Clodoaldo Silva: o esporte como inclusão social 1



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Transcrição:

RESUMO Clodoaldo Silva: o esporte como inclusão social 1 Tobias NEVESILVA 2 Ítalo FREITAS 3 Camilla KÁTEB 4 Cintia BARRETO 5 Fabio DESILVA 6 Universidade Potiguar UnP, Natal. RN Este documentário em vídeo aborda a inclusão social dos deficientes físicos através do esporte. Utilizamos como personagem protagonista o para-atleta Clodoaldo Silva. Pesquisamos em livros, revistas, jornais, internet e entrevistamos pessoas ligadas, direta ou indiretamente, ao tema. Traçamos o perfil de Clodoaldo Silva para elaborar este produto, documentando não só para os interessados de hoje, mas também para que as gerações futuras tenham uma fonte de pesquisa sobre o processo de inclusão. Abordamos desde sua paralisia cerebral, decorrente de seu nascimento, sua infância carente, o esporte como forma de inclusão, a superação do preconceito e o para-atleta de hoje. Buscamos, portanto, contribuir para consolidar o processo de inclusão, manifestado pelo acréscimo de participantes nos eventos para-desportivos realizados a cada ano. PALAVRAS CHAVE: esporte; inclusão; deficiência; vídeodocumentário; Clodoaldo Silva. INTRODUÇÃO Nossas famílias, a sociedade e as empresas, ainda não estão preparadas, como deveriam, para conviver com pessoas com algum tipo de deficiência. Para muitos, a ocorrência de uma enfermidade grave e irreversível ou uma deficiência, algo desesperador e insuperável. Baseado pelo que estudamos e que vimos, a deficiência não pode ser vista como uma barreira intransponível, e sim apenas mais um desafio em nosso cotidiano, e que a vida nos ensina a superar. Para alguns, essa superação ainda é extremamente difícil e dolorosa, pois, na maioria das vezes, não fomos preparados para superar traumas emocionais, para lidar com uma inesperada adversidade, qualquer que seja, que a vida nos proporcione. E as pessoas com deficiência, estão presentes em todos os segmentos sociais. 1 Trabalho submetido ao XVI Prêmio Expocom, na Categoria Jornalismo, modalidade Documentário em Vídeo.

2 Aluno líder do grupo e estudante do 8º Semestre do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, tobias_augusto@msn.com. 3 Estudante do 8º Semestre do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, italoesporte@gmail.com. 4 Estudante do 8º Semestre do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, camillakateb@yahoo.com.br. 5 Orientadora do Trabalho. Professora do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, cintiabarreto@unp.br. 6 Co-orientador. Professor do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. desilva@unp.br. A sociedade ainda vê a deficiência, na sua grande maioria, como uma doença grave e irreversível. Este processo de superação de crise, no entanto, freqüentemente passa a ser uma dificuldade adicional, ou seja; a falta de motivação para se enfrentar as questões de frente. Uma das dificuldades de superação se prende ao fato de que a referência da pessoa continua a ser o antes da doença, do desemprego, da separação afetiva. E não o agora, o novo, o daqui para frente com todo o potencial que possuímos e que continuamos a demonstrar. O esporte tem um papel importante, que seria o de prevenir e o de favorecer a adoção de novas normas de referência para a vida. Não mais o antes, com lamentações e lembranças de como era antes do acidente ou de quando era casado e feliz, mas sim, com um potencial para desenvolver o novo, passando a adotar uma nova forma de viver. As pessoas com deficiência que passam a praticar esporte podem ser mostradas como exemplos, pois passam a demonstrar novos comprometimentos, obtendo um bom rendimento físico, emocional e um engajamento social de grande relevância. O nosso trabalho tem como tema pessoas com deficiências físicas que podem participar ativamente da sociedade, tendo uma boa qualidade de vida e até conseguindo se tornar verdadeiros campeões. Em pleno século XXI, somos conscientes que não é mais possível discriminar cidadãos, independentemente de cor, deficiência, etnia, religião. O convívio, as oportunidades, as superações, devem ser vividas por todos. Afinal, somos seres semelhantes, pertencentes de um mesmo planeta, respeitemos as diferenças, sem discriminações. 2 OBJETIVO Produzir um vídeo documentário sobre o esporte como uma forma válida de inclusão social, usando como exemplo o nadador potiguar Clodoaldo Silva, como

