Número: 1001218-41.2015.4.01.3400



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Transcrição:

Justiça Federal da 1ª Região PJe - Processo Judicial Eletrônico Consulta Processual Número: 1001218-41.2015.4.01.3400 12/03/2015 Classe: MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO Tipo Partes Nome ADVOGADO IMPETRANTE FRANCISCO CARLOS ROSAS GIARDINA FEDERACAO INTERESTADUAL DAS ESCOLAS PARTICULARES FIEP Id. Data da Assinatura Documento Documentos 54358 12/03/2015 13:44 Decisão Decisão Tipo

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL 7ª Vara Cível da SJDF PROCESSO: 1001218-41.2015.4.01.3400 CLASSE: MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (119) IMPETRANTE: FEDERACAO INTERESTADUAL DAS ESCOLAS PARTICULARES FIEP IMPETRADO: DIRETOR DA DIRETORIA DA TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO - DTI/MEC DO FNDE, SECRETÁRIO DA SECRETARIA DE REGULAÇÃO E SUPERVISÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR DO MEC SESU/MEC, FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FNDE DECISÃO Trata-se de mandado de segurança objetivando o deferimento de liminar para: (...) b.1) restabelecer a regularidade operacional do SisFIES, expurgando-se a trava sistêmica e permitindo as inclusões dos valores totais dos encargos educacionais praticados na forma da lei e a sequencial conclusão das renovações e aditamentos, sem glosas e expurgos, considerando a integralidade dos valores dos encargos educacionais praticados à coletividade, contratados e financiados, nos termos da lei e da regulamentação, sob pena de multa diária; b.2) rerratificar os aditamentos já ocorridos em meio ao acatamento da trava ilegal para que possam eles ser adequados no sistema ao regime anterior e ora assegurado pela presente liminar; b.3) absterem-se de impor limites e efetuar expurgos ou glosas, parciais ou integrais, que afetem, direta ou indiretamente, através de travas sistêmicas ou de qualquer outro expediente administrativo, o valor dos encargos educacionais financiados e devidos às IES, além de se absterem de impor penalidades, desenquadramentos, suspensão e atrasos de repasses em conexão com os fatos desta lide; e b.4) manterem o SisFIES em operação regular, garantindo-se a celebração eletrônica das renovações e aditivos contratuais à luz do direito adquirido e do ato jurídico perfeito. (...) (fl. 31). Informa a ocorrência de indisponibilidade e travamento do portal www.sisfiesaluno.mec.gov.br ( SISFIES ), sistema que gerencia o Financiamento Estudantil pelo FIES, que vem impossibilitando a conclusão, pelas Instituições de Ensino Superior ( IES ), na parte que lhes compete, dos milhares de aditamentos semestrais obrigatórios à renovação das matrículas dos estudantes financiados, relativas ao primeiro semestre do ano de 2015 (fl. 4). Informações do Presidente do FNDE às fls. 338/347. É o relatório. DECIDO. Correção do polo passivo Primeiramente, recebo a petição de fls. 274/275 como emenda à inicial e determino a alteração do polo passivo da lide para adicionar o Diretor da Diretoria de Gestão de Fundos e Benefícios DIGEF do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE. Num. 54358 - Pág. 1

