INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE GASOLINA NA ESTABILIDADE TERMO-OXIDATIVA DE ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO



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Transcrição:

INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE GASOLINA NA ESTABILIDADE TERMO-OXIDATIVA DE ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO Maria Carolina da Silva Coelho 1, Roberta Teixeira Miranda 1, Sérgio Luiz C. Viscardi 1, Jo Dweck 2 1 Ipiranga Produtos de Petróleo S.A CTAQ - Centro de Tecnologia Aplicada e da Qualidade Rua Monsenhor Manoel Gomes 140, São Cristóvão, CEP 20931670, Rio de Janeiro,RJ, Brasil. E-mail: carolinasc@ipiranga.com.br 2 Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Av. Athos da Silveira Ramos 149, Centro de tecnologia, Bloco e Sala E-206, Cidade Universitária, Ilha do Fundão- CEP 21941909- Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E- mail: jodweck@yahoo.com.br Resumo Os motores automotivos utilizam óleos lubrificantes para preservação de suas partes móveis. Durante a operação do motor ocorre a contaminação do óleo lubrificante pela passagem do combustível através dos pistões para o cárter provocando uma aceleração de seu processo de oxidação e degradação. Em consequência um dos maiores problemas no uso de óleos lubrificantes em motores automotivos é a sua deterioração provocada por esta contaminação pelo combustível utilizado, seja ele Etanol Hidratado ou Gasolina C (Gasolina e Etanol Anidro), como é o caso do Brasil. Devem-se considerar ainda os novos motores tipo flex, onde as misturas gasolina-álcool podem ser de diversas proporções. Este artigo tem como objetivo estudar o comportamento termo-oxidativo das misturas em função da concentração de Gasolina C presente. Foram feitos Testes de Oxidação em Vaso de Pressão Rotativo (RPVOT), pelo método ASTM D2272 com amostras de óleo lubrificante, gasolina C e misturas óleo lubrificante/gasolina (0,0; 2,0; 4,0; e 6,0) % v/v, com foco na avaliação do efeito da contaminação. Também foram realizadas determinações de ponto de fulgor (ASTM D93), e Análises Termogravimétrica (TG) e Termogravimétrica Derivada (DTG). O tempo de indução de oxidação do óleo lubrificante diminui com o aumento do teor de gasolina, além de exercer uma maior influência daquele teor na diminuição do ponto de fulgor das misturas. Palavras chave: óleo lubrificante, gasolina, contaminação, RPVOT, TG-DTG, ponto de fulgor. Introdução Diariamente somos surpreendidos pela evolução tecnológica e os impactos que dela decorrem. Nas indústrias esta evolução pode ser percebida pela utilização de máquinas cada vez mais sofisticadas para atender a um mercado cada vez mais exigente e competitivo. A lubrificação é fundamental para que máquinas com partes móveis funcionem de uma forma mais regular e econômica, permitindo assim uma vida mais longa e útil e o bom funcionamento a fim de evitar paradas no processo e maiores custos operacionais. Os lubrificantes formam um filme fino de óleo evitando contatos metálicos diretos, que aplicado às máquinas, cria uma camada impermeável entre as peças, reduzindo seu aquecimento e evitando que aquelas em movimento se desgastem indevidamente por ação do atrito.

