de itens das demonstrações contábeis, ou ainda quando procede á reclassificação de itens de suas demonstrações contábeis; e h) Demonstração do Valor Adicionado do período, se exigido legalmente ou por algum órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente => DVA. A Demonstração do Resultado Abrangente pode ser apresentada em quadro demonstrativo próprio dentro das Mutações do Patrimônio Líquido. A entidade deve apresentar com igualdade todas as demonstrações contábeis que façam parte do conjunto completo de demonstrações contábeis. A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) apesar de não ser obrigatória pela Lei n.º 6.404/76, passa a fazer parte do conjunto completo de demonstrações contábeis por força da Resolução CFC n.º 1.185/09. Reconhecendo a importância da DMPL, a Lei n.º 6.404/76 mencionou-a no 2º do artigo 186: A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e PODERÁ ser incluída na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, se elaborada e publicada pela companhia. Auditoria: consiste no exame e verificação dos registros e das Demonstrações Contábeis. Visa à verificação da Página 5 de 228

fidelidade das informações contábeis, detectando erros ou fraudes e, por fim, emitindo um parecer ou relatório sobre as informações fornecidas pelo sistema contábil e controles internos da entidade auditada. Análise das Demonstrações Contábeis (Análise de Balanços ou Análise das Demonstrações Financeiras): permite conhecer a situação econômica e financeira da entidade, bem como do seu desempenho operacional, através da interpretação, decomposição e comparação das DC s, por meio de índices e quocientes calculados a partir de itens extraídos das mesmas. Mediante a análise dos mesmos, é possível se conhecer a capacidade de crédito, de solvência, as tendências de expansão, a rentabilidade e lucratividade de uma empresa e compará-las com entidades do mesmo setor ou de setores heterogêneos. INFORMAÇÃO CAPCIOSA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! A Auditoria e a Análise de Balanços, a par de serem técnicas contábeis são, também, especializações ou ramos da Contabilidade. Demonstrações financeiras obrigatórias (FUNDAMENTAÇÃO LEGAL) O art. 176 da Lei das S/A, que dispõe sobre as demonstrações financeiras obrigatórias, foi objeto de alteração pela Lei 11.638, de 2007 e pela MP 449/08. A seguir, para fins de esclarecimento, encontra-se reproduzido o referido artigo com a nova redação introduzida pela Lei 11.638, de 2007 e pela MP 449/08: Demonstrações Financeiras Disposições Gerais Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I - balanço patrimonial; II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III - demonstração do resultado do exercício; e IV - demonstração das origens e aplicações de recursos. IV demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) V se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior. 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações genéricas, como "diversas contas" ou "contas-correntes". 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela assembléia-geral. 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. 5 o As notas explicativas devem: (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008) I - apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos; (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) II - divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras; (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) III - fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) IV - indicar: (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo; (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (art. 247, parágrafo único); (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações (art. 182, 3 o ); (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes; (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo; (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) Página 6 de 228

f) o número, espécies e classes das ações do capital social; (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) Profº. Alexandre Américo g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício; (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, 1 o ); e (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) i) os eventos subseqüentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia. (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) 6 o A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) 7 o A Comissão de Valores Mobiliários poderá, a seu critério, disciplinar de forma diversa o registro de que trata o 3 o deste artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008) A nova redação dada ao art. 176 da Lei das S/A, pela Lei 11.638, de 2007, resultou em duas sensíveis mudanças, a seguir apresentadas e comentadas. (1) A DOAR Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos deixou de ser obrigatória e, em seu lugar, passou a ser exigida a Demonstração dos Fluxos de Caixa DFC. Saliente-se que companhias fechadas com PL inferior a dois milhões de reais ficaram desobrigadas de elaborar e publicar a DFC. (2) Foi introduzida a obrigatoriedade de apresentação da Demonstração de Valor Adicionado para AS CIAs ABERTAS. Ao estudarmos o conteúdo do art. 188 (também alterado pela Lei 11.638, de 2007), analisaremos com maiores detalhes a estrutura dessas demonstrações. 7. O PATRIMÔNIO 7.1. CONCEITO O patrimônio, segundo a nossa concepção pessoal, representa bens de família, herança, ou riqueza. Para a Contabilidade, entretanto, o patrimônio possui uma conotação de maior amplitude, representando o conjunto de bens, direitos e obrigações. Conforme já visto, uma das principais finalidades da Contabilidade é fornecer informações úteis aos seus usuários e demais pessoas que possam ter algum interesse na situação econômico-financeira da entidade. Para que isto seja possível, é necessário que registremos todos os fatos que alterem a movimentação do patrimônio (bens, direitos e obrigações) de uma entidade, quer qualitativa ou quantitativamente. As alterações do patrimônio ocorrem em conseqüência de operações comerciais próprias das empresas como as compras, as vendas, os pagamentos, os recebimentos, os investimentos, a formação de capital social etc. A Contabilidade possui regramento pela Lei n 6.404/1976 (Lei das S.A.), pelo Código Civil, por Resoluções do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), pela Comissão de Valores Mobiliários e por outras entidades dependendo do ramo de atuação ou de sua atividade. Com pertinência sobre o assunto patrimônio, exercendo sua competência normativa, o CFC, por meio da RESOLUÇÃO CFC no 774/94, estabelece: 1.2. O Patrimônio, objeto da Contabilidade O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência, tanto nas ciências formais quanto nas factuais, das quais fazem parte as ciências sociais. Na Contabilidade, o objeto é sempre o PATRIMÔNIO de uma Entidade, definido como um conjunto de bens, direitos e de obrigações para com terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, independentemente da sua finalidade, que pode, ou não, incluir o lucro. O essencial é que o patrimônio disponha de autonomia em relação aos demais patrimônios existentes, o que significa que a Entidade dele pode dispor livremente, claro que nos limites estabelecidos pela ordem jurídica e, sob certo aspecto, da racionalidade econômica e administrativa. O Patrimônio também é objeto de outras ciências sociais por exemplo, da Economia, da Administração e do Direito que, entretanto, o estudam sob ângulos diversos daquele da Contabilidade, que o estuda nos seus aspectos quantitativos e qualitativos. A Contabilidade busca, primordialmente, apreender, no sentido mais amplo possível, e entender as mutações sofridas pelo Patrimônio, tendo em mira, muitas vezes, uma visão prospectiva de possíveis variações. As mutações tanto podem decorrer da ação do homem quanto, embora quase sempre secundariamente, dos efeitos da natureza sobre o Patrimônio. Por aspecto qualitativo do patrimônio entende-se a natureza dos elementos que o compõem, como dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias etc. A delimitação qualitativa desce, em verdade, até o grau de particularização que permita a perfeita compreensão do componente patrimonial. Assim, quando falamos em máquinas, ainda estamos a empregar um substantivo coletivo, cuja expressão poderá ser de muita utilidade, em determinadas análises. Mas a Contabilidade, quando aplicada a um patrimônio particular, não se limitará às máquinas como categoria, mas se ocupará de cada máquina em particular, na sua condição do componente patrimonial, de forma que não possa ser confundida com qualquer outra máquina, mesmo de tipo idêntico. Página 7 de 228

