AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DA INFRA- ESTRUTURA VIÁRIA URBANA QUE INFLUENCIAM A SEGURANÇA DO TRÁFEGO. A. Sampedro e V. B. G.



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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DA INFRA- ESTRUTURA VIÁRIA URBANA QUE INFLUENCIAM A SEGURANÇA DO TRÁFEGO A. Sampedro e V. B. G. Campos RESUMO Este artigo tem como objetivo identificar e avaliar as características da infra-estrutura das vias arteriais e coletoras urbanas que maior influência exercem sobre a segurança do tráfego, bem como propor algumas alternativas de intervenção para melhorar as condições de segurança para os usuários. O artigo inclui uma caracterização geral das particularidades das vias arteriais e coletoras e do tráfego urbanos. 1 INTRODUÇÃO Em muitos países os acidentes de tráfego têm se convertido na primeira causa de morte violenta e têm passado a figurar entre as primeiras causas de mortalidade em geral. Tratase de um problema que diminui a esperança de vida, pois envolve geralmente pessoas jovens, com condições de aportar riquezas à sociedade. Os custos econômicos são notavelmente altos e estão relacionados, principalmente, com os cuidados médicos, as perdas de bens e a baixa dos rendimentos. No que tange ao impacto psicológico, os acidentes têm conseqüências devastadoras não só para os envolvidos e suas famílias, mas também para a sociedade. A situação nas aglomerações urbanas brasileiras é particularmente complexa. Embora o homem seja considerado como o principal responsável na ocorrência de acidentes, novas abordagens para o tratamento da segurança viária estão embasadas no gerenciamento dos riscos e na implantação de estratégias preventivas que enfatizam ações destinadas a redução dos riscos associados aos componentes viário e veicular, visando ambientes viários que propiciem uma redução das falhas humanas, e conseqüentemente, uma menor responsabilidade do componente humano nos acidentes. As características da via devem permitir a condução de forma clara, simples e precisa, porém, o esquema viário, em seu conjunto, cria com freqüência situações que induzem motoristas e pedestres a cometer erros. Contudo, o conhecimento atual sobre a influência dos elementos da via sobre a segurança dos usuários é limitado e impreciso. Assim, PEO (2005) reconhece que existem certos fatores viários cuja influência sobre a ocorrência de acidentes pode ser quantificada, outros

fatores sobre os quais só se conhece a direção da influência sobre a segurança e ainda um terceiro grupo de características das quais não é conhecido na atualidade qualquer efeito sobre a segurança do tráfego. O presente trabalho tem como objetivo identificar e avaliar as características da infraestrutura das vias arteriais e coletoras urbanas que maior influência exercem sobre a segurança do tráfego, bem como propor algumas alternativas de intervenção para melhorar as condições de segurança que oferecem aos usuários. O artigo inclui uma caracterização geral das particularidades das vias arteriais e coletoras e do tráfego urbanos. 2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DAS VIAS URBANAS Ao analisar os problemas de segurança viária é preciso levar em consideração o fato de que os ambientes e as vias rurais e urbanas oferecem condições operacionais bem diferentes para os usuários. Estratégias de avaliação e tratamento bem sucedidas num caso podem não trazer os resultados esperados quando aplicados em outro. As vias urbanas podem ser de um sentido ou de dois sentidos de circulação. No que diz respeito à prioridade de circulação nas interseções, elas podem ser principais ou secundárias. Já do ponto de vista do modo de circulação dos veículos, estas podem ser classificadas em vias partilhadas, segregadas e exclusivas. As vias urbanas são classificadas também de acordo com a sua função. A classificação funcional das vias é definida como o