PAULISTANA PI: Origem e Evolução Urbana.



Documentos relacionados
OCUPAÇÕES IRREGULARES E IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS NA REGIÃO NOROESTE DE GOIÂNIA

INDUSTRIALIZAÇÃO EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP: UMA ANÁLISE DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO DISTRITO INDUSTRIAL DO CHÁCARAS REUNIDAS

O TERRITÓRIO BRASILEIRO. 6. Fronteiras Terrestres

Questão 13 Questão 14

Processo Seletivo/UFU - Julho ª Prova Comum - PROVA TIPO 1 GEOGRAFIA QUESTÃO 21

1. Seu município enfrenta problemas com a seca? 43 Sim... 53% 38 Não... 47%

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA O ENFRENTAMENTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM ÁREAS URBANAS: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE BELÉM, PARÁ, BRASIL

COLÉGIO NOSSA SENHORA DA PIEDADE. Programa de Recuperação Paralela. 3ª Etapa Ano: 7º Turma: 7.1

. a d iza r to u a ia p ó C II

GEOGRAFIA Com base nas informações do texto, na análise do mapa e nos conhecimentos sobre os elementos e fatores geográficos do clima,

DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DO MUNICÍPIO DE CANHOBA/SE

Aula5 POPULAÇÃO E DEMOGRAFIA NO BRASIL. Debora Barbosa da Silva

CENTRO DE ESTUDOS PSICOPEDAGÓGICOS DE MACEIÓ PROFª. MÔNICA GUIMARÃES GEOGRAFIA - 7º ANO

Fuvest 2014 Geografia 2ª Fase (Segundo Dia) A região metropolitana do litoral sul paulista é constituída pelos municípios representados no mapa:

Saneamento básico e seus impactos na sociedade

Sugestões de avaliação. Geografia 6 o ano Unidade 4

ANÁLISE DO USO DAS CISTERNAS DE PLACAS NO MUNICÍPIO DE FRECHEIRINHA: O CONTEXTO DA PAISAGEM DE SUPERFÍCIE SERTANEJA NO SEMIÁRIDO CEARENSE

A região Nordeste e seus aspectos econômicos e sociais. As atividades econômicas

Dimensão social. Habitação

3.3 Infra-estrutura Saneamento básico água e esgoto A existência de condições mínimas de infra-estrutura de saneamento básico é um fator

I SISTEMA DE BONIFICAÇÃO PELO USO DA ÁGUA NO BAIRRO JESUS DE NAZARETH - UMA PROPOSTA PILOTO PARA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA.

UMA BREVE DESCRIÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL, DESTACANDO O EMPREGO FORMAL E OS ESTABELECIMENTOS NO NORDESTE

A Mineração Industrial em Goiás

6. O Diagnóstico Rápido Participativo. 6.1 Aspectos teóricos. 6.2 Metodologia do Diagnóstico Participativo da bacia hidrográfica do rio Sesmaria

A Organização da Atenção Nutricional: enfrentando a obesidade

UTILIZAÇÃO GEOTÊXTIL BIDIM COMO CAMADA ANTI-REFLEXÃO DE TRINCAS NO RECAPEAMENTO DA RODOVIA BR-040 NOVA LIMA MG

GEOGRAFIA. População Brasileira

7. o ANO FUNDAMENTAL. Prof. a Andreza Xavier Prof. o Walace Vinente

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2016

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO (SEPLAN) Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE)

02/12/2012. Geografia

APA Itupararanga é tema de palestra na ETEC/São Roque

ZONEAMENTO EDAFOCLIMÁTICO DA CULTURA DO COCO INTRODUÇÃO

INTERDISCIPLINARIDADE E O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO: O ESTUDO DE CASO EM UMA ASSOCIAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DE PEIXE EM MUNDO NOVO MS

INFORME INFRA-ESTRUTURA

EXERCÍCIOS DE REVISÃO - CAP. 04-7ºS ANOS

GEOGRAFIA LISTA DE RECUPERAÇÃO - 7º ANO RECUPERAÇÃO FINAL Objetivas:

Geografia. Textos complementares

UNIDADE 5 AMÉRICA DO NORTE. Os Estados Unidos Tema 1

DIAGNÓSTICO DA COLETA E DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS-GO

GRANDES PARCERIAS GERANDO GRANDES RESULTADOS NA GESTÃO SUSTENTAVEL DOS RECURSOS HÍDRICOS PRODUTOR DE ÁGUA NO PIPIRIPAU-DF