O atributo quantitativo refere-se à expressão dos componentes patrimoniais em valores, o que demanda que a Contabilidade assuma posição sobre o que seja Valor, porquanto os conceitos sobre a matéria são extremamente variados. Do Patrimônio deriva o conceito de Patrimônio Líquido, mediante a equação considerada como básica na Contabilidade: (Bens + Direitos) (Obrigações) = Patrimônio Líquido Quando o resultado da equação é negativo, convenciona-se denominá-lo de Passivo a Descoberto. O Patrimônio Líquido não é uma dívida da Entidade para com seus sócios ou acionistas, pois estes não emprestam recursos para que ela possa ter vida própria, mas, sim, os entregam, para que com eles forme o Patrimônio da Entidade. O conhecimento que a Contabilidade tem do seu objeto está em constante desenvolvimento, como, aliás, ocorre nas demais ciências em relação aos respectivos objetos. Por esta razão, deve-se aceitar como natural o fato da existência de possíveis componentes do patrimônio cuja apreensão ou avaliação se apresenta difícil ou inviável em determinado momento. Analisando detalhadamente alguns pontos do ato normativo, verifica-se que o patrimônio das entidades é autônomo em relação aos demais patrimônios, isto é, o patrimônio da entidade não pode ser confundido com o patrimônio de seus sócios ou acionistas, podendo a entidade dispor dele livremente, em face de possuir personalidade jurídica própria e distinta da personalidade de seus instituidores. À Contabilidade interessa estudar o patrimônio sob dois prismas: o aspecto qualitativo e o quantitativo. Entende-se por aspecto qualitativo a natureza de seus elementos, como dinheiro em caixa, valores a receber e valores a pagar expressos monetariamente (moeda), máquinas, estoques de materiais ou mercadorias, participações societárias etc. Já o aspecto quantitativo quer dizer a expressão monetária dos componentes patrimoniais, isto é, os valores em dinheiro. É de salientar que o aspecto monetário não é exatamente objetivo, pois a valoração depende de empresa para empresa, isto é, pode um determinado bem ser considerado completamente obsoleto a determinada empresa e ser de extrema utilidade para outra, quando para esta ultima terá valor econômico superior ao da primeira. Para as empresas, cuja finalidade é a obtenção de resultado econômico positivo, o interesse do aspecto valorativo ou monetário se sobrepõe ao aspecto qualitativo. Para estas, os bens servem de meio à consecução dos objetivos sociais na produção de resultados, quer diretamente, quer por meio de investimentos em outras empresas, quando então produzirão resultados acessórios. Assim, se determinada empresa vender mercadorias ao preço de custo, ela apenas trocou mercadorias por dinheiro e houve tão somente uma variação qualitativa no Patrimônio. Porém, se houver uma venda de mercadorias com lucro ou prejuízo, então a variação terá sido qualitativa e quantitativa, pois trocou bens de venda por dinheiro ou direitos com ágio ou volta. Diante do exposto, estamos aptos a apresentar uma definição completa do Patrimônio, qual seja: PATRIMÔNIO É o conjunto de BENS, DIREITOS E OBRIGAÇÕES vinculadas a uma determinada entidade, com ou sem fins lucrativos, utilizados na consecução de seus objetivos. Um aspecto interessante que pode ser extraído dessa definição de patrimônio diz respeito às partes que o compõem, ou seja, os bens e direitos de um lado e as obrigações de outro. Por enquanto, podemos estabelecer que o patrimônio envolve uma parte positiva (representado pelos bens e direitos) e outra negativa (representado pelas obrigações). Denota-se que o patrimônio, aqui para a contabilidade, possui significado diverso daquele atribuído por outras ciências, abarcando, além dos bens também os direitos e as obrigações. Assim, é de bom alvitre que se tenha cautela quando se emitir algum comentário sobre a grandeza patrimonial de determinada pessoa, pois, ela pode possuir muitos bens como carros, imóveis, máquinas e dinheiro em banco (parte positiva do patrimônio), mas estes bens podem estar comprometidos por dívidas (parte negativa do patrimônio) a serem pagas a terceiros. Analisando o patrimônio sob esse prisma (parte positiva e parte negativa), somos forçados a estabelecer uma equação, qual seja: + representam elementos positivos do patrimônio BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES (com terceiros) = PATRIMÔNIO LÍQUIDO. representam elementos negativos - Riqueza da entidade O Patrimônio Líquido recebe, ainda, as designações de Situação líquida, Capital Próprio ou Riqueza Própria, estas duas últimas designações derivadas da autonomia patrimonial onde a expressão própria possui a conotação da empresa ou entidade. 7.2. ESTRUTURA PATRIMONIAL (COMPONENTES) E A REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PATRIMÔNIO (CONFIGURAÇÃO PATRIMONIAL) PATRIMÔNIO = Bens / Direitos / Obrigações Página 8 de 228

Bens + Direitos ATIVO OU Obrigações com terceiros PASSIVO PROPRIAMENTE DITO OU - PATRIMÔNIO BRUTO CAPITAL ALHEIO OU CAPITAL APLICADO OU RECURSOS APLICADOS OU APLICAÇÕES DE RECURSOS OU CAPITAL DE TERCEIROS OU PASSIVO EXIGÍVEL OU RECURSOS DE TERCEIROS OU PASSIVO REAL Bens + Direitos Parte Positiva Ativo PL = ATIVO PASSIVO EXIGÍVEL O Ativo corresponde à parte positiva demonstrando as aplicações ou usos de recursos em bens e direitos, que foram entregues ao patrimônio pelos proprietários ou por terceiros (fornecedores de bens e serviços). Relaciona, pois, os bens e direitos da entidade e os seus devedores. Obrigações com terceiros Parte Negativa Passivo Exigível O Passivo propriamente dito ou passivo exigível corresponde à parte negativa, demonstrando as origens ou fontes de recursos obtidos pelo patrimônio junto a terceiros para serem aplicadas no ativo, na forma de bens e direitos. Relaciona, pois, as obrigações exigíveis (débitos do patrimônio) e os credores do patrimônio. Mostra, portanto, os financiamentos que originaram aplicações. 7.2.1. COMPOSIÇÃO DO PATRIMÔNIO BENS qualquer coisa que satisfaz as necessidades das pessoas e que pode ser avaliado economicamente, ou seja, quantificados monetariamente. Classificação dos bens 1. Bens Tangíveis, Materiais, Concretos ou Corpóreos: possuem existência material (física). Exemplo: Móveis e Utensílios, Veículos (móveis), Animais de reprodução, Terrenos (imóveis), dinheiro em espécie, em conta corrente bancária, equipamentos, instalações elétricas e hidráulicas, ferramentas, mercadorias; 2. Bens Intangíveis, Imateriais, Abstratos ou Incorpóreos: existência abstrata, imaterial, mas podem ser traduzidos em moeda. Representam aplicação de capital, cujo valor reside em direitos de propriedade que são conferidos aos seus possuidores. Exemplo: Marcas e Patentes da empresa, Fundo de Comércio, Benfeitorias em imóveis de terceiros, direitos autorais, ponto comercial, programas de computador, propriedade científica e literária, concessões obtidas, ações ou quotas do capital de empresas etc. - Fundo de Comércio, Alexandre? Que é isso mesmo??????? Página 9 de 228

