11. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL



Documentos relacionados
9. EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA

Fornecimento de Óculos para Alunos Portadores de Deficiência Visual

XLIII PLENÁRIA NACIONAL DO FÓRUM DOS CONSELHOS ESTADUAIS DE EDUCAÇÃO - FNCE

ESTÁGIO SUPERVISIONADO

De acordo com o art. 35 da LDBEN, o ensino médio tem como objetivos:

definido, cujas características são condições para a expressão prática da actividade profissional (GIMENO SACRISTAN, 1995, p. 66).


UMA NOVA EDUCAÇÃO PARA O BRASIL COM O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

MELHORIA DA INFRAESTRUTURA FÍSICA ESCOLAR

Município de Oliveira do Hospital PROJETO DO REGULAMENTO DE APOIO A INICIATIVAS EMPRESARIAIS

PROJETO ESCOLA DE FÁBRICA

O que é Programa Rio: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher? Quais suas estratégias e ações? Quantas instituições participam da iniciativa?

Diário Oficial Diário Oficial Resolução SE 52, de

TERMO DE REFERÊNCIA Nº 2783 PARA CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA PROCESSO DE SELEÇÃO - EDITAL Nº

COMISSÃO DE COORDENAÇÃO DE CURSO INTRA-UNIDADE

CURSO: EDUCAR PARA TRANSFORMAR. Fundação Carmelitana Mário Palmério Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

ENSINO SUPERIOR: PRIORIDADES, METAS, ESTRATÉGIAS E AÇÕES

ELEIÇÃO 2014 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA BRASIL 27 DO BRASIL QUE TEMOS PARA O BRASIL QUE QUEREMOS E PODEMOS DIRETRIZES GERAIS DE GOVERNO

REGULAMENTO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA FACULDADE DE APUCARANA FAP

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO RESOLUÇÃO CNE/CP 1, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2002 (*)

Contexto. Educação para o mundo do trabalho. Por Mozart Neves Ramos - Todos Pela Educação em 01/03/2013

TÍTULO I DA NATUREZA, DAS FINALIDADES CAPÍTULO I DA NATUREZA. PARÁGRAFO ÚNICO Atividade curricular com ênfase exclusiva didático-pedagógica:

ESTÁGIO SUPERVISIONADO Licenciatura em Artes Visuais

COMISSÃO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA, COMUNICAÇÃO E INFORMÁTICA

Fanor - Faculdade Nordeste

Síntese do Projeto Pedagógico do Curso de Sistemas de Informação PUC Minas/São Gabriel

Conheça as 20 metas aprovadas para o Plano Nacional da Educação _PNE. Decênio 2011 a Aprovado 29/05/2014

Informações do Questionário. Programa Autoavaliação Institucional - UFSM Questionário Segmento Egresso

Indicador(es) Órgão(s) 26 - Ministério da Educação

ACoordenação da Pós-Graduação da Faculdade São Luís

A REGULAMENTAÇÃO DA EAD E O REFLEXO NA OFERTA DE CURSOS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

3.1 Ampliar o número de escolas de Ensino Médio de forma a atender a demanda dos bairros.

REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO INTRODUÇÃO

ANEXO 8 RESOLUÇÃO CNE/CP 1, DE 18 DE FEVEREIRO DE (*)

MANUAL DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO ADMINISTRAÇÃO

Pedagogia Estácio FAMAP

Orientações para Secretarias de Educação

ESTADO DE ALAGOAS GABINETE DO GOVERNADOR

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 5/2014

REGULAMENTO INSTITUCIONAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO E NÃO OBRIGATÓRIO CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

PROFESSOR PEDAGOGO. ( ) Pedagogia Histórico-Crítica. ( ) Pedagogia Tecnicista. ( ) Pedagogia Tradicional. ( ) Pedagogia Nova.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR RESOLUÇÃO Nº 2, DE 27 DE SETEMBRO DE

Desigualdade Entre Escolas Públicas no Brasil: Um Olhar Inicial

SISTEMA DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS Guia Rápido O que há de novo no SIG?

