PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA: BOCAS DE MINAS ABANDONADAS ÁREA DE ESTUDO 3: METROPOL



Documentos relacionados
Os sedimentos da Formação Urucutuca foram originalmente interpretados por Bruhn

LAUDO GEOLÓGICO GEOTÉCNICO GUARITUBA

Geologia da Bacia do Paraná. Antonio Liccardo

1 - PRÓLOGO 2 - INTRODUÇÃO 3 - METODOLOGIA

CAPÍTULO 4 GEOLOGIA ESTRUTURAL DA ÁREA

3. RESPONSÁVEIS TÉCNICOS PELA EXECUÇÃO DO PRAD

GEOMORFOLOGIA E ANÁLISE DA REDE DE DRENAGEM DA FOLHA ALHANDRA, TABULEIROS LITORÂNEOS DOS ESTADOS DA PARAÍBA E PERNAMBUCO

Jonathan Kreutzfeld RELEVO BRASILEIRO E FORMAS

Atividade 11 - Exercícios sobre Relevo Brasileiro Cap. 03 7º ano. Atenção: Pesquise PREFERENCIALMENTE em seu Livro e complemente a pesquisa em sites.

A ALTERAÇÃO DAS ROCHAS QUE COMPÕEM OS MORROS E SERRAS DA REGIÃO OCEÂNICA ARTIGO 5. Pelo Geólogo Josué Barroso

As características gerais dos tipos de relevo de ocorrência na região do PNSB e Zona de Amortecimento são apresentadas na Tabela A.42, a seguir.

LAUDO DE VISTORIA TÉCNICA DO PORTO DO CHIBATÃO MANAUS - AM

Palavras-chave: Sub bacia, Caracterização Ambiental, Sustentabilidade.

Identificação de Solos Moles em Terrenos Metamórficos Através de Sondagem Barra Mina.

Quanto à sua origem, podemos considerar três tipos básicos de rochas:

AUTORES: TELES, Maria do Socorro Lopes (1); SOUSA, Claire Anne Viana (2)

Agosto CPL IDENTIFICAÇÃO DE PASSIVOS AMBIENTAIS BOCAS DE MINAS REVISÃO 1 CARBONÍFERA PALERMO LTDA GEOVITA ENGENHARIA E MEIO AMBIENTE

BACIA HIDROGRÁFICA OU BACIA DE DRENAGEM

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA DISCIPLINA DESENHO GEOLÓGICO PROF. GORKI MARIANO

3 Área de estudo e amostragem

Fatores de formação do solo

Classificação de Aroldo de Azevedo

ESTUDO SEDIMENTOLÓGICO-AMBIENTAL DO MUNICÍPIO COSTEIRO DE BARRA DOS COQUEIROS

Centro de Tecnologia Mineral CETEM/MCT

Bairros Cota na Serra do

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DA FOLHA ITAPOROROCA, NA BORDA ORIENTAL DO ESTADO DA PARAÍBA

45 mm INDICADORES DE PALEOLINHAS DE COSTA E VARIAÇÕES DO NÍVEL DO MAR NA PLATAFORMA CONTINENTAL SUL DE ALAGOAS

A Geologia no litoral do Alentejo

GEOGRAFIA E FÍSICA. Primeiro ano integrado EDI 1 e INF

Sugestões de avaliação. Geografia 6 o ano Unidade 4

MACRO CAPTURA FLUVIAL NO NORDESTE DO PLANALTO CENTRAL: RESULTADOS PRELIMINARES

ORIENTAÇÃO. Para a orientação recorremos a certas referências. A mais utilizada é a dos pontos cardeais: Norte Sul Este Oeste

Domínios Florestais do Mundo e do Brasil

IV ASPECTOS HIDROLÓGICOS E QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO CUBATÃO NORTE SANTA CATARINA

Figura 1: Localização da Praia de Panaquatira. Fonte: ZEE, Adaptado Souza, 2006.

Interessado LAURO MÜLLER, 2008.

Desempenho da Calha Rochosa Não-Revestida do Vertedouro da Usina Hidrelétrica Governador Ney Braga (Segredo) após 14 anos de Operação

Dissertação de Mestrado Cardoso, F. M. C. 59

Diagnóstico geológico-geomorfológico da planície costeira adjacente à enseada dos Currais, Santa Catarina, Brasil

Reconhecer as diferenças

SEDIMENTOLOGIA E GEOFÍSICA NA PLATAFORMA INTERNA DO RIO GRANDE DO SUL: PRO-REMPLAC.

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA E DO PERCURSO DO RIO PINHÃO RESUMO

Compartimentação geomorfológica da folha SF-23-V-A

PROVA DE GEOGRAFIA 3 o BIMESTRE DE 2012

Rochas e minerais. Professora Aline Dias

Análise de Percolação em Barragem de Terra Utilizando o Programa SEEP/W

SEDIMENTAÇÃO QUATERNÁRIA NA BACIA DO RIO MACAÉ (RJ): ESPACIALIZAÇÃO E ANÁLISE DE TERRAÇOS FLUVIAIS

3. Região do Bolsão FIGURA 14. Região de Planejamento do Estado de Mato Grosso do Sul - Bolsão

Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014 Aracaju, Brasil, novembro 2014

Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade

PRIMEIROS ANOS. GEOGRAFIA CONTEÚDO P2 2º TRI Água: superficiais, oceânicas e usos. Profº André Tomasini

COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO DE ANÁPOLIS (GO) COM BASE NA INTENSIDADE DA DISSECAÇÃO

DER/PR ES-T 03/05 TERRAPLENAGEM: EMPRÉSTIMOS

Evolução da Terra. Geografia Prof. Cristiano Amorim

O Código Florestal, Mudanças Climáticas e Desastres Naturais em Ambientes Urbanos

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO. Prof. Dr. Israel Marinho Pereira

SISTEMA AQUÍFERO: CESAREDA (O24)

Figura 2.1. Baía de Todos os Santos (Grupo de Recomposição Ambiental/ Gérmen).

Proposta de Definição de Passivo Ambiental na Mineração

LAUDO TÉCNICO DA PRAIA DA PONTA NEGRA MANAUS - AM

SUELI YOSHINAGA * LUCIANA MARTIN RODRIGUES FERREIRA ** GERALDO HIDEO ODA* REGINALDO ANTONIO BERTOLO *** MARA AKIE IRITANI* SEIJU HASSUDA*

Juliana Aurea Uber, Leonardo José Cordeiro Santos. Introdução

Serviço Geológico do Brasil CPRM

Instruções Técnicas para Apresentação de Projetos de Cemitérios - Licença Prévia (LP) -

V ESTUDO TEMPORAL DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO GUAMÁ. BELÉM-PA.

1. INTRODUÇÃO 2. DADOS DO EMPREENDEDOR:

GEOGRAFIA - 1 o ANO MÓDULO 31 CARTOGRAFIA: ESCALAS

6 o RELATÓRIO DOS SERVIÇOS DE MONITORAMENTO DE TALUDES DA UHE MAUÁ (MARCO CONTRATUAL MC04 / EVENTO CONTRATUAL EC 08)

ANALISE DE PERDA DE SOLO EM DIFERENTES RELEVOS NO SEMIÁRIDO CEARENSE

ESTRUTURA GEOLÓGICA E RELEVO AULA 4

Áreas da cidade passíveis de alagamento pela elevação do nível do mar

Projeto de Revitalização da Microbacia do Rio Abóboras Bacia Hidrográfica São Lamberto

LEVANTAMENTO AMBIENTAL PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE EXTENSÃO DE REDES RURAIS

INSPEÇÃO FORMAL DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA DAS BARRAGENS, ESTRUTURAS CIVIS ANEXAS, TALUDES E TUNELZINHO.