Fundo de Comércio é o que uma empresa tem de valor acima do seu Patrimônio Líquido avaliado a preço de mercado. Como você já está careca de saber, imagine eu, o Patrimônio Líquido de uma empresa é a diferença entre seus Ativos e seus Passivos. Esse Patrimônio Líquido, porém, está sempre expresso em termos contábeis, ou seja, depende diretamente dos valores contabilizados para cada Ativo e para cada Passivo. Representa, então, o goodwill, ou seja, aquilo que um Patrimônio Líquido consegue ter de valor, se negociada a empresa como um todo, acima do que seria obtido com a negociação de cada Ativo, individualmente, a preços de mercado. Para elucidar melhor o conceito, vou criar um exemplo hipotético. Lembram-se da sucata??? Pois bem, o Sr. Zé Sucateiro, proprietário da mesma resolveu se desfazer do negócio (pois sua idade estava enferrujada ). Vendeu a empresa (azienda) de que é proprietário por R$ 100.000,00 (um valor bem considerável para uma sucata, não acham?). Os Ativos da sucata estavam avaliados por R$ 150.000,00. As suas dívidas para com terceiros perfaziam uma monta de R$ 80.000,00. Logo a riqueza patrimonial da entidade (Patrimônio Líquido) é de R$ 70.000,00 (Ativo Passivo Exigível). Como a sucata do Sr. Zé Sucateiro é localizado em um ponto estratégico da cidade, em que circulam potenciais compradores de peças de veículos, existiria uma gama de compradores interessados em pagar um valor acima do valor patrimonial da empresa, que é de R$ 70.000,00. Esse valor a mais (uma espécie de ágio) pago pelo comprador, R$ 30.000,00, corresponderia ao Fundo de Comércio, aos bens incorpóreos relacionados ao estabelecimento, como por exemplo, o ponto comercial. Ou seja, a diferença entre o valor negociado e o Patrimônio Líquido, de R$ 70.000,00, seria o goodwill. 3. Do ponto de vista contábil, podemos identificar os bens como: 3.1. Bens de Venda: mercadorias, estoques de matérias-primas, produtos em elaboração e acabados (prontos); 3.2. Bens de Uso (Fixos): são os meios (bens) necessários ao exercício da atividade (prédios, veículos, móveis, salas, imóveis destinados às instalações do estabelecimento industrial) que ao serem baixados por venda, uso, desuso, perecimento, sinistro, serão indicados como despesa. 3.3. Bens de Consumo: representam despesas (quando consumidos ou forem usufruídos seus benefícios) geradas para se obter receitas, que: ao serem pagas as despesas, provocam saída de dinheiro (caixa) e, caso não sejam pagas, geram valores a pagar (obrigações, dívidas). 3.4. Bens de Renda: adquiridos com a finalidade de produzir renda para a empresa, que não são destinados à manutenção das atividades dessa. Exemplo: participações societárias de caráter permanente (sem a intenção de venda) ou temporário (com intenção de venda), aplicações financeiras de natureza não imediata, imóveis para aluguel, obras de arte, terrenos não utilizados pela empresa. DIREITOS (Créditos) São todos os créditos (valores a receber ou a recuperar) de uma empresa contra terceiros, decorrente de uma operação de a prazo. Representam bens do patrimônio em poder do devedor (pessoa que comprou). Exemplo: Duplicatas a receber, Adiantamentos a fornecedores, Impostos a recuperar. OBRIGAÇÕES são todos os débitos (valores a pagar) de empresa com terceiros. São as dívidas do patrimônio, seus débitos. Representam bens do credor (pessoa que vendeu/emprestou) em poder do patrimônio. Exemplos: Duplicatas a Pagar, Impostos a recolher, Adiantamentos a clientes, Empréstimos bancários, Provisão para IR, Provisão p/ contingências. PATRIMÔNIO LÍQUIDO Riqueza própria de uma empresa, representando a GRANDEZA PATRIMONIAL. É a parte positiva que pertence aos proprietários da entidade. COMPOSIÇÃO Segundo o art. 178, 2º, alínea d da Lei nº 6.404/76, com a redação da Lei nº 11.638/76, o Patrimônio Líquido será composto por: 1- Capital Social (deduzido da parcela a integralizar ou a realizar) 2- Reservas de Capital; 3- + ou (-) Ajustes de Avaliação Patrimonial (incluído pela Lei nº 11.638/07) 4- reservas de lucros; 5- (-) Ações em Tesouraria ou Quotas Liberadas(*); 6- (-) Prejuízos Acumulados Página 10 de 228