agrupamento objetivo de ruas, avenidas e vias num sistema integrado, onde é dada, a cada uma, categoria de acordo com sua importância relativa para a cidade em geral, os tipos de usuários e o uso de solo. O processo de classificação das vias pode ser complexo e até não ser uniforme em função dos critérios considerados. Considera-se que existe uma forte dependência entre a função de cada via e suas características físicas e operacionais. Para Baker (1975), o enquadramento de uma via em determinada categoria é função da importância ou da distância das viagens e do nível de acesso às propriedades. Já Parra (2001) sugere que o processo deve associar o comprimento médio da viagem com a velocidade média de operação. Em geral, são estabelecidos quatro níveis de hierarquia (Baker, 1975; Khisty e Lall, 1998): as vias expressas ou de trânsito rápido, as arteriais, as coletoras e as locais. A Tabela. 1 apresenta a proporção média de cada categoria de via dentro da rede viária urbana. 2.1 Vias arteriais Tabela 1 Quilômetros e viagens médios nos sistemas de vias urbanas Categoria (%) de Volume Veíc*km trafegados Km de vias Vias expressas 50 5 Arteriais 25 10 Coletoras 5 10 Locais 20 75 Fonte: Khisty e Lall (1998) As vias arteriais têm como funções escoar um número substancial de viagens de longo percurso, alimentar o subsistema viário expresso e as estações de transporte público,

viagens de autos e tráfego local e contem as rotas dos principais serviços de transporte coletivo de passageiros e de transporte de carga. São projetadas para uma velocidade média alta, em torno de 100 km/h, porém com freqüência apresentam velocidades de operação entre 60 e 80 km/h, atendendo à necessidade de acesso às áreas lindeiras. O tráfego nestas vias tem prioridade nos cruzamentos em nível, os quais são geralmente semaforizados. Deve ser proibido o estacionamento nas suas faixas de rolamento, podendo ter áreas especialmente habilitadas para este fim. Em geral, têm dois sentidos de tráfego separados ou não por canteiro central. Entretanto, podem existir vias que operam apenas num sentido de circulação, complementadas no sentido oposto por meio de uma outra via (Baker, 1975; Brasil, 1997; Parra, 2001). 2.2 Vias coletoras De acordo com Baker (1975), Brasil (1997) e Parra (2001), as vias coletoras são usadas para movimentação local de veículos e acesso direto aos lotes lindeiros e atendem mais ou menos na mesma proporção ao tráfego de passagem e ao tráfego local, sendo permitido nas áreas adjacentes o desenvolvimento limitado de comércio e serviços, em função do seu impacto sobre o tráfego de passagem. Nelas, as velocidades de projeto são iguais ou maiores que 80 km/h, mas as velocidades de operação são quase sempre menores (40 60 km/h). Constituem normalmente itinerários de linhas de ônibus e os pontos de parada devem ser projetados de modo a não interferir negativamente no tráfego de passagem. As vias coletoras são aquelas destinadas a coletar e distribuir o trânsito que precisa entrar ou sair das vias expressas ou arteriais, facilitando a circulação dentro das regiões das cidades. Juntamente com as vias arteriais, são adequadas para constituir itinerários de transporte coletivo. 3 CARACTERÍSTICAS DO TRÁFEGO URBANO De acordo com Melo (2004), o trânsito urbano caracteriza-se por ser uma dinâmica contínua entre as vias e o cidadão. O sistema de tráfego é essencial para o desenvolvimento urbano, permitindo o deslocamento das pessoas para a satisfação de suas necessidades e o funcionamento da cidade. O crescimento descontrolado das cidades e a ausência freqüente de estratégias que priorizem o transporte público urbano fizeram com que aumentasse de forma notável a frota de veículos e, portanto, os volumes de tráfego, provocando problemas operacionais que em algumas urbes são extremamente graves, entre eles velocidade muito lenta e grandes congestionamentos. Com a exceção de algumas vias