São Paulo/SP - Planejamento urbano deve levar em conta o morador da rua

A REGIÃO COSTA OESTE DO PARANÁ E OS CENSOS DEMOGRÁFICOS: EVOLUÇÃO E DINÂMICA DEMOGRÁFICA (1991, 2000 e 2010)

Mudanças demográficas e saúde no Brasil Dados disponíveis em 2008

Anexo II.1 Informações sobre a Cidade e seu Serviço de Transporte Coletivo Atual

Situação Geográfica e Demográfica

A água nossa de cada dia

ANALISE DE PERDA DE SOLO EM DIFERENTES RELEVOS NO SEMIÁRIDO CEARENSE

Analise este mapa topográfico, em que está representada uma paisagem serrana de Minas Gerais:

Questão 11. Questão 12. Resposta. Resposta. O mapa e os blocos-diagramas ilustram um dos grandes problemas do mundo moderno.

EM BUSCA DE ÁGUA NO SERTÃO DO NORDESTE

XII-015 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO E SANEAMENTO AMBIENTAL A EXPERIÊNCIA DE SANTO ANDRÉ (SP) DE 1998 A 2003

Panorama de 25 anos da mortalidade por Aids no Estado de São Paulo

PERFIL EMPREENDEDOR DOS APICULTORES DO MUNICIPIO DE PRUDENTÓPOLIS

Subsecretaria de Captação de Recursos SUCAP/SEPLAN Secretaria de Planejamento e Orçamento do Distrito Federal SEPLAN Governo do Distrito Federal

Projeto de Revitalização da Microbacia do Rio Abóboras Bacia Hidrográfica São Lamberto

Custo da Cesta Básica aumenta em todas as cidades

A PRODUTIVIDADE NA EXECUÇÃO DE ADUTORAS DE ÁGUA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMEÇA NA ESCOLA: COMO O LIXO VIRA BRINQUEDO NA REDE PÚBLICA EM JUAZEIRO DO NORTE, NO SEMIÁRIDO CEARENSE

A PERCEPÇÃO DE GRADUANDOS EM PEDAGOGIA SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR EM UMA FACULDADE EM MONTE ALEGRE DO PIAUÍ - PI

V ESTUDO TEMPORAL DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO GUAMÁ. BELÉM-PA.

O GEOPROCESSAMENTO E O PLANEJAMENTO TERRITORIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS ESCOLAS ESTADUAIS EM CAMPINA GRANDE-PB

CRIAÇÃO DE GALINHA CAIPIRA INTEGRADA ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS - Brasil Sem Miséria (BSM) e Programa de Aquisição de Alimento (PAA): A EXPERIÊNCIA DE UMA

UTILIZADORES DE REDUTORES DE VAZÃO NA REDUÇÃO DO TEMPO DE RECUPERAÇÃO DE SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

1. Nome da Prática inovadora: Coleta Seletiva Uma Alternativa Para A Questão Socioambiental.

JUVENTUDE E TRABALHO: DESAFIOS PARA AS POLITICAS PÚBLICAS NO MARANHÃO

Ituiutaba MG. Córrego da Piriquita AMVAP Estrada Municipal 030. Lázaro Silva. O Proprietário. Córrego

ABSTRACT. Diagnóstico e situação das cooperativas de produção no Paraguai

O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO E A MOBILIDADE DO CAMPO PARA A CIDADE EM BELO CAMPO/BA

11. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

indústria automobilística

Categoria Franqueador Sênior

MELHORIA DA INFRAESTRUTURA FÍSICA ESCOLAR

Uma faceta do problema de abastecimento de água na cidade de São Paulo: o (sub)aproveitamento da produção hídrica do rio Aricanduva.

RESPOSTAS DAS SUGESTÕES DE AVALIAÇÃO GEOGRAFIA 9 o ANO

Pesquisa Pantanal. Job: 13/0528

PERFIL DOS PARTICIPANTES DO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO BOM NEGÓCIO PARANÁ NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

Aluno(a): Nº. Professor:Anderson José Soares Série: 1º

PROGRAMA DE REFLORESTAMENTO DAS MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS DA REPRESA BILLINGS NO MUNICÍPIO DE SANTO ANDRÉ SP

MAPA 1. DEMARCAÇÃO GEOGRÁFICA DO CONCELHO DE RIBEIRA BRAVA E RESPECTIVAS FREGUESIAS. Fonte:

sociais (7,6%a.a.); já os segmentos que empregaram maiores contingentes foram o comércio de mercadorias, prestação de serviços e serviços sociais.