Prof. Charles Alessandro Mendes de Castro

Modelagem Digital do Terreno

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Diagnóstico Socioambiental e Proposições de Planejamento Territorial: Alfredo Wagner e Bom Retiro (Santa Catarina)

CAPÍTULO 4 TIPOLOGIA DE SOLOS

DEPÓSITOS SEDIMENTARES RECENTES DA PORÇÃO SUPERIOR DA BAÍA DE MARAJÓ (AMAZÔNIA)

ANEXO 4 SONDAGEM (ORIGINAL)

VENTOS DO PASSADO: SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS ENCONTRADOS EM LICENCIAMENTO DE PARQUE EÓLICO NA BAHIA.

do substrato gnáissico.

Formas de representação:

III-123 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL EM ATERROS DE RESÍDUOS SÓLIDOS A PARTIR DE ESTUDOS DE REFERÊNCIA

MAPEAMENTO MORFOLITOLÓGICO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ITÚ. TRENTIN, R. 1 ² Universidade Federal de Santa Maria / tocogeo@yahoo.com.

NOVO CÓDIGO FLORESTAL: IMPLICAÇÕES E MUDANÇAS PARA A REALIDADE DO PRODUTOR DE LEITE BRASILEIRO

TERMO DE REFERÊNCIA PARA PARCELAMENTO DE SOLO: CODRAM 3414,40; CODRAM 3414,50; CODRAM 3414,60; CODRAM 3414,70; CODRAM 3415,10

Aterro Sanitário. Gersina N. da R. Carmo Junior

3 ASPECTOS GERAIS DA ÁREA ESTUDADA

Procedimento para Serviços de Sondagem

Módulo fiscal em Hectares

Município de Colíder MT

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA DISCIPLINA: GEOLOGIA ESTRUTURAL GEOLOGIA ESTRUTURAL - PRÁTICA

Relatório de Campo (operação II)

PALAVRAS-CHAVE: Faixa de Domínio, linhas físicas de telecomunicações, cabos metálicos e fibras ópticas.

Prefeitura do Município de Santana de Parnaíba

GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA COSTEIRA DA FOLHA SOMBRIO, SC

Termo de Referência para Elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) TR GERAL

Transcrição:

2010 PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA: BOCAS DE MINAS ABANDONADAS ÁREA DE ESTUDO 3: METROPOL

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 2 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Localização da área de estudo... 7 Figura 2 Limite das áreas mineradas em subsolo na área de estudo... 9 Figura 3 Detalhe da área, pavilhão de empresa sobre local... 12 Figura 4 Detalhe da área, pavilhão de empresa sobre local... 13 Figura 5 Poço de ventilação entulhado por galhos... 14 Figura 6 Fratura adjacente ao poço de ventilação... 15 Figura 7 Perfil litológico típico da Formação Rio Bonito... 20 Figura 8 Esboço do mapa geológico da área do PRAD (sem escala)... 30 Figura 9 Desenho do perfil geológico local (sem escala), baseado na compilação dos furos de sondagem exploratória 1 CR-13-SC01 e 1 CR-08-SC, realizados pela CPRM... 33 Figura 10 Esboço do mapa hidrogeológico da área do PRAD (sem escala)... 34 Figura 11 Esboço do mapa hidroquímico da área do PRAD (sem escala)... 35 Figura 12 Diagrama de Stiff da água coletada no poço PT-30-Ed... 36 Figura 13 Modelo digital do terreno... 39 Figura 14 Mapa de declividade... 40 Figura 15 Representação esquemática das zonas de recarga e descarga e da circulação da água subterrânea... 48 Figura 16 Aspecto da área onde esta situada a BM0314, onde: A localização da BM0314; B vegetação florestal no entorno do curso d água próximo a BM0314... 50 Figura 17: Detalhe da área do PRAD 03. A seta laranja mostra o caminho da localidade de Alto Rio Maina, a seta amarela vila operária. Os tracejados em azul indicam as principais drenagens no local... 51 Figura 18 Localização exata das bocas de mina sobre o recorte fotográfico de 1978. O tracejado magenta indica o corte de encosta feito por lavra a céu aberto... 53

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 3 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Empresa responsável pela área... 6 Tabela 2 Equipe técnica do CTCL/SATC... 6 Tabela 3 Relação de bocas de minas estudadas na área 3, Metropol... 8 Tabela 4 Informações gerais da área... 8 Tabela 5 Identificação do superficiário... 8 Tabela 6 - Cronograma físico-financeiro... 10 Tabela 7 Coluna estratigráfica da área... 17 Tabela 8 Declividade dos terrenos onde ocorrem as bocas de minas... 40 Tabela 9 Declividade dos terrenos onde ocorrem as bocas de minas... 41 Tabela 10 - Espacialidade das bocas de minas (PRAD 03) de acordo com os mapas do Plano Diretor Participativo (PREFEITURA MUNICIPAL DE CRICIÚMA, 1999; 2009) e no Código Florestal Brasileiro 4771/1965 (BRASIL, 1965) 60

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 4 SUMÁRIO 1. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO... 6 1.1. RESPONSÁVEL PELA ÁREA... 6 1.2. EMPRESA RESPONSÁVEL PELO ESTUDO... 6 1.3. EQUIPE TÉCNICA... 6 1.4. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO... 7 1.5. IDENTIFICAÇÃO DO PROPRIETÁRIO DO SOLO... 8 1.6. HISTÓRICO DA ÁREA E OUTRAS INFORMAÇÕES... 9 2. CRONOGRAMA FÍSICO FINANCEIRO... 10 3. CARACTERIZAÇÃO... 11 3.1. ENTORNO... 11 3.1.1. BM0300... 11 3.1.2. BM0301... 12 3.1.3. BM0314... 13 3.2. MEIO FÍSICO... 15 3.2.1. Geologia regional... 15 3.2.1.1. Embasamento Cristalino - Granitóides Tardi a Pós-Tectônicos... 16 3.2.1.2. Sequência Gonduânica... 16 3.2.1.2.1. Formação Rio do Sul... 16 3.2.1.2.2. Formação Rio Bonito... 19 3.2.1.2.3. Formação Palermo... 23 3.2.1.2.4. Formação Irati... 24 3.2.1.2.5. Formação Estrada Nova... 25 3.2.1.2.6. Formação Rio do Rasto... 26 3.2.1.2.7. Formação Botucatu... 27 3.2.1.3. Formação Serra Geral... 28 3.2.1.4. Depósitos Aluviais Atuais... 29 3.2.2. Geologia local... 29 3.2.3. Geologia de subsuperfície... 31 3.2.4. Hidrogeologia regional e local... 33 3.2.5. Caracterização geotécnica... 37 3.2.5.1. Geomorfologia... 37 3.2.5.2. Geomorfologia da área da sub-bacia do rio Maina... 38

