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Roteiro Fundo de palco, 4 pallets dispostos. Atrás deles, personagens das obras literárias a serem mencionadas. Também ao fundo, num telão, está projetado um painel com imagens da guerra. Esse painel tem imagens de pessoas presas no campo de concentração, de judeus varrendo ruas, de pessoas mortas, e também de rostos de pessoas que sobreviveram como Edith Schwalb, Lea Mamber e outros sobreviventes. Em um dos lados do palco, sentada no chão, está uma outra Anne Frank. Esta permanecerá sentada, escrevendo. Ela representará os momentos de registro do seu diário. Escreve com breves pausas, olhando ora para o alto, ora para o público, com olhar triste e pensativo. Do outro lado, um espaço com arame, no qual há alguns prisioneiros judeus. Ele é rústico, feito com colunas de madeira (duas ou três) e com arame, para representar um campo de concentração. Ao centro, ao fundo, sobre um outro pallet, mais alto que os demais, Hitler apenas olha as ações se desenrolarem. Sorri diante das ações mostradas no palco, demonstrando satisfação. A performance será iniciada com os comentários do apresentador. A luz escurece. Luz sobre Anne Frank. Ela desloca-se pelo palco enquanto fala os seus registros, fala da guerra, do que vê. Em paralelo, luz sobre a Anne Frank que está sentada, escrevendo. À medida que ela relata os fatos, no telão Gif de alguém escrevendo. Música de fundo: Yan Thiersen. Anne Frank sai de cena. Luz sobre o pallet com Bruno e Shmuel, que está no centro do palco. No telão, imagem que lembra o pijama dos judeus. Ambos descem do pallet. Luz sobre eles. Bruno faz seu relato. Enquanto o relato ocorre, ao lado, no campo de concentração, começa a aparecer um sinal de fumaça. Bruno e Shmuel abraçam-se. Ambos vão em busca do pai no campo de concentração. A fumaça aumenta. A luz apaga. 3 segundos no escuro. Luz se acende. Todos estão caídos no chão. Luz no palco. Telão sem imagens. Entram em cena alguns soldados conduzindo três crianças e um casal, os pais delas. Diante dos pais, as crianças são fuziladas. Pais olham e se desesperam. Tentam tocar os filhos, mas são levados pelos soldados. Luz apaga no tempo necessário para a saída das crianças. Luz sobre o pallet com Edith. Edith começa o seu relato. No telão, aparece uma imagem de judeus presos. Movimenta-se pelo palco falando dos horrores da guerra. Edith demonstra grande tristeza, mas mostra-se agradecida por ter sobrevivido e, assim, poder reconstruir sua vida formando nova família. Em cena, em paralelo, uma Edith mais velha sorri com duas crianças, que brincam com ela de roda, mexem em seus cabelos, abraçam-na. Saem de cena estes primeiramente; Edith volta para o pallet. Enquanto Edith sai de cena, Liesel vem para o centro do palco. Ela relata o seu desespero por ver quantos são mortos, quantos sofrem perdas e quantas obras literárias são queimadas. Demonstra a sua indignação diante desse fato. Considera a sua dificuldade e a de tantos outros que não têm

acesso e não terão à cultura devido à ação de Hitler. Enquanto faz seu relato, no telão há uma cena do filme Caçadores de obras-primas mostrando o empenho para salvar obras de arte. Liesel termina de falar e volta para o pallet. Nesse momento, alguns soldados representando aliados entram e Hitler foge. Os soldados correm atrás. Todos saem para trás dos pallets. Palco escurece. Música começa a ser tocada ao vivo. Todos entram no palco e irão segurar uma faixa branca para representar a paz. Curvam-se em agradecimento e se retiram. Figurino Anne, Edith e Liesel com roupas semelhantes às que aparecem nos livros. Bruno: Camisa de manga comprida, bermuda ou calça com suspensório, meia ¾ - se estiver de bermuda e sapato. Shmuel: pijama listrado. Anne menina: saia, camisa, meia ¾ e sapato. Edith avó: vestido, casaquinho e sapatilha. Soldados: calça escura ou cáqui, coturno ou sapato preto, sobretudo. Judeus: calça escura, sapato e sobretudo, no qual serão colocadas as estrelas. Crianças judias: Meninas: com vestido e meias ¾, sapatos e casacão; Meninos: camisa de manga comprida, bermuda ou calça com suspensório, meia ¾ - se estiver de bermuda, sapato e casacão.