Palavras-chave: Conservação da água, Educação ambiental, Escola.

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2015

Diagnóstico da Área de Preservação Permanente (APP) do Açude Grande no Município de Cajazeiras PB.

PALAVRAS-CHAVE Incubadora de Empreendimentos Solidários, Metodologia, Economia Solidárias, Projetos.

ADMINISTRAÇÃO I. Família Pai, mãe, filhos. Criar condições para a perpetuação da espécie

NORTE DO ES: ARACRUZ E ÁREAS DE INFLUÊNCIA

IMPORTÂNCIA DA PURIFICAÇÃO DA ÁGUA NA COMUNIDADE INDIGENA XERENTE

Jornal Brasileiro de Indústrias da Biomassa Biomassa Florestal no Estado de Goiás

Biodiversidade em Minas Gerais

Serviço social. Indicadores das Graduações em Saúde Estação de Trabalho IMS/UERJ do ObservaRH

PROJETO VALE SUSTENTÁVEL: RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS VISANDO A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DA CAATINGA NA REGIÃO DO VALE DO AÇU RN.

MINISTÉRIO DO TURISMO SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS DE TURISMO DEPARTAMENTO DE PRODUTOS E DESTINOS

CONHECIMENTOS GERAIS

2- (0,5) O acúmulo de lixo é um grave problema dos ambientes urbanos. Sobre o lixo responda: a) Quais são os principais destino do lixo?

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PRPPG

Tabela 01 Mundo Soja Área, produção e produtividade Safra 2009/10 a 2013/14

ESPELHO DE EMENDAS DE INCLUSÃO DE META

Nome e contato do responsável pelo preenchimento deste formulário: Ubiratan de Brito Fonseca e Mariana Oliveira marianap@mh1.com.

Transcrição:

PAULISTANA PI: Origem e Evolução Urbana. CARVALHO, Muryllo Mayllon de Alencar 1 BUSTAMANTE, Antenor Fortes de 2 CRUZ, Luciana Soares da 3 RESUMO O presente artigo tem como objetivo discutir dados preliminares da pesquisa que trata do tema da organização socioespacial da cidade de Paulistana PI, a referida pesquisa é desenvolvida no programa de Iniciação Científica do IFPI PIBIC Jr. Assim, a tarefa de se realizar e discutir sobre essa temática não cabe mais apenas aos geógrafos, como outrora, mas sim a muitas outras áreas do conhecimento que ao fazerem suas leituras dos ambientes urbanos, contribuem para uma compreensão bem mais ampla das cidades. Os dados aqui apresentados relacionam-se à origem e formação histórica da referida cidade, bem como dados da sua caracterização, localização geográfica e outros dados obtidos de maneira direta e indireta. PALAVRAS-CHAVE: Paulistana. Urbanização. Organização Socioespacial. Avenida. INTRODUÇÃO O presente estudo trata do contexto do crescimento e desenvolvimento de municípios, focando em Paulistana-Piauí no que se refere a sua urbanização. Mas, concretamente, para maior entendimento sobre a história local, foram coletados dados acerca da origem e emancipação territorial. São objetivos desta pesquisa: entender o crescimento urbano do município de Paulistana-Piauí e identificar os agentes produtores do espaço envolvidos na expansão urbana local, bem como analisar a organização socioespacial do município. O trabalho se organiza em duas partes essenciais. O contexto histórico do município, que relata o que houve desde seus primórdios até os dias hodiernos e a caracterização geográfica local. Os relatos históricos são importantes para compreender o desenvolvimento urbano, no uso de solo e produção de espaço que geraram as delimitações territoriais atuais. Diante disso, a história de Paulistana é dada em duas versões, que tem características em comum, a fundação da Vila de Paulista, que se originou de uma 1 Bolsista do Programa de Iniciação Científica Júnior PIBICJr, curso: Técnico Médio Integrado em Mineração Campus Paulistana. 2 Professor Orientador do Programa de Iniciação Científica Júnior PIBICJr. Especialista em Geografia e Ensino. Mestrando do Curso de Pós-Graduação em Geografia PPGGEO/UFPI. 3 Professora Colaboradora do Programa de Iniciação Científica Júnior PIBICJr. Especialista em História do Brasil.