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 5 3.2.5.3. Declividade... 38 3.2.5.4. Suscetibilidade à erosão... 41 3.2.6. Solos... 44 3.2.6.1. Solos da sub-bacia do rio Maina... 44 3.2.7. Recursos hídricos superficiais... 45 3.2.8. Recursos hídricos subterrâneos... 46 3.2.8.1. Sistema de fluxo superficial ou freático da água subterrânea... 46 3.2.8.2. Sistema de fluxo profundo da água subterrânea... 47 3.3. MEIO BIÓTICO... 48 3.3.1. BM0300; BM0301; BM0314... 49 3.4. MEIO ANTRÓPICO... 50 3.5. AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE RISCOS E NECESSIDADE DE FECHAMENTO OU INTERVENÇÃO E AVALIAÇÃO QUANTO A POSSIBILIDADE DE ENTRADA OU SAÍDA DE ÁGUA... 54 3.5.1. BM0314... 54 3.6. IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS COM MATERIAL DE EMPRÉSTIMO NAS PROXIMIDADES... 55 3.6.1. BM0314... 55 3.7. POSIÇÃO RELATIVA DA BOCA DE MINA EM RELAÇÃO AO CONTEXTO MINEIRO, GEOLÓGICO, ESTRUTURAL E HIDROGEOLÓGICO... 55 4. OBRAS PARA INTERVENÇÃO OU FECHAMENTO... 57 4.1. MEMORIAL DESCRITIVO... 57 4.1.1. Obra civil... 57 4.1.1.1. BM0314... 57 4.2. USO FUTURO... 57 5. PLANO DE MONITORAMENTO... 61 5.1. MONITORAMENTO DO MEIO FÍSICO... 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 62 LISTA DE APÊNDICES... 65 LISTA DE ANEXOS... 66 EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO... 67

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 6 1. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 1.1. RESPONSÁVEL PELA ÁREA Tabela 1 Empresa responsável pela área Nome oficial e razão social Carbonífera Metropolitana S/A CNPJ Inscrição estadual 83.647.917/0001-00 250.089.645 Endereço CEP Praça Nereu Ramos, 114 88.801-505 Município Estado Fone/fax E-mail Criciúma SC (48)34377055/34379200 metropolitana@carboniferametropolitana.com.br Fonte: Do Autor 1.2. EMPRESA RESPONSÁVEL PELO ESTUDO Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina - SATC Endereço: Rua Pascoal Meller, 73, bairro Universitário. CEP 88805-380 Criciúma/SC CNPJ: 83.649.830/0001-71 CREA/SC C03846-6 CRBio 3ª Região 00555-01-03 Telefone/fax: (48) 34317606 / (48) 34317650 Endereço eletrônico: www.portalsatc.com 1.3. EQUIPE TÉCNICA Tabela 2 Equipe técnica do CTCL/SATC NOME FORMAÇÃO CURRÍCULO LATTES Márcio Zanuz Eng. de minas, coordenador http://lattes.cnpq.br/6955197523535874 Antonio S. J. Krebs Geólogo, Dr. http://lattes.cnpq.br/6081257351546047 Denise Aparecida da Rosa Advogada http://lattes.cnpq.br/5653857862897931 Denise O. Ugioni Garcia Engenheira civil http://lattes.cnpq.br/4664525649096455 Edilane Rocha Nicoleite Bióloga. MSc http://lattes.cnpq.br/3106052960213314 Graziela Torres Rodrigues Técnica em mineração http://lattes.cnpq.br/2495764756652453

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 7 NOME FORMAÇÃO CURRÍCULO LATTES Jefferson de Faria Engenheiro agrimensor http://lattes.cnpq.br/2271158134386757 Jonathan J. Campos Engenheiro agrimensor, MSc http://lattes.cnpq.br/1013229061798690 Jussara Gonçalves da Silveira Técnica em secretariado http://lattes.cnpq.br/2048291242392709 Luciane Garavaglia Geóloga, MSc http://lattes.cnpq.br/6918618305358621 Maria Gisele R. de Souza Engenheira ambiental http://lattes.cnpq.br/3965795175379141 Michael Salvador Crocetta Engenheiro químico http://lattes.cnpq.br/7018537572802520 Mirlene Meis Amboni Engenheira civil http://lattes.cnpq.br/0282249433073010 Ricardo Vicente Biólogo, MSc http://lattes.cnpq.br/1926889917989334 Roberto Romano Neto Geólogo http://lattes.cnpq.br/0629183126782292 Ronaldo Moreira Téc. em meio ambiente http://lattes.cnpq.br/5574363404161315 Tiago Meis Amboni Engenheiro ambiental http://lattes.cnpq.br/6985160936471948 William Sant Ana Geógrafo, MSc http://lattes.cnpq.br/6112395807452449 Cléber José B. Gomes* Engenheiro de minas http://lattes.cnpq.br/3863366062811490 Fonte: Do Autor * SIECESC, fiscal do contrato 1.4. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Figura 1 Localização da área de estudo Fonte: Do Autor

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 8 Nesta área de estudo foram mapeadas 03 BMAs sob responsabilidade da empresa. De acordo com a tipologia estabelecida pelo SIECESC e aceita pelo GTA, na área de estudo ocorrem às seguintes BMAs (Tabela 3): Tabela 3 Relação de bocas de minas estudadas na área 3, Metropol NUM NOME TIPO DESCRIÇÃO DIAGNÓSTICO 1 BM0300 3 Fechada sem drenagem Não necessita intervenção 2 BM0301 3 Fechada sem drenagem Não necessita intervenção 3 BM0314 4 Aberta sem drenagem Necessita intervenção Fonte: Do Autor Tabela 4 Informações gerais da área Denominação Área 3 Metropol Local Município Distrito Bairro Metropol Criciúma Distrito 10 Criciúma Sul Vias de acesso Avenida dos Imigrantes Coordenadas UTM do centro da área (SAD69) Localização hidrográfica Leste Norte Bacia Sub-bacia 652876 6830712 Araranguá Rio Maina Fonte: Do Autor 1.5. IDENTIFICAÇÃO DO PROPRIETÁRIO DO SOLO Tabela 5 Identificação do superficiário IDENTIFICAÇÃO BMA PROPRIETÁRIO SUPERFICIÁRIO BM0300 BM0301 BM0314 Fonte: Do Autor Indústria de Molduras Salvaro Indústria de Molduras Salvaro Luiz Comin *Não foi feita a verificação da titularidade das propriedades, apenas do superficiário que estava ocupando a área no momento do estudo.

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 9 1.6. HISTÓRICO DA ÁREA E OUTRAS INFORMAÇÕES O levantamento dos dados históricos desta mina, bem como das técnicas e equipamentos utilizados, resultou em uma série de informações desencontradas, por vezes incoerentes. Acredita-se tratar-se de uma mina muito antiga, sem registros de mapas ou quaisquer outros documentos capazes de descrever a atividade ali desenvolvida. Figura 2 Limite das áreas mineradas em subsolo na área de estudo Fonte: Do Autor

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 10 2. CRONOGRAMA FÍSICO FINANCEIRO Tabela 6 - Cronograma físico-financeiro Ano Semestre Atividades BM0314 BM0300 BM0301 Total Aterramento da boca R$ 66,00 - - R$ 66,00* 1º 1 Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 957,40 2º Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 957,40 Total ano 1 R$ 1.914,80 2 1º Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 957,40 2º Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 957,40 Total ano 2 R$ 1.914,80 3 1º Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 957,40 2º Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 957,40 Total ano 3 R$ 1.914,80 4 1º Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 957,40 2º Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 957,40 Total ano 4 R$ 1.914,80 5 1º Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 957,40 2º Monitoramento do Meio físico R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 319,13 R$ 957,40 Total ano 5 R$ 1.914,80 Total Geral R$ 3.257,30 R$ 3.191,30 R$ 3.191,30 R$ 9.640,00 Fonte: Do Autor *Este valor, conforme item 4.1.1.1 foi levantado considerando que o serviço será executado pela empresa responsável pela recuperação desta BMA, sem contratação de terceiros. Considerou-se, também, que o material para preenchimento será oriunda da jazida da empresa, neste caso, sem custo. A Tabela 6 traz a totalização dos recursos necessários para o monitoramento proposto, durante cinco anos, na bocas de minas em questão. O detalhamento de tais recursos, bem como os valores atribuídos a cada um deles, poderá ser visto no APÊNDICE A.

