Histórico Toxicologia Forense Fabrício S. Pelição Perito Bioquímico Toxicologista Renascença (séc. XIV ao XVII) era de ouro dos envenenadores ; Grande popularidade dos venenos facilidade e poucas perguntas; Revolução científica (séc. XVIII) criação da ciência dos venenos, ou toxicologia; Em 1823, a primeira condenação com base em análise toxicológica. Histórico Toxicologia Paracelsus (1493 1541) contribuição para toxicologia moderna. Relação dose-resposta; Orfila classificou a toxicologia como uma ciência separada (1815). Material de autópsia e testes químicos como prova legal; Décadas de 60 e 70 grande avanço da toxicologia analítica. A dose faz o veneno! Todas as substâncias são venenos, não há uma que não o seja. Somente a dose determina que uma dada substância não seja um veneno (PARACELSUS- 1493-1541). Veneno é um conceito QUANTITATIVO Princípios de ORFILA 1. Conhecimento de Toxicologia; 2. Histórico do caso; 3. Materiais adequadamente identificados e acondicionados; 4. Uso de reagentes puros, brancos de amostra e amostras controle (adicionados). Toxicologia - Definição Ramo da ciência que lida com venenos. É a ciência que estuda o efeito adverso de substâncias químicas (ou agentes físicos) sobre os organismos vivos, com a finalidade principal de estabelecer o uso seguro dessas substâncias. É a ciência que estuda as substâncias nocivas à saúde, suas ações, seus sintomas, seus efeitos e seus contravenenos. É a ciência que estuda a detecção, ocorrência, propriedades, efeitos e a regulação das substância tóxicas. 1
Toxicologia Na prática não é tão simples... O que é veneno? Como medir ou classificar os efeitos tóxicos? A toxicidade não é um evento molecular isolado (absorção, distribuição, metabolismo, interações celulares, efeito tóxico. Excreção e reparo). Toxicologia O que, enfim, é veneno? Há quem tenha definições prontas, mas embora as pessoas mais capacitadas tenham tentado definir veneno, até aqui ninguém obteve sucesso. (Sir Robert Christison). Morfina Cobre Flúor Doces Definição de veneno perante a lei? Toxicologia Analítica EXPERIMENTAL EXPERIMENTAL TOXICOLOGIA ANALÍTICA CLÍNICA CLÍNICA Detectar o agente químico ou algum parâmetro relacionado à exposição ao AT, em substratos tais como fluidos orgânicos, alimentos, água, ar, solo, etc, com o objetivo principal de prevenir ou diagnosticar as intoxicações. Busca métodos exatos, precisos, de sensibilidade adequada para a identificação inequívoca do AT. FORENSE URGÊNCIA URGÊNCIA Toxicologia Analítica Toxicologia Forense Através da clínica e principalmente da análise química, identifica os envenenamentos de quaisquer causas, visando esclarecer à justiça. Aprecia todos os envenenamentos voluntários (suicidas) e involuntários (homicidas ou acidentais) com implicações jurídicas. Fotos Laboratório PF 2
Toxicologia Forense Investigação médico-legal - análises post mortem - investigação criminal Controle antidopagem (human performance forensic toxicology) Testagem de drogas na urina - drogas de abuso no ambiente de trabalho - transportes, etc Diagnóstico Histórico completo: sintomas, local do evento, roupas, copos com resíduos, etc. Exame físico completo: cor da pele, sinais, odor desprendido, etc. O fornecimento de quaisquer informações relacionadas ao histórico do caso é de suma importância para o perito e reduzem de forma substancial o tempo demandado para execução da análise laboratorial. Para quê? Finalidade O quê? Agente Tóxico Onde? Amostra Como? Método Há uma provável substância implicada em caso de intoxicação? SIM NÃO Porque se pede a análise???? É conhecido, de forma verossímil, o agente tóxico? SIM Investigar com método específico para a substância NÃO Existe alguma informação credível e orientadora? SIM NÃO Pesquisar os tóxicos que melhor se enquadram na informação disponível Proceder a exames de rotina Com histórico escolha da melhor matriz, e do melhor método (cocaína, inalantes, metais); Sem histórico proceder todas as marchas analíticas disponíveis no laboratório. Objetivo: Análise Toxicológica Sistemática Identificar a(s) substância(s) relacionada(s) ao evento ou excluir o maior número de substâncias no menor intervalo de tempo possível. 3