Assim como as máquinas, os lubrificantes sofreram alterações tecnológicas para atender as necessidades extremas em processos industriais e a evolução do setor automotivo. A escolha de um lubrificante correto deve ser feita para que se obtenha um processamento com mínimo de problemas decorrentes de atrito. Entretanto, sua troca requer alguns cuidados. A compatibilidade, composição química, polaridade e interações com outros aditivos ou até mesmo outros lubrificantes, tudo deve ser considerado em relação à formulação escolhida [1]. Alguns métodos de análise térmica foram desenvolvidos para estudos científicos das alterações nas propriedades físico-químicas de materiais que ocorrem durante o seu aquecimento [2]. Dentre os testes de oxidação acelerada em vasos de pressão (RPVOT, RBOT, PETROXY) esses são os mais usados [3-7]. O presente trabalho visa contribuir com utilização dessas técnicas, no estudo de possíveis efeitos deletérios a lubrificantes por possíveis contaminações com gasolina quando do uso em motores movidos a este combustível. Materiais e métodos Para o estudo foi utilizada uma amostra comercial de óleo lubrificante semissintético SAE 10W30, e uma de gasolina C, esta preparada em laboratório a partir de mistura de etanol anidro e gasolina A comercial, na proporção de 25% em volume de álcool, de acordo com a Resolução ANP N o 40. As misturas de gasolina C em óleo lubrificante foram preparadas contendo as seguintes concentrações: (0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 4,0 e 6,0) % v/v. Todos os frascos âmbar onde as misturas foram guardadas até a análise, foram preenchidos sem headspace e mantidos acondicionados em um freezer à temperatura de (9 ± 1) o C. As análises termogravimétricas das amostras foram realizadas em equipamento TG de alta resolução, modelo Q500 da TA Instruments. Foram utilizados cadinhos especiais de alumínio Tzero e tampas para selagem hermética com microfuro a laser, a fim de minimizar a volatilização de componentes da gasolina. Cerca de 5,00 mg de amostra foram utilizadas para as análises. As condições experimentais utilizadas foram: aquecimento desde 25 ºC até 550 ºC, com razão de aquecimento de 10 ºC.min -1, utilizando 79 ml.min -1 de Nitrogênio como gás de purga da balança e 21 ml.min -1 de Oxigênio gás de purga adicional diretamente inserido na câmara de aquecimento, equivalendo à ação de um total de 100 ml.min -1 de ar sintético na amostra em análise. Todos os gráficos foram obtidos utilizando o software Universal Analyses da TA Instruments. Os Testes de Oxidação em Vaso de Pressão Rotativo (RPVOT) do óleo e das misturas foram realizados pelo método ASTM D2272 [8], utilizando o equipamento Quantum Oxidation Tester, Tannas Co. Foi utilizado fio de PVC de 47 mm, com altura fina aproximadamente 41 mm, diâmetro entre 44 mm e 48 mm. Cerca de (55,6 ± 0,3) g de fio de cobre em espiral, Cerca de (50 ± 0,5) g de amostra e 5 ml de água destilada. As condições experimentais utilizadas para todas as amostras foram: aquecimento desde temperatura ambiente de 25 ºC até 150 ºC, utilizando 90 psi de Oxigênio para pressurização inicial do vaso de pressão. As análises de ponto de fulgor do óleo lubrificante e das misturas foram realizadas pelo método ASTM D93 [9], utilizando o equipamento Pensky-Martens Closed Cup Test, da Tanaka modelo APM-7.

Resultados e Discussão Análises por TG/DTG A determinação das temperaturas de estabilidade térmica do óleo lubrificante e da gasolina utilizados no presente estudo foi feita através das respectivas análises termogravimétricas (TG) e derivadas termogravimétricas (DTG), que estão mostradas na Figura 1. Conforme pode-se notar, a temperatura de estabilidade térmica da gasolina (72,73 o C) determinada através da temperatura extrapolada de perda de massa (onset temperature), é bem inferior à do óleo lubrificante (406,68 o C), visto a muito maior volatilidade dos componentes da gasolina. Tudo indica pelas curvas TG e DTG correspondentes, que a volatilização da gasolina C se dá em duas etapas, sendo que na primeira, visto ter havido uma perda de quase 60 % de massa, relativo aos componentes mais voláteis. Fig. 1 Curvas TG DTG doa gasolina C e do óleo lubrificante Testes de Oxidação em Vaso de Pressão Rotativo (RPVOT) Foram feitos Testes de Oxidação em Vaso de Pressão Rotativo (RPVOT), pelo método ASTM D2272 com amostras de óleo lubrificante, gasolina C e misturas óleo lubrificante/gasolina (0,0; 2,0; 4,0 e 6,0) % v/v, com foco na avaliação do efeito da contaminação. Nas Figuras 2 e 3 são mostradas curvas típicas obtidas para os casos do óleo lubrificante puro e para a mistura contendo 6 % em volume de gasolina C. Fig. 2 Curva RPVOT do óleo lubrificante