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 11 3. CARACTERIZAÇÃO 3.1. ENTORNO 3.1.1. BM0300 Antigo poço de entrada de materiais, que também servia para emergências, na mina Poço 1, da Carbonífera Metropolitana. Atualmente o local encontra-se fechado com laje, não apresentando drenagem ácida de mina ou entrada de esgoto. Sobre esta laje foi edificado pavilhão industrial da Empresa de Molduras Salvaro. Esse poço, juntamente com o da BM0301, localiza-se na vertente sul do morro que fica à montante do bairro Metropol. Este se encontra recoberto, parcialmente por revegetação de pinus e por vegetação secundária, denotando estar mais vegetado que nas décadas de 50, 60 e 70, quando o uso do solo na encosta era preponderantemente agropastoril. Ao sul e a oeste do pátio da empresa de molduras ocorreu expansão urbana, a partir da rua 74 e de suas transversais.

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 12 Figura 3 Detalhe da área, pavilhão de empresa sobre local Fonte: Do Autor 3.1.2. BM0301 Era um poço de serviço, com gaiola, que também saía carvão. Assim como a BM0300, está tamponado não apresentando entrada ou saída de drenagem. Da mesma forma, encontra-se sob pavilhão industrial da empresa de molduras Salvaro. Para esse ponto, e para a BM0300, não será necessária a realização de obras ou demais intervenções.

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 13 Figura 4 Detalhe da área, pavilhão de empresa sobre local Fonte: Do Autor 3.1.3. BM0314 Poço de ventilação que se encontra aberto, todavia entulhado por galhos, necessitando de pequena intervenção, uma vez que permite a entrada de água pluvial. Situa-se em meio a terreno com finalidade agropastoril, sendo que a pastagem circundante comporta criação pecuária. A cerca de 10 m a leste deste antigo suspiro de mina, foi localizada uma fratura no terreno, com dimensões aproximadas de 15 cm x 50 cm, já cadastrada no banco de dados como BM0315, cuja responsabilidade, segundo a empresa, é imputável a União, estando aberta e servindo de conexão até a antiga galeria de mina abandonada. No entorno da BM0314, a cerca de 20 m a oeste, existe uma drenagem e esta, por sua vez, está com suas cabeceiras localizadas a cerca de 50 m do local do

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 14 poço de ventilação. A drenagem não está conectada ao poço de ventilação e nem a fratura. Na concavidade natural que caracteriza a cabeceira não há vegetação suficiente para proteção e conservação do manancial. Ressalta-se, inclusive, a ligação existente de um esgoto intermitente de um canil próximo para o local. A jusante, esta nascente é represada em um açude. Nota-se, também, o gradual parcelamento do solo de antigas propriedades rurais, denotando o progressivo crescimento urbano. Figura 5 Poço de ventilação entulhado por galhos Fonte: Do Autor

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 15 Figura 6 Fratura adjacente ao poço de ventilação Fonte: Do Autor 3.2. MEIO FÍSICO 3.2.1. Geologia regional A descrição sobre a geologia regional e local objetiva instruir o projeto integrado de recuperação das bocas de minas existentes nos bairros Colonial e Metropol, município de Criciúma, região carbonífera do estado de Santa Catarina. A descrição do meio físico-geológico tem como referência os trabalhos desenvolvidos por Krebs (2004) e pela CPRM Serviço Geológico do Brasil, sobre a área correspondente à Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá e em detalhe o trecho compreendido entre o alto e o médio curso da sub-bacia do rio Maina. Na área de ocorrência das bocas de minas afloram rochas sedimentares situadas na base da coluna estratigráfica da Bacia do Paraná às quais se sobrepõem rochas vulcânicas associadas com os derrames de fissura que recobriram essa bacia no Mesozóico. Essa sequência vulcano-sedimentar é coberta por sedimentos inconsolidados que formam os depósitos aluviais atuais. O

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 16 embasamento cristalino regional não aflorante é composto de rochas granitóides tardi a pós-tectônicos. Na Tabela 7 apresentada a coluna estratigráfica na qual está inserida a área em tela, descrevendo-se os domínios geológicos com base na seqüência cronológica da base para o topo das formações. 3.2.1.1. Embasamento Cristalino - Granitóides Tardi a Pós-Tectônicos O embasamento da sequência sedimentar gonduânica ocorre a nordeste da área próximo das cidades de Cocal do Sul, Morro a Fumaça e Pedras Grandes. Na porção nordeste dessa bacia ocorre o denominado Granitóide Pedras Grandes que é formado por rocha granítica de cor rósea, granulação média a grossa, textura porfirítica, constituída principalmente de quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino e biotita. Como mineral acessório ocorre titanita, apatita, zircão e opacos. Apresenta textura isotrópica sendo, freqüentemente, recortada por veios aplíticos e/ou pegmatíticos. 3.2.1.2. Sequência Gonduânica 3.2.1.2.1. Formação Rio do Sul As litologias da Formação Rio do Sul não afloram na área de interesse para os projetos de recuperação. São identificadas nas sondagens realizadas para prospecção de carvão executada pela CPRM em diversos locais da bacia carbonífera (Furos série PB Projeto Carvão Pré-Barro Branco; CAYE et al., 1975).

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 17 Tabela 7 Coluna estratigráfica da área CENOZÓICO MESOZÓICO PALEOZÓICO Cascalhos areias e lamas resultantes de processos de fluxos gravitacionais e aluviais de transporte de material. Nas porções mais distais, depósitos resultantes do retrabalhamento por ação fluvial dos sedimentos colúvioaluvionares. PRÉ- CAMBRIANO IDADE QUATERNÁRIO Terciário/ Quaternário Cretáceo Jurássico Triássico Permiano Holoceno Pleistoceno Plioceno/ Holoceno Inferior Superior Inferior Superior Inferior/Superior Inferior Superior TERMI NOLO GIA Sistema Laguna- Barreira IV Sistema Laguna-Barreira III Sistema de Leques Aluviais Grupo São Bento Grupo Passa Dois Grupo Guatá Grupo Itararé Fonte: Krebs (2004) AMBIENTE/FORMAÇÃO Depósitos Aluvionares Atuais Depósitos Praiais Marinhos Eólicos Depósitos Lagunares Depósitos Flúvio- Lagunares Depósitos Paludais Depósitos Praiais Marinhos e e e Eólicos Retrabalhamen to Eólico Atual Depósitos de Encostas e Retrabalhamen to Fluvial Serra Geral Botucatu Rio do Rasto Estrada Nova Irati Palermo Rio Bonito Rio do Sul Membro Siderópolis Membro Paraguaçu Granitóides tardi a pós tectônicos Membro Triunfo DESCRIÇÃO LITOLÓGICA Sedimentos argilosos, argilo-arenosos, arenosos e conglomeráticos depositados junto às calhas ou planícies dos rios. Areias quartzosas, esbranquiçadas, com granulometria fina à média, com estratificação plano-paralela (fácies praial) e cruzada, de pequeno a grande porte (fácies eólica). Areias quartzosas junto às margens e lamas no fundo dos corpos d água. Areias síltico-argilosas, com restos de vegetais, cascalhos depósitos biodetríticos Turfas ou depósitos de lama, ricos em matéria orgânica. Areais quartzosas médias, finas a muito finas, cinzaamarelado até avermelhado. Nas fácies praiais são comuns estruturas tipo estratificação plano-paralela, cruzada acanalada. Nas fácies eólicas é frequente a presença de matriz rica em óxido de ferro, que confere ao sedimento tons avermelhados. Derrames basálticos, soleiras e diques de diabásio de cor escura, com fraturas conchoidais. O litotipo preferencial é equigranular fino a afanítico, eventualmente porfirítico. Notáveis feições de disjunção colunar estão presentes. Arenitos finos, médios, quartosos, cor avermelhada, bimodais, com estratificação cruzada tangencial e acanaladas de médio e grande porte. Arenitos finos bem selecionados, geometria lenticular, cor bordô, com estratificação cruzada acanalada. Siltitos e argilitos cor bordô, com laminação plano-paralela. Argilitos folhelhos e siltitos intercalados com arenitos finos, cor violácea. Nos folhelhos, argilitos e siltitos cinza-escuro a violóaceos, ocorrem concreções de marga. Folhelhos e siltitos pretos, folhelhos pirobetuminosos e margas calcáreas. Siltitos cinza-escuros, siltitos arenosos cinza-claro, interlaminados, bioturbados, com lentes de arenito fino na base. Arenitos cinza-claro, finos a médios, quartzosos, com intercalações de siltitos carbonosos e camadas de carvão Siltitos cinza-escuro, com laminação ondulada, intercalado com arenitos finos. Arenitos cinza-claro, quartzosos ou feldspáticos, sigmoidais. Intercala siltitos. Folhelhos e siltitos várvicos com seixos pingados, arenitos quartzosos e arenitos arcoseanos, diamectitos e conglomerados. A nível de afloramento, constitui espessa seqüência rítmica. Granitóides de cor cinza-avermelhado, granulação média à grossa, textura porfirítica, constituídos principalmente por quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino e biotita. Como acessório, ocorre titanita, apatita, zircão e opacos. São aparentemente isótropos e recortados por veios aplíticos e/ou pegmatíticos.

