ESTABILIZADOR DE TENSÃO ALTERNADA PARA CARGAS NÃO-LINEARES



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Transcrição:

ESTABILIZADOR DE TENSÃO ALTERNADA PARA CARGAS NÃOLINEARES Clóvis Antônio Petry, João Carlos dos Santos Fagundes e Ivo Barbi Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Engenharia Elétrica Instituto de Eletrônica de Potência, Caixa Postal 5119 88.040970 Florianópolis SC Brasil Tel.: (048) 331 9204 Fax: (048) 234 5422 Internet: www.inep.ufsc.br Email: petry@inep.ufsc.br Resumo Este artigo apresenta um conversor direto de tensão alternada operando como estabilizador de tensão para alimentação de cargas nãolineares. Apresentase a topologia utilizada, o projeto de um protótipo e os resultados de simulação e experimentais para uma potência de 1 kva. Abstract This article presents a direct AC converter operating as voltage regulator for nonlinear loads feed. Used topology, prototype design, simulation and experimental results for a 1 kva power are shown. I. INTRODUÇÃO O aumento de cargas nãolineares, que devido ao fato de suprirem da rede uma corrente nãosenoidal, degradam a qualidade da tensão fornecida aos consumidores, é iminente devido à utilização cada vez maior de equipamentos eletrônicos, que se caracterizam como cargas desta natureza. Assim sendo, fazse necessário o uso de estabilizadores de tensão que além de regularem a tensão disponível para os consumidores, atuam também como filtros, corrigindo as distorções presentes na tensão da rede. A atuação como filtro ativo de tensão acarreta num projeto cuidadoso do estágio de potência do conversor utilizado, com especial atenção ao filtro da tensão de saída, bem como do estágio de controle, onde é necessária resposta rápida a fim de compensar as distorções presentes na tensão de entrada. Já do ponto de vista de estabilizar a tensão de saída, a operação em malha fechada, com erro nulo em regime permanente, é imprescindível para regular instantaneamente a tensão disponibilizada à carga. Em [1] temse o estudo detalhado do presente trabalho, no qual é feita uma revisão bibliográfica e mostrase a origem da topologia utilizada. II. ESTRUTURA PROPOSTA E PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO A estrutura proposta [1] está apresentada na Fig. 1. A mesma apresenta as vantagens de ser robusta do ponto de vista da comutação, visto que os interruptores são comandados com sobreposição de sinais e permite elevar a tensão de saída. O transformador T 1 tem a finalidade de isolação, possuindo relação de transformação unitária (V 1 =V rede ). O transformador T 2 além de isolar a saída da entrada, fornece as tensões (V 1 e V 2 ) de compensação, para obterse na saída a tensão desejada. Os indutores L 1 e L 2 e o capacitor C o constituem o filtro de saída. R L1 e R L2 são as resistências dos indutores L 1 e L 2. L f e C f formam o filtro de entrada. Rede Lf Cf T1 T2 V2 V3 D3 D5 RL1 D1 L1 D7 S1 S2 L2 D2 D8 RL2 Figura 1 Estrutura do estabilizador proposto. O conversor mostrado na Fig. 1 apresenta basicamente quatro etapas de operação. Quando da condução do interruptor S 1 temse a magnetização do indutor L 1 (no semiciclo positivo da tensão da rede). Já com o interruptor S 2 conduzindo, a energia armazenada no indutor é transferida para a carga. Antes da abertura de qualquer um dos interruptores, o outro interruptor é comandado a conduzir, caracterizando o intervalo (500 ns) de sobreposição dos comandos dos interruptores. III. ESTUDO ANALÍTICO As tensões de entrada do estágio de potência do conversor são tensões senoidais dadas por (1), (2) e (3): v 1(t) = n1vipksen( ω t) (1) v 2(t) = n2vipksen( ω t) (2) v 3(t) = n3vipksen( ω t) (3) Desprezandose os intervalos de sobreposição dos sinais de comando dos interruptores S 1 e S 2 ( t), o ganho estático será dado por (4) ou (5), onde D é a razão cíclica: V = V V V V D (4) o i 3 2 3 = Vi n1 n3 n2 n3 D (5) A ondulação de corrente máxima nos indutores L 1 e L 2 é dada por (6), onde D max é a razão cíclica máxima: D4 D6 Co Saída

