ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO HERCÍLIO EM IBIRAMA/SC Autores: Matheus José da SILVA 1, Elisa Lotici HENNIG 2, Ida Maria de OLIVEIRA 3, Gabriel M. R. GONINO 4 Identificação autores: 1: aluno do curso Técnico em Eletromecânica Integrado ao Ensino Médio (Bolsista Campus Ibirama); 2: Orientadora IFC-Campus Ibirama; 3 e 4: Colaboradores IFC-Campus Ibirama. Introdução A água é o líquido mais abundante do planeta e é essencial para a sobrevivência das plantas, animais e microorganismos. É insubstituível para esta função, servindo como meio de transporte para substâncias vitais aos organismos e como ambiente para os habitantes aquáticos (Parron et al., 2011). O Rio Hercílio é um dos afluentes do Rio Itajaí-Açú e está presente em toda extensão da cidade de Ibirama/SC. Águas superficiais, particularmente as situadas à beira das cidades, são facilmente contaminadas por descarga de efluentes e outros tipos de poluição (Sabino et al., 2008). A escassez de água já é uma ameaça atual, por isso, o uso racional da água e principalmente a sua reutilização se farão obrigatórios em um futuro bem próximo. A contaminação de águas doces ou marinhas por lançamento de água de esgotos tem contribuído para a ocorrência de algumas epidemias. Estudos aplicando metodologias existentes, permitem avaliar a qualidade da água e conhecer a circulação de agentes patogênicos humanos importantes. Além disso, uma avaliação adequada da água a ser devolvida ao meio ambiente, quanto aos parâmetros físico-químicos, é fundamental para reestabelecer o equilíbrio na natureza e consequentemente, a qualidade de vida da população. O objetivo deste trabalho é mapear alguns pontos possíveis de contaminação do rio no município de Ibirama; e determinar os níveis de CO2, cloretos, alcalinidade, dureza e ph, através de titulação quantitativa. Material e Métodos Foram realizadas coletas em três pontos distintos da cidade de Ibirama. Todos os pontos escolhidos possuem como característica principal, os limites e a região central do município, além da acessibilidade para fazer as coletas. O primeiro ponto de coleta fica localizado no distrito de Dalbérgia, foi escolhido pois se localiza no início do curso do rio que
tange ao município, atribuindo para si uma característica de controle de dados. O segundo ponto, localiza-se no centro do município, o qual foi escolhido devido sua localização, situado após o núcleo industrial do mesmo, e em meio ao perímetro urbano, onde há uma grande quantidade de descargas de efluentes. O último ponto, está localizado no ponto limite do rio que pertence ao município, foi escolhido com o intuito de realizar a comparação dos dados obtidos. As coletas foram realizadas no dia 17/08/15 entre 13:00h e 15:00h. Sendo que não ouve precipitação na região nos dias precedentes à coleta (CEOPS, 2015). Para realizar a captação da água, utilizou-se um balde içado por uma corda. As amostras foram em seguida armazenadas em frascos de 1,5 litro e acondicionadas em bolsa térmica para serem transportadas até o laboratório de ciências naturais IFC Ibirama. A análise de temperatura foi realizada em campo, já as análises de CO 2, alcalinidade e ph, imediatamente após a chegada ao Campus, seguindo recomendações estabelecidas em (Brasil, 2006). Cloretos e dureza, por apresentarem limites de estocagem maiores, foram analisadas, respectivamente, 48 horas após a coleta e 6 dias após a coleta. As análises de CO 2, cloretos e dureza procedeu-se conforme metodologias descritas por Brasil (2006). Na análise de CO 2 fez-se a adição da solução indicadora fenolftaleína à amostra e em seguida titulou-se com Hidróxido de Sódio (NaOH) 0,02N até o aparecimento da cor rósea. Na determinação de dureza, utilizou-se como indicador Eriochrome Black T e titulou-se com EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético) 0,01M até a viragem de uma cor púrpura avermelhada para uma cor azul fraca. Para a determinação de cloretos utilizou-se solução indicadora de cromato de potássio e titulou-se com Nitrato de Prata (AgNO 3 ) 0,141N até a viragem de cor amarela para um tom de amarelo alaranjado. A análise de alcalinidade foi realizada através de titulação de Ácido Sulfúrico (H 2 SO 4 ) 0,02N, utilizando como indicador Alaranjado de Metila tendo em seu ponto final de titulação a mudança da coloração amarela para amarela alaranjada (Pinto, 2006).