Olá. Meu nome é Annelis Marie Frank, mais conhecida como Anne Frank. Fui uma entre um milhão de crianças judias que foram assassinadas durante o holocausto na Alemanha. Para não serem presos, os judeus escondiam-se como podiam. Tentavam salvar suas vidas. Sei de muitos que se esconderam até em matas. Eu e minha família nos escondemos em um apartamento onde, posteriormente, outros quatro judeus holandeses vieram a ficar. Por dois anos vivemos em um sótão de um prédio que ficava atrás do escritório de nossa família. Os amigos de meu pai ajudaram nossa família contrabandeando roupas e alimentos, mesmo sabendo que corriam sérios riscos de serem pegos. Em agosto de 1944, a polícia secreta alemã descobriu nosso esconderijo, após receber uma denúncia anônima. Após um mês, fomos transportados em um trem de carga para um conjunto de campos de concentração na Polônia, ocupada pela Alemanha. Meu único alento era o meu diário. Fora ele, só existia apreensão, medo, dor por estar separada de quem eu amava e tristeza por perder a minha inocência. O que aconteceu com minha família? Meus pais foram selecionados para o trabalho escravo pelas autoridades da SS. Eu e minha irmã fomos colocadas para trabalhar como escravas, devido à nossa juventude e capacidade de serviço. Minha mãe morreu de... em Auschwitz. Eu e minha irmã morremos de tifo, em março de 1945, poucas semanas antes de as tropas inglesas liberarem Bergen-Belsen, no dia 15 de abril de 1945. De minha família só meu pai sobreviveu. (DETALHAR MAIS.)

Imagine ter sido separada dos pais e outros membros da família e ter mudado de casa tantas vezes a ponto de não saber mais o que é um lar. Imagine que exércitos estejam tentando encontrar você. Imagine ter de esconder sua identidade e sua fé. Para onde ir? Em que confiar? Foi assim que eu, Edith Schwalb, vivi. Fui uma garota judia na época das invasões nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, e tive de me esconder. E quem podia me ajudar? Shatta e Bouli Simon, um casal de franceses que resolveu arriscar a vida para proteger crianças judias em sua escola, que ensinava escotismo. Sarah Kupfer foi uma dessas crianças, assim como eu, minha irmã e meu irmão. Sarah também se escondia e me ofereceu a sua amizade e carinho durante a época mais difícil da minha vida. Não foi nada fácil. A tristeza e a indignação eram grandes. Sabia que muitos morriam, que muitas outras famílias, como a minha, foram separadas. Eu tive sorte. Vivi em Moissac, na França, na época do nazismo, mas só sobrevivi porque toda a população dessa cidade resolveu arriscar sua própria vida escondendo centenas de crianças judias como eu. Não fosse por eles, não teria conhecido meus netos.

BRUNO Olá. Meu nome é Bruno. Tenho 8 anos. Meu pai era um soldado nazista. Ele foi promovido e nós tivemos que nos mudar. Minha mãe nada falava. Só sei que minha avó não gostou da mudança de meu pai. Mudamos para perto de um lugar chamado Auschwitz. Eu sempre achei difícil falar esse nome, então eu dizia Alta Vista. Não havia ninguém com quem brincar, e eu sempre achava ruim o cheiro que havia no ar daquele lugar. Eu me sentia preso. Então, um dia eu fui desbravar o lugar. Acabei chegando a um cercado de arame. Lá, conheci o Shmuel, um menino de pijama listrado. SHMUEL Olá! Eu sou Shmuel. Tenho 8 anos também. Fui levado para esse lugar cercado de arame. Lá havia muita gente, e eu acabei me perdendo de meu pai. Quando me entristecia com isso, me sentava perto desse arame, até que conheci o Bruno. Ficamos amigos. Juntamos as nossas inocências e ele, como bom amigo, foi me ajudar a procurar o meu pai. (Ambos dão as mãos e, alegres, vão para o campo de concentração.)

Boa noite. Meu nome é Liesel Meminger. Minha família foi perseguida pelo nazismo. Para que eu e meu irmão sobrevivêssemos, minha mãe nos levou para um casal de alemães que moravam numa cidadezinha de subúrbio na Alemanha. Mas, no caminho, meu irmão morreu. No seu enterro, o coveiro deixou o seu Manual do coveiro cair, e eu o peguei. Não sabia ler, mas sempre desejei ter a habilidade de leitura. Um dia, mostrei a meu pai o livro roubado e contei-lhe o meu desejo de saber ler. Então meu pai começou a me ensinar. Eu achava mágico conhecer as coisas pela leitura. Por essa razão, corri risco, mas roubei livros de uma fogueira feita pelos nazistas, em praça pública. Como disse Max, o judeu que minha família adotiva abrigou, A memória é a escriba da alma. Por isso eu não compreendia o desejo de queimar livros. Por isso eu os roubava. Queimar livros e tantas outras obras de arte? Como se já não bastassem todas as pessoas mortas, o horror da Guerra, ainda éramos impedidos de nos resgatar pela cultura? Pois é. E foi graças às palavras ditas por Max que, por meio da leitura, da cultura, resgatei minha memória conseguindo sobreviver à guerra e à dor da perda de pessoas tão importantes na minha vida.