OBS: (*) No caso específico das Sociedades Limitadas, podemos encontrar a conta QUOTAS LIBERADAS, também retificadora do Patrimônio Líquido. As contas que apresentam o sinal (-) à sua esquerda são chamadas de contas retificadoras (O CESPE/UNB, em concurso anterior, já as chamou de contas subtrativas, terminologia não encontrada em nenhum livro de graduação!!!!!). Falaremos dessas contas adiante, mas quero elencar, até aqui, as contas retificadoras do PL, para que você já crie um laço de intimidade com elas!!! Segue-as: CAPITAL A REALIZAR é a parcela que ainda não foi transferida para a empresa. AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL desde que o saldo dessa conta seja devedor. PREJUÍZO ACUMULADO Ocorre quando o total das Despesas é maior do que as Receitas. AÇÕES EM TESOURARIA Representa as operações onde as Sociedades Anônimas adquirem ações de sua própria emissão. QUOTAS LIBERADAS Representa as operações onde as Sociedades Limitadas adquirem parte ou totalidade de quotas que lhes foram destinadas. Entretanto, com a edição do novo código civil, tais operações estão vedadas CAPITAL A SUBSCREVER (se a sociedade anônima for de capital autorizado, havendo evidenciação do capital autorizado no Balanço Patrimonial)- corresponde ao montante até o qual poderá o capital social ser aumentado sem precisar de reforma estatutária para isso. Conforme explicaremos com maiores detalhes adiante, apesar de figurar na coluna da direita do gráfico patrimonial, o Patrimônio Líquido não pertence ao Passivo. O Patrimônio Líquido corresponde aos investimentos efetuados pelos proprietários e não pode ser entendido como uma dívida da entidade para com os sócios. INFORMAÇÃO CAPCIOSÍSSIMA!!!!!!!!!!!!!!!!!! O Patrimônio Líquido pode ser chamado de PASSIVO FICTÍCIO, já que figura na coluna do Passivo, mas não é Passivo propriamente dito (Passivo Exigível). Isso se deve ao fato de os sócios (quotistas, se sociedade LTDA; acionista, se S/A) apenas entregarem recursos para entidade, o que não significa um empréstimo feito pela empresa aos mesmos. Tais recursos são entregues para se formar o patrimônio da entidade. Portanto, o PL não representa dívida da empresa!!!!!!!! Abaixo, fizemos uma representação gráfica para melhor entendimento. ATIVO Bens PASSIVO + PL Obrigações PASSIVO EXIGÍVEL Direitos Patrimônio Líquido COMPONENTES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) PARTES POSITIVAS: PASSIVO FICTÍCIO (PASSIVO NÃO EXIGÍVEL) o Capital Social : total de ações subscritas na constituição de uma sociedade anônima ou de quotas subscritas na constituição de uma sociedade limitada. o Reservas de capital e Reservas de lucros : são valores acumulados no PL para uso posterior. o Lucros Acumulados: lucros retidos, sobra do lucro líquido após sua distribuição (*) o Ajustes de Avaliação Patrimonial (SE saldo credor) NOTA (*): A Lei nº 11.638/07 eliminou do balanço a conta Lucros Acumulados. ENTRETANTO, isso não quer dizer que ela deixou de existir. Continuará existindo para receber o lucro líquido do exercício, apurado na DRE, para de lá ser destinado, na DLPA, para aumentar o capital social, distribuição dos dividendos e constituição das reservas de lucros. PARTES NEGATIVAS: O Prejuízos Acumulados: se a empresa ao invés de lucro, tiver prejuízo, este entrará no PL diminuindo-o. Despesas > Receitas. O Ajustes de Avaliação Patrimonial (SE saldo devedor) o Ações em Tesouraria: é utilizada quando a empresa adquire suas próprias ações e as mantém em tesouraria, com o fim de venda futura. Exceção ao art. 30 da Lei 6.404/76. o Capital a Realizar (ou Capital a Integralizar): corresponde às ações subscritas e não realizadas pelos acionistas, ou seja, valor do capital que não foi colocado à disposição da empresa. É a dívida do acionista diante da própria sociedade, conseqüentemente representa um direito da empresa em relação aos sócios. Deve figurar no PL como conta retificadora. (Art. 182, Lei 6.404/76). Página 11 de 228

o Capital a Subscrever: se a sociedade anônima for uma sociedade de capital autorizado. Tal conta será retificadora de capital autorizado. Para melhor entendimento, vejamos uma representação no Balanço Patrimonial do capital de uma S/A de capital autorizado: Capital Social Autorizado 1.800.000,00 (-) Capital Social a Subscrever (800.000,00) (=) Capital Social Subscrito 1.000.000,00 (-) Capital Social a Realizar (*) (300.000,00) (=) Capital Social Realizado (**) 700.000,00 NOTA: (*) Poderá ter como sinônimo Capital Social a Integralizar (**) Poderá ter como sinônimo Capital Social Integralizado Diante do exposto, podemos encontrar o valor do PL de três maneiras, conforme abaixo: 1ª) PL = ATIVO PASSIVO EXIGÍVEL (*) 2ª) PL = PL ANTERIOR + RECEITAS DESPESAS (**) 3ª) PL = PARTE POSITIVA PARTE NEGATIVA NOTA (*) : De acordo com a Medida Provisória 449/08, de 03/12/08, que provocou novas alterações na Lei nº 11.638/07, o Passivo Exigível, agora, representa o somatório dos grupos do passivo conhecidos como passivo circulante e passivo não-circulante, deduzindo-se deste último as receitas diferidas, que correspondem a saldos existentes em 31/12/08 no anterior grupo de resultados de exercícios futuros(extinto pela MP) cujos valores foram reclassificados para o passivo não-circulante em conta representativa de receita diferida. O antigo grupo passivo exigível a longo prazo foi extinto; seus valores passaram a integrar o passivo não-circulante. Portanto, no passivo, as contas agora devem ser classificadas nos seguintes grupos: 1 passivo circulante; 2 passivo não-circulante; e 3 patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. NOTA (**) : Será explicada posteriormente, quando falarmos de Receitas, Despesas e Apuração do Resultado O PL compreende, portanto, todos os valores decorrentes do aporte de recursos dos proprietários, bem como as reservas e lucros retidos (reservas de lucros) com objetivos específicos. São originários: Dos proprietários ou sócios pela parcela do capital que foi investida na companhia; Do giro normal lucros decorrentes da gestão do exercício de comércio da empresa bem como as reservas. 7.2.2. ORIGENS DE RECURSOS X APLICAÇÕES DE RECURSOS (FONTES DE FINANCIAMENTOS) ATIVO CAPITAL APLICADO PASSIVO CAPITAL DE TERCEIROS, RECURSOS DE TERCEIROS + PL CAPITAL PRÓPRIO, RECURSOS PRÓPRIOS APLICAÇÃO DOS RECURSOS FONTE DE INVESTIMENTO ORIGEM DOS RECURSOS FONTE DE FINANCIAMENTO Página 12 de 228

Total das APLICAÇÕES = Total das ORIGENS Profº. Alexandre Américo Obs.: Capital de Terceiros (PE) + Capital Próprio = Capital Total à Disposição da Empresa Obs2.: Quando a Lei 6.404/76 se refere a PASSIVO, está-se referindo ao PASSIVO TOTAL (Passivo Exigível + PL) Para a constituição de uma empresa é necessário que de início ela possua um CAPITAL. Mas o que é CAPITAL? Sob o ponto de vista contábil, o termo CAPITAL pode encontrar vários significados (serão explicitados oportunamente!). Na fase em que nos encontramos na disciplina, até aqui é suficiente entendermos CAPITAL como sinônimo de RECURSOS. QUALQUER RECURSO É CAPITAL, OK??? Pois bem, este Capital será registrado no Departamento Nacional de Registro de Comércio (Junta Comercial) através do Contrato Social da empresa. CAPITAL PRÓPRIO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO = PASSIVO FICTÍCIO DE TERCEIROS = PASSIVO EXIGÍVEL = OBRIGAÇÕES (CAPITAL ALHEIO) = PASSIVO REAL Graficamente teremos: ATIVO Bens Direitos PASSIVO + PL Obrigações Patrimônio Líquido = Capital de Terceiros = Capital Próprio Capital Total à Disposição da empresa Analisando o quadro constatamos que o Capital que a empresa precisa para sua movimentação fica registrado na coluna da direita do gráfico patrimonial. Com isso, os valores constantes na coluna da direita, ou seja, o que compreende, PASSIVO EXIGÍVEL e PATRIMÔNIO LÍQUIDO, corresponde à ORIGEM dos recursos que serão APLICADOS no ATIVO (Bens e Direitos) Então: ORIGEM APLICAÇÃO PASSIVO EXIGÍVEL + PATRIMÔNIO LÍQUIDO ATIVO Em qualquer situação, o valor das Origens será sempre igual ao valor das Aplicações. ORIGEM = APLICAÇÃO Todos os valores que ingressam numa empresa passam pelo PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO. A empresa só poderá aplicar em (Bens + Direitos) aquilo que tem origem nas (Obrigações + Patrimônio Líquido). ATIVO APLICAÇÕES Bens Direitos PASSIVO + PL ORIGENS Capital de Terceiros + Capital Próprio Página 13 de 228