expressas, a velocidade de operação nas vias urbanas, mesmo sob regimes de circulação normais, é relativamente baixa. Uma particularidade importante do tráfego em zonas urbanas é a presença mais ou menos numerosa dos elementos mais vulneráveis do sistema: os pedestres e os ciclistas. A circulação urbana caracteriza-se então por uma interação constante entre estes e os veículos motorizados. As viagens nas cidades são geralmente mais curtas, porém com freqüência os motoristas têm que fazer mais de uma viagem por dia. O nível de informação que os usuários do sistema recebem do ambiente viário por meio da sinalização e de estímulos variados é notável. Também é grande o número de acessos e de interseções com as conseqüentes implicações já tratadas. Outro dos fatores importantes intrínsecos ao tráfego

nas cidades é o estacionamento, tanto o estacionamento na via pública quanto o que é realizado em locais habilitados para este fim (ITE, 1976). Outras questões ligadas ao tráfego de veículos nas cidades são seus impactos sobre o meio ambiente e a grande influência exercida pelo sistema de transporte público sobre o trânsito geral, sobretudo em médias e grandes cidades. 3.1 Particularidades da segurança viária No meio urbano, os acidentes de trânsito são, em geral, menos severos que em rodovias, porém, são mais numerosos. A velocidade de circulação deixa de ser um fator de grande importância quando comparado com o tráfego rodoviário, pois os padrões de velocidade são mais baixos nas avenidas e ruas urbanas. O problema fundamental da segurança viária parece estar ligado à intensa interação entre a via e os usuários, e entre os usuários, ou seja, a uma maior exposição ao risco. Os usuários precisam reagir continuamente aos estímulos externos a que estão submetidos. O nível de alerta dos indivíduos é permanentemente alto e são mantidos sob constante stress. São freqüentes os diferentes tipos de colisões. No que tange ao comportamento dos acidentes segundo a classificação funcional das vias, um estudo realizado por Alves et al. (2005) mostra que nas vias arteriais e coletoras produzem-se 70% do total dos acidentes registrados. Ao considerar as porcentagens médias de veíc*km trafegados apresentados na Tabela 1, pode-se concluir que são precisamente estes tipos de vias os que possuem piores índices de acidentalidade nas cidades e, em conseqüência, condições de segurança mais complexas. Outras pesquisas reportam resultados coincidentes. Monteiro e Ladeira (2005) concluem que, apesar de representarem apenas 6% da malha viária pavimentada urbana de Porto Alegre, as vias arteriais respondem por um terço do total de acidentes. A respeito da severidade, nestas vias acontecem 32% dos acidentes com vítimas, com um elevado envolvimento de pedestres, pois 43% das mortes são causadas por atropelamentos. 4 CARACTERÍSTICAS DA VIA QUE AFETAM A SEGURANÇA A identificação das diferentes características e elementos da infra-estrutura viária, que afetam a segurança dos usuários do tráfego, foi realizada com base nos checklists desenvolvidos por diversas instituições para a aplicação das Auditorias de Segurança Viária (ASV) especificamente a partir do resumo desses checklists realizado por Nodari (2003). Esta autora apresenta dois argumentos para a utilização dos checklists de ASV para identificar as características físicas da via com potencial de afetar a segurança: o fato da ASV ser um procedimento estritamente voltado para as questões relativas à segurança das vias, o qual garante que os elementos relacionados nos checklists têm uma relação certa com a ocorrência de acidentes e, conseqüentemente, com a segurança viária; e que duas décadas de prática e pesquisa de ASV resultaram na elaboração de checklists bastante abrangentes. O resultado da revisão realizada por Nodari (2003) relaciona 299 itens viários que afetam a segurança da circulação, agrupados em 14 critérios e 98 sub-critérios.