também observar o processo de inclusão das pessoas com deficiências na sociedade, tendo esta ferramenta como porta de entrada. 3 JUSTIFICATIVA Os primeiros relatos sobre pessoas deficientes começaram a surgir na Antiguidade, quando a população vivia da agricultura, pecuária e artesanato, e na Idade Média, época dos Senhores Feudais. Na Antiguidade, a deficiência era tratada como se a pessoa estivesse com demônio no corpo e não como uma deficiência. Já na Idade Média, os deficientes eram tratados como pessoas improdutivas (que não tinham condição de se sustentar sozinho). A partir deste momento, os deficientes começaram a ser cuidado pela família e pela Igreja Católica. Gradativamente, sua custódia e cuidados passaram a ser assumidos pela família e pela igreja, embora não haja qualquer evidência de esforços específicos e organizados de lhes prover de acolhimento, proteção, treinamento ou tratamento. (PESSOTTI, 1984, 12). Até o século passado, a convivência das pessoas portadoras de necessidades especiais com a sociedade era encarada como uma dificuldade. Eram muitos os problemas, adaptação física das ruas, transportes, discriminação no trabalho, até mesmo com os entes mais próximos, em muitos casos, não havia a devida atenção e aceitação para uma convivência mais harmoniosa. A família, mais do que em qualquer outro grupo social, as fronteiras individuais são fluídas, e há uma constante troca de afetos, influências mútuas, expectativas e cobranças, conscientes ou não. Mesmo quando há conflitos e divergências internas, a família se comporta como uma unidade, e tudo que acontece com um dos membros, afeta diretamente todos os demais. Podemos definir deficiência como perda total ou parcial do funcionamento de um órgão, distúrbio da função ou paralisação dos movimentos de um ou mais membros: superiores, inferiores ou ambos. Conforme o grau do comprometimento, o indivíduo pode vir a ter uma paralisia ou paresia, acarretando, assim, vários tipos de deficiências que podem ser classificadas como física, visual, auditiva e sensitiva. Quando o músculo perde a capacidade de se contrair voluntariamente, por interrupção funcional ou

orgânica, o indivíduo sofre uma paralisia. Já a paresia é quando o movimento está apenas limitado ou fraco, comprometendo algumas funções. De acordo com Mesquita (2008), podemos definir que pessoa portadora de deficiência é aquela que apresenta em comparação com a maioria das pessoas significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de fatores inatos ou adquiridos, de caráter permanente e que acarretam dificuldades em sua interação com o meio físico e social. No Brasil, o Decreto n. 3.298 de 20 de dezembro de 1999 considera pessoa portadora de deficiência a que se enquadra em uma das seguintes categorias: deficiências físicas, auditivas, visuais, mentais e múltiplas. O termo inclusão social vem sendo veiculado e discutido, em substituição ao conceito utilizado anteriormente, integração social, em muitos países, não apenas no Brasil. Existem algumas associações deste termo, que vêm introduzindo um novo paradigma em nossa sociedade e assinalando outra etapa no processo de conquista dos direitos, por parte das pessoas portadoras de deficiência e de muitos dos simpatizantes desta causa. Outra modalidade de inclusão social que trabalha diretamente com a educação é o esporte, algo que faz com que tantos seres humanos desacreditados até por si mesmo, consigam algum tipo de destaque perante a sociedade, como é o caso do nosso personagem, Clodoaldo Silva, que fez do esporte uma forma de se incluir socialmente. Através da natação venceu as barreiras que foram impostas pela vida. Atualmente, não se discute mais sobre os benefícios da atividade física, e sim, de fazer cada exercício da forma mais correta para alcançar ou manter a saúde. Já que a falta e o excesso de exercício podem ser danosos ao organismo, especialmente quando se trata de pessoas portadoras de deficiência. Deficientes ou não, pessoas sem um programa de atividade física bem idealizada, estão totalmente sujeitos aos problemas de sedentarismo. O esporte leva saúde e qualidade de vida aos praticantes que estejam orientados de forma correta. Cada vez mais cresce a importância do esporte como ferramenta de inclusão social. O esporte mesmo que tenha como princípio o desenvolvimento físico e da saúde, serve também para a aquisição de valores necessários para coesão social e mundial. A atividade física tem um fator motivador extremamente positivo. (SOUZA, 2003, p.3).