Exemplo: No momento da constituição da empresa, os proprietários entregam $ 500,00 em dinheiro, correspondente ao Capital Inicial (Capital Social). Então teremos: ATIVO PASSIVO + PL Caixa 500,00 Total 500,00 Total 500,00 É importante ficar claro que o valor do Passivo + Patrimônio Líquido que representa a ORIGEM tem que ser igual ao valor do Ativo que representa a APLICAÇÃO. No exemplo do quadro acima, temos: Ativo $ 500,00 Aplicação Patrimônio Líquido $ 500,00 Origem 7.2.3. AS VÁRIAS ACEPÇÕES DE CAPITAL Até aqui, vimos que CAPITAL é o mesmo que Recursos. Pois bem, agora passaremos a esmiuçar as várias configurações de Capital, ou seja, os diversos significados que essa palavra pode assumir na Ciência Contábil. Vamos lá!!!!! PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social 500,00 Anteriormente, vimos que o CAPITAL pode ser próprio (Patrimônio Líquido) ou de terceiros (Passivo Exigível). O Capital Próprio corresponde a recursos financeiros ou materiais aplicados na entidade por parte dos proprietários (Sócios), enquanto o Capital de Terceiros (Capital Alheio) corresponde a recursos financeiros ou materiais pertencentes a pessoas físicas ou jurídicas alheias à entidade, mas que com ela transacionam, e que foram colocados à disposição da mesma. Abaixo citamos os vários significados de CAPITAL na Contabilidade. CAPITAL SOCIAL OU CAPITAL NOMINAL OU REGISTRADO OU DECLARADO: é o investimento efetuado na empresa pelos sócios/acionistas; abrangendo também valores obtidos pela empresa, que por decisão dos sócios poderão compor o capital social. Na estrutura patrimonial, representa o valor das ações ou cotas adquiridas ou comprometidas pelos proprietários, sócios ou acionistas (Art. 5º Lei 6.404/76). Nota: qualquer alteração no valor do Capital Social, só será realizada após modificação no Contrato Social devidamente formalizada junto ao órgão competente (Junta Comercial), se se considerar uma sociedade por quotas de responsabilidade LTDA. Caso seja uma S/A, é possível haver alteração no capital social, sem que seja necessária uma alteração no ESTATUTO SOCIAL(documento de constituição de uma S/A). É o caso por exemplo de uma Sociedade Anônima de Capital Autorizado, cujo conceito será explanado adiante. CAPITAL SUBSCRITO: representa o valor do capital pelo qual os sócios se obrigam no ato da assinatura do contrato social ou no ato das subscrição das ações. CAPITAL REALIZADO OU INTEGRALIZADO OU CONTÁBIL: corresponde à parcela realizada (valor efetivamente entregue) do Capital Subscrito pelos quotistas ou acionistas. Corresponde à diferença entre o Capital Subscrito e o Capital a Realizar. A Lei 6.404/76, no art. 182, assevera-nos que a conta capital social discriminará o montante subscrito, e por dedução, a parcela ainda não realizada. CAPITAL A REALIZAR OU CAPITAL A INTEGRALIZAR: é o valor do capital que ainda não foi colocado à disposição da empresa. Corresponde, portanto, às ações subscritas e não realizadas pelos acionistas. É a dívida do acionista diante da própria sociedade. Representa a diferença entre o Capital Subscrito e o Capital Integralizado. INFORMAÇÃO CAPCIOSÍSSIMA!!!!!! A integralização do capital a integralizar DEVE ser efetuada com ingresso de recursos dos sócios, não podendo estes utilizar reservas de qualquer espécie ou lucros acumulados, pois representa obrigação pessoal dos subscritores. Se admitida fosse a integralização do capital social com utilização das reservas ou lucros, poderia haver prejuízo aos sócios ou acionistas que integralizaram por completo o seu capital!!! Página 14 de 228

De acordo com o disposto no artigo 7º da Lei nº 6.404/76: o capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. O Capital Social pode ser integralizado em bens ou direitos, no entanto a Lei nº 6.404/76 estabelece que, no mínimo, 10% devem ser integralizados em moeda. Observemos o conteúdo do citado artigo: Constituição da Companhia SEÇÃO I Requisitos Preliminares Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social. Depósito da Entrada Art. 81. O depósito referido no número III do artigo 80 deverá ser feito pelo fundador, no prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica. Parágrafo único. Caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis) meses da data do depósito, o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos subscritores. CAPITAL AUTORIZADO: é o limite máximo que o capital poderá atingir, sem que haja alteração no estatuto social. (Exclusivo das S/A). É uma figura meramente jurídica, que não traz reflexos contábeis (mas o desconhecimento desse fato pode trazer complicações ao concursando na hora da prova). A previsão legal desta figura jurídica está no art. 168 da Lei no 6.404/76 (Lei das S.A.) e é um instituto próprio de sociedades anônimas de capital aberto (que são as empresas que negociam suas ações no mercado de valores mobiliários, isto é, negociam suas ações na bolsa de valores). Este instituto autoriza que a diretoria da empresa aumente o capital social até o limite autorizado, sem que seja necessário convocar uma assembléia geral para deliberar sobre o assunto e sem que seja necessário efetuar alteração no estatuto, pois o fato de haver autorização para o aumento do capital social, bem como o seu valor, deve estar expresso no estatuto social da sociedade anônima. CAPITAL DE TERCEIROS OU CAPITAL ALHEIO: recursos originários de terceiros utilizados na aquisição de ativos de propriedade da entidade. É o passivo exigível (PC + PÑC), desconsiderado das receitas diferidas, que corresponde aos valores do antigo grupo de resultados de exercícios futuros (extinto pela MP nº 449/08), cujos saldos foram reclassificados para o passivo não-circulante. CAPITAL PRÓPRIO: recursos originários dos sócios ou acionistas da entidade ou decorrentes de suas operações sociais. Corresponde ao Patrimônio Líquido. CAPITAL TOTAL À DISPOSIÇÃO DA ENTIDADE \(CAPITAL TOTAL OU CAPITAL EM GIRO): corresponde ao conjunto de valores que estão à disposição da empresa da Empresa. Corresponde à soma do Capital Próprio + Capital de Terceiros. Assim: CT = P exigível (PC +PÑC) + PL LEGENDA: PC = PASSIVO CIRCULANTE PÑC = PASSIVO NÃO CIRCULANTE CAPITAL APLICADO: corresponde ao ATIVO TOTAL (ativo circulante + ativo não-circulante) CAPCIOSÍSSIMA: Com a edição da Medida Provisória nº 449/08, a composição dos grupos e subgrupos do ativo e do passivo sofre significativas modificações. No ativo, as contas continuam a ser dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, mas agora nos seguintes grupos: 1 ativo circulante; 2 ativo não-circulante, composto: a) ativo realizável a longo prazo; b) investimentos; c) imobilizado; e d) intangível O grupo do ativo não-circulante, conforme se observa acima é composto pelos antigos grupos do ativo realizável a longo prazo e ativo permanente. O realizável a longo prazo passou a ser um subgrupo do ativo não-circulante, enquanto o grupo do ativo permanente foi extinto, e seus subgrupos, incorporados ao ativo não-circulante, com exceção do ativo diferido, que também foi extinto. Apesar de o ativo diferido ter sido extinto pela MP nº 449/08, o mesmo instrumento normativo admite que o saldo existente em 31 de dezembro de 2008 que, pela sua natureza, não possa ser alocado a outro grupo de contas, possa permanecer no ativo sob essa classificação até sua completa amortização, sujeito à análise sobre a recuperação. Página 15 de 228