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 18 Furos executados a partir de 1971, através do Convênio DNPM/CPRM, na Bacia Carbonífera de Santa Catarina (e.g., FABRÍCIO, 1973; CAYE et al., 1975, SÜFFERT; CAYE; DAEMON, 1977) constataram que a espessura máxima apresentada pela Formação Rio do Sul atinge cerca de 130 m, no furo 1 PB-15-SC. A constituição litológica é formada por um conjunto de folhelhos e siltitos cinza-escuros a pretos, conglomerados, diamictitos, ritmitos, varvitos e depósitos de arenito com estratificações plano-paralela, cruzada de baixo ângulo e cruzada hummocky. Do ponto de vista genético, a proximidade com as rochas do embasamento, a geometria sigmoidal das camadas de arenitos e a interpretação do conjunto de estruturas sedimentares permitem interpretar estes arenitos como depósitos de leque deltáico proximal. Os diamictitos são cinza-escuro, constituídos por clastos com tamanhos que variam de grânulos até matacões, formados principalmente por rochas graníticas e, subordinadamente, arenitos. Estes clastos encontram-se dispostos caoticamente em uma matriz síltica a arenosa, quartzo-feldspática, mal selecionada, geralmente maciça ou com estratificação irregular incipiente, às vezes apresentando estruturas de escorregamento ou convolutas. Esses diamictitos são cortados por seqüências de ritmitos o que indica que esses depósitos podem ter sido gerados a partir de fluxos canalizados em uma plataforma rasa em ambiente glacial a periglacial. Com relação aos varvitos, a predominância de material argiloso, a laminação fina plano-paralela, a alternância de silte e argila e a presença de seixos e matacões de rochas graníticas sugerem uma sedimentação lacustre ou corpo d água isolado formada em zonas de baixadas, rodeada por altos do embasamento cristalino, em regime de clima glacial a periglacial. Os arenitos com estratificação cruzada de baixo ângulo são muito finos a médios, eventualmente grossos, creme-amarelado a esbranquiçados e cinza-claros (amarelo-ocre com tons castanhos e avermelhados, devido à alteração), friáveis, bem selecionados, com grãos arredondados a subarredondados de quartzo, apresentando estratificações plano-paralelas, mais comumente, e cruzadas de baixo ângulo, às vezes maciços e micáceos, entre os planos de fratura. Essas estruturas sedimentares observadas nos arenitos são indicativas de deposição em zonas de praia supramaré (backshore) e intermaré (foreshore).

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 19 A persistência de estruturas sedimentares tipo estratificação hummocky indicam que estes arenitos correspondem a barras de costa-a-fora (offshore), formadas em um ambiente marinho de plataforma rasa, ao nível de ação das ondas de tempestades. A Formação Rio do Sul contém restos de flora e uma grande quantidade de palinomorfos. Através da análise destes dados palinológicos, os sedimentos desta unidade foram situados no Permiano Médio. 3.2.1.2.2. Formação Rio Bonito O mapa geológico (Figura 8) mostra que as litologias da Formação Rio Bonito afloram na porção leste da área que delimita este PRAD, ao longo de uma extensa faixa contínua, orientada segundo norte-sul, abrangendo parte dos bairros Rio Maina, Colonial e Metropol. A descrição dessa formação feita por Bortoluzzi et al. (1978) divide sua sequência da base para o topo nos membros Triunfo Paraguaçu e Siderópolis (Figura 7).

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 20 Figura 7 Perfil litológico típico da Formação Rio Bonito Fonte: Bortoluzzi et al. (1978) Em 2004, Krebs através de correlações feitas a partir da interpretação de perfis litológicos dos furos de sondagem na bacia carbonífera e de visitas a afloramentos, individualizou o Membro Siderópolis nas três associações: Associação Litofaciológica Superior (sequência Barro Branco); Associação Litofaciológica Média (sequência Irapuá);

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 21 Associação Litofaciológica Inferior (sequência Bonito) As litologias dos membros Triunfo e Paraguaçu correspondem a porção basal da Formação Rio Bonito e não afloram na área de estudo. Membro Siderópolis O Membro Siderópolis constitui um espesso pacote de arenitos, com intercalações de siltitos, folhelhos carbonosos e camadas de carvão que está subdividido em três seqüências litológicas distintas: Associação Litofaciológica Inferior - Sequência Bonito Nessa sequência, geralmente os arenitos possuem cor cinza-amarelado, textura média, localmente grossa, sendo moderadamente classificados, com grãos arredondados a subarredondados de quartzo e, raramente, feldspato. Possuem abundante matriz quartzo-feldspática. As camadas apresentam espessuras variáveis, desde alguns centímetros até mais de metro, geometria lenticular ou tabular, sendo a estruturação interna constituída de estratificação acanalada, de médio e pequeno porte. Ocorrem também arenitos com granulometria fina a muito fina; sua cor normalmente é cinza-claro a cinza-médio, tendo como principais estruturas a laminação plano-paralela, truncada por ondas e cruzada cavalgante (climbing), acamadamento flaser e drapes de argilas, bioturbação e fluidização. No topo da sequência basal do Membro Siderópolis, ocorre uma espessa camada de carvão - Camada Bonito. A sequência basal possui espessura máxima de 35 m, como pode ser verificado nos perfis de sondagem dos furos da CPRM da série PB, como PB-01 (Projeto Pré-Barro Branco; CAYE et al., 1975) e da série MA, como 1 MA-69 (Projeto Carvão de Santa Catarina; FABRÍCIO, 1973), sendo aflorante nas proximidades da cidade de Criciúma.