EIXO II EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE: JUSTIÇA SOCIAL, INCLUSÃO E DIREITOS HUMANOS PROPOSIÇÕES E ESTRATÉGIAS

MANUAL DO PROGRAMA DE ESTAGIO SUPERVISIONADO CAMPUS COLINAS DO TOCANTINS-TO

Potencial humano com prioridade para intervenções no âmbito do emprego privado e público, da educação e formação e da formação avançada, promovendo a

1.IF BAIANO Campus Uruçuca

Novembro de 2008 ISBN: Desenho gráfico: WM Imagem Impressão: Editorial do Ministério da Educação Tiragem: exemplares

PROJETO PEDAGÓGICO. 2.3 Justificativa pela escolha da formação inicial e continuada / qualificação profissional:

ANEXO II PROJETO PEDAGÓGICO

DEPARTAMENTO DE GENÉTICA

Regimento de estágio não obrigatório

TEXTO PRODUZIDO PELA GERÊNCIA DE ENSINO FUNDAMENTAL COMO CONTRIBUIÇÃO PARA O DEBATE

Estrutura do PDI

Lei nº de 04/04/2013

Serviço social. Indicadores das Graduações em Saúde Estação de Trabalho IMS/UERJ do ObservaRH

REUNIÃO DO FÓRUM NACIONAL DOS CONSELHOS ESTADUAIS DE EDUCAÇÃO - FNCE - REGIÃO NORDESTE

Aprimoramento através da integração

Relato de Grupo de Pesquisa: Pesquisa, Educação e Atuação Profissional em Turismo e Hospitalidade.

ESCOLA DE ENFERMAGEM REGIMENTO

O PAPEL DOS MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO SUL NA AMPLIAÇÃO DO ATENDIMENTO EM CRECHE ÀS CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS

PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA (FIC) EM OPERADOR DE COMPUTADOR

ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL UNISC REGULAMENTO DO ESTÁGIOS CURRICULARES OBRIGATÓRIOS E NÃO- OBRIGATÓRIOS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA UNISC

3. EIXOS DE DESENVOLVIMENTO (*):

SÍNTESE DO PROJETO PEDAGÓGICO ADMINISTRAÇÃO CORAÇÃO EUCARÍSTICO

Regulamento de Estágios ORIENTAÇÕES GERAIS

Projeto de Gestão pela Qualidade Rumo à Excelência

O Curso de Graduação em Ciências da Religião nas Faculdades Integradas Claretianas em São Paulo

Bacharelado em Educação Física

REGIMENTO DO ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO DE TURISMO DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

(MAPAS VIVOS DA UFCG) PPA-UFCG RELATÓRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO DA UFCG CICLO ANEXO (PARTE 2) DIAGNÓSTICOS E RECOMENDAÇÕES

GRADUAÇÃO - ADMINISTRAÇÃO APRESENTAÇÃO

PROJETO DE LEI N o, DE 2008

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS PORTARIA Nº 693, DE 25 DE NOVEMBRO DE 2014

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO. PROJETO DE LEI N o 5.218, DE 2013 I - RELATÓRIO

RESULTADOS E EFEITOS DO PRODOCÊNCIA PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DO INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS RESUMO

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO NA AREA DA SAÚDE

JOVEM ÍNDIO E JOVEM AFRODESCENDENTE/JOVEM CIGANO E OUTRAS ETNIAS OBJETIVOS E METAS

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO NÚCLEO DE ESTUDOS AGRÁRIOS E DESENVOLVIMENTO RURAL PCT FAO UTF/BRA/083/BRA

Introdução à Educação Física

Centros de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) no Estado do Rio de Janeiro: uma nova realidade Marianna Bernstein e Julia Fernandes Lopes

sociais (7,6%a.a.); já os segmentos que empregaram maiores contingentes foram o comércio de mercadorias, prestação de serviços e serviços sociais.

Constituição Federal - CF Título VIII Da Ordem Social Capítulo III Da Educação, da Cultura e do Desporto Seção I Da Educação

MANUAL DO ALUNO (A) ATIVIDADES COMPLEMENTARES/ESTUDOS INDEPENDENTES

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO MARAJÓ- BREVES FACULDADE DE LETRAS

PEDAGOGO E A PROFISSÃO DO MOMENTO

ACS Assessoria de Comunicação Social

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA. IFSP Campus São Paulo AS ATIVIDADES ACADÊMICO-CIENTÍFICO-CULTURAIS