4.1 Escolha das características a serem avaliadas A partir das características identificadas, foram escolhidos os elementos das vias arteriais e coletoras urbanas mais importantes para a segurança do tráfego, os quais foram avaliados posteriormente. A seleção dos elementos da infra-estrutura viária a serem avaliados foi realizada a partir da consideração dos aspectos relacionados a seguir: características das vias arteriais e coletoras urbanas; particularidades do tráfego urbano; modelos de previsão de acidentes; Método do Índice de Segurança Potencial (ISP; Nodari, 2003), e particularidades das condições latino-americanas. Os primeiros fatores a levar em conta foram as particularidades do tráfego urbano e das vias arteriais e coletoras urbanas, entre elas o tipo de tráfego que circula por estas vias, as características operacionais, a influência da presença de ciclistas, pedestres e do transporte público e os diferentes estímulos aos quais são submetidos os usuários do sistema por parte do ambiente viário e da cidade em geral. Importante resulta a análise das variáveis envolvidas nos modelos de previsão que relacionam o número de acidentes de trânsito com as características físicas da via, especificamente os modelos desenvolvidos para estimar os acidentes em locais situados em áreas urbanas. Também foi revisada e analisada cuidadosamente a escolha das características incluídas no Método do ISP desenvolvido por Nodari (2003), devido a que essa seleção foi realizada visando alcançar objetivos similares aos do presente estudo e com base na relevância dos elementos escolhidos para a realidade brasileira. Ressalta-se o fato de que esse estudo é direcionado para a avaliação da segurança em rodovias. Além dos critérios anteriores considerou-se também fundamental para esta escolha a influência da característica na segurança e sua importância para as condições presentes nos países em desenvolvimento, especificamente os latino-americanos. Da análise realizada foram escolhidas 46 características da infra-estrutura viária ou parâmetros que mais afetam a segurança da circulação em vias arteriais e coletoras urbanas. Para facilitar sua avaliação e análise, essas 46 características foram agrupadas em 11 categorias relacionadas com aspectos específicos das vias. Na Tabela 2 são mostrados os elementos e categorias selecionados, bem como as fontes consideradas para sua escolha. 5 AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS E CATEGORIAS No caso deste estudo, a avaliação da influência dos diferentes elementos na segurança viária das vias arteriais e coletoras urbanas foi realizada por meio da consolidação da experiência e do conhecimento de especialistas nesta área da engenharia. Assim, se elaborou um questionário com o objetivo de que especialistas na área de Engenharia de Tráfego e Segurança Viária de países em desenvolvimento avaliassem a influência dos elementos dessas vias na segurança. A avaliação pedida no questionário é composta de duas etapas. Numa primeira etapa, os parâmetros ou características são avaliados entre si por categoria e, numa segunda etapa,

avaliam-se as categorias. A estimativa geral dos pesos relativos das características se realiza empregando a técnica de ponderação chamada de classificação ou ordenamento. Tabela 2 Categorias e características viárias escolhidas Categoria Elementos viários considerados Fonte ASV ISP Modelos 1- Rampas compridas ou íngremes x x x 2- Curvas verticais acentuadas x Traçado 3- Curvas horizontais fechadas x x x 4- Superlargura e/ou superelevação x x x 5- Alinhamento horizontal e vertical x x 6- Número e largura de faixas x x x 7- Largura de calçada x Seção 8- Presença de canteiro central x x transversal 9- Tipo e largura do canteiro central x x 10- Altura do meio fio x 11- Estado estrutural x x Pavimento 12- Resistência a derrapagem x x 13- Condições de drenagem x x 14- Presença das marcas no pavimento x x x Sinalização 15- Presença de placas x x x 16- Credibilidade das marcas e placas x x 17- Condições das marcas e placas x x 18- Complexidade do desenho x x Interseções 19- Faixas adicionais e canalizações x x x 20- Visibilidade x x 21- Tipo de controle de tráfego x x 22- Existência de ciclovias ou ciclofaixas x x 23- Condições físicas das ciclovias ou ciclofaixas x x Ciclistas e 24- Condições físicas das calçadas x x pedestres 25- Tipo de travessia x x x 26- Ciclo em travessias com semáforo x x 27- Existência de áreas de proteção x x Dispositivos 28- Presença de tachões x x Complementares 29- Presença de delimitadores x x de Segurança- 30- Presença de barreiras longitudinais x DCS 31- Presença de guias sonoras x Dispositivos 32- Localização e visibilidade do semáforo x de Controle 33- Ciclo do semáforo x de Tráfego-DCT Estacionamento 34- Presença e visibilidade do radar 35- Espaços auxiliares para ônibus e veículos de carga 36- Estacionamento ilegal x x Áreas adjacentes Condições operacionais 37- Layout de pontos de ônibus x x 38- Estacionamento permitido na via x x x 39- Obstáculos laterais x x x 40- Número de painéis de publicidade x 41- Número e condições dos acessos x x x 42- Compatibilidade de veloc. regulamentada e diretriz x x x 43- Comp. de veloc. regulamentada e condições operacionais x x 44- Condições de iluminação x x 45- Condições da vegetação 46- Comp. entre categoria e condições operacionais x O questionário foi especialmente concebido e desenhado para ser enviado e aplicado por Email, embora possa ser aplicado também por meio de entrevista pessoal. Para maior