Da liminar e do periculum in mora. A concessão da liminar em mandado de segurança pressupõe a presença concomitante do fumus boni iuris A impetrante descreve o seguinte quadro: Em dezembro de 2014, alterações radicais no FIES foram implementadas pelo MEC através da edição das novas (e altamente questionáveis) Portarias Normativas nºs 21 e 23. Abstraindo a ilegalidade de alguns de seus artigos, é fato que tais atos afetaram demasiadamente todos os agentes envolvidos com o Programa. 36. Brevemente, a dano dos estudantes: o MEC passou a deles exigir, subitamente, dois novos requisitos de elegibilidade ao FIES, que é a obtenção de pontuação mínima de 450 pontos no Enem e a obtenção de nota superior a zero na redação do exame. Em detrimento das IES, diferiu-se o cronograma de recompra dos títulos pelo FNDE, alterando substancialmente as condições de adesão e a periodicidade dos repasses dos encargos educacionais relativos a contratos vigentes, inclusive. 37. O SisFIES foi retirado do ar no dia 1º de janeiro de 2015, permanecendo absolutamente indisponível, sem previsão de retorno, aproximadamente até 28 de janeiro, o que impossibilitou novas solicitações de ingresso no FIES e a conclusão dos competentes aditamentos semestrais dos financiamentos em curso. Tal inoperância sistêmica, frise-se bem, deveu-se exclusivamente ao gestor e operador do FIES e do SisFIES, como divulgado amplamente na mídia. (...) Inobstante a propagada abertura do sistema para aditamentos dos contratos em andamento, é fato que o sistema vem gerando a seguinte mensagem de erro, que, na prática, vem impedindo que as IES concluam, no que lhes compete, o procedimento de renovação das matrículas iniciado pelos alunos: E0314. O ADITAMENTO SOLICITADO NÃO ATENDE AOS PARÂMETROS ESTABELECIDOS NO SISFIES. (...). (...) diversas IES registraram junto ao operador o inusitado travamento sistêmico que vem obstando a convalidação dos valores exatos dos encargos educacionais do primeiro semestre de 2015 a serem refinanciados (doc. 6). 44. De todos os registros encaminhados pelas IES, inicialmente, apenas um fora respondido, por e-mail, em 4 de fevereiro de 2015, dando conta, suscintamente, que o travamento não é circunstancial: o sistema está sendo operado pelos Impetrados em ordem a limitar em até 4,5% (sobre o valor do último aditamento) os reajustes e variações anuais dos encargos educacionais praticados pelas IES, que foram publicamente divulgados em novembro de 2014 (!). Daí que a conclusão dos aditamentos vem sendo criticada com o erro operacional apontado sob o código E0314. 45. Consoante orientação da Coordenação de Concessão e Controle do FIES CGFIN e da Diretoria de Gestão de Fundos e Benefícios DIGEF do FNDE, a única Num. 54358 - Pág. 2

alternativa disponível às IES para a conclusão dos aditamentos solicitados pelos alunos é alterar a semestralidade de forma que o reajuste não ultrapasse 4,5% em relação ao último semestre de renovação contratado. (doc. 7). 46. Pouco tempo depois, os Impetrados enviaram novo e-mail, datado de 19 de fevereiro de 2015, agora informando que os bloqueios seriam feitos nos casos em que os aditamentos representassem variação superior a 6,41% entre o valor do financiamento do semestre atual informado pela CPSA no campo Valor da semestralidade COM desconto (grade regular), em relação ao valor do financiamento do semestre anterior ( doc. 8) 47. Ou seja, sem qualquer justificativa legal, base técnica ou mesmo aviso prévio, o teto de reajuste, antes arbitrariamente fixado em 4,5%, foi alterado para 6,41%, de modo que qualquer tentativa de aditamento em percentual superior a este é automática e peremptoriamente rejeitada pelo sistema, sem qualquer exame meritório. (...) (...) 85. Repare-se que os valores dos encargos educacionais praticados e dos repasses devidos foram divulgados em novembro de 2014, aproximadamente, e as IES nunca foram questionadas e demandadas a esclarecer dúvidas a esse respeito, desconhecendo o motivo pelo qual estão sendo instadas a abrir mão de parcela tão relevante de sua receita. (grifos no original) (fls. 14/27). Em suas informações, o Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE asseverou, em suma, que ao MEC foi atribuído poder para dispor sobre as regras de seleção de estudantes a serem financiados pelo FIES (inciso I, 1º, do art. 3º, da Lei nº 10.260/2001, e que no âmbito da competência atribuída por força da Lei nº 10.260, de 2001, o MEC editou, dentre outros comandos legais relacionados ao FIES, a Portaria Normativa MEC nº 1, de 22 de janeiro de 2010, que atribuiu ao agente operador do Fundo a prerrogativa de estabelecer, diretamente no SisFIES, parâmetros relacionados a valores máximos e mínimos para financiamento ao estudante, inclusive nos aditamentos de renovação semestral, sempre com vistas a preservar o cumprimento das leis orçamentárias pertinentes. De fato, há autorização para que o MEC regulamente os patamares máximos e mínimos dos reajustes praticados pelas Instituições de Ensino Superior IES a cada aditivo contratual, por disposição do inciso I do 1º do art. 3º da Lei nº 10.260/2001 e da Portaria Normativa MEC nº 1, de 22 de janeiro de 2010. Em consequência, deve o FNDE, na condição de operador do FIES, definir as regras de travamento do sistema para que ele cumpra as normas que regem o próprio FIES. Entretanto, a definição de tais patamares deve ser realizada com antecedência razoável, que permita às IES realizarem programação de aumento dos encargos educacionais e repasse para as semestralidades. Ocorre que, no presente caso, as impetrantes divulgaram os novos encargos educacionais e respectivos repasses em novembro de 2014, mas alterações no sistema pelas impetradas somente se deram em janeiro de 2015, após o início do período de aditamento dos contratos pelos estudantes. Tal comportamento, possivelmente, gerou prejuízos aos impetrantes, na medida em que, tendo a Administração se mantido inerte quando da divulgação dos novos valores das semestralidades, concluíram pela aquiescência com tais valores e realizaram projetos e investimentos em consonância com esses novos valores. Num. 54358 - Pág. 3