V2 il1 max = il2max = Dmax (6) Lf 1s A ondulação de tensão no capacitor da saída do conversor é dada por (7) e (8): 4 VComax = 3 V 2 k π f s L 1 C o (7) Vk = ( V3) ( 2 V2 V3 2) Dmax (8) Um compensador clássico, do tipo PID, é mostrado na Fig. 3, o qual é projetado conforme [4]. Outra possibilidade, um compensador usando controle por modos deslizantes, é mostrada na Fig. 4, projetada conforme [5] e [6]. Vref(s) E(s) R1 Compensador C1 R2 R3 C2 G Vc(s) Comparador Conversor Figura 3 Controle com compensador PID. Saída A queda de tensão no indutor L 1, quando o interruptor S 1 estiver conduzindo, será dada por (9), onde V semi é a queda de tensão nos semicondutores. Para uma carga nãolinear podese especificar a máxima derivada de corrente (di/dt), obtendose então na expressão (10) a indutância L 1. Já a capacitância do filtro de saída (C o ) é dada por (11). Vref(s) E(s) G1 C1 R1 Compensador Go Vref(s) Vc(s) Comparador Conversor Saída V = V 1 n V V (9) L1 1 2 o semi 1 n2 Vsemi L1 = L2 = di / dt (10) C 2 o = 100 / 2πfs L 1 (11) Usando as expressões (9), (10) e (11) podese traçar um ábaco (Fig. 2), para determinar a relação de transformação n 2, a partir da qual podese obter n 3. 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 500 V i C ( n 2) fs=20 khz =250 V =311 V Vsemi=6 V di/dt=0,15 A/us 1000 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 n 2 Região Permitida V ( n 2) L ( n 2) Figura 2 Ábaco para determinar n 2. Pelo ábaco da Fig. 2 podese notar que n 2 =0,4 é um valor que implica em indutores e capacitores menores no filtro de saída. A função de transferência do circuito, necessária para projetar o compensador de tensão é dada por (12), desprezando a resistência série equivalente do capacitor de saída C o, onde V s é a amplitude máxima da rampa usada na geração dos sinais de comando dos interruptores através de modulação PWM. G jω = j ω /Vc jω = V2 V 3 /Vs 1 2 ( jω ) L1Co ( jω ) L 1/Ro 1 (12) Figura 4 Controle por modos deslizantes. Devido aos intervalos ( t) de comando simultâneo dos dois interruptores (S 1 e S 2 ) aparece sobre os indutores (L 1 e L 2 ) uma tensão média dada por (13). V = 2 t f V V (13) Lmed s 2 3 A potência média, devido a V Lmed, será dada por (14). 2 2 2f s t V2 V3 PLmed = (14) L A potência dos transformadores T 1 e T 2 pode ser determinada por (15) e (16), respectivamente. P P 1 T1 = o (15) 2 1 PT2 = Po 1 2D max 1 ( ) ( ) (16) Onde P o é a potência de saída, D max a razão cíclica máxima e a variação admissível na tensão de entrada. IV. METODOLOGIA E EXEMPLO DE PROJETO Usando uma relação de transformação de n 1 =1 para o transformador T 1 e de n 2 =0,4 para T 2, para uma tensão de rede de 220 V ± 20% temse: = 220± 44V V2 88± 18V V3 59± 12V A indutância dos indutores L 1 e L 2 determinada usandose a expressão (10), para uma derivada de corrente (di/dt) na carga de 0,17 A/µs e uma queda de tensão de aproximadamente 2 V sobre cada semicondutor, quando S 1 estiver conduzindo e para uma tensão de saída de 220 V, será:

2 220 44 1 0, 4 2 220 3 2 L1 = L2 = = 184µ H 200µ H 0,17 mostrados na Fig. 6. A capacitância de C o, para uma freqüência de comutação de 20 khz, é dada por: 2 3 6 Co = 100 / 2π 20 10 184 10 = 34, 4µ F 35µ F A potência dos transformadores T 1 e T 2 será: 3 PT1 = 1 10 1 0,2 = 1,2kW 3 20,2 1 PT2 = 1 10 0,83kW 1 0,2 2 0,8 1 Figura 5 Tensões V 1 e V o em malha aberta com carga linear. A razão cíclica máxima não pode ser unitária, para evitarse a condução de apenas um interruptor (S 1 ) na operação como elevador de tensão. Outro motivo é a exigência de um acréscimo de razão cíclica, devido às quedas de tensão nos interruptores e indutores do circuito, causada pela elevada derivada de corrente exigida por cargas nãolineares. Os semicondutores utilizados no estágio de potência do conversor foram: IRG4PSC71U p / S1eS2 e HFA30PA60C p / D1`a D 8 O intervalo de condução simultânea dos interruptores foi determinado em função dos tempos de comutação dos mesmos e escolhido igual a 500 ns. Devido à utilização de transformadores (T 1 e T 2 ), por estes possuírem indutâncias de dispersão, devese utilizar capacitores de desacoplamento na saída dos mesmos, pois do contrário terseá sobretensões elevadas nos interruptores e elevada ondulação na tensão de entrada. Para proteger os interruptores de sobretensões causadas pelas indutâncias dos condutores utilizados no circuito utilizouse um snubber RCD passivo sobre S 1 e S 2. A freqüência da tensão de saída é de 60 Hz, que deve ser igual a freqüência da tensão de entrada (rede) e sincronizada com a mesma. Para que o conversor atue como filtro ativo, compensando as distorções da tensão da rede é necessária uma tensão senoidal de referência. Para tal utilizouse um microcontrolador, no qual estava armazenada uma senóide livre de distorções. Neste microcontrolador implementouse também um algoritmo para sincronismo da tensão de referência com a tensão da rede. Figura 6 Tensões V 1 e V o em malha aberta com carga nãolinear. Podese notar pelas figuras apresentadas que a tensão da rede é bastante distorcida, necessitando de compensação ativa, se for desejada uma tensão de boa qualidade na carga. Para as simulações impôsse uma tensão com forma distorcida na região próxima ao pico. Verificase também que quando da operação com cargas nãolineares, como por exemplo, retificadores com filtro capacitivo, a distorção da tensão da rede aumenta devido às quedas de tensão nas indutâncias presentes nos elementos do sistema elétrico (condutores e transformadores). As formas de onda da tensão sobre os interruptores S1 e S2 e a corrente em S1, são mostradas na Fig. 7. Is1 Vs1 Vs2 V. RESULTADOS DE SIMULAÇÃO E EXPERIMENTAIS C1 = 50A/div C4 = 100V/div O circuito proposto e projetado foi implementado, apresentandose na seqüência os resultados de simulação e experimentais. Na Fig. 5 mostrase o circuito operando em malha aberta com carga linear. Para operação com carga nãolinear os resultados são Figura 7 Corrente em S 1 e tensões em S 1 e S 2 para carga linear. Quanto às tensões sobre os interruptores, verificase que as mesmas condizem com as expectativas teóricas, desde que as