CAPITAL FIXO: corresponde ao somatório dos valores dos subgrupos do imobilizado (bens de uso), investimentos e intangível do ativo não circulante. O ativo diferido foi extinto pela MP nº 449/08. CAPITAL LÍQUIDO OU ATIVO LÍQUIDO: é o ativo total menos o passivo exigível(pc +PÑC). É equivalente ao patrimônio líquido ou o acervo líquido da entidade CAPITAL DE GIRO OU CAPITAL CIRCULANTE OU CAPITAL DE TRABALHO: capital em circulação associado apenas aos investimentos circulantes. Corresponde ao ativo circulante, compreendendo, portanto, as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social seguinte e as despesas antecipadas. CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO OU CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO: é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante (CCL = AC PC). CAPITAL CIRCULANTE PRÓPRIO OU CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO: é a diferença POSITIVA entre o ativo circulante e o passivo circulante. 7.2.3.1 PATRIMÔNIO X CAPITAL Pelo que foi estudado nos pontos anteriores, fica fácil de perceber a diferença entre capital e patrimônio, pois este é constituído pelo conjunto de todos os bens, direitos e obrigações de uma entidade ao passo que o capital social representa uma parcela desse patrimônio. É verdade que em outra acepção dividimos o capital em capital próprio e capital de terceiros. Mesmo neste contexto, o capital representa uma parcela do patrimônio. Também chamamos o ativo (bens + direitos) de capital aplicado ou total das aplicações de recursos (capital). Em qualquer acepção que tomemos o termo capital ele representa uma parcela do patrimônio. Assim, podemos dizer que patrimônio é gênero do qual as diversas formas de capital são espécies. Podemos, ainda, ver algumas outras acepções de patrimônio, conforme abaixo: Patrimônio : conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma entidade. Patrimônio Bruto: a soma dos bens e direitos, ou seja, o Ativo do patrimônio. Patrimônio Líquido: diferença entre o Ativo e o Passivo Exigível do patrimônio. 7.3. EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DO PATRIMÔNIO Por equação entendemos uma expressão matemática. A equação patrimonial é uma expressão do tipo x y = z, onde x é representado pelo ativo, y pelo passivo exigível e z pelo patrimônio líquido. Podemos então escrever esta equação como sendo: Desta forma, podemos definir o patrimônio líquido como sendo a diferença entre o ativo e o passivo exigível e, como já vimos, recebe também as denominações de situação líquida ou capital próprio ou, ainda, por alguns autores, de investimento próprio, por representar a parte do patrimônio que efetivamente pertence à entidade, pois o restante dos bens e direitos estará comprometido por obrigações com terceiros, chamando-se a estes de bens de terceiros ou capital de terceiros ou capital alheio. Diante de tudo o que já dissemos, e considerando a equação patrimonial, temos que os bens, os direitos e as obrigações, aliados ao patrimônio líquido, devem satisfazer a equação apresentada a seguir: Patrimônio líquido = Bens + Direitos Obrigações Patrimônio Líquido = Ativo Passivo Ativo Passivo = Patrimônio Líquido Devemos deixar muito claro que, quando a equação patrimonial for apresentada pela forma acima, o passivo (P) utilizado na fórmula representa o passivo exigível, ou seja, ativo menos passivo é igual ao patrimônio líquido, ou ativo menos o passivo exigível é igual ao patrimônio líquido. 7.4. ESTADOS PATRIMONIAIS A PE = PL Partindo do conceito da EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DO PATRIMÔNIO (A PE = PL), verifica-se a possibilidade de o Patrimônio Líquido assumir diversas situações distintas, dependendo do valor das somas do ATIVO e do PASSIVO EXIGÍVEL. Analisaremos, a seguir, cada uma das situações possíveis que podem resultar do confronto entre o ativo e o passivo exigível. 1ª) Situação Líquida Positiva, Favorável ou Superavitária Ocorre esta situação quando o valor do ativo (bens e direitos) for superior ao valor do passivo exigível (obrigações com terceiros), ou, em forma matemática, quando A > PE; como resultado dessa situação teremos sempre o patrimônio líquido com valor maior do que zero (PL > 0). É a situação desejada por todas as empresas. Página 16 de 228

Exemplo: Determinada empresa apresenta, em determinado momento, a seguinte configuração patrimonial PATRIMÔNIO (valores em R$) ATIVO PASSIVO Caixa 500,00 Impostos a Pagar 2.300,00 Duplicatas a Receber 1.800,00 Salários a Pagar 1.500,00 Impostos a Recuperar 1.200,00 Fornecedores 2.500,00 Adiantamentos a Fornecedores 2.000,00 Promissórias 1.700,00 Mercadorias 3.000,00 Veículos 4.000,00 Patrimônio Líquido 12.000,00 Móveis e Utensílios 1.500,00 Imóveis 6.000,00 Total do Ativo 20.000,00 Total do Passivo 20.000,00 Profº. Alexandre Américo É fácil perceber que o total do Passivo é composto pelo Passivo exigível + Patrimônio Líquido. Também podemos perceber que o total do Ativo (lado esquerdo) no valor de R$ 20.000,00 coincide com o valor do total do Passivo (lado direito). Não são meras coincidências estas situações, elas são decorrentes da confirmação da equação fundamental do patrimônio (A = P + PL). É importante ressaltar que o fato de o Patrimônio Líquido estar representado no lado direito (no lado do passivo) não nos autoriza deduzir que ele representa uma obrigação exigível, pois ele poderá aparecer do lado do ativo em determinadas condições (ISSO somente é válido ATÉ 2005, pois o passivo a descoberto, a partir de 2005, deve ser representado no lado do passivo, entre parênteses). Devemos concluir, isto sim, que ele aparece no lado do passivo (direito) ou do ativo (esquerdo) por duas razões: uma é para fechar a equação fundamental do patrimônio; a outra é que a soma das origens de recursos deve ser igual a soma das aplicações de recursos. Quando a situação líquida da empresa é positiva, como no caso do exemplo apresentado, ela possui condições de liquidar todas as suas obrigações para com terceiros. Para que isto aconteça é necessário apenas que a empresa promova a venda de bens ou providencie a cobrança de seus direitos. Se a empresa do exemplo supra receber todos os seus direitos e providenciar a venda de todos os seus bens, mesmo que a preço de custo, ela terá uma sobra de R$ 12.000,00, que corresponde exatamente ao valor do Patrimônio Líquido. Essa situação quer dizer que o passivo encontra cobertura no ativo, ou seja, o ativo é suficiente para saldar o passivo. Graficamente, a situação de patrimônio líquido positivo pode ser representada da seguinte forma: ATIVO PE SL E a equação é: A = PE + PL A PE = PL Assim, teremos Situação Líquida positiva sempre que o ativo for maior do que o passivo exigível. A situação líquida positiva pode ser, em termos relativos, algo maior que 0% até 100% do ativo. Quando o Patrimônio Líquido for 100% positivo teremos o que se chama de Situação Líquida Plena ou Propriedade Total dos Ativos. Esta situação ocorre somente se o passivo for nulo, ou seja, em situação de ausência de obrigações. Em termos práticos esta situação é mais comum de ocorrer no início das atividades da empresa e no término de suas atividades, após o pagamento de todas as dívidas e antes da partilha das sobras entre os sócios. EXEMPLO.: A = 100; PE = 0 => PL = 100 0 = 100 ATIVO PASSIVO Bens e Direitos 100 Obrigações 0 Patrimônio Líquido 100 Total 100 Total 100 A representação gráfica neste caso fica assim: A SL E a equação é: A = SL 2ª) Situação Líquida Negativa, Desfavorável, Deficitária ou Passivo a Descoberto ou Situação de Insolvência Página 17 de 228

