AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DE AÇÃO ANTROPOGÊNICA SOBRE AS ÁGUAS DA CABECEIRA DO RIO SÃO FRANCISCO



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Transcrição:

AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DE AÇÃO ANTROPOGÊNICA SOBRE AS ÁGUAS DA CABECEIRA DO RIO SÃO FRANCISCO Maristela Silva Martinez (1) Bacharel em Química(USP), Mestre e Doutora em Físico-Química (IQSC- USP). Professora da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) SP- Brasil. Cristina Filomena Pereira Rosa Paschoalato Mestre e Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP). Professora da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) Kelen Juliana Soares Bióloga, Mestre em Tecnologia Ambiental pela Universidade de Ribeirão Preto Aline Villerá Silveira Aluna do curso de Engenharia Química da Universidade de Ribeirão Preto Adrielle Machado de Almeida Aluna do curso de Engenharia Química da Universidade de Ribeirão Preto Endereço: Rua Angico, 507 Jardim Recreio CEP:14040-240 Ribeirão Preto SP Brasil E-mail: mmartine@unaerp.br Fone: (16) 36308225 RESUMO Na região da Serra da Canastra está o Parque Nacional da Serra da Canastra, criado em 1972 para proteger as nascentes do rio São Francisco. Apesar de a população local manter um estilo de vida rural, existe preocupação com a preservação ambiental devido a maior facilidade de locomoção, abertura de estradas, uso de tecnologias, etc. A ação do homem pode estar comprometendo o ambiente com o mau uso do solo, queimada, garimpos de diamante, degradação da mata ciliar etc. Este trabalho avaliou a qualidade da água do Rio São Francisco entre sua nascente histórica, na Serra da Canastra, e a primeira cidade a ser banhada pelo mesmo. Com isso foi avaliada a possível ocorrência de impactos ambientais neste trecho. Foram realizadas quatro coletas ao longo do ano de 2005 (março a novembro) em sete pontos selecionados através da observação do uso e ocupação do solo. Os parâmetros selecionados para análise foram: cor, turbidez, condutividade elétrica, oxigênio consumido, sólidos, ph, oxigênio dissolvido, demanda química de oxigênio, nitrato, nitrito, nitrogênio amoniacal, fósforo total, cádmio, cobre, cromo, níquel, mercúrio, zinco, ferro, manganês, sódio, potássio, alumínio, além dos microbiológicos coliformes totais e fecais. As análises foram realizadas utilizando as normas do APHA (1998). Os resultados foram confrontados com os valores máximos de cada parâmetro para águas de classe 1 segundo a Resolução CONAMA 357 de 18 de março de 2005. Os resultados indicam situações de poluição em alguns pontos. Este fato mostra que se deve estar alerta, pois está ocorrendo um processo de degradação que pode vir a tornar-se prejudicial no futuro, mas que pode e deve ser prevenido através de ações onde seja levado conhecimento e interação à população. PALAVRAS CHAVE: Rio São Francisco, Qualidade da água, poluição ambiental

INTRODUÇÃO A região da Serra da Canastra é considerada uma das mais belas e importantes regiões do Brasil. Nessa região está o Parque Nacional da Serra da Canastra, criado em 1972 para proteger as nascentes do rio São Francisco. Dentro do Parque Nacional podemos encontrar belas paisagens naturais, como a nascente histórica do Rio da Unidade Nacional, a cachoeira Casca D'Anta, e uma imensa variedade biológica muitas vezes endêmica. a ação do homem vem comprometendo a qualidade deste ambiente, pois, em sua busca pelo desenvolvimento, vem degradando aquilo que durante milhões de anos foi construído. Exemplos claros desse tipo de agressão foram encontrados ao observar o curso do rio São Francisco desde sua nascente histórica até sua passagem pela primeira cidade banhada por este. São encontrados desde resíduos sólidos, mau uso do solo, resquício de garimpo de diamante que assoreou o rio durante vários anos, falta de mata ciliar e até despejo de esgotos domésticos clandestinos que aumentam proporcionalmente à vazão de águas e ao gradiente longitudinal do curso. Este trabalho visa verificar a qualidade da água do Rio São Francisco no trecho entre sua nascente histórica e a primeira cidade a ser banhada pelo mesmo a fim de avaliar o impacto ambiental de ação antropogênica ocorrido. OBJETIVO O objetivo desse estudo é fazer avaliação dos parâmetros físico-químico e microbiológicos das águas do Rio São Francisco no trecho entre a nascente e a cidade de Vargem Bonita, MG. METODOLOGIA Foram realizadas análises de amostras de águas coletadas em 7 pontos de amostragem assim descritos: 1) nascente, ou alagadiço de nascentes; 2) antes da queda denominada Casca d Anta; 3) após a cachoeira Casca d Anta; 4) à montante do córrego da Capivara 5) à jusante do córrego da Capivara 6) à montante da cidade de Vargem Bonita e 7) à jusante da cidade de Vargem Bonita e ETE. Foram realizadas 04 amostragens por pontos, no período compreendido entre março e setembro de 2005 para avaliação da qualidade das águas em períodos de secas e chuvas. Os parâmetros avaliados foram: Alumínio, manganês, mercúrio, cádmio, cobre, zinco, níquel, cromo total, ferro total, fósforo total, N.amoniacal, N. nitrato, N. nitrito, DQO, condutividade, cor, OC, OD, ph, resíduo filtrável, resíduo total, sódio, potássio, turbidez e coliformes termotolerantes. A metodologia utilizada foi retirada do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20 th edition, 1998. 2