Clodoaldo Silva nasceu no dia 01 de fevereiro de 1979, vítima de uma paralisia cerebral logo após o seu nascimento, o que comprometeu o desenvolvimento pleno dos membros inferiores. Ele cresceu e viveu no bairro de Mãe Luiza, na cidade do Natal, estado do Rio Grande do Norte. Filho caçula de Maria das Neves, sofreu com barreiras que a vida impôs em seu destino, e, apesar de vir de uma família humilde e sofrer com problemas financeiros, comuns a para grande parcela da população brasileira. Ele teve toda a proteção materna possível para enfrentar as dificuldades e se tornar um vencedor. Sou o caçula de todos os meus irmãos. A minha família é muito tranqüila. Como nunca houve tanta proteção da minha mãe comigo, virei a pessoa que eu sou hoje. Ela sempre me incentivou a lutar pelas coisas, tenho uma cabeça bastante forte. (SILVA, 2008). O Atleta Paraolímpico Clodoaldo Silva começou sua carreira em 1998, participando de seu primeiro campeonato brasileiro, no qual, conquistou suas três primeiras medalhas de ouro. Um ano depois, ele iniciou a grande coleção de títulos internacionais para o Brasil. Clodoaldo Silva hoje é reconhecido mundialmente como ídolo. A prova disso foi a indicação para o Oscar Mundial do Esporte, em 2005. Muito se mencionou sobre superação, inclusão social e deficiência física neste trabalho, que tem como protagonista o nadador potiguar, Clodoaldo Silva, sendo ele o centro de toda abordagem do nosso produto. Através desta ótica, a intenção é constituir, através de ferramentas audiovisuais, algo que não só exponha a vida do nosso personagem centro, mas que sirva com um documento histórico para aqueles, que, de alguma maneira, sofram com problemas parecidos e necessitam de uma ferramenta de apoio. Espelhando-se neste ponto, usaremos o documentário como uma ferramenta para a documentação histórica, transpondo, através da imagem e do som, necessidades, desejos, direitos e deveres, agregando informações significativas para o conhecimento das gerações futuras. O filósofo [Walter Benjamim] morreu, vítima das atrocidades que criticava, deixando um legado muito mais poderoso e mobilizador do que poderiam supor seus carrascos: pensamentos revolucionários que inspiraram e inspiram tantos profissionais que preocupam-se com a plena utilização dessas técnicas cada vez mais extraordinariamente mais avançadas, em beneficio da própria humanidade e do uso de sua razão critica. (SANTOS, 2004).

O cinema não é apenas um espaço físico, onde se exibe filmes já produzidos e que cobra a entrada dos espectadores. O cinema é também é uma instituição, que possui a habilidade na arte de fazer filmes. Na produção cinematográfica, existem várias tendências ou gêneros que podem ser trabalhados e seguidos para uma melhor descrição e caracterização do produto final. Esta tendência pode ser ficcional ou documental, por exemplo. O campo do ficcional abrange vários gêneros para livre escolha do autor. O documentário não necessita de uma criação de espaço, tempo, circunstâncias, ações e personagens criados de forma literal para a elaboração do produto, ele trabalha diretamente com acontecimentos, pessoas que possuem alguma influência, dentre outros casos. E ambos participam da narração, como agentes ativos. O documentário não tem roteiro padrão preestabelecido: portanto forma, conteúdo e duração ficam abertas à interpretação individual. (YORKE, 1990, p. 168). Esta forma documental de fazer cinema, o autor não precisa ser totalmente neutro, pois ele usa de uma representação parcial e subjetiva, mostrando sua visão sobre os fatos que são abordados em seu trabalho, o que se torna até um pouco parecido com o gênero ficcional. Mas tem a produção estabelecida através de fundamentos reais, sempre tendo a ética como princípio nos relatos verdadeiros. 4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS Dispomos de pesquisas bibliográficas em livros, jornais, revistas, internet, além de entrevistas como forma de enriquecer todas as leituras realizadas pelo grupo, cujo objetivo foi aprimorar a fundamentação teórica do referido trabalho. A pesquisa bibliográfica, segundo Cervo e Bervlan (2002, p. 66), constitui parte da pesquisa descritiva ou experimental, quando é feita com o intuito de recolher informações e conhecimentos prévios acerca de um problema para o qual se procura uma resposta. Após o levantamento teórico, gravamos sonoras com pessoas que estão ligadas direta ou indiretamente com a inclusão social de deficientes físicos na sociedade. Utilizamos o formato 16x9 em HDV, pois, além de nos da uma riqueza em detalhes, acreditamos que no caso do documentário, ele chama a atenção do espectador para o entrevistado e usamos imagens de apoio como forma de enriquecer e melhorar a dinamicidade de nosso vídeo.