ESPELHO DE EMENDA INICIATIVA

PDE Plano de Desenvolvimento da Educação

META NACIONAL 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por

RESOLUÇÃO Nº 22/2015

REGULAMENTO DAS ATIVIDADES COMPLEMENTARES

EDITAL Nº 017, DE 10 DE OUTUBRO DE 2014 PROCESSO DE SELEÇÃO DE ESTUDANTES NO ÂMBITO DO PROGRAMA DE MONITORIA (VOLUNTÁRIA)

Organização dos Estados Ibero-americanos Para a Educação, a Ciência e a Cultura TERMO DE REFERÊNCIA

LEI Nº 6559 DE 16 DE OUTUBRO DE INSTITUI A POLÍTICA ESTADUAL DO IDOSO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

Ministério da Educação

Transcrição:

11. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL A educação profissional no Brasil já assumiu diferentes funções no decorrer de toda a história educacional brasileira. Até a promulgação da atual LDBEN, a educação profissional esteve agregada ao ensino de 2º grau (atual ensino médio), quando então passou a ter identidade própria, cuja característica marcante é a sua capacidade de integrar-se «às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia», com vistas a conduzir o educando «ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva» (LDBEN, art. 39). Num país como o Brasil, que apresenta diversidades físicas, socioculturais e econômicas marcantes, o modelo educacional adotado para a profissionalização tinha de ser flexível. Os novos currículos voltaram-se para atender tanto ao mercado nacional como às características das diferentes regiões brasileiras, além de se adaptarem às exigências dos setores produtivos. O objetivo é criar cursos que garantam perspectivas de trabalho para os jovens e facilitem seu acesso ao mercado; que atendam, também, os profissionais que já estão no mercado, mas sentem falta de uma melhor qualificação para exercerem suas atividades, e, ainda, sejam um instrumento eficaz na reinserção do trabalhador no mercado de trabalho. A formação profissional não se esgota na conquista de um certificado ou diploma. A nova política estabelece a educação continuada, permanente, como forma de atualizar, especializar e aperfeiçoar jovens e adultos em seus conhecimentos tecnológicos. 11.1 OBJETIVOS GERAIS A educação profissional, a partir da LDBEN, passou a ser considerada complementar à educação básica, podendo ser desenvolvida em escolas, em instituições especializadas ou no próprio ambiente de trabalho. A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. OEI MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DE BRASIL 134

11.2 FORMAS E INSTITUIÇÕES QUE OFERECEM A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL A educação profissional pode ser oferecida pelas escolas técnicas federais, estaduais, municipais e privadas, sendo que, nestas últimas, estão incluídos os estabelecimentos do chamado Sistema S (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI; Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAC; Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SENAR; Serviço de Apoio à Pequena e Microempresa SEBRAE) e instituições empresariais, sindicais, comunitárias e filantrópicas. 11.3 ACESSO À EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: IDADE E CICLOS O acesso à educação profissional é possível ao aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, assim como ao trabalhador em geral. A legislação em vigor no Brasil classifica a educação profissional em três níveis: Básico: modalidade de educação não-formal e de duração variável, destinada a proporcionar ao cidadão trabalhador, independentemente da escolaridade prévia, conhecimentos que lhe permitam a qualificação, requalificação e atualização para o exercício de funções demandadas pelo mundo do trabalho, compatíveis com a complexidade tecnológica do trabalho, o seu grau de conhecimento técnico e o nível de escolaridade do aluno. Técnico: destinado a jovens e adultos que estejam cursando ou tenham concluído o ensino médio, mas cuja titulação pressupõe a conclusão da educação básica de 11 anos. Tecnológico: destinado à formação superior, tanto de graduação como de pós-graduação, de jovens e adultos. 11.4 MARCO CURRICULAR: CONTEÚDOS, ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E CARGA HORÁRIA POR ÁREAS OU MATÉRIAS Em termos curriculares, a legislação educacional prevê a atenção aos seguintes elementos: Currículos baseados em competências requeridas para o exercício profissional. Articulação e complementaridade da educação profissional de nível técnico com o ensino médio. OEI MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DE BRASIL 135