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 22 Associação Litofaciológica Média - Sequência Irapuá A sequência média é a mais espessa das três, ocupando extensa faixa posicionada ao longo dos vales dos rios Sangão e Criciúma, estando presente também no alto vale do rio Mãe Luzia, onde aflora de maneira contínua desde a localidade de Forquilha, ao norte, até a confluência do rio Morosini, ao sul. No terço superior, ocorre a camada de carvão Irapuá. De maneira subordinada, intercaladas nessa sequência arenosa, ocorrem camadas de siltito e folhelho carbonoso. Associação Litofaciológica Superior - Sequência Barro Branco Na seqüência superior do Membro Siderópolis, ocorrem arenitos finos a médios, cinza-claros, bem retrabalhados, com grãos bem arredondados, quartzosos, com ou sem matriz silicosa. Estes arenitos apresentam geometria lenticular e a estruturação interna das camadas é formada por estratificação ondulada, com freqüentes hummockys, que evidenciam retrabalhamento por ondas. Neste intervalo ocorre a mais importante camada de carvão existente na Formação Rio Bonito, denominada camada Barro Branco. Além dessa, em locais isolados da bacia carbonífera, ocorre outra camadas de carvão, denominada Camada Treviso. A espessura do Membro Siderópolis é bastante variável ao longo da bacia hidrográfica do rio Araranguá. De acordo com os mapas de isópacas das camadas Barro Branco e Bonito Inferior e com os furos de sonda dos diversos projetos executados para pesquisa de carvão pela CPRM (ABORRAGE; LOPES, 1986; FABRÍCIO, 1973; KREBS et al., 1982; KREBS, 1983; 1984), a espessura média é de 80 m, podendo chegar a 168 m próximo à localidade de São Pedro em Treviso. A inter-relação das diferentes unidades de fácies identificadas nos Membros Siderópolis e Triunfo sugerem um ambiente de deposição relacionado a um sistema lagunar e deltáico, influenciado por rios e ondas. A presença de cordões litorâneos, evidenciada pelo arenito de cobertura da camada de carvão Barro Branco, que apresenta freqüentes estruturas tipo micro-hummocky, indica que este ambiente lagunar/deltaico era periodicamente invadido pelo mar. Por outro lado, a

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 23 persistência de fácies predominantemente pelíticas no Membro Paraguaçu sugerem a atuação de correntes de maré. O conteúdo fossilífero da Formação Rio Bonito é evidenciado pela abundância de restos vegetais e palinomorfos encontrados nos carvões e rochas associadas que permitiu situar esta formação no Permiano Inferior, mais especificamente entre o Artinskiano e a base do Kunguriano. 3.2.1.2.3. Formação Palermo Essa formação aflora de maneira contínua, desde as proximidades da BR 101, a sul-sudeste, até o limite norte desta bacia, ao longo do alto curso dos rios Mãe Luzia e Dória. À medida que se dirige para oeste, é encoberto pela formação Irati ou pelos depósitos de leques aluviais. A Formação Palermo, que caracteriza o início do evento transgressivo, é constituída de um espesso pacote de ritmitos, com interlaminação de areia-silte e argila, com intenso retrabalhamento por ondas. A alternância de tonalidades claras e escuras evidencia a intercalação de leitos arenosos e síltico-argilosos, respectivamente. A análise dos perfis de sondagem para carvão (furos de sigla MB, na região de Criciúma, e furos de sigla EP, na região de Treviso) demonstra que há um decréscimo de areia da base para o topo desta formação. Verificações realizadas em testemunhos de sondagem realizados pela CPRM a pela Carbonífera Metropolitana evidenciam que no terço médio desta formação ocorrem com frequência leitos de siltitos arenosos esverdeados com cimento carbonático e nódulos e concreções carbonáticas. A espessura total dessa formação, na região de Criciúma e Forquilhinha, de acordo com a correlação dos perfis de sondagens realizados na área da Mina B por Krebs et. al. (1982), é da ordem de 92 m. A presença de fácies areno-pelíticas intercaladas bem como a freqüência de estruturas tipo micro-hummocky, bioturbação e estruturas de fluidização, sugerem um ambiente marinho raso, com intensa ação de ondas e atuação de

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 24 microorganismos. Este evento marca o início da transgressão marinha que afogou o ambiente deltáico/lagunar da Formação Rio Bonito. 3.2.1.2.4. Formação Irati A Formação Irati é constituída na sua base por folhelhos e siltitos cinzaescuro, eventualmente cinza-claro a azulados. Quando intemperizados, os folhelhos adquirem tons amarelados, micáceos, mostrando desagregação conchoidal (Membro Taquaral). No seu topo, (Membro Assistência) é formada por um pacote de folhelhos cinza-escuro a pretos, intercalados com folhelhos pirobetuminosos e associados a lentes de margas creme a cinza-escuro, dolomíticas. Localmente, é comum encontrar-se estes folhelhos pirobetuminosos interestratificados com as camadas de margas, dando ao conjunto um aspecto rítmico, onde se destacam laminação plano-paralela, convoluta, concreções silicosas, marcas onduladas e estruturas de carga. Cristais euédricos e disseminados de pirita são encontrados nas margas, e nos folhelhos pirobetuminosos são observadas exsudações de óleo em fraturas e amígdalas. A espessura da Formação Irati é constante, de aproximadamente 40 m, como verificada nos furos de sondagens BG 41, 27, 28 e 125. Com frequência, parte desta formação é cortada por intrusões de diabásio. Nas áreas que constituem as cristas dos rios formadores da sub-bacia do rio Mãe Luzia e em morros-testemunhos de menor expressão, esta formação é intrudida por rochas vulcânicas que constituem as soleiras que sustentam a topografia. As características litológicas e sedimentares da Formação Irati indicam um ambiente marinho de águas rasas e calmas, abaixo do nível de ação das ondas, com os folhelhos pirobetuminosos tendo sido depositados em ambiente restrito, e as margas, em áreas plataformais. Seus melhores afloramentos localizam-se ao longo do vale do rio Manim, nas proximidades das cidades de Criciúma e Nova Veneza.

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 25 3.2.1.2.5. Formação Estrada Nova Está presente na porção norte, junto à encosta inferior à média do planalto gonduânico, onde aflora de maneira contínua entre as cotas 450 m e 600 m. A partir do extremo norte da área desde as cabeceiras do rio Dória, constitui uma faixa que se estende para sudoeste até o alto curso do rio Cedro Alto, onde aflora entre as cotas 450 m e 250 m, sendo então coberta pelos depósitos de leques aluviais. No alto vale do Rio Mãe Luzia aflora em cotas mais baixas devido ao basculamento dos blocos, por falhas. De maneira subordinada está presente também no topo do Montanhão, Morro Cechinel, Morro Santa Luzia e de outros morros existentes na área, sem denominação específica. Do ponto de vista litológico, na sua porção inferior (Formação Serra Alta) compreende uma seqüência constituída por folhelhos, argilitos e siltitos cinza-escuro a pretos. Quando intemperizados mostram cores cinza-claro a cinza-esverdeado e avermelhadas, com tons amarelados. Normalmente, são maciços ou possuem uma laminação plano-paralela incipiente, às vezes micáceos. Localmente, contêm lentes e concreções calcíferas, com formas elipsoidais e dimensões que podem alcançar até 1,5 m de comprimento por 50 cm de largura. Sua porção superior (Formação Teresina) é constituída por argilitos, folhelhos e siltitos cinza-escuro e esverdeados, ritmicamente intercalados com arenitos muito finos, cinza-claro. Quando alteradas, estas rochas mostram cores diversificadas em tons violáceos, bordôs e avermelhados. Comumente apresentam lentes e concreções carbonáticas, com formas elípticas e dimensões que podem atingir 2 m de comprimento por 80 cm de largura. As principais estruturas sedimentares encontradas nesta seqüência são a laminação flaser, plano-paralela, ondulada e convoluta, estratificação hummocky, marcas onduladas e gretas de contração. As características litológicas e sedimentares do pacote inferior indicam deposição em um ambiente marinho de águas calmas, abaixo do nível de ação das ondas normais. Já o pacote rochoso superior, pelas características litológicas e estruturas sedimentares exibidas, indica uma deposição em ambiente marinho de águas rasas e agitadas, dominado por ondas e pela ação de marés (inframaré a supramaré).