Fig. 3 Curva RPVOT da mistura óleo lubrificante e gasolina 6 % v/v Observa-se nas Figuras 2 e 3 que na presença de gasolina C a pressão máxima inicial atingida é maior, visto a volatilização de parte de seus componentes mais voláteis. A Tabela 1 mostra os tempos de indução medidos em duplicata e sua média. Esses valores representam o tempo de decréscimo de pressão de 25 psi, em relação à pressão máxima inicial em cada caso. A Figura 4, que apresenta a correlação obtida para os valores médios de tempo de indução de cada caso em função do teor de gasolina C na mistura, mostra que a mesma é uma função polinomial do segundo grau, indicando que quanto maior o teor de gasolina presente no óleo lubrificante mais rápido será seu processo de oxidação. Cabe notar que o coeficiente de correlação obtido é excelente, indicando que de fato, essa função representa o efeito da presença da gasolina no processo de oxidação do óleo lubrificante. Tabela1 Resultados do tempo de indução (TI) por RPVOT % de gasolina C 0 2 4 6 TI 1 (min) 479 444 407 404 TI 2 (min) 436 450 415 307 TI médio (min) 458 447 411 356 480 460 Tempo de indução por RPVOT / min 440 420 400 380 360 340 320 300 TI = -2,8125x 2-0,225x + 457,8 R² = 0,9997 0 1 2 3 4 5 6 7 Percentual de gasolina no óleo lubrificante / vol% Fig. 4 Curva do tempo de indução de oxidação de misturas óleo lubrificante/ gasolina C

Ponto de fulgor Quando da realização dos ensaios observou-se que para concentrações maiores que 2 % v/v de gasolina na mistura com óleo lubrificante, o ponto de fulgor era praticamente o mesmo que a 2 %, o que indicava a elevada volatilização dos componentes da gasolina, o que já havia sido visto nas análises por TG/DTG. Além disso, esses resultados não eram representativos de fato do ponto de fulgor, pois teriam sido até menores, se a temperatura ambiente do laboratório fosse menor. Cabe observar que em vista do ocorrido, embora as determinações tivessem sido feitas inicialmente em vaso aberto para o óleo lubrificante, conforme recomenda a norma, elas tiveram que ser realizadas em vaso fechado para minimizar as perdas. Face a isto a avaliação da presença de gasolina no ponto de fulgor das misturas foi feita em concentrações até 2 % de gasolina C. Os resultados de ponto de fulgor em vaso aberto para o óleo lubrificante e em vaso fechado para o óleo lubrificante e para as misturas, realizados em triplicata, estão na Tabela 2. Os valores de ponto de fulgor médio em vaso fechado estão representados na Figura 5. Observa-se que o ponto de fulgor das misturas decresce segundo uma função de terceiro grau do teor de gasolina na faixa analisada, o que também explica o porquê do limite de detecção para no máximo de 2 % em volume de gasolina na mistura. Tabela 2 Pontos de fulgor do óleo lubrificante e das misturas ( o C) Tipo de Vaso em vaso aberto em vaso fechado % de gasolina C 0 0 0,5 1 1,5 2 4 6 PF - 1 244 204 114 90 65 30 nd nd PF - 2 244 206 108 86 65 32 nd nd PF - 3 242 206 108 83 58 28 nd nd PF médio 243 205 110 86 63 30 *nd - não determinável 250 200 Ponto de fulgor / o C 150 100 y = -53,778x 3 + 197,14x 2-266,84x + 204,44 R² = 0,9968 50 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Teor de gasolina C no óleo lubrificante /% v/v Fig. 5 Curva dos pontos de fulgor do óleo lubrificante e misturas com gasolina C