1 fazenda de criação de bovinos. Ambas versões relatam que a fazenda pertencia a bandeirantes. Na primeira versão, ao Domingos Jorge Velho, e, na segunda, a Valério Coelho Rodrigues. Foi importante ressaltar, também, a emancipação territorial da antiga Vila que foi desmembrada do município de Jaicós. E sua evolução urbana, apresenta-se por meio de mapas históricos de 1875 e 1920, que retratam o centro histórico municipal. A evolução populacional de Paulistana também foi relatada, por meio de dados populacionais coletados, de 20 anos atrás até atualmente, ressaltando como a urbanização regional está se desenvolvendo. A caracterização geográfica da cidade foi disseminada, dando, assim, um melhor entendimento acerca da região do Alto Médio Canindé, na qual encontra-se o município de Paulistana-Piauí, onde predomina a caatinga, cujas características e peculiaridades foram citadas. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e conversas com antigos moradores, que enriqueceram este estudo acerca da urbanização local. É válido frisar que o modo de vida em pequenas cidades é muito diferente das grandes cidades, diante disso, evidencia-se a importância do presente estudo. PAULISTANA: Origens Históricas Segundo Bandeira, o surgimento e o povoamento de Paulistana, antiga vila de Paulista, ocorreu no século XVII, e está diretamente associado ao desbravamento de bandeirantes, e consequentemente às fazendas de criação de bovinos que surgiram. O referido autor menciona a existência de duas versões acerca da instalação de Paulistana. A primeira se refere ao bandeirante Domingos Jorge Velho em uma de suas primeiras incursões em território piauiense. A história afirma que a vila se originou por volta de 1663 em uma antiga fazenda de criação de gado. Ainda afirma que em 1730, a fazenda ocasionou a Vila de Paulista que passou a ser propriedade de Valério Coelho Rodrigues, também bandeirante, conhecido por Valério, o velho; o qual, homenageou São Paulo, o estado natural de Domiciana, sua esposa. A segunda versão relata que a fundação da antiga Vila de Paulista se originou de uma fazenda de gado, de posse do bandeirante Valério Coelho Rodrigues. Em fins do século XVIII, a fazenda possuía uma capela construída sob suas expensas, e em torno veio a se desenvolver o povoamento. A capela teria sido construída por um pedreiro arquiteto natural de Salvador, do estado da Bahia, pelo preço de cinquenta mil réis. O

2 construtor teria recebido cinquenta novilhas ao preço de um mil réis cada, pelo serviço executado. Acredita-se, também, que o povoamento ocorreu em 1759, quando as fazendas de gado que pertenciam aos jesuítas da Companhia de Jesus foram passadas para a Coroa, que por sua vez, vendeu para alguns privilegiados, dentre outros, o Capitão Valério Coelho Rodrigues. Capitão Valério, adquiriu extensa área territorial e se estabeleceu às margens do rio Canindé, onde antes, Domingos Afonso Sertão iniciara a criação de bovinos, nas propriedades de terra por ele desbravadas. Emancipação Territorial O território do município de Paulistana PI foi desmembrado de Jaicós, sendo instalada a vila em 25 de dezembro de 1829, com o termo judiciário pertencente a Jaicós. A Vila de Paulista tornou-se autônoma por meio de Decreto Estadual em 25 de dezembro de 1889. O município de Paulista foi extinto em junho de 1931, no dia 26, por força de Decreto Estadual de nº1.279, fazendo com que seu território anexasse a Jaicós. Reavendo sua autonomia administrativa, a Vila de Paulista, após o Decreto Estadual nº1.478 do mesmo ano. Seu território voltou a ser anexado ao município de Jaicós, através da Lei nº96 de 21 de junho de 1937. Enfim, a Vila de Paulista, elevou-se a categoria de cidade pelo Decreto Estadual nº147 de 15 de dezembro de 1938, com inauguração oficial em primeiro de janeiro de 1939. Em 1940 a cidade de Paulista alcançou condição de comarca, quando ocorreu a devolução de seu termo judiciário, mais uma vez desmembrado de Jaicós, por meio do Decreto Estadual nº247. Por decreto, Paulista passou a ser denominada Paulistana, em 30 de dezembro de 1943, quando a legislação federal que proibiu a duplicidade de topônimos das vilas e cidades brasileiras alcançou o antigo município de Paulista-Piauí. Evolução Urbana de Paulistana A evolução da Vila de Paulista, presente nas Figuras 01 e 02, destacam 45 anos que proporcionaram a criação da igreja Matriz, que até então, era uma pequena capela. Além da implantação de uma delegacia e cadeia, que deixa claro, o crescimento e a