esclarecimento sobre as características ou parâmetros a avaliar, ao final do questionário apresentava-se um desdobramento de cada um deles, com os aspectos a considerar. 5.1 Avaliação da importância relativa das características Para avaliação, solicita-se, inicialmente, definir a importância relativa da influência de cada característica viária dentro de cada categoria. Para isto, na primeira questão, os especialistas devem avaliar a influência negativa dos parâmetros considerados sobre a segurança viária, atribuindo o maior valor ao que estimar com maior influência dentro da categoria, e valores decrescentes sucessivamente até chegar ao elemento que estimar menos importante, que deve ficar com o valor 1. Assim, o parâmetro de maior influência na categoria recebe o valor correspondente ao número de parâmetros de cada categoria. Após o processamento de todas as respostas, a influência das características P i é obtida somando as notas atribuídas por todos os especialistas, e dividindo este valor pela somatória das somas de todas as características contidas na categoria, empregando a Equação (1). Essa operação é realizada para cada uma das 11 categorias consideradas. P i m I i, k k = 1 = n m i= 1 k = 1 I i, k (1) Onde: P i = peso relativo da característica i dentro da categoria j I i,k = nota atribuída à característica i pelo especialista k I = característica considerada k = número da resposta (especialistas) m = total de respostas n = número de características dentro da categoria j 5.2 Avaliação da importância das categorias Posteriormente, avalia-se a importância da influência das 11 categorias escolhidas sobre a segurança do tráfego, considerando os elementos viários que as compõem, bem como se ponderam os pesos relativos da importância de cada categoria. Assim, na segunda questão do questionário pede-se aos especialistas que avaliem a importância de cada categoria considerada, atribuindo um valor segundo a escala de valores apresentada na Fig. 1. Pouco Muito Classificação importante importante Peso 1 2 3 4 5 Fig. 1 Escala de valores para a avaliação da importância das categorias. Para a determinação da importância relativa de cada categoria, se utiliza um procedimento similar ao empregado anteriormente para calcular os pesos relativos das características. A importância de cada categoria S j é calculada somando as notas atribuídas por cada um dos profissionais entrevistados, e dividindo esse valor pela somatória das somas de todas as categorias, através da Equação (2).

S j m T k = 1 = n m j= 1 k = 1 j, k T j, k (2) Onde: S j = importância relativa da categoria j, T j,k = nota atribuída à categoria j na resposta k j = categoria considerada k = número da resposta m = total de respostas n = número de categorias 6 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO A pesquisa foi direcionada intencionalmente a engenheiros e especialistas em tráfego e segurança viária de países em desenvolvimento, em particular, da América Latina. Assim, foram enviados 55 questionários por Email a especialistas de Brasil, Cuba, México, Colômbia, Chile e Porto Rico. Foram recebidos 26 questionários respondidos, dos quais 23 foram considerados como válidos. A Tabela 3 mostra a distribuição de questionários enviados e respondidos válidos por países. Tabela 3 Questionários enviados e respondidos válidos por países Países Número de questionários Enviados Respondidos Brasil 26 13 Chile 6 2 Colômbia 6 3 Cuba 11 5 México 3 - Porto Rico 3 - Total 55 23 No caso do Brasil, foram entrevistados 8 profissionais e pesquisadores vinculados a universidades do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e do Distrito Federal. Ainda foram recebidas respostas de 5 especialistas vinculados às agências de Trânsito e Transporte das cidades do Rio de Janeiro, Porto Alegre e Juiz de Fora. De Cuba, foram obtidas respostas de especialistas vinculados a centros de pesquisas das cidades de Havana e Santiago de Cuba. No Chile, os profissionais pesquisados são vinculados ao Consejo Nacional de Tránsito (Conaset). Já na Colômbia, os profissionais entrevistados são associados a centros universitários. 6.1 Obtenção dos pesos das características e categorias A partir do processamento da informação obtida com as respostas aos questionários foram obtidos os pesos relativos P i e S j da influência para a segurança do tráfego nas vias arteriais e coletoras urbanas de cada uma das características e categorias levadas em consideração. Os valores, que foram calculados de acordo com o procedimento exposto anteriormante, são mostrados na Tabela 4.