Esta situação, nos dias atuais, ocorre com uma razoável quantidade de empresas, pois representa a condição de o ativo ser menor que o passivo exigível (A < PE), ou seja, quando as obrigações da empresa forem maiores do que a soma dos bens e direitos. Teremos como conseqüência um patrimônio líquido negativo ou menor que zero (PL < 0). EXEMPLO: A = 100; PE = 150 => PL = 100 150 = -50 Ativo Passivo Bens e Direitos 100 Obrigações 150 Patrimônio Líquido (50) Total 100 Total 100 Reparem que apresentamos o patrimônio líquido, cujo valor é negativo de 50, entre parênteses no lado do passivo. Se ele for colocado junto com o passivo, devemos colocá-lo entre parênteses, e não com sinal de menos. Esta situação também é conhecida como capital próprio negativo ou passivo a descoberto. Lembramos que a situação acima poderia ser representada com o PL no lado esquerdo (Lado do Ativo), conforme determinava o CFC (Conselho Federal de Contabilidade), que, por meio da Resolução nº 847/99, ao proceder alterações na NBC T 3, enunciou: 3.2.2.13 No caso do Patrimônio Líquido ser negativo, será demonstrado após o Ativo, e seu valor final denominado de Passivo a Descoberto.. Entretanto, esse procedimento só é válido até 2005. A partir dessa data, o patrimônio líquido negativo, conhecido como passivo a descoberto, será demonstrado no lado do Passivo, entre parênteses, conforme explanado anteriormente. A representação gráfica fica assim: E a equação é: Equação válida somente até 2005 A SL PE A + SL = PE A PE = (SL) A situação é conhecida por Passivo a Descoberto porque o passivo exigível não encontra cobertura no ativo, ou seja, se a empresa vender todos os bens e apurar todos os direitos, mesmo assim, ela não consegue pagar (cobrir) todas as obrigações. Em termos relativos, a pior situação desfavorável é a Situação de Inexistência de Ativos, isto é, o passivo está 100% descoberto. Esta situação ocorre quando a empresa já vendeu todos os bens e apurou todos os direitos, efetuou o pagamento de algumas obrigações com o resultado dos bens e direitos, mas sobram dívidas e não há mais bens e direitos que os garantam. Dizse que nesta situação é impossível a recuperação da empresa. Ela está falida ou quebrada. EXEMPLO: A = 0; PE = 100 => PL = 0 100 = -100 Ativo Passivo Bens e Direitos 0 Obrigações 100 Patrimônio Líquido (100) Total 0 Total 0 A representação gráfica neste caso fica assim: E a equação é: SL PE PE = SL 3ª) Situação Líquida Nula ou Compensada ou Equilíbrio Aparente ou ausência de capital próprio Esta situação ocorre quando a soma dos bens com os direitos resulta em valor igual ao valor das obrigações, isto é, a soma do ativo é igual a soma do passivo exigível (A = PE). Em decorrência da equação patrimonial, o patrimônio líquido será nulo (PL = 0). EXEMPLO.: A = 100; PE = 100 => PL = 100 100 = ZERO Página 18 de 228

Ativo Passivo Bens e Direitos 100 Obrigações 100 Patrimônio Líquido 0 A representação gráfica Total 100 Total 100 fica assim: A PE E a equação é: A = PE ü IMPORTANTE 1. GASTO todo dispêndio realizado na aquisição de bens e serviços representado pela entrega imediata de dinheiro (desembolso) ou promessa de pagamento futuro. Corresponde a tudo o que se compra, à vista ou a prazo. 2. INVESTIMENTO gasto ativado em função de sua vida útil ou benefícios atribuíveis a futuros períodos; ex. compra de mercadorias, prédios, pagamentos antecipados etc. 3. CUSTO gasto relativo a bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços, que somente será apropriado pela contabilidade quando o produto final for baixado por venda. 4. DESPESA consumo direto ou indireto de bens ou serviços para obtenção de receitas, gerando a saída de um ativo (pagamento imediato) ou a entrada de um passivo (pagamento posterior). Um gasto só se transforma em despesa quando há o consumo do bem!!!!!!!!!!!! 5. RECEITA venda de bens e serviços, gerando a entrada de um ativo na forma de dinheiro (venda a vista) ou na forma de direitos (venda a prazo) 6. DESEMBOLSO pagamento representando a saída de um ativo (moeda corrente) do patrimônio. 7. PERDA consumo de bens ou serviços de forma anormal e involuntária, ou seja, não intencional. As perdas normais, contabilmente, são tratadas como custos; as anormais, como despesas. Perda normal é aquela que já é esperada no processo produtivo. Perda anormal, por sua vez, corresponde aos gastos decorrentes de consumo anormal do ativo, decorrentes de fato alheio à gestão da entidade, ou seja, uma superveniência, um fato aleatório, não intencional. 8. ENCARGO recuperação do capital financeiro empregado em bens e direitos de natureza permanente que vão sendo gradualmente consumidos. 7.5. TERMINOLOGIA CONTÁBIL Qualquer que seja a ciência, é preciso que, quem quer que por ela se interesse, se familiarize com os termos técnicos atinentes à mesma. Em se tratando da ciência contábil podemos elencar os seguintes: Ativo Real são os elementos do ativo que efetivamente representam moeda ou que nela podem ser convertidos. Normalmente, é o ativo total menos as despesas antecipadas e diferidas, uma vez que estas, em regra, não são conversíveis em dinheiro. Ativo Operacional corresponde aos elementos do ativo que são aplicados nas atividades usuais da empresa. É o ativo total menos os investimentos temporários e permanentes, adiantamentos, empréstimos e demais ativos não usuais na exploração das atividades da sociedade. Ativo Líquido ou Capital Líquido é o ativo total menos o passivo exigível. É equivalente ao patrimônio líquido. Ativo Oculto a expressão pode ser utilizada para indicar um elemento do ativo que não foi reconhecido contabilmente ou a subavaliação do ativo. O ativo oculto representa os bens de titularidade da empresa que não foram lançados em seus registros contábeis. Ativo Fixo ou Bens Fixos é a soma do ativo imobilizado com o ativo intangível. Ativo Médio ou Ativo Total Médio é a média aritmética do ativo num determinado período. Pode ser anual, semestral, mensal etc. Bens de Venda são os bens que a empresa mantém em constante rotatividade no desempenho de suas atividades, destinandoos à comercialização. É o caso das matérias-primas, dos produtos em elaboração, dos produtos acabados e das mercadorias. Numa empresa industrial, os bens de venda são todos esses quatro sublinhados; numa empresa comercial, somente as mercadorias. Página 19 de 228