Oferta de cursos sintonizada com as demandas do mercado, dos cidadãos e da sociedade. Diversificação e expansão da oferta, tanto de cursos técnicos e tecnológicos quanto de cursos de nível básico, que atendam à qualificação, requalificação e atualização do trabalhador. Vínculo permanente com o mundo do trabalho e a prática social. Currículos flexíveis, em módulos, possibilitando itinerários diversificados, acesso e saídas intermediárias e atualização permanente. Ensino contextualizado, que supere a dicotomia entre teoria e prática. A prática profissional constitui e organiza o desenvolvimento curricular. Competências profissionais adquiridas fora da escola passam a ser reconhecidas para fins de continuidade dos estudos de nível técnico, a partir da avaliação realizada pela instituição formadora. A legislação brasileira para a educação profissional estabelece que os cursos de nível básico, abertos a qualquer pessoa interessada, independentemente de escolaridade, possuem duração variável e são destinados a qualificar, requalificar e reprofissionalizar trabalhadores, não estando sujeitos à regulamentação curricular; os cursos técnicos têm organização curricular própria e são destinados a habilitar alunos que estão cursando ou já concluíram o ensino médio; os tecnológicos, por sua vez, são cursos de nível superior. Tanto os cursos técnicos quanto os tecnológicos estão estruturados em áreas profissionais para atender aos diversos setores da economia. 11.5 MECANISMOS DE AVALIAÇÃO, PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO Atualmente, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais está desenvolvendo um programa para certificação de competências profissionais, cuja implementação deverá ser iniciada no segundo semestre do ano de 2002. 11.6 DOCENTES DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: REQUISITOS LEGAIS, NÍVEL DE ESCOLARIDADE Os docentes, para atuarem na educação profissional para o ensino técnico, devem ter formação de nível superior, em curso de licenciatura, de OEI MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DE BRASIL 136

graduação plena em universidades e institutos superiores de educação. Para o nível tecnológico a exigência é especialização, mestrado ou doutorado. 11.7 DADOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 11.7.1 População matriculada (por dependência, localização e sexo) Responderam ao primeiro Censo da Educação Profissional, realizado em 1999, 3.948 instituições que ofereciam cursos de educação profissional de acordo com a Lei n.º 9.394/96 e o Decreto n.º 2.208/99. A maioria dos estabelecimentos era de caráter privado (67%) e, entre os públicos, destacavam-se os estabelecimentos estaduais (20%). A rede municipal era responsável por 9% dos estabelecimentos e a federal, por 4%. Nos cursos de educação profissional estavam matriculados 2,8 milhões de estudantes, sendo que o nível básico concentrava o maior número de matrículas (71,5%). Já os níveis técnico e tecnológico detinham, respectivamente, 25,1% e 3,4% das matrículas (tabela 53). Tabela 53 MATRÍCULAS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, SEGUNDO A DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA, BRASIL, 1999 Níveis Dependência Total (%) administrativa Básico Técnico Tecnológico (%) (%) (%) Pública 25,0 13,4 56,4 39,1 Federal 6,4 3,6 14,1 10,7 Estadual 14,5 5,9 37,2 27,3 Municipal 4,1 3,9 5,2 1,0 Privada 75,0 86,6 43,6 60,9 Fonte: MEC/INEP/SEEC. Por setor de atividade, observa-se que os cursos na área de serviços apresentaram o maior número de matrículas. Cerca de um terço das matrículas estava concentrada nos cursos de Informática e de Administração e Negócios. Em 1999, segundo dados do IBGE, 43,1% dos ocupados estavam ligados ao setor de serviços. Este setor e o de comércio registraram os maiores crescimentos em termos de novos postos criados. No período entre 1992 e 1999, o setor de serviços apresentou um crescimento de 20,5% no total de ocupados. A agropecuária agregava 24,1% do total de ocupados, seguida da indústria e do comércio, que detinham, respectivamente, 19,3% e 13,4% do total dos empregos no país em 1999. Em alguns setores, como a agropecuária, o número de matrículas na educação profissional não está diretamente relacionado à sua expressão em OEI MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DE BRASIL 137