5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO Nosso produto consiste em um vídeodocumentário de doze minutos e vinte segundos, dividido em cinco partes de discussão. Através dos depoimentos de Roberto Vital, médico do Comitê Paraolímpico, da professora Maria Aparecida de França Gomes, psicóloga e coordenadora da área da Saúde da Universidade Potiguar, de Carlos Paixão, técnico do atleta paraolímpico Clodoaldo Silva, de Nélio Pereira, atleta Paraolímpico e amigo de nosso protagonista e do próprio Clodoaldo Silva, que foi destacado em todo nosso trabalho, como um exemplo do esporte como inclusão social. No primeiro bloco, abordamos o contexto da deficiência de Clodoaldo Silva, com um depoimento do Dr. Roberto Vital, onde ele discorre sobre a paralisia cerebral, destacando de uma forma técnica o seu problema. Temos também nesta parte o depoimento de nosso protagonista sobre sua paralisia e as dificuldades enfrentadas por ele, até conhecer o esporte, quando recebeu a indicação de nadar como sendo uma das formas da fisioterapia. Na segunda parte, demos ênfase ao processo de inclusão social, onde é mostrado através de depoimentos, que o esporte é uma ferramenta válida neste processo e algo de total importância para que os deficientes seja inseridos socialmente neste contexto. Destinamos o terceiro bloco para destacar o esporte como um fator maior no melhoramento da parte física do deficiente, gerando um aumento na qualidade de vida, além de abordar que ele ajuda em sua socialização. No quarto bloco, mostramos o exemplo de uma inclusão social bem sucedida através do esporte, e que através desta ferramenta, Clodoaldo Silva se tornou um agente propulsor deste movimento. Na quinta e última parte, mostramos o vencedor que ele se tornou, sendo ele destinado só para depoimento de nosso protagonista, mesmo que ele não relate suas provas conquistas, ele mostra que venceu como pessoa. Como forma de fundamentação, usamos uma imagem de seu arquivo, onde ele bate mais um recorde mundial e conquista mais um uma medalha de ouro no Para Pan-Americano do Rio de Janeiro, sendo finalizada com a narração original desta conquista feita por um narrador da Sportv. Com o intuito de dar uma melhor dinamicidade ao vídeo, quebramos os depoimentos e os montamos de uma forma que, o que determinado participante fale,

puxará um link para o outro depoente; além de um mesmo entrevistado aparecer em vários momentos dentro do produto. 6 CONSIDERAÇÕES Após todo o processo de elaboração deste trabalho, desvendamos alguns mistérios que cercam o fator da inclusão desta parcela da população. Nesse sentido, traçamos um perfil sobre as inúmeras maneiras, fatores das deficiências e os aspetos que o cercam. Realçamos características e causas possíveis de deficiência, mesmo que de forma direcionada a parte física, vimos que se trata de algo que abrange muitos mais pontos que podem ser aprofundados. Com o objetivo de deixarmos para futuras gerações, um pouco da evolução positiva que esta forma de inclusão vem sofrendo, elaboramos um vídeo-documentário, pois, acreditamos que o audiovisual é uma das maneiras de documentação histórica mais acessíveis que temos nos dias atuais, porque o advento da tecnologia, facilitou a acessibilidade a meios como este. Ao concluirmos este trabalho, compreendemos que a inclusão social é um trabalho lento, que passa pelo movimento dessas pessoas, que se superam todos os dias para vencer os obstáculos, além de existir várias formas de se incluir socialmente um deficiente, e que podem destacar o esporte como uma das principais fontes de inclusão, mesmo mostrando a positividade disto, não podemos esquecer a educação, pois, através da educação, a sociedade vai poder aceitar os portadores de necessidades especiais. Existem vários projetos de como incluir os portadores de necessidades especiais dentro do contexto social, não só o esporte e educação, mas a cidadania e a família podem contribuir muito neste processo. Até alguns atletas paraolímpicos, que tem o seu destaque, podem ajudar nesta causa, pois eles se tornam exemplos, para aqueles que estão em casa, e muitas vezes nem mesmo se aceitam. Por isso, evidenciamos a carreira de Clodoaldo Silva, pois, por se ter uma vida que lembra a de muitos brasileiros, não só deficientes, se tornou um exemplo de força, determinação e de pessoa, pois saiu da uma família, que não contava com muitos recursos e se tornou um ícone no processo de inclusão, nunca perdendo seus princípios e sua humildade.

Consideramos que os portadores de necessidades especiais merecem todo respeito e atenção dos governantes. Infelizmente uma parcela mínima destas pessoas consegue se superar através do esporte. Mas hoje, é um número bem maior do que em um passado bem recente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CERVO, Amado L; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. 5 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. MESQUITA, J. Fisioterapeuta. Entrevista, Natal, 02. ago 2008. PESSOTTI, I. Deficiência mental: da superstição à ciência. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1984. SILVA, Clodoaldo: Biografia. Disponível em: <http://www.clodoaldosilva.com.br/clodoaldo_novo/atleta.php> acesso m 06 mai 2008. SOUZA, P. A. O Esporte na Paraplegia e Tetraplegia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994. YORKE, Ivor. Jornalismo diante das câmeras, 2 ed. São Paulo: Summus. 1998.