Tabela 4 Pesos relativos das características e categorias Categoria S j Característica P i 1- Rampas compridas ou íngremes 0,159 2- Curvas verticais acentuadas 0,180 Traçado 0,100 3- Curvas horizontais fechadas 0,264 Seção transversal 0,101 Pavimento 0,091 Sinalização 0,101 Interseções 0,103 Ciclistas e pedestres Dispositivos Complementares de Segurança- DCS Dispositivos de Controle de Tráfego-DCT 0,097 0,072 0,095 Estacionamento 0,076 Áreas adjacentes Condições operacionais 0,074 0,090 6.2 Análise da avaliação 4- Superlargura e/ou superelevação 0,206 5- Alinhamento horizontal e vertical 0,191 6- Número e largura de faixas 0,258 7- Largura de calçada 0,203 8- Presença de canteiro central 0,232 9- Tipo e largura do canteiro central 0,191 10- Altura do meio fio 0,116 11- Estado estrutural 0,348 12- Resistência a derrapagem 0,377 13- Condições de drenagem 0,275 14- Presença das marcas no pavimento 0,278 15- Presença de placas 0,283 16- Credibilidade das marcas e placas 0,283 17- Condições técnicas das marcas e placas 0,157 18- Complexidade do desenho 0,330 19- Faixas adicionais e canalizações 0,157 20- Visibilidade 0,291 21- Tipo de controle de tráfego 0,222 22- Existência de ciclovias ou ciclofaixas 0,205 23- Condições físicas das ciclovias ou ciclofaixas 0,097 24- Condições físicas das calçadas 0,141 25- Tipo de travessia 0,232 26- Ciclo em travessias com semáforo 0,164 27- Existência de áreas de proteção 0,161 28- Presença de tachões 0,274 29- Presença de delimitadores 0,317 30- Presença de barreiras longitudinais 0,274 31- Presença de guias sonoras 0,135 32- Localização e visibilidade do semáforo 0,420 33- Ciclo do semáforo 0,391 34- Presença e visibilidade do radar 0,188 35- Espaços auxiliares para ônibus e veículos de carga 0,317 36- Estacionamento ilegal 0,270 37- Layout de pontos de ônibus 0,252 38- Estacionamento permitido na via 0,161 39- Obstáculos laterais 0,377 40- Número de painéis de publicidade 0,188 41- Número e condições dos acessos 0,435 42- Compatibilidade de velocidades regulamentada e diretriz 0,243 43- Compat. de veloc regulamentada e condições operacionais 0,281 44- Condições de iluminação 0,177 45- Condições da vegetação 0,096 46- Compatibilidade entre categoria e condições operacionais 0,203 A partir dos resultados obtidos, podem-se realizar algumas análises sobre os pesos relativos das características e categorias. Dentro da categoria Traçado se destaca por sua importância a característica Curvas horizontais fechadas com 26,4% de peso relativo. Em Seção Transversal resulta notável a diferença entre as duas características de maior e

menor peso relativo: Número e largura de faixas (25,8%) e Altura do meio fio (11,6%). Já dentro dos parâmetros da categoria Pavimento, se destaca a importância da Resistência a derrapagem com 37,7% de peso relativo. Resulta interessante o equilíbrio dado pelos especialistas às características relacionadas com a Sinalização, pela uniformidade dos pesos relativos estimados, à exceção das Condições técnicas das marcas e placas, à qual atribuiu-se menor peso. Em Interseções salientam por sua influência relativa Complexidade do desenho e Visibilidade, com 33% e 29,1%, respectivamente, sendo também maior a homogeneidade das respostas dos especialistas entre si. Os resultados observados em Pedestres e ciclistas confirmam a importância das travessias para pedestres e de um tratamento especial a estas zonas de interação entre veículos e pedestres. Na análise dos DCS é notável o pouco peso da influência atribuída pelos entrevistados à Presença de guias sonoras. Em DCT são amplamente majoritários os pesos relativos dos dois parâmetros relacionados com os sinais (42% para Localização e visibilidade do sinal e 39,1% para Ciclo do sinal ). Espaços auxiliares para ônibus e veículos de carga apresenta o maior peso relativo (31,7%) dentre as características associadas ao estacionamento. Nos resultados obtidos em Áreas adjacentes ressalta a grande relevância dos acessos para a segurança em zonas urbanas, pela importância relativa atribuída nas respostas (43,5%). Já em Condições operacionais, as maiores influências relativas são atribuídas aos parâmetros