indutâncias de dispersão dos transformadores sejam desacopladas através de capacitores. Na Fig. 8 mostrase o circuito operando em malha fechada com o controlador do tipo modos deslizantes, para carga linear e para uma tensão de entrada de aproximadamente 193 V, em torno de 13% abaixo da nominal. Figura 11 Tensões V 1 e V o para carga nãolinear com SMC. Figura 8 Tensões V 1 e V o para carga linear com SMC para V in=v inmin. As formas de onda da corrente e tensão na carga nãolinear são mostradas na Fig. 12. As análises harmônicas das tensões na entrada (V 1 ) e na saída (V o ) são mostradas nas Fig. 13 e Fig. 14. Verificase pelas mesmas o bom funcionamento do circuito no que concerne a operação como filtro ativo. As formas de onda das tensões de entrada e saída, para operação com carga linear, controle por modos deslizantes e tensão de entrada de aproximadamente 235 V, portanto 7% maior que a nominal, são mostradas na Fig. 9. Verificase que o controle por modos deslizantes, da forma como foi implementado, sem a presença de integradores na malha de controle, apresenta um problema de erro em regime. Seu desempenho dinâmico é bom, como pode ser comprovado pelas Fig. 10 e Fig. 11, onde se tem o circuito operando com carga nãolinear. C1 = 10A/div Io Figura 12 Tensão e corrente na carga nãolinear. Figura 9 Tensões V 1 e V o para carga linear com SMC para V in=v inmax. 4.5% 4.0% 3.6% 3.1% 2.7% THD = 6,86% 2.2% 1.8% 1.3% 0.9% 400V Figura 13 Análise harmônica de V 1. 0V 400V 0 16,67ms Figura 10 Tensões V 1 e V o para carga nãolinear com SMC. 2.1% 1.9% 1.7% 1.5% 1.3% THD = 2,67% 1.1% 0.8% 0.6% 0.2% Figura 14 Análise harmônica de V o.

Na Fig. 15 são mostradas as formas de onda da tensão e corrente na carga para um transitório de inserção de carga. Io C1 = 5A/div C2 = 250V/div 50ms Figura 15 Variação de carga nula para máxima. de controle. As formas de onda das tensões de entrada e na carga nãolinear são mostradas nas Fig. 18 e Fig. 19. As análises harmônicas das tensões na entrada (V 1 ) e na saída (V o ) são mostradas nas Fig. 20 e Fig. 21. Verificase pelas mesmas o bom funcionamento do circuito no que concerne a operação como filtro ativo. Pela Fig. 19 notase um afundamento grande na tensão de entrada (V 1 ), na verdade a tensão de saída do transformador T 1. Este afundamento é devido às indutâncias de dispersão do transformador, que provocam uma queda de tensão proporcional à derivada de corrente da carga nãolinear. Para melhorar o desempenho dinâmico do conversor os transformadores de entrada (T 1 e T 2 ) devem ser projetados e construídos de modo a diminuir o máximo possível as indutâncias de dispersão, visto que estas provocam afundamentos de tensão e sobretensões nos interruptores. Na Fig. 16 mostrase o circuito operando em malha fechada com o controlador do tipo PID para carga linear, para uma tensão de entrada de aproximadamente 185 V, em torno de 16% abaixo da nominal. 400V 0V 0 16,67ms 400V Figura 18 Tensões V 1 e V o para carga nãolinear com PID. Figura 16 Tensões V 1 e V o para carga linear com PID para V in=v inmin. As formas de onda das tensões de entrada e saída, para operação com carga linear, controle do tipo PID e tensão de entrada de aproximadamente 245 V, portanto 11% maior que a nominal, são mostradas nas Fig. 17. Figura 19 Tensões V 1 e V o para carga nãolinear com PID. Figura 17 Tensões V 1 e V o para carga linear com PID para V in=v inmax. Verificase que o conversor não tem o problema de erro em regime, pois o mesmo apresenta a ação integral na malha 4.5% 4.1% 3.7% 3.3% 2.9% THD = 7,47% 2.5% 2.1% 1.6% 1.2% 0.8% Figura 20 Análise harmônica de V 1.