CAS (Chemical Abstract Service): 21.046.764 substâncias químicas registradas / 599.931931 - comercialmente disponíveis. NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) RTECS (Registry of Toxic Effects of Chemical Substances): 130.000 substâncias. O único sinal seguro de intoxicação é a identificação da substância no corpo Plenck - Elementa Medicine et Chirurgiae, 1781 Análise sistemática - SLML Caso - Amostras Metais Orgânicos fixos CarboxiHb Medicamentos Drogas de abuso Agrotóxicos Voláteis O que pesquisar? Fenômenos toxicocinéticos absorção, distribuição e eliminação (biotransformação e excreção); Substância: lipossolubilidade, grau de ionização, afinidade química; Organismo: irrigação, conteúdo água / óleo nos tecidos e órgãos, biotransformação. PAPEL DO PERITO TOXICOLOGISTA Onde pesquisar? Amostras de vivos sangue, urina, saliva, suor, pêlos, vômito. Amostras de cadáveres sangue, urina, estômago com conteúdo, fígado, rim, cérebro, humor vítreo, bile. - Em vivos : Verificação de uso; Eventos toxicocinéticos; Exemplos: tentativa de suicídio, homicídio, abuso sexual, etc. PAPEL DO PERITO TOXICOLOGISTA 4
Amostras - principais evidências para a elucidação de um caso em toxicologia forense Qualidade dos resultados dependem quase que exclusivamente dos fatores: Escolha da amostra Coleta (amostragem) Conservação (armazenamento) Integridade (segurança) Coleta de Sangue O sangue deve ser sempre coletado por pessoal qualificado; Assepsia da pele - com produto que não contenha álcool; Anticoagulante; Fluoreto de sódio anticoagulante e conservante. Sangue Vantagens Reflete o que está circulando no corpo; Permite interpretação Correlação com efeitos Desvantagem Coleta invasiva Necessidade de pessoal qualificado Volume limitado Análises complexas e de alto custo Urina Vantagens Fácil de coletar (não invasiva); Custo baixo; Quantidade relativamente grande; Produtos de biotransformação em altas concentrações; Fácil de analisar; Janela de detecção alta. Desvantagens Não está relacionada aos efeitos. Cuidados na coleta de urina Remover quaisquer pós, pastas, líquidos e substâncias que possam ser adicionadas à amostra; Verificar pias e saboneteiras, esvaziar o lixo e colocá-lo longe do local de coleta; Jogar desinfetante azul na água do vaso sanitário; Fechar todas as fontes de água. Suor; Unhas; Cabelos; Outras amostras 5
Exames toxicológicos post mortem Coleta da amostra Encontro de cadáver (morte suspeita); Intoxicações; Trânsito (colisões, atropelamentos); Homicídios e suicídios; Afogamentos; Incêndios; Quedas; Soterramento; Outros. Coleta da amostra Drummer e Gerostamoulos Cuidados na coleta A amostra deve ser acondicionada em um recipiente apropriado e lacrado (para impedir vazamentos e aberturas não-autorizadas); A análise deve ser iniciada imediatamente depois da coleta. Quando impossível, o frasco deve ser conservado em refrigerador abaixo de 0º C. Cada recipiente deve ser identificado de forma clara, única e permanente, e ficar sempre sob a custódia do coletor, em local reservado e de acesso restrito; CADEIA DE CUSTÓDIA! Como pesquisar? Métodos de triagem; Métodos confirmatórios; Objetivos Produção de laudos inequívocos e irrefutáveis; Confirmação através de 2ª técnica de princípio químico diferente; Detecção do analito em diferentes matrizes biológicas. Negativo Triagem Negativo Positivo Confirmação Positivo 6
Imunoensaio Técnica utilizada na triagem para identificação de drogas ou de grupamento de drogas; Princípio: competição entre uma droga (analito) e um anticorpo específico; Baixa especificidade; Os resultados positivos precisam ser confirmados; Vantagem: grande n de amostras analisadas em curto intervalo de tempo e sensibilidade. Imunoensaio CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA Métodos confirmatórios CG-MS LC-MS Permitem a identificação e a quantificação do agente tóxico. Padrão ouro de análises. 7