Os resultados foram avaliados tendo como referência a Resolução no. 357, de 18 de março de 2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Resultados e Conclusões Os resultados de sólidos totais se mostram irregulares em todas as coletas e pontos, mostrando se mais alta no ponto 5. Já os sólidos suspensos apresentaram uma maior concentração na coleta realizada no dia 10 de setembro, quando a vazão do rio se mostrou menor (período de seca). A DQO foi maior no ponto 1, principalmente no período da seca, quando a vazão é menor, mas apesar disso ainda não se encontra em discordância com o CONAMA 357/05 A concentração de nitrato se mostra em decrescimento diretamente proporcional ao volume de águas, como é possível observar na Figura 1. Este fato pode indicar um carreamento maior de dejetos humanos e animais no período das chuvas em função da ausência de mata ciliar em alguns pontos. NITRATO 1,5 2 0,5 1 0 PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5 PONTO 6 PONTO 7 27/mar 12/jun 10/set Figura 1 Concentração de nitrato em mg/l obtida nos sete pontos de amostragens no período de estudo. A presença de nitrito nas águas, apesar de ser em baixas concentrações, indica presença de matéria orgânica, mas como o nitrito é instável na presença de oxigênio, abundante nessas águas ele se mostra de forma irregular quanto aos pontos e amostragens, mas esteve sempre presente. É interessante notar a turbidez altamente visível no ponto 1 na 3ª coleta; as águas desse ponto se encontravam extremamente tomadas por algas e plantas e com uma vazão ( que já é muito pequena ) ainda menor. O ph aumenta consideravelmente no curso altitudinal decrescente do rio, o que indica uma acidez considerável nas nascentes do Rio São Francisco. O Oxigênio Dissolvido encontra-se fora das exigências da Legislação nos pontos 2, 4, 6 e 7 da 3ª amostragem, no período de seca, quando a concentração de matéria orgânica se torna maior. 3

Assim como a turbidez o Oxigênio Consumido no Ponto 1 da 3ª amostragem assume altos valores, provavelmente devido à presença de algas que na presença do nitrato encontram melhores condições de sobrevivência. O Nitrogênio Amoniacal se encontra em baixas concentrações apesar de mostrar maior ocorrência na coleta realizada no dia 12 de junho. A presença de Fosfato em maiores quantidades na nascente histórica do Rio São Francisco, provavelmente proveniente de excrementos de animais e da dissolução de compostos do solo e decomposição da matéria orgânica, poderá ser contribuinte decisivo no crescimento de algas na região; no entanto ele se encontra em altas concentrações no decorrer de todo o curso do rio. Como já mencionado é importante notar os altos índices de coloração atingidos pelas águas das nascentes, ainda assim percebe-se serem estas de origem naturais e não antropogênicas. A presença de coliformes fecais em todo o trecho do rio que vai dos pontos 3 ao 7 se faz notar (Figura 2). 80 40 0 1 2 3 4 5 6 7 Ponto de coleta 27/mar 12/jun 10/set Figura 2 Coliformes fecais nos sete pontos de amostragens no período de estudo. Apesar de estar de acordo com a legislação, em todas as coletas, deve-se atentar para o fato de estas aparecerem em quantidade elevada, no ponto 1 da 3ª coleta, o que pode ter sido proveniente de uma concentração pontual. A partir da análise desses dados, podemos concluir que a ação antrópica sobre o Rio São Francisco no decorrer de sua nascente histórica até sua passagem pela 1ª cidade ainda é pequena apesar de ser relevante quando observamos a proporcionalidade de seus números. 4

Referências Bibliográficas AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION APHA. Standard Methods For the Examination of Water and Wastewater. 20ª th. Washington, USA,1998. Brasil - RESOLUÇÃO CONAMA No 357/ 2005 PROJETO ÁGUAS DE MINAS PARÂMETROS INDICATIVOS. Disponível em < http:// www.projetoaguasdeminas/metodologiaanalítica > PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS - BACIA DO SÃO FRANCISCO (CPRM - SUREG/BH)- Serviço geológico do Brasil Disponível em; < www.hidricos.mg.gov.br/parh/parh.htm> Acesso em: 10 de julho de 2005. 5