Corte de 20 milhões na nova sede da PJ Orçamento. Obras previstas na Gomes Freire vão ser restringidas, assim como na nova prisão de Angra do Heroísmo Diário de Noticias, 07-02-2012 Os 91 milhões de euros, mais IVA, para a nova sede da Polícia Judiciária (PJ) vão sofrer um corte de quase 20 milhões de euros, ou seja, uma redução superior a 20% relativamente ao orçamento inicial. Também a construção do novo estabelecimento prisional de Angra do Heroísmo, nos Açores, terá cortes no custo das obras em curso. O diretor nacional da Judiciária, Almeida Rodrigues, está conformado e garantiu ao DN que as alterações orçamentais não vão pôr em causa a operacionalidade da investigação criminal. O corte já admitido pelo Ministério da Justiça insere-se na política de contenção que passa também pela renegociação de todos os contratos de arrendamento. É imperioso para a PJ a construção da nova sede, mas também não vivo num mundo irreal. Temos de ter como pano de fundo todo o panorama socioeconómico que o País atravessa, e nós colaboramos nesse sacrifício sem colocar em perigo nem a operacionalidade nem o futuro da instituição, frisou Almeida Rodrigues. De qualquer modo, ao que o DN apurou, a construção nova de 80 mil metros quadrados que já se vê a ser erguida no local onde antes se via o edifício da Faculdade de Veterinária, na Rua Gomes Freire, será a menos afetada. O projeto vai continuar, tal como o previsto, que inclui, 1
designadamente, uma carreira de tiro subterrânea e um remodelado Laboratório de Polícia Científica (LPC). É, aliás, o LPC que mais sentirá a diferença, pois terá uma área cinco vezes superior à atual. Deverá nascer aí também um heliporto que permitirá a aterragem de helicópteros pesados. Assim, a redução orçamental irá afetar, sobretudo, a remodelação do velho edifício, inaugurado em setembro de 1958 e construído com mão de obra prisional. Segundo o projeto inicial, a remodelação seria adaptada às obras surgidas de raiz, o que iria requalificar todo aquele quarteirão. Mas essa requalificação terá de ficar para mais tarde. Muito dinheiro enterrado A saga da nova sede da PJ já tem pelo menos dez anos. O projeto, à época, previa a construção de um novo edifício em Caxias, no concelho de Oeiras. As obras iniciaram-se em fevereiro de 2004, mas foram embargadas quatro meses depois por ordem do Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra, que deu razão aos autores de uma providência cautelar em que se invocava a violação do Plano Diretor Municipal de Oeiras, os impactes ambientais significativos e as consequências negativas no sistema de acessibilidades e no saneamento básico da freguesia. A empresa construtora exigiu uma indemnização por denúncia do contrato e ficou com o terreno avaliado em cerca de 20 milhões de euros. Entretanto, relativamente às obras no novo estabelecimento de Angra do Heroísmo, orçamentadas em cerca de 17 milhões de euros, a poupança vai afetar, sobretudo, o conforto. As celas 2
individuais vão diminuir, optando-se antes por celas que albergam vários reclusos. CONTENÇÃO RENDAS Edifícios libertados A construção da nova sede da Polícia Judiciária vai permitir concentrar todos os serviços num só local. Assim, vão ser libertados vários edifícios, alguns deles já vendidos à Estamo e depois arrendados, nomeadamente: na Rua Duque de Loulé (combate à droga); na Avenida Alexandre Herculano (crime económico); na Avenida José Malhoa (combate ao banditismo); na Rua Luciano Cordeiro (informação financeira); na Rua Gomes Freire (cooperação internacional) e no Largo Andaluz (recursos humanos). BOA HORA Compra do Imóvel O Ministério da Justiça (MJ) vai pagar à Câmara de Lisboa 6,15 milhões de euros pelo edifício do Tribunal da Boa Hora, sob a alçada da autarquia desde a extinção da Sociedade Frente Tejo. A intenção é transferir para ali o Centro de Estudos Judiciários (CEJ). RESCISÃO 52 contratos denunciados 3
Em 2011, o Ministério da Justiça iniciou um processo de denúncia e de rescisão de arrendamentos que já permitiu abranger até ao momento 52 contratos, com uma poupança de cinco milhões de euros. No total, estavam arrendados 440 edifícios, o que totalizava 44 milhões por mês. RENEGOCIAÇÃO Poupança nos custos O ministério procedeu também à renegociação de rendas de vários edifícios cuja poupança já atingiu um milhão de euros. PRISÕES Construção A prisão de Angra do Heroísmo é a única que vai ser construída de raiz. Varas criminais de Lisboa no Palácio da Justiça As Varas Criminais de Lisboa, atualmente instaladas no Campus de Justiça, no Parque das Nações, deverão ser transferidas para o velho Palácio da Justiça, bem no centro da cidade, indo ocupar o edifício onde antes funcionou o tribunal de polícia. A possibilidade foi ontem admitida pela ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, no fórum da TSF. Trata-se de uma medida que tem o apoio dos magistrados. Encaro isso com boa expectativa, disse à Lusa António Martins, presidente da Associação Sindical dos Juizes Portugueses (ASJP). Isso vai ao encontro do que a ASJP sempre disse sobre o assunto, ou seja, que o atual edifício que acolhe as Varas Criminais não era o espaço 4
adequado para a instalação daquele tribunal que julga os processos crimes mais graves e complexos, acrescentou o magistrado. Também o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) mostrou-se favorável à hipótese avançada pela ministra. Percebe-se o projeto de mudança das Varas Criminais no contexto de racionalização dos custos, disse João Palma, presidente do SMMP, observando que acresce o facto de as atuais instalações no Campus de Justiça terem salas pequenas e não disporem de condições de segurança adequadas às funções daquele tribunal. Além disso, acentuou, em termos da própria simbologia da Justiça, o espaço no Parque das Nações não se compara ao Palácio da Justiça, construído de raiz para funcionar como um tribunal. 5