relacionados com a velocidade de circulação, 28,1% a Compatibilidade entre velocidade regulamentada e condições operacionais e 24,3% a Compatibilidade de velocidades regulamentada e diretriz. No que tange à avaliação das categorias, constatou-se certo equilíbrio entre as importâncias atribuídas a cada uma delas. Não obstante, da análise dos resultados pode-se concluir que as características das vias arteriais e coletoras urbanas que maiores efeitos exercem sobre a segurança estão relacionadas às interseções, à sinalização e à seção transversal, com 10,3%, 10,1% e 10,1% de importância relativa, respectivamente. Já as categorias que foram avaliadas como menos importantes são Dispositivos Complementares de Segurança, com 7,2%, e Áreas adjacentes, com 7,4%. 6.3 Características viárias mais importantes para a segurança A partir da análise integral dos pesos relativos atribuídos pelos especialistas aos diferentes parâmetros e categorias, corrobora-se que as características da infra-estrutura das vias arteriais e coletoras urbanas que maior influência exercem sobre a segurança da circulação estão associadas às curvas horizontais fechadas, número e largura de faixas, presença do canteiro central, resistência do pavimento à derrapagem, presença das marcas no pavimento, presença das placas de sinalização, credibilidade das marcas e placas, complexidade do desenho e visibilidade nas interseções. Também ressaltam por seu efeito sobre a segurança viária o tipo de travessia para pedestres, a localização e visibilidade, bem como o ciclo do sinal, os espaços auxiliares para ônibus e veículos de carga, o número e as condições dos acessos e a compatibilidade da velocidade regulamentada e as condições operacionais da via. 7. TRATAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS MAIS IMPORTANTES As medidas mitigadoras de acidentes do trânsito são atuações destinadas a melhorar situações perigosas ou potencialmente conflituosas para a circulação viária, reduzindo os

acidentes e a sua severidade ou eliminando aquelas circunstâncias que poderiam ocasionálos (Llamas e Domínguez, 2004). A escolha e a implantação das intervenções constitui uma das etapas essenciais dentro do processo de Gerenciamento da Segurança Viária. Dois aspectos importantes ligados às atuações para reduzir as ocorrências são a efetividade das mesmas para a correção do problema de segurança identificado e sua eficiência econômica. Normalmente, as medidas para melhorar as condições de segurança das vias são custosas, o que constitui com freqüência o maior obstáculo para o tratamento da infraestrutura viária em muitos países, especificamente nas áreas urbanas. A questão da otimização dos recursos é fundamental, dadas as limitações orçamentárias presentes nos diferentes níveis de governo ou nas agências encarregadas da administração das vias. As medidas mitigadoras num determinado local são quase sempre ligadas à correção de um problema de segurança específico. Portanto, normalmente podem ser associadas à diminuição de um tipo específico de acidente e às causas que com maior freqüência o provocam. Tem-se desenvolvido um grande número de medidas para atacar os diferentes problemas de segurança que possam apresentar os elementos da via. A Tabela 5 pode ser usada como um guia para escolha de atuações destinadas ao tratamento das características mais importantes, observadas no resultado da pesquisa, para a segurança em vias arteriais e coletoras urbanas, priorizando nas medidas racionais e de baixo custo. Tabela 5 Medidas para o tratamento das características viárias mais importantes Característica Medidas mitigadoras 3- Curvas horizontais fechadas - Redução de limite de velocidade - Instalação de marcadores de alinhamento reflexivos 6- Número e largura de faixas - Redução de veloc. e implantação de marcas no pavimento - Restrição à circulação de veículos pesados 8- Presença de canteiro central - Implantação do canteiro central 12- Resistência a derrapagem do pavimento - Instalação de placas de advertência e redução de velocidade - Implantação de groove pavement ou pavimento vincado 14- Presença das marcas no pavimento - Implantação das marcas no