termos do número de ocupados. A explicação pode estar relacionada ao fato de os cursos na área de serviços, como os de Informática e Administração, permitirem uma qualificação com aplicabilidade mais generalizada. A quantidade de mulheres matriculadas na educação profissional é menor do que a de homens, ao contrário do que foi detectado no Censo da Educação Básica e do Ensino Superior. Enquanto na soma do ensino fundamental, médio e superior as mulheres representam 50,3% do total de alunos, na educação profissional elas representam 39,3%, totalizando 1,1 milhão de mulheres em cursos direcionados ao mercado de trabalho. Entre todos os níveis e setores, as mulheres são maioria apenas no setor de serviços do nível técnico, onde elas representam 52,5% do total das matrículas. Essa diferença deve-se, principalmente, à maior concentração de alunas nos cursos de Administração, Contabilidade e Saúde. Nos níveis básico e tecnológico, como a matrícula era maior em cursos voltados para atividades tradicionalmente exercidas pelos homens, a presença das mulheres não passava de 36%. De acordo com os números do Censo, as mulheres são maioria apenas em algumas áreas do setor de serviços. Na Saúde elas representam 72,7% da matrícula e no Turismo e Hospitalidade, 62,5%. Nessas duas áreas, as mulheres estão em maior número nos três níveis da educação profissional (tabela 54). Tabela 54 MATRÍCULAS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, SEGUNDO ÁREA E SEXO, BRASIL, 1999 Nível Área Matrículas Total Homens Mulheres Básico Total 2.045.234 1.176.143 733.323 Agropecuária 59.686 42.119 11.833 Indústria 485.454 376.317 90.249 Comércio 82.907 69.267 12.530 Serviços 1.417.187 688.440 618.711 Técnico Total 716.652 376.415 297.349 Agropecuária 55.914 42.383 8.593 Indústria 178.209 136.775 35.673 Comércio 3.434 2.087 1.301 Serviços 479.095 195.170 251.782 Tecnológico Total 97.249 64.440 31.781 Agropecuária 625 453 172 Indústria 26.713 21.153 5.340 Serviços 699.111 42.834 26.269 Fonte: MEC/INEP/SEEC. OEI MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DE BRASIL 138

Em outras duas áreas oferecidas apenas nos níveis básico e técnico, as mulheres também somam mais da metade da matrícula. Em Imagem Pessoal, elas representam 80,4% dos alunos e em Artes, 63,7%. Dos três níveis da educação profissional em 1999, o básico concentrava um maior número de matrículas, representando 71,5% do total. Os níveis técnico e tecnológico tinham 717 mil e 97 mil alunos, respectivamente, de acordo com os dados da tabela 55. Tabela 55 MATRÍCULAS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, POR NÍVEL, BRASIL E REGIÕES, 1999 Matrículas por nível de educação profissional Brasil e regiões Tecnológico Total % Básico % Técnico % Brasil 2.859.135 100 2.045.234 100 716.652 100 97.249 100 Norte 125.042 4,4 88.564 4,3 33.619 4,7 2.859 2,9 Nordeste 455.730 15,9 353.734 17,3 95.064 13,3 6.932 7,1 Sudeste 1.569.991 54,9 1.092.694 53,4 413.471 57,7 63.826 65,6 Sul 533.941 18,7 378.677 18,5 136.082 19 19.182 19,7 Centro-Oeste 174.431 6,1 131.565 6,4 38.416 5,4 4.450 4,6 % Fonte: MEC/INEP/SEEC. Em todos os níveis da educação profissional havia uma forte concentração da matrícula na Região Sudeste, que detinha 54,9% do número total. A Região Sul participava com 18,7% do total das matrículas. Nos cursos direcionados ao mercado de trabalho, em 1999, estavam matriculados, em todo o país, 2,8 milhões de alunos. A qualificação no país apresentava-se mais intensa no setor de serviços, onde estão 68,8% das matrículas, levando-se em conta os níveis básico, técnico e tecnológico da educação profissional. Na seqüência, aparecia a indústria, com 24,1%, seguida pela agropecuária e pesca, com 4,1% dos alunos. Em último, na distribuição da matrícula, estava o setor de comércio, com 3% do total (tabela 56). O Censo revelou, também, que existiam 33 mil cursos de educação profissional no Brasil, sendo que a maioria, 83,5%, estava voltada para o nível básico. Nesse nível de ensino, pela grande quantidade e diversidade de cursos oferecidos, a coleta de informações e o cadastro das instituições deverão ser aprimorados gradativamente com os próximos levantamentos. O nível técnico tinha cinco mil cursos em todo o país e o tecnológico, 433. O curso mais procurado era o de Informática, com 641 mil alunos matriculados nos três níveis.o número de instituições que ofereciam cursos profissionalizantes no Brasil era de 3.948. As que ofereciam cursos no nível técnico eram a maioria: 2.216. Em seguida estavam as instituições que tinham cursos no nível básico, num total de 2.034, e apenas 258 instituições que ofereciam curso no nível tecnológico. Ressaltase que uma mesma instituição pode oferecer mais de um nível de Educação. As instituições privadas, em 1999, respondiam pela maioria das matrículas, sendo 87% no nível básico, 44% no nível técnico e 61% no nível OEI MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DE BRASIL 139