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 26 3.2.1.2.6. Formação Rio do Rasto A Formação Rio do Rasto aflora de maneira contínua ao longo da encosta média do planalto. No extremo norte da área aflora a partir da cota 580 m e, à medida que se dirige para sudoeste, aflora em cotas inferiores até ser encoberta pelos depósitos de leques aluviais ao norte da cidade de Jacinto Machado. Tem ampla distribuição na porção centro-oeste desta bacia hidrográfica, onde aparece capeando morros alongados que constituem os divisores de água de importantes mananciais. Está presente também campeando ou no terço superior de pequenos morros que ocorrem na área costeira. O Membro Serrinha, inferior, é constituído por arenitos finos, bem selecionados, intercalados com siltitos e argilitos cinza-esverdeado, amarronados, bordôs e avermelhados, podendo localmente conter lentes ou horizontes de calcário margoso. Os arenitos e siltitos possuem laminação cruzada, ondulada, climbing e flaser, sendo, às vezes, maciços. As camadas síltico-argilosas mostram laminação plano-paralela, wavy e linsen. Os siltitos e argilitos exibem desagregação esferoidal bastante desenvolvida, a qual serve como um critério para a identificação desta unidade. Nesta porção inferior, as camadas de arenitos são pouco espessas, raramente superiores a 40 cm, e subordinadas. O Membro Morro Pelado, superior, é constituído por lentes de arenitos finos, avermelhados, intercalados em siltitos e argilitos arroxeados. O conjunto mostra também cores em tonalidades verdes, chocolate, amareladas e esbranquiçadas. Suas principais estruturas sedimentares são a estratificação cruzada acanalada, laminação plano-paralela, cruzada, e de corte e preenchimento. As camadas de arenitos apresentam geometria sigmoidal ou tabular e, geralmente, possuem espessuras superiores a 50 cm, podendo alcançar em alguns casos mais de 2 m. A deposição da Formação Rio do Rasto é atribuída inicialmente a um ambiente marinho raso (supra a inframaré) que transiciona para depósitos de planície costeira (Membro Serrinha), passando posteriormente à implantação de uma sedimentação flúvio-deltáica (Membro Morro Pelado).

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 27 3.2.1.2.7. Formação Botucatu Aflora de maneira contínua ao longo do terço superior da encosta do planalto, no qual pode ser acompanhada desde o extremo norte da área onde constitui escarpas de arenitos capeadas por rochas ígneas extrusivas da Formação Serra Geral. Nesta mesma porção, ocorre localmente, capeando morros alongados que devido à erosão diferencial apresentam relevo ruiniforme. À medida que se dirige para sudoeste, ocorre também capeando morros alongados nos municípios de Meleiro, Morro Grande e Timbé do Sul. Litologicamente esta formação é constituída por arenitos bimodais, médios a finos, localmente grossos e conglomeráticos, com grãos arredondados ou subarredondados, bem selecionados. Apresentam cor cinza-avermelhada e é frequente a presença de cimento silicoso ou ferruginoso. Constituem expressivo pacote arenoso, com camadas de geometria tabular ou lenticular, espessas, que podem ser acompanhadas por grandes distâncias. No terço inferior, apresenta finas intercalações de pelitos, sendo comuns interlaminações areia-silte-argila, ocorrendo freqüentes variações laterais de fácies. À medida que se dirige para o terço médio, desaparecem as intercalações pelíticas, predominando espessas camadas de arenitos bimodais, com estratificação acanalada de grande porte, indicando que as condições climáticas se tornavam gradativamente mais áridas, implantando definitivamente um ambiente desértico. A persistência de estruturas sedimentares, tais como estratificação cruzada acanalada de grande porte, estratificação cruzada tabular tangencial na base e estratificação plano-paralela, a bimodalidade dos arenitos, evidenciada por processos de grain fall e grain flow e ainda as freqüentes intercalações pelíticas, ripples de adesão e marcas onduladas de baixo-relevo sugerem ambiente desértico com depósito de dunas e interdunas. Até hoje não se encontraram fósseis nesta formação. Sua idade é atribuída aos períodos Jurássico Superior e Cretáceo Inferior, através de relações estratigráficas com as formações que lhe são subjacentes.

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 28 3.2.1.3. Formação Serra Geral As rochas vulcânicas da Formação Serra Geral constituem a escarpa superior do planalto gonduânico. Estas rochas afloram a partir da cota 760 m. No topo do planalto ocorrem cotas de 1.450 m, indicando uma espessura de 690 m para esta formação neste local. Ocorrem também sob a forma de sills, capeando morros, principalmente na porção compreendida entre Nova Veneza, Criciúma e Siderópolis. As rochas dessa formação abrangem uma sucessão de derrames de lavas, predominantemente básicas, contendo domínios subordinados intermediários e ácidos, principalmente no terço médio e superior. Nas observações de campo, foram verificados termos básicos a intermediários, de cor cinza-escuro a preto, de granulação fina à afanítica, com termos variando desde amigdaloidal até maciços. Geralmente encontram-se bastante fraturados, exibindo fraturas conchoidais características. Ao nível de afloramento, verificam-se nitidamente três zonas de resfriamento: amigdaloidal, disjunção vertical e disjunção horizontal. As zonas de disjunção horizontal e vertical são espessas, algumas vezes com espessuras superiores a 10 m. A zona amigdalóide normalmente não ultrapassa 2 m de espessura. É muito freqüente a intrusão de diabásios em rochas sedimentares gonduânicas. Constatou-se que estas intrusões ocorrem principalmente no intervalo estratigráfico correspondente às Formações Rio Bonito e Irati e à base da Formação Estrada Nova. Esta formação é conseqüência de um intenso magmatismo de fissura, correspondendo este vulcanismo ao encerramento da evolução gonduânica da bacia do Paraná. Mühlmann et al. (1974) situa a Formação Serra Geral no Cretáceo Inferior (entre 120 e 130 milhões de anos) através de dados radiométricos obtidos por diversos autores.

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 29 3.2.1.4. Depósitos Aluviais Atuais Na porção oeste-noroeste, onde se posiciona a encosta do platô gonduânico, os vales são encaixados e têm gradientes acentuados. Nesta porção, os depósitos aluviais são pouco expressivos e se constituem, geralmente, de depósitos conglomeráticos ou areno-conglomeráticos que se concentram nas calhas dos cursos d água, formando barras transversais ou longitudinais e barras em pontal. Na porção situada entre as cidades de Criciúma, Nova Veneza e Siderópolis, onde os vales são mais abertos e afloram rochas pelíticas nas encostas dos morros, os depósitos aluviais resultantes são mais expressivos e predominantemente argilosos ou areno-síltico-argilosos. O material geralmente apresenta plasticidade média e cores variegadas, principalmente em tons cinzaamarelado. A partir da cidade de Forquilhinha, para oeste, as rochas gonduânicas que ocorrem no fundo dos vales estão, em geral, capeadas pelos depósitos de leques aluviais. 3.2.2. Geologia local A geologia local descrita para a área em tela é baseada no Mapa Geológico da Bacia do Rio Araranguá (KREBS, 2004), cujo esboço é apresentado na Figura 8. Esse mapa compila os dados dos diversos levantamentos geológicos da CPRM, feitos na região carbonífera e acrescenta informações obtidas pela equipe de técnicos do CTCL em trabalhos de campo, reinterpretação de fotografias aéreas e de perfis de furos de sondagem, integrando, ainda, as estruturas geológicas existentes nas minas de carvão antigas.