Bens Numerários são as disponibilidades financeiras, como, por exemplo, dinheiro em tesouraria, depósitos bancários de livre movimentação, aplicações de liquidez imediata, cheques em cobrança. Bens de Renda são os ativos destinados a atividades não usuais da empresa que podem gerar renda. É o caso dos imóveis destinados à locação e das participações no capital de outras sociedades (subgrupo investimentos do ativo não-circulante). Passivo Real é o passivo total menos a soma do patrimônio líquido com as receitas diferidas do grupo do passivo nãocirculante (se houver). Corresponde ao passivo exigível, representando as obrigações efetivas da sociedade. Passivo Fictício o que se convencionou chamar de Passivo Fictício corresponde ao Patrimônio Líquido, eis que este figura na coluna do Passivo, mas não é Passivo. Apesar de figurar na coluna da direita do gráfico patrimonial, o Patrimônio Líquido não pertence ao Passivo. Reiterando o que já dissemos, o Patrimônio Líquido corresponde aos investimentos efetuados pelos proprietários e não pode ser entendido como uma dívida da empresa. Da mesma forma, o grupo resultado de exercícios futuros (extinto pela MP nº 449/08) aparecia no passivo, mas não representava obrigações exigíveis da empresa. O saldo desse falecido grupo em 31/12/08 deve ser reclassificado para o passivo não-circulante. Passivo Não Exigível é o patrimônio líquido. O passivo não exigível são os recursos do passivo total que não representam obrigações efetivas. Créditos de Funcionamento aqueles créditos decorrentes das operações normais das entidades comerciais, atreladas ao seu objeto social, como, por exemplo, as vendas a prazo ou adiantamento a fornecedores. Geralmente são encontrados no ativo circulante, sendo assim de curto prazo. Entretanto, podem aparecer no grupo do ativo não-circulante, dentro do subgrupo deste conhecido como ativo realizável a longo prazo, pois as empresas podem efetuar vendas ou prestar serviços para recebimento após o final do exercício social seguinte. Assim, para classificar corretamente os créditos em resultantes do funcionamento ou resultantes de financiamentos devemos atentar ao objeto social da empresa. São as contas a receber, os adiantamentos concedidos e os valores a compensar decorrentes das atividades normais da empresa. É o caso das duplicatas a receber por vendas a prazo de mercadorias, dos adiantamentos a fornecedores de mercadorias, do ICMS e IPI a recuperar. Créditos de Financiamento são os direitos da empresa derivados de operações de empréstimos. Os créditos de financiamento são oriundos de operações anormais, por isso são classificados no grupo do ativo não-circulante, especificamente no subgrupo do ativo realizável a longo prazo. Ressalte-se que nas empresas operadoras no mercado financeiro, como instituições financeiras, nas quais essas operações são normais, esses créditos serão chamados de créditos de funcionamento, pois serão decorrentes de suas atividades operacionais. São as contas a receber, os adiantamentos concedidos e os valores a compensar decorrentes das operações estranhas às atividades da empresa. É o caso de empréstimos a diretores e adiantamentos a acionistas. Débitos de Funcionamento - Representam os débitos decorrentes das operações normais da empresa. São as dívidas decorrentes da aquisição de mercadorias a prazo, de impostos incidentes sobre vendas, de salários a pagar, de contribuições a pagar ou a recolher e de outras obrigações normais da empresa. Assim, os débitos de funcionamento são as dívidas da entidade decorrentes de operações normais de sua gestão, visto que representam operações de troca e não o ingresso de novos valores financeiros vindos de terceiros. Os débitos de funcionamento representam as aquisições a prazo de mercadorias, tributos, salários e outros bens que são necessários ao funcionamento normal da entidade e, geralmente, são classificados no passivo circulante, dadas as suas características. Porém, podem aparecer no passivo não-circulante. Débitos de Financiamento - Os recursos vindos dos sócios ou acionistas e os recursos gerados pela atividade operacional, na forma de lucro, podem ser, muitas vezes, insuficientes para fazer face às obrigações assumidas ou mesmo para a implementação de projetos e programas de expansão. Quando isto ocorre, a empresa possui algumas alternativas como aumentar o capital social com a arrecadação de novos recursos vindos dos sócios ou simplesmente buscar esses recursos nas instituições financeiras. Caso a empresa opte pela última alternativa, estaremos diante dos chamados débitos de financiamento. Assim, podemos dizer que os débitos de financiamento representam o passivo exigível das empresas advindo da contratação de empréstimos financeiros e que são decorrentes de situações anormais às atividades da entidade. Em termos práticos, as situações que normalmente ensejam dívidas dessa natureza são a assunção de hipotecas, os empréstimos bancários, o desconto de títulos (promissórias) etc. 8. O RESULTADO (RÉDITO) Sabemos que à Contabilidade são conferidas diversas funções. Uma dessas funções é a econômica, ou seja, apurar o resultado que uma entidade (azienda) obteve em determinado período. Quando falamos em resultado econômico devemos ter sempre em mente o confronto de receitas e despesas do período considerado. Quando as receitas forem maiores que as despesas teremos uma situação superavitária, ou seja, teremos lucro. Nos casos em que as despesas superam as receitas, o resultado será deficitário, isto é, estaremos diante de uma situação de prejuízo. Conforme já dissemos: FUNÇÃO ECONÔMICA: Apurar o resultado (redito), isto é, apurar o lucro ou prejuízo da entidade. RECEITA > DESPESA = LUCRO RECEITA < DESPESA = PREJUÍZO RECEITA = DESPESA = RESULTADO NULO O confronto entre as receitas e as despesas provoca variação na estrutura do Patrimônio Líquido, conforme demonstrado abaixo: Página 20 de 228