tecnológico. No nível técnico, a participação da rede pública era maior, devido à presença mais acentuada das redes estadual e federal. Tabela 56 PRINCIPAIS CURSOS DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM NÚMERO DE MATRÍCULAS, 1999 Níveis Total Áreas (%) Básico Técnico Tecnológico (%) (%) (%) Informática 22,4 22,6 16,8 59,2 Adm. e Negócios 10,5 10,9 10,6 2,4 Idiomas 9,0 12,6 Mecânica e Metalurgia 7,5 8,3 5,1 7,1 Elétrica e Eletrônica 5,8 3,7 11,2 9,6 Contabilidade 5,2 0,3 19,8 Saúde 4,2 1,8 11,4 1,9 Agricultura e Pecuária 3,8 2,6 7,6 0,6 Construção Civil 3,4 3,4 3,3 5,8 Serviços Pessoais 3,2 4,4 0,1 Fonte: MEC/INEP/SEEC. 11.7.2 Docentes (por dependência, localização e sexo) Outra informação revelada pelo Censo é a de que cerca de 101 mil professores e instrutores atuavam na educação profissional do país. Do total de professores, 82,3% concluíram a graduação e 48,1% dos instrutores tinham nível superior completo. 11.8 Serviços adicionais da educação profissional O Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP) é uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC) que busca desenvolver ações integradas da educação com o trabalho, a ciência e a tecnologia, objetivando a implantação de um novo modelo de educação profissional que propicie a ampliação de vagas, a diversificação de oferta e a definição de cursos. Teve seu marco inicial em 24 de dezembro de 1997, quando foi assinado, pelo governo brasileiro, um contrato de financiamento com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no valor de 250 milhões de dólares, aos quais se soma contrapartida nacional de mais 250 milhões de dólares, dos quais 50% são originários do orçamento do MEC e 50% do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), perfazendo um total de 500 milhões de dólares. O Proep visa à implantação da reforma da educação profissional, especialmente no que diz respeito às inovações introduzidas pela LDBEN, abrangendo tanto a melhoria de aspectos técnico-pedagógicos como a OEI MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DE BRASIL 140

expansão da rede de educação profissional mediante parcerias com os Estados e com instituições do segmento comunitário. Entre os níveis de atuação do Proep situa-se o redimensionamento da educação profissional, envolvendo aspectos de adequação e atualização de currículos, oferta de cursos baseadas em estudos de mercado e contemplando, como itens financiáveis nos projetos escolares, a construção, a ampliação ou reforma de infra-estrutura, a aquisição de equipamentos e materiais de aprendizagem e a capacitação de recursos humanos. Foram aprovados, de 1998 a 2000, 173 projetos de construção ou ampliação de escolas, em todas as Unidades da Federação, que beneficiam 230 mil alunos em cursos técnicos e 745 mil em cursos básicos profissionalizantes. O MEC tem investido na elaboração de planos de educação profissional e estudos de mercado de trabalho, sintonizando a oferta de cursos com a demanda do setor produtivo. 11.9 REFORMAS EM CURSO As metas do Plano Nacional de Educação relativas à educação tecnológica e formação profissional estão voltadas para a construção de uma nova educação profissional e para a integração das iniciativas: estabelecer, dentro de dois anos, um sistema integrado de informações, em parceria com agências governamentais e instituições privadas, que oriente a política educacional para satisfazer as necessidades de formação inicial e continuada da força de trabalho; [ampliar] a capacidade instalada na rede de instituições de educação profissional, de modo a triplicar, a cada cinco anos, a oferta de formação de nível técnico aos alunos nelas matriculados ou egressos do ensino médio; [ampliar a capacidade da rede instalada] de instituições de educação profissional, de modo a triplicar, a cada cinco anos, a oferta de educação profissional permanente para a população em idade produtiva e que precisa se readaptar às novas exigências e perspectivas do mercado de trabalho; estabelecer parcerias entre os sistemas federal, estaduais e municipais e a iniciativa privada, para ampliar e incentivar a oferta [...]; reorganizar a rede de escolas agrotécnicas, de forma a garantir que cumpram o papel de oferecer educação profissional específica e permanente para a população rural. OEI MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DE BRASIL 141