CG / MS Análise de cocaína PI Cocaína Leis de trânsito e drogas ALTERAÇÃO NA LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997, QUE INSTITUI O CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (CTB). Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Medida Administrativa - retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e recolhimento do documento de habilitação. (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Leis de trânsito e drogas Art. 277 - Todo condutor de veículo automotor, envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito, sob suspeita de dirigir sob a influência de álcool será submetido a testes de alcoolemia, exames clínicos, perícia ou outro exame que, por meios técnicos ou científicos, em aparelhos homologados pelo CONTRAN, permitam certificar seu estado. (Redação dada pela Lei nº 11.275, de 2006) Resolução do CONTRAN nº 206 de 20/10/2006 Art 3º - É obrigatória a realização do exame de alcoolemia para as vítimas fatais de acidentes de trânsito. 1º Medida correspondente aplica-se no caso de suspeita de uso de substância entorpecente, tóxica ou de efeitos análogos. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.275, de 2006) Direção sob a influência de drogas Efeitos desejados; Efeitos colaterais Sonolência Reflexo Coordenação Visão Arriscar 8
Direção sob a influência de drogas Aumento do tempo para tomar decisões; Dificuldade para longas distâncias; Quanto mais difícil é a tarefa, maior é a probabilidade que o THC diminua o desempenho; O THC aumenta o desvio padrão da posição lateral e a variabilidade do avanço; Serviço de Laboratório Médico Legal 1. Proceder análises toxicológicas para examinar: Álcool etílico e outros voláteis; Drogas de abuso (cocaína, maconha, anfetaminas); Medicamentos (benzodiazepínicos, barbitúricos, morfina e derivados e outros); Praguicidas (aldicarb, fosforados, clorados, piretróides, etc.). 2. Realizar as seguintes análises imunobiológicas: Gonadotrofina coriônica (gravidez); Sangue humano em anteparos; Espermatozóide e PSA em secreções e vestes. 3. Interpretação dos resultados analíticos e consulta de casos; 4. Realizar pesquisas toxicológicas; 5. Fornecer à Polícia Civil do Espírito Santo suporte ao serviço investigativo no menor tempo possível e com o mais alto padrão de qualidade toxicológico e imunobioquímico. Dosagem de etanol Alcoolemia Dosagem de etanol no sangue Alcoolemia nos acidentes de trânsito no Espírito Santo em 2008 Toxicologia Forense Avaliação do desempenho psicomotor Amostra estudada: Foram coletadas amostras de sangue de vítimas fatais de acidentes de trânsito (n=396), maiores de dezesseis anos e de ambos os sexos, durante o período de 19 de março de 2008 a 18 de dezembro de 2008. Os casos estudados foram agrupados em três trimestres, sendo um trimestre anterior ao início da vigência da lei (19/03/08 a 18/06/08) e dois posteriores (19/06/08 a 18/09/08 e 19/09/08 a 18/12/08). 40% 30% 20% 10% 0% Até 20 anos NEGATIVO 56% Gráfico 1 Positividade (%) POSITIVO 44% 21-30 31-40 41-50 51-60 > 60 anos Drogas facilitadoras de crimes 9
Toxicologia Forense Avaliação do uso de drogas de abuso Drogas de abuso e medicamentos Amostra biológica: urina Mortes violentas Período da pesquisa: 2006 2007 Coleta da amostra; Redistribuição postmortem 35% para álcool; 44% para cocaína; 20% para maconha. BARRETO, J.M.; FARIA, M.G.C.; NAKAMURA-PALACIOS, 2007 Carboxihemoglobina Monitoramento do monóxido de carbono CO: automóveis, fogo, cigarro. A Carboxi-Hb B Hb reduzida C - Paciente intoxicado Atualmente, se o toxicologista souber o que procura ele o encontrará, desde que exista; Profissionais habilitados com formação ou conhecimento em Toxicologia; Trabalho em conjunto com os demais profissionais; Metodologias e Técnicas padronizadas; Equipamentos; Histórico, conhecimento técnico e intuição. Dificuldades Aplicação da toxicologia com a finalidade de elucidar procedimentos clínicos, legais ou judiciais. Matrizes complexas; Pesquisa de metabólitos; Toxicologia Você também pode ser um toxicologista em duas fáceis lições, cada uma de dez anos. (Arnold Lehman, 1955). Estabilidade de fármacos em amostras biológicas; Falta de informações / informações errôneas. 10