Conclusões Por termogravimetria observa-se que a estabilidade térmica da gasolina é bem inferior à do óleo lubrificante, o que nos levou a analisar o ponto de fulgor em vaso fechado para as misturas; Os testes de oxidação em vaso de pressão rotativo (RPVOT), que melhor simulam as condições operacionais do cárter, indicam que a presença da gasolina diminui o tempo de indução oxidativa do óleo lubrificante automotivo, indicando que esta presença é prejudicial à vida útil do óleo; Essa diminuição do tempo de indução é uma função polinomial do segundo grau do teor de gasolina presente no óleo lubrificante; Os resultados dos pontos de fulgor indicam que sistemas fechados mesmo em nível de pressão baixos possibilitam uma maior contaminação de óleo lubrificante por gasolina, enquanto que em sistemas abertos essa contaminação fica limitada, pela maior volatilização de componentes da gasolina nessas condições. Agradecimentos À Ipiranga Produtos de Petróleo SA Centro de Tecnologia Aplicada e da Qualidade e ao CNPq. Referências Bibliográficas 1 - RUPRECHT, V. C. Lubrificação, Fricção e Adesão. http: //www.uergs.edu.br, acesso em 16 de janeiro, 2013. 2 - HAINES, P.J., Principles of Thermal Analysis and Calorimetry 2002, RSC Paperbacks. 3 - Serra, T Z, Cavalcanti, E J C, Sihvenger, J C, Mora, N D, Análise comparativa do desempenho do óleo lubrificante tipo turbina antes e após regeneração, http://www.foz.unioeste.br/~lamat/publicoleolub/oleolubcbm2007.pdf, acessado em 12 de outubro, 2014. 4 - CAVALCANTI, E. J. C, MORA, N.D, SERRA, T, Z, Estudo do Desempenho do Óleo Lubrificante em Pontos Diferentes da Turbina, http://www.foz.unioeste.br/~lamat/publicoleolub/oleolubc3n2007.pdf, acessado em 12 de outubro, 2014. 5 - DANTAS, M. S. G, OLIVEIRA, E. C. L, DANTAS, T. N. C, NETO, A. A. D, Avaliação antioxidativa de derivados do β-naftol aplicados a lubrificantes, Anais do 4o PDPETRO, Campinas, SP 4PDPETRO_4_5_0051-1 (2007), http://www.portalabpg.org.br/pdpetro/4/resumos/4pdpetro_4_5_0051-1.pdf, Anais do 4o PDPETRO, Campinas, SP 4PDPETRO_4_5_0051-1 (2007) acessado em 12 de outubro, 2014. 6 - ISBELL, T. A, US effort in the development of new crops (Lesquerella, Pennycress Coriander and Cuphea), National Center for Agricultural Utilization Research, Agriculture Research Service, United States Department of Agriculture, 1815 N USA, http://www.ocl-journal.org ou http://dx.doi.org/10.1051/ocl.2009.0269, acessado em 12 de outubro, 2014. 7 - PETROTEST PetroOXY, - Determination of the Oxidation Stability of Fuels (Gasoline, Diesel, Gasoil, Biodiesel & FAME,), Grease & Oil - Ludwig-Erhard-Ring 13 15827 Dahlewitz Germany, http://www.tqsrl.com/wp-content/uploads/98-1510-oxidation-stability-petrooxy-2.pdf acessado em 12 de outubro, 2014. 8 - ASTM D93, Standard Test Methods For Flash Point By Pensky-Martens Closed Cup Tester 9 - ASTM D2272, Standard Test Method for Oxidation Stability of Steam Turbine Oils by Rotating Pressure Vessel.