Portanto, não pode a Administração limitar os valores em questão quando já iniciado o processo de aditamento dos contratos, sob pena de ferir o princípio da razoabilidade. Em abono a essa tese, transcrevo trecho de decisão proferida por Magistrada da 1ª Vara Federal do Estado de Sergipe, Telma Maria Santos Machado, no processo nº 0800371-38.2015.4.01.3400: (...) Ora, não se pode olvidar que toda a sistemática de reajuste das mensalidade escolares a ser seguida pelas instituições de ensino, por imposição legal (Lei n. 9.870/99), deve se iniciar com determinada antecedência em relação ao período de matrículas, possibilitando aos alunos e pais ciência prévia dos valores a serem contratados, e deverá ser mantida pelo prazo mínimo de um ano, de forma que não se mostra razoável, nem cabível, quando já ultrapassada essa fase, impor unilateralmente às IES uma limitação do valor do reajuste, que poderá comprometer toda a programação financeira estabelecida para o período letivo.ressaltese que não se está afirmando que o operador do FIES não possa estabelecer limites para o reajuste dos contratos com as Instituições de ensino, mas, ao fazê-lo, deverá proceder de modo claro, com a devida publicidade de suas regras, de forma que a instituições de ensino possam, quando do cálculo dos valores das mensalidades para o período letivo seguinte, definir os respectivos reajustes com plena ciência das mesmas e, inclusive, de que poderão ter o aditamento de seus contratos recusado em caso de sua não observância.no caso dos autos, contudo, o que se observa é que depois de já definidos os reajustes para as mensalidades referentes ao ano de 2015, nos termos em que disciplina a legislação de regência, e mesmo depois de já ter conseguido efetivar o aditamento dos seus contratos junto ao sisfies, a parte autora foi surpreendida com o cancelamento do aditamento em questão e a informação de que os contratos reajustados em mais de 6,4% não seriam aditados pelo FIES. (...) Ante o exposto, DEFIRO A LIMINAR para determinar que as renovações e aditivos aos contratos de financiamento do FIES sejam aceitos independentemente dos limites mínimos de 4,5% e máximos de 6,41% entre o valor do financiamento do semestre atual informado pela CPSA em relação ao valor do financiamento do semestre anterior, devendo o FNDE providenciar o regular funcionamento do sistema sem as travas de valores mínimos e máximos. Intime-se a impetrada para cumprimento da medida liminar. Publique-se. Notifiquem-se as autoridades impetradas, exceto o Presidente do FNDE, que já prestou informações. Cientifiquem-se os órgãos de representação das pessoas jurídicas interessadas (art. 7, I e II, da Lei n 12.016/2009). Após, ao MPF. Brasília-DF, 9 de março de 2015. LUCIANA RAQUEL TOLENTINO DE MOURA Juíza Federal Substituta da 7ª Vara/DF Documento assinado eletronicamente Num. 54358 - Pág. 4

Num. 54358 - Pág. 5