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 30 Figura 8 Esboço do mapa geológico da área do PRAD (sem escala) Fonte: Krebs (2004) Na área de influência do PRAD ocorrem quatro domínios geológicos representados pela sequência basal do Grupo Guatá, Formações Rio Bonito e Palermo, sequência média do Grupo Passa Dois, Formação Estrada Nova, as quais se encontram encobertas por um sill de diabásio da Formação Serra Geral. As formações gonduânicas ocorrem em faixas paralelas entre si na direção norte-sul, acompanhando a conformação geral da borda leste da bacia do Paraná. As rochas que compõem a Formação Rio Bonito ocupam a maior parte da área de estudo, sendo representadas pela porção superior do Membro Siderópolis e por afloramentos da porção média do Membro Siderópolis. A constituição litológica do Membro Siderópolis é formada, principalmente, por arenitos de origem transgressiva, nos quais se intercalam as camadas de carvão Barro Branco e Irapuá. Os afloramentos da porção média do Membro Siderópolis ocorrem em janelas estruturais formadas a partir do basculamento de blocos de uma zona de falhas de direção N-S que expuseram o bloco NE à erosão diferencial, fazendo aflorar os intervalos superior e médio do Membro Siderópolis, no mesmo nível topográfico. As rochas que pertencem à Formação Palermo afloram na porção oeste da área de estudo e pertencem as porções inferior e média dessa formação. O contato com a Formação Rio Bonito é transicional e representada pela ocorrência de uma camada de arenitos finos intensamente bioturbados que apresentam cimento carbonático.

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 31 Uma intrusão na forma de um sill de diabásio se sobrepõe às rochas que compõe a Formação Palermo, alojando-se entre a sua porção média e a base da Formação Estrada Nova. A área de estudo está compartimentada em três blocos delimitados por zonas de falhas diretas relacionadas com o sistemas N40-50E e N10-30W, as quais, delimitaram os trabalhos mineiros e são as principais responsáveis, juntamente com aas áreas com cobertura afetada com subsidência,pela conexão da água subterrânea com as minas subterrâneas exauridas. Os depósitos aluvionares e de retrabalhamento fluvial encontram-se posicionados ao longo da bacia deposicional do rio Sangão e afluentes, situando-se na porção central da área. Esses depósitos são formados por sedimentos de granulometria heterogênea e constituídos por siltes, argilas e areias, além de sedimentos provenientes da degradação mecânica de depósitos de rejeitos situados próximos das margens do rio Maina. 3.2.3. Geologia de subsuperfície A geologia de subsuperfície (Figura 9) é descrita com base nos perfis de sondagem exploratória realizados pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) na região carbonífera de Santa Catarina e no trabalho de reconhecimento geológico realizado em campo. O perfil geológico local da sequência gonduânica é contituído pelas porções média e inferior da Formação Palermo as quais se sobrepõem às litologias da sequência superior do Membro Siderópolis da Formação Rio Bonito. A sequência média da Formação Palermo possui espessura que varia de 50 m a 75 m, sendo formada por siltitos cinza claros com esparsas lâminas de arenito fino micáceo e camada de arenito cinza claro, muito fino, e com cimento carbonático. Essas litologias se sobrepõem a uma sequência de camadas de arenitos muito finos e de siltitos arenosos cinza esverdeados com cimento carbonático. A sequência basal dessa formação é constituída por siltitos cinza escuros a pretos finamente micáceos que gradam na direção da base para uma sequência

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 32 rítmica de leitos e lentes de arenitos finos cinza e siltitos pretos que se alternam com leitos de arenitos finos bioturbados com cimento carbonático. Essa sequência basal representa a zona de contato transicional com a Formação Rio Bonito e possui cerca de 20 m de espessura. Para a Formação Rio Bonito faz-se a caracterização dos estratos até o topo da camada de carvão Barro Branco, cuja extração deu origem às bocas de mina objeto deste PRAD. A sequência litológica da Formação Rio Bonito, até o topo da camada de carvão Barro Branco, é formada por uma camada de arenito cinza claro, cuja espessura varia de 4 a 10 m. Essa camada de arenito apresenta variedade textural, verificando-se a alternância de leitos com granumetria fina a grossa, composição quartzosa e quartzo-feldspática, podendo ocorrer em leitos maciços e/ou intercalados com lâminas de siltito preto, micáceo. A organização interna dos arenitos alterna leitos com estratificação rítmica plano-paralela ou cruzada, podendo inclusive apresentar laminação hummocky em locais. Na área em tela, essa camada de arenito é sotoposta por um leito de siltito cinza escuro a preto, carbonoso com espessura entre 0,2 e 0,5 m que se sobrepõe, por sua vez, à camada de carvão Barro Branco.

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol 33 ESPESSURA FORMAÇÃO SERRA GERAL (Ksg) 20 A 45 m BASALTO/DIABÁSIO 50 A 75 m F O R SEQUÊNCIA MÉDIA (20 a 40 m) M A SITLITO CINZA ESVERDEADO COM NÓDULOS DE CARBONATO Ç ARENITO CINZA MUITO FINO COM CIMENTO CARBONÁTICO Ã O P A L E R SEQUÊNCIA INFERIOR (10 a 25 m) M O (Pp) SILTITO CINZA ESCURO COM LENTES DE ARENITO FINO E NÍVEIS BIOTURBADOS 4 A 10 m FORMAÇÃO RIO BONITO (Prbss) MEMBRO SIDERÓPOLIS SEQUÊNCIA SUPERIOR ARENITOS INTERCALADOS COM SILTITOS E AS CAMADAS DE CARVÃO BARRO BRANCO E IRAPUÁ Figura 9 Desenho do perfil geológico local (sem escala), baseado na compilação dos furos de sondagem exploratória 1 CR-13-SC01 e 1 CR- 08-SC, realizados pela CPRM Fonte: Fabrício (1973) 3.2.4. Hidrogeologia regional e local A hidrogeologia da área estudada está representada por três sistemas de fluxo da água subterrânea relacionados na hidroestratigrafia com as formações Serra Geral, Palermo e Rio Bonito (Figura 10). Vale salientar que apesar de o esboço do mapa hidrogeológico definir como sistema aqüífero, há de se considerar que se trata de uma classificação genérica, pois as formações que compõem esses domínios apresentam baixa permeabilidade intergranular vertical, tendo vários de seus horizontes comportamento de aquiclude, ou seja, se constituem como meio impermeável para a circulação da água subterrânea.

Projeto de recuperação de área degradada bocas de minas abandonadas Metropol Figura 10 Esboço do mapa hidrogeológico da área do PRAD (sem escala) Fonte: Krebs (2004) O fluxo regional da água subterrânea foi definido por Krebs (2004) a partir do cadastramento de poços escavados, tubulares, ponteiras e nascentes. Nesse trabalho, o referido autor mostra que o fluxo ocorre de N-NE para S-SW, indicando que a área em estudo está situada em zona de descarga da água subterrânea representada pela sub-bacia bacia do rio Maina e afluentes. No que se refere ao fluxo superficial a área estudada se insere em área de recarga e descarga da água subterrânea, verificando-se a ocorrência de uma zona de recarga a oeste na porção elevada da área que inclui a faixa de afloramentos das formações Serra Geral, Estrada Nova e Palermo, uma zona de circulação até o nível do contato com o manto de alteração com o maciço rochoso dessas formações e uma zona de descarga em nascentes que formam a rede hidrográfica local. Vale salientar que apesar do impacto causado pela mineração subterrânea, não se pôde comprovar a conexão hidráulica entre os sistemas de circulação superficial e profunda da água subterrânea, porque, à exceção das áreas onde foram realizados desmontes de pilares, considera-se que a recarga lateral é a principal responsável pela formação dos recursos hídricos locais. A natureza predominantemente argilosa das litologias que foram o perfil da Formação Palermo indica que esta formação deve atuar principalmente como aquitardo. Localmente, onde ocorrem intercalações de fáceis arenosas, 34