Resultados e discussão Após realizadas as coletas, as amostras foram armazenadas e, posteriormente, analisadas. Os dados obtidos após as análises apresentam-se no quadro 1, e foram confrontados com o valor máximo permitido pela portaria Ministério da Saúde N. 518, de 25 de março de 2004. Quadro 1: Valores obtidos nas análises. Amostra CO 2 (mg/l) Alcalinidade (mg/l) Dureza (mg/l) Cloretos (mg/l) ph Temperatura Dalbérgia 31,66 220 160 11,64 7,35 19 C Centro 21,60 216 163 18,74 7,51 20 C Limite final 26,00 220 180 21,71 6,97 20 C VMP* 10-500 250 9,5~6 - *Valor máximo permitido, segundo MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004. Percebeu-se que os valores encontrados para dureza, cloretos e também de ph, estão dentro dos valores determinados pelo Ministério da Saúde, indicando assim, que suas concentrações não alteram significativamente as características físicas da água, não apresentando nenhum malefício para os seres humanos. Entretanto, segundo (Januário et al., 2013), valores de dureza acima de 150 mg/l classificam a água como dura, o que evidencia a presença de íons cálcio e magnésio. Quanto à concentração alcalina presente na água, não há um valor máximo designado pelo Ministério da Saúde, porém convenciona-se um valor máximo de 250 mg/l, pois uma concentração superior implicara diretamente no gosto da água (Brasil, 2006). Observou-se que os valores de CO 2 encontrados nas amostras, foram superiores ao VMP pelo Ministério da Saúde o que determina como valor máximo 10 mg/l. Segundo Pedrozo (2010), o dióxido de carbono presente na água pode ser proveniente de várias fontes, como o ar, a decomposição de matéria orgânica e a respiração de micro e macrorganismos. Também pode ser proveniente de processos de lixiviação do solo, onde ocorre fragmentação de detritos e solubilização de compostos pela ação da água (Bianchini Jr, 1999). E em grandes concentrações, o dióxido de carbono tem uma influência negativa sobre a maioria dos organismos aquáticos, principalmente quando essa concentração é acompanhada por um baixo teor de oxigênio. Além disso, concentrações elevadas de gás
carbônico, podem ocasionar a corrosão de estruturas metálicas ou de concreto imersas no leito do rio (Brasil, 2006). Conclusão Após a realização das coletas e das análises das amostras, percebeu-se que o rio Hercílio, o qual tange o município de Ibirama e se mostra muito importante para o setor econômico e turístico para a cidade através da realização de esportes radicais, não apresentou valores indicativos de poluição. Todos esses valores se encontram dentro do exigido pelo Ministério da Saúde. Sabe-se ainda que, para um resultado mais aprimorado de poluição e contaminação, são necessárias mais análises, como DBO (demanda bioquímica de oxigênio), DQO (demanda química de oxigênio), coliformes, entre outras, as quais pretende-se realizar no decorrer do próximo ano. Referências BIANCHINI Jr, I. Aspectos do Processo de Decomposição nos Ecossistemas Aquáticos Continentais. In: POMPÊO, M.L.M. (Ed.) Perspectivas na Limnologia do Brasil. Gráfica e Editora União: São Luís, 198p, 1999. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilânica em Saúde. 2005. Portaria MS n.º 518/2004. Editora do Ministério da Saúde : Brasília, 28p. BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. 2006. Manual prático de análise de água. 2. ed. Fundação Nacional de Saúde: Brasília, DF, Brasil. 146p. CEOPS. 2015. Centro de Operação do Sistema de Alerta - Defesa Civil; Disponível em: http://ceops.furb.br. Acesso em: 16/08/15. CORNETIONI, M.B. Análises físico-químicas da água de abastecimento do município de Colina-SP. 2010. 27p. Trabalho de Conclusão do Curso (Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas) - Faculdades Integradas Fafibe, Bebedouro. 2010. PARRON, L.M.; MUNIZ, D.H.F.; PEREIRA, C.M. 2011. Manual de Procedimentos de amostragem e análise físico-química de água. Embrapa Florestas: Colombo, PR, Brasil. 69p. PEDROZO, C.S.; KAPUSTA, S.C. 2010. Indicadores ambientais em ecossistemas aquáticos. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, RS, Brasil. 72p.
PINTO, B.V.; GODOY, J.M. ALMEIRA, M.C. Características químicas e físico-químicas de águas subterrâneas do Estado do Rio de Janeiro. In: Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, 14., 2006. Rio de Janeiro. Resumos... Rio de Janeiro: PUC, 2006. SABINO, C. V. S.; ABREU, J. F.; LOBATO, W.; SABINO, G. S.; KNUP, E. A. N. Análise de alguns aspectos da qualidade da água da Bacia do Rio Paraopeba utilizando estatística multivariada. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 8, n. 2, p. 6-18, 2008. JANUÁRIO, D. N.; CORREIA, E. C.; BRÁS, C. 2015. Explora: Físico-Química. Disponível em: http://www.portoeditora.pt/espacoprofessor/assets/newsletters/explora7/explora3.pdf Acesso em: 25/09/15.