3 pequena urbanização da vila nesse meio tempo, em uma pequena área que atualmente, é o bairro Correnteza. O mais antigo, portanto, centro histórico da cidade. Aumentaram a quantidade de casas e propriedades de criação de bovinos, como currais. Foi implantada também, a prefeitura. Vale frisar, o grande aumento quantitativo de ruas na pequena Vila de Paulista, que ainda estão presentes, fazendo assim parte do contexto histórico do município de Paulistana. Paulistana PI /1875. (BANDEIRA, Renato Luís, 1991) Figura 01: Bairro Correnteza, matriz de Paulistana PI em 1875 Paulistana PI/1920. (BANDEIRA, Renato Luís, 1991) Figura 02: Bairro Correnteza, matriz de Paulistana PI em 1920

4 Desenvolvimento Populacional De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de 1991 a 2010, a população brasileira teve um crescimento próximo a 44 milhões de indivíduos. Este aumento no número de habitantes também atingiu o município de Paulistana-Piauí, nos últimos 20 anos, a taxa de natalidade superou a taxa de mortalidade, fazendo com que a quantidade de habitantes se elevasse e o município se desenvolvesse devido a urbanização, que consequentemente, levou a expansão urbana. Entre 2000 e 2010, a população de Paulistana teve uma taxa média de crescimento anual menor que na década anterior, de 1991 a 2000. Nas últimas duas décadas, a taxa de urbanização cresceu 26,62%. (ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL, 2014). Em 1991, com 53 anos de emancipação territorial e pouca urbanização no município, a cidade ainda se mantinha da produção e cultivo de algodão. A população rural predominava em Paulistana, com um número bastante superior, 2.214 cidadãos a mais que a urbana.

5 Tabela 01: Total, por Gênero, Rural/Urbana e Taxa de Urbanização - Paulistana PI total residente masculina residente feminina urbana rural Taxa de Urbanização (1991) % do Total (1991) (2000) % do Total (2000) (2010) % do Total (2010) 14.832 100,00 17.741 100,00 19.785 100,00 7.189 48,47 8.731 49,21 9.567 48,35 7.643 51,53 9.010 50,79 10.218 51,65 6.309 42,54 8.939 50,39 10.656 53,86 8.523 57,46 8.802 49,61 9.129 46,14-42,54-50,39-53,86 Fonte: ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASI, 2014. Em 2000, com o desenvolvimento e início do processo de urbanização desordenada, que tem como principais fatores, o conjunto de mudanças econômicas e sociais vivenciadas recentemente pela população, como por exemplo, à busca por oportunidades de empregos e consequentemente, condições de vida melhores. Fez com que aumentasse gradativamente o povoamento urbano no município, começando a se aproximar do número de habitantes do campo, que não demorou muito pra ser ultrapassado. Gráfico 01: Paulistana: Rural/Urbana 1991 a 2010 Urbana Rural 12.000 10.000 8.000 8.523 8.939 8.802 10.656 9.129 6.000 6.309 4.000 2.000 0 1991 2000 2010 Fonte: ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASI, 2014.

6 Já no início da década seguinte, o processo de urbanização permaneceu, com menor intensidade, mas continuou fazendo com que o desenvolvimento de Paulistana aumentasse, consequentemente, o município expandiu cada vez mais. O número de habitantes urbanos superou o de moradores do campo, desde o início da década anterior. Atualmente, a urbanização paulistanense permanece em sua definição exata: o maior crescimento da população urbana diante à rural. Portanto, nota-se que em Paulistana-Piauí, no seu processo de urbanização, a população rural permanece-se praticamente constante, e um rápido crescimento e desenvolvimento urbano, desencadeado por diversos fatores, que propiciaram a chegada de pessoas, que por sua vez, colaboraram direta e indiretamente para o desenvolvimento municipal. Caracterização Geográfica Paulistana dista 460 km da capital Teresina, está localizado na mesorregião do sudeste do Piauí e na microrregião do Alto Médio Canindé. Possui clima tropical semiárido, com chuvas irregulares e escassas, mas com ventos constantes. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Paulistana possui área territorial de 1.969,955 km² e a população estimada para o ano de 2014 é de 20.133 habitantes. Esta população se concentra principalmente nos bairros mais antigos da cidade: Correnteza, Centro e Cohab. A cidade localiza-se no Planalto Piauiense, em uma região com ocorrência de vários morros, a paisagem de Paulistana é caracterizada por vegetação do tipo caatinga, que caracteriza a grande perca de folhas das árvores durante o período da estiagem. Destacam-se na flora, mameleiros, braúnas, aroeiras, juremas, pau d arcos, angicos e umbuzeiros. Porém, prevalecem o Mandacaru e a Macambira, elas se desenvolvem em diversos locais e servem como alimentação para bovinos durante as grandes secas. Antigamente, Paulistana era considerada o maior produtor de algodão do semiárido. Com o passar do tempo, a economia contraiu com a praga do bicudo. Atualmente, a principal atividade rural é, a criação de bovinos de corte e caprinocultura. Base econômica da região por um longo período de tempo. De acordo com Bandeira (1991), a rede hidrográfica,

7 é constituída pela bacia do Canindé. O principal rio recebe o mesmo nome, em cujas margens, está localizada a sede municipal. Merece registro, pela importância que tem, o açude Ingazeiras construído pelo DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), junto à sede municipal. A obra teve início em dezembro de 1953, sendo concluída em abril de 1966, quando represou 26 milhões de metros cúbicos de água. (p.15-16) Na região Nordeste do Brasil, notadamente na área do Sertão nordestino, ocorre o fenômeno da seca, que aflige a população dessa região. Entre as medidas adotadas para a convivência com a seca, pode-se destaca a construção de açudes e barragens para amenizar os efeitos desse fenômeno natural. Dentre os açudes construídos no Piauí para tal fim, destaca-se o açude Ingazeiras que está localizado em Paulistana. Na figura 03, pode-se observar trabalhadores na construção do açude. (Domingues, Alfredo José Porto; Jablonsky, Tibor, 1957) Figura 03: Construção do açude Ingazeiras Após a sua construção o açude Ingazeiras, configurou-se como importante reservatório hídrico, podendo ser aproveitado para diversos fins como: abastecimento da população, agricultura irrigada, piscicultura e diversas outras. Na figura 04 pode-se visualizar a situação do açude na atualidade.

8 (CARVALHO, Muryllo Mayllon de Alencar, 2014) Figura 04: Açude Ingazeiras atualmente Apesar de sua importância para a população da cidade e de áreas circunvizinhas, o mesmo sofre efeitos da poluição e contaminação de suas águas, pois serve de destino para o lixo e esgotos, devido a precariedade ou falta de saneamento básico, em virtude disso, mesmo após o tratamento, suas águas não deve ser utilizada para consumo humano. CONCLUSÃO Nesta pesquisa, abordou-se o tema da urbanização, e demonstrou-se o desenvolvimento e crescimento do município de Paulistana-Piauí desde seus primórdios. Constatou-se assim, que o município ainda está em processo de desenvolvimento e urbanização constante, devido ao crescimento da população urbana superior à rural. Esta, colabora direta e indiretamente para o desenvolvimento e expansão municipal. Como se trata da apresentação de resultados parciais, a pesquisa não foi concluída, portanto, não foram cumpridos todos os objetivos propostos. A primeira fase do estudo esteve focada em compreender o crescimento e evolução urbana do município em geral. Com base nestas informações, será possível continuar desenvolvendo a pesquisa, focando o estudo da organização socioespacial municipal, expansão urbana e seus agentes produtores de espaço. Tendo como área de estudo a Avenida Marechal Deodoro da Fonseca, localizada no centro de Paulistana-PI. Este trabalho está sendo muito importante para a compreensão acerca de Paulistana-Piauí e sua evolução urbana, que está passando por um processo constante de desenvolvimento. Dessa forma, pode-se apontar que alguns fatores como a chegada de

9 grandes empresas devido a riqueza em recursos minerais que a localidade possui, que serão escoados através da ferrovia Transnordestina, que está contida no Projeto Planalto Piauí, dentre outros contribuirão para um crescimento desordenado da cidade. REFERÊNCIAS Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil 2013. Disponível em: <http://atlasbrasil.org.br/2013/perfil_print/paulistana_pi>. Acesso em 02 out. 2014. BANDEIRA, Renato Luís. Fragmentos Históricos de Paulistana-PI, 1991. CORREA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. São Paulo: Ática, 2004 DOMINGUES, A. J. P.; JABLONSKY, TIBOR, Construção do açude Ingazeiras, 1957. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censos Demográficos: Paulistana-Piauí. PAULISTANA, no Piauí. Paulistana: Biblioteca Municipal, 2014.