pavimento requeridas 15- Presença de placas - Implantação das placas de sinalização requeridas 16- Credibilidade das marcas e placas - Reinstalação das marcas no pavimento e das placas 18- Complexidade do desenho da interseção - Reorganização da operação do trânsito, proibição de giros - Instalação de sinal e redução de velocidade em acessos 20- Visibilidade na interseção - Redução de limite de velocidade nos acessos - Remoção de obstáculos e de vegetação 25- Tipo de travessia de pedestres - Realocação das travessias para pedestres - Implantação de travessias com ou sem semáforos 32- Localização e visibilidade do semáforo - Realocação ou instalação de semáforos adicionais - Redução da velocidade e colocação de placas de advertência 33- Ciclo do semáforo - Mudanças no ciclo do sinal e ajuste na fase de luz amarela - Sincronização e implantação de amarelo piscante 35- Espaços auxiliares para ônibus e veículos de carga - Realocação dos pontos de ônibus - Proibição de estacionamento 41- Número e condições dos acessos - Eliminação de acessos e redução do limite de velocidade - Reorganização da operação do tráfego nos acessos 43- Compat. de veloc. regulamentada e condições operacionais - Mudança da categoria funcional da via - Redução da velocidade de circulação 8. CONCLUSÕES Com base na consideração detalhada de vários aspectos, foram escolhidas as características físicas e operacionais das vias arteriais e coletoras urbanas que maior influência exercem

sobre a segurança dos usuários do tráfego. Essas características foram avaliadas a partir de uma pesquisa realizada junto a especialistas de tráfego e segurança viária latinoamericanos, resultando como mais importantes elementos ligados à seção transversal da via, a sinalização, as interseções, os Dispositivos de Controle de Tráfego e os pedestres. A identificação dessas características permite concentrar e direcionar os limitados recursos disponíveis para a melhoria da segurança viária em muitas cidades, visando um tratamento mais efetivo e uma diminuição do número e da severidade dos acidentes relacionados com as condições de segurança oferecidas pela infra-estrutura viária. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alves E., Goldner L. e Andrade D. (2005) Análise da distribuição dos tipos de acidentes de trânsito em função da classe funcional das vias urbanas: O caso da área central de Florianópolis, 15 0 Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, (CD), Goiânia. Baker R. (1975) Handbook of highway engineering, Van Nostrand Reinhold Company, EUA. Brasil. (1997) Ley no 9503 de 23 de setembro de 1997, Código de Trânsito Brasileiro, Brasília, Disponível: https://www.presidencia.gov.br/ [capturado em jun. 2005]. ITE. Institute of Transportation Engineers. (1992) Traffic Engineering Handbook, 4 ta Edição, Editora James L. Pline, Englewood Cliffs, Nova Jersey. Khisty C. e Lall K (1998) Transportation Engineering. An introduction. Prentice-Hall, Inc. Nova Jersey. Llamas R. e Domínguez A. (2004) Análisis de la Eficacia y Rentabilidad de Actuaciones de Seguridad Vial en la Red de Carreteras Estatal en España, VI Congreso de Ingeniería del Transporte, Anais, v 4, p 1867 1874, Zaragosa. Melo B. (2004) Indicadores de ocupação urbana sob o ponto de vista da infraestrutura viária, Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transportes). Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro. Monteiro C. e Ladeira M. (2005) Porto Alegre Avaliação do Sistema Viário Principal: Segurança viária, mobilidade e acessibilidade, 15 0 Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, Anais eletrônicos (CD). Goiânia. Nodari C. (2003) Método de avaliação da segurança potencial de segmentos rodoviários rurais de pista simples, Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Parra Z. (2001) Transporte coletivo público urbano: seleção de alternativas tecnológicas, Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transportes), Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro. PEO. Professional Engineers Ontario (2005) Report of the Highway 407 Safety Review Committee, Disponível: http://www.peo.on.ca [capturado em abr. 2005]