1.1% 1.0% 0.9% 0.8% 0.7% 0.5% 0.3% 0.2% 0.1% THD = 2,33% Figura 21 Análise harmônica de V o. Na Fig. 22 mostrase a corrente no indutor L 1, onde se nota que existe um problema de continuidade de corrente, o qual se torna acentuado com o acréscimo de capacitores de desacoplamento na saída dos transformadores T 1 e T 2. Esta continuidade é provocada pela energia armazenada nos indutores L 1 e L 2 durante os intervalos de comutação ( t) dos interruptores S 1 e S 2, aumentando as perdas nos semicondutores, devido ao aumento da energia reativa que circula pelos mesmos. VI. CONCLUSÕES Apresentouse neste artigo um novo conversor de tensão alternada, operando em alta freqüência e para alimentação de cargas lineares e nãolineares. Na operação como estabilizador de tensão temse melhores resultados com o compensador do tipo PID, visto que o mesmo não apresenta erro estático. Já com controle por modos deslizantes, o erro estático, para o sistema de controle específico usado neste trabalho, é relativamente grande, impedindo seu uso para a aplicação em questão. Operando como filtro ativo ambos os controladores mostraramse eficientes, obtendose sempre taxas de distorção harmônica total inferior a 5%. O rendimento da estrutura operando com plena carga (1 kw), obtido por meio da medição das potências de entrada e saída do conversor, foi de 85%. Uma das possibilidades para aumentarse o rendimento do conversor é melhorar os transformadores T 1 e T 2, visando diminuir as perdas nos condutores dos mesmos. VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IL1 [1] PETRY, Clóvis Antônio. Estabilizador de Tensão Alternada para Cargas NãoLineares. Florianópolis, SC Brasil, 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina. C1 = 10A/div [2] CARDOSO, César Mauro. Estudo e Realização de um Estabilizador de Tensão Alternada a Transistor de Potência. Florianópolis, SC Brasil, 1986. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina. Figura 22 Problema da continuidade de corrente em L 1 e L 2. Conforme se mostra na Tabela 1, o rendimento do conversor foi levantado para diferentes cargas, para operação em malha fechada com controlador linear do tipo avançoatraso. Notase que para operação com pouca carga o rendimento é ruim. Isto se deve à ondulação de corrente em alta freqüência, que é solicitada da rede, sem ser transformada em trabalho. Os transformadores T 1 e T 2 também influenciam de maneira negativa o rendimento, visto que não foram projetados visando otimizar as perdas nos mesmos. Tabela 1 Rendimento do estabilizador. R o 75 Ω 50 Ω 37,5 Ω V i [RMS] 188,0 V 188,4 V 188,5 V I i [RMS] 8,5 A 9,5 A 10,86 A V o [RMS] 220,8 V 220,6 V 218,7 V I o [RMS] 2,9 A 4,4 A 5,84 A P o 618,1 W 968,8 W 1268,4 W P i 796,8 W 1144,0 W 1493,5 W η 77,6% 84,7% 85,0% [3] FAGUNDES, J. C. & KASSICK, E. V. & BARBI, I. A PWM AC Chopper Without Dead Time and Clamping Circuit. 2nd Brazilian Power Electronics Conference(COBEP 93), Uberlândia, MG Brazil, p. 302 307, November, 1993. [4] BARBI, Ivo. Projeto de Fontes Chaveadas Curso. Florianópolis, SC Brasil, 1990. [5] BATISTELA, Nelson Jhoe. Inversor de Tensão com Saída Senoidal Controlado por Modo Deslizante com Freqüência Fixa. Florianópolis, SC Brasil, 1994. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina. [6] FILHO, Wail Metzker Pastorelo. Controle por Modo Deslizante Aplicado a Inversores de Tensão. Florianópolis, SC Brasil, 1995. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina.