Orientações sobre o Aleitamento Materno Inseridas na Prática do Cuidado Pré-Natal no Brasil



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Transcrição:

Orientações sobre o Aleitamento Materno Inseridas na Prática do Cuidado Pré-Natal no Brasil Ana Carolina Sartorato Beleza 1 ; Ana Márcia Spanó Nakano 2; Cristine Homsi Jorge Ferreira 3 ; Ana Carolina Rodarti Pitangui 4 1 Universidade de São Paulo, UNIP e Faculdades Integradas Fafibe, acbeleza@terra.com.br 2 Universidade de São Paulo, nakano@eerp.usp.br 3 Universidade de Ribeirão Preto, crishjferreira@yahoo.com.br 4 Universidade de São Paulo, carolinapitangui@yahoo.com.br Abstract. The aim of this study was to realize a revision of scientific literature about the orientation about the breast feeding inserted in the prenatal care. A bibliographical research was made in the Database of American Latin Literature in Sciences of the Health between the years 1992 up to 2002 on articles of national origin about this subject. It was possible to observe that scientific literature is scarce. It had been found 6 studies only. On the other hand, it was identified diverse areas involved with the knowledge about the breast feeding in the prenatal care, such as nursing, nutrition and pediatrics. The prenatal care is an important moment to guide the women breast feeding, besides being possible the formation of pregnant woman s groups and room of wait, that will be able to constitute an alternative to have a good contact with these women. Keywords: breast feed; prenatal care; research. Resumo. Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão da literatura científica sobre as orientações sobre o aleitamento materno inseridas no cuidado pré-natal. Para tanto se realizou um levantamento bibliográficos entre os anos de 1992 a 2002 na Base de Dados de Literatura Latino Americana em Ciências da Saúde sobre artigos de procedência nacional sobre tal tema. Foi possível observar que a literatura científica é escassa, apenas 6 estudos foram encontrados. Por outro lado, identificaram-se diversas áreas do conhecimento envolvidas com as questões do aleitamento materno no cuidado pré-natal, tais como enfermagem, nutrição e pediatria. O cuidado pré-natal é um momento importante para orientar as mulheres sobre aleitamento materno, além de ser possível a formação de grupos de gestante ou de sala de espera, que poderão constituir uma alternativa a mais para entrar em maior contato com essas mulheres. Palavras-Chave: aleitamento materno; pré-natal; pesquisa. 1. Introdução Uma das mais valiosas importâncias da Medicina Preventiva foi e continua sendo o desenvolvimento e aprimoramento contínuo da assistência pré-natal prestada a diversas

mulheres de diferentes classes sociais e localidades. Este cuidado é considerado critério fundamental na redução das taxas de mortalidade materna e considerável atenuante dos respectivos índices fetais e neonatais. (Rezende, 1998) O manual técnico do Ministério da Saúde pontua que o objetivo central da assistência pré-natal é acolher a mulher desde o início da gestação, período este de grandes transformações físicas e emocionais. Medo, angústia, dúvida ou simplesmente a curiosidade de saber o que acontece em seu corpo são sensações recorrentes entre as gestantes (Ministério da Saúde, 1998). A assistência pré-natal amplia-se ainda mais quando procuramos conhecer a vida da mulher, a história de sua gestação, o ambiente familiar em que vive, suas crenças e cultura e também qual a rede de suporte que essa mulher utiliza ou pode utilizar em casos necessário. Em resumo, devemos procurar dar segurança e criar um vínculo com essa gestante. De acordo com Santos et al. (2000) a obtenção de bons resultados na gestação e o sucesso de uma assistência pré-natal adequada só funcionam conjuntamente com a integração dos serviços de assistência ao parto. As gestantes e suas famílias precisam conhecer o local em que serão referenciadas para terem os seus bebês, para assim se sentirem mais tranqüilos. Segundo o contexto da assistência integral a saúde da mulher no Brasil, o cuidado prénatal deve contar com: consultas médicas, de enfermagem, odontológicas, nutricionais, psicológicas e de serviço social (Ministério da Saúde, 1998). Na tentativa de tornar a atenção à saúde da mulher gestante mais humanizada, já é possível notar que a consulta pré-natal vem garantindo um atendimento mais global, ou seja, o momento da consulta é aproveitado também para a realização de orientações, tais como questões sobre o aleitamento materno. Orientar sobre amamentação requer tempo e isso muitas vezes na consulta pré-natal é considerado difícil. É preciso disponibilidade para ouvir a mulher afim de que ela conte suas experiências anteriores, suas crenças que sem dúvida são pontos chaves para o futuro da próxima amamentação. O acolhimento, preconizado pelo Ministério da Saúde durante a assistência pré-natal deveria ocorrer desde a primeira consulta realizada pela gestante em seu serviço de saúde. Buscar compreender os múltiplos significados da gestação para aquela mulher e sua família, é passo para melhorar a qualidade da assistência. Orientar sobre aleitamento materno requer a valorização de aspectos específicos de cada gestação, investigando sempre situações e experiências anteriores, que forneçam subsídios para realizar efetivamente a prática. 2. Objetivo Identificar como a literatura científica trata das orientações sobre o aleitamento materno inseridas dentro de um programa de assistência pré-natal. 3. Metodologia Este trabalho constitui-se de uma revisão crítica da literatura que de acordo com Polit e Hungler (1995) permite ao pesquisador familiarizar-se com o que está sendo feito em campo sobre um determinado assunto. Ainda segundo essas autoras, a revisão de literatura não deve ser uma série de resumos ou citações, sua tarefa é: resumir as referências de modo a revelar o estado atual sobre um tópico selecionado. Utilizou-se a Base de Dados de Literatura Latino Americana em Ciências da Saúde (LILACS) para o levantamento bibliográfico. As palavras chaves utilizadas foram: cuidado pré-natal x aleitamento materno x pré-natal x amamentação.os critérios estabelecidos para a inclusão dos trabalhos foram: periódicos, artigos publicados entre os anos de 1992 a 2002, procedência nacional e idioma português.

As publicações foram organizadas em pastas por ano de publicação e em ordem alfabética segundo o autor. Os aspectos coletados foram: nome do periódico, ano de publicação, nome do autor, departamento/unidade de origem/profissão dos autores e objetivos do estudo. Para analisar os artigos encontrados realizou-se primeiramente uma caracterização da amostra e posteriormente procedeu-se a leitura sistemática do material bibliográfico 4. Resultados e Discussão Foram identificados na literatura científica apenas seis trabalhos indexados em periódicos nacionais que tratam do incentivo ao aleitamento materno durante o cuidado prénatal. Esse cuidado não se restringiu apenas as consultas realizadas pelos profissionais dentro de consultórios, mas também incluiu palestras e grupos de sala de espera para a realização das orientações. Dos seis trabalhos selecionados pode-se identificar diversas áreas do conhecimento envolvidas nas questões da amamentação. Nutrição, enfermagem, pediatria, ginecologia e obstetrícia foram as áreas específicas dos autores dos artigos. Os periódicos em que os estudo foram publicados foram: Acta Paulista de Enfermagem, Cadernos de Saúde Pública, Femina, Revista da Escola Anna Nery de Enfermagem, Revista Paulista de Pediatria, Jornal de Pediatria e Revista de Ginecologia e Obstetrícia. Foram encontrados dois estudos no ano de 1992, um em 1996, dois em 1997, um em 2000 e também um em 2001. A literatura científica levantada, através de três artigos, mostrou preocupação especial em traçar o perfil das mulheres que freqüentavam a assistência pré-natal e também avaliar o conhecimento das mesmas sobre amamentação, que serão analisados a seguir. Pereira et al. (2000) procuraram conhecer o nível de informação sobre amamentação entre mulheres que participaram de um programa pré-natal na Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro. As 135 puérperas que compuseram a amostra responderam um questionário com questões objetivas sobre aspectos práticos e teóricos da amamentação. As questões referentes à criança e o aleitamento materno foram quase que 100% respondidas, ao passo que as questões relativas ao aleitamento materno e a mãe, não se comportaram da mesma maneira; 31,1% das mulheres declararam desconhecer se há benefícios para a mulher e 7,4% disseram não haver benefícios. As informações consideradas mais importantes estavam relacionadas à técnica e ao bebê. Neste estudo as questões presentes no questionário foram referentes à teoria e à prática relacionadas à amamentação, mostrando então o quanto ainda estamos presos às práticas ligadas ao movimento higienista que olha para a amamentação como natural, instintiva e biológica. (Almeida, 1999). A identificação do perfil e dos conhecimentos maternos não permite ampliar o olhar para a prática, tão pouco compreender o porque, por exemplo, do desmame precoce ou da inclusão de outros alimentos juntamente com a amamentação. Os autores identificaram que 41,7% das mulheres do estudo apontaram que não receberam informações sobre aleitamento materno no pré-natal. Porém todas as gestantes foram informadas. Pereira et al. (2000) justificaram que as atividades educativas realizadas não resultaram em boa fixação de conteúdo. Continuamos utilizando estratégias equivocadas que não permitem que as mulheres compreendam o conteúdo, ou ainda possam se abrir e discutirem o que amamentar significa para cada uma delas. Lunardi et al. (1996) tiveram como objetivo em seu estudo incentivar e informar 603 gestantes do ambulatório pré-natal do serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital do servidor Público Estadual Francisco Morato de Oliveira quanto às vantagens e o manejo do aleitamento materno. As orientações foram realizadas enquanto as mulheres aguardavam a consulta médica. Os temas abordados foram: benefícios do aleitamento materno, anatomia e

fisiologia da lactação, dificuldades para o aleitamento natural, crendices em relação ao aleitamento materno e preparo dos seios. Os resultados se detiveram também em descrever a clientela atendida, discutindo os dados. Relatos das próprias mulheres sobre dificuldades na amamentação apareceram somente nas questões relacionadas ao trabalho. Porém nada foi perguntado ou mostrado às mães sobre como elas poderiam ou pretendiam proceder no caso de terem que voltar a trabalhar fora. Granzoto et al. (1992) procuraram avaliar a importância do incentivo pré-natal no aleitamento materno em primíparas através de uma única palestra realizada no final da gestação. A amostra constitui-se de 348 primíparas que foram divididas em dois grupos de 174. Um deles recebeu incentivo e outro não. Essa palestra foi realizada por um pediatra somente que utilizou recursos audiovisuais e cartazes para fazer a orientação. O autor concluiu que o incentivo pré-natal é uma arma poderosa no combate ao desmame precoce frente aos índices conseguidos no grupo que recebeu incentivo. Os autores propõem que esse tipo de atividade deveria instituir-se como uma rotina nos serviços. Houve também maior mortalidade no grupo não alimentado na mama, reforçando-se a necessidade de melhorar a luta no combate a mortalidade infantil. Apesar dos resultados positivos apresentados pelos autores, consideramos que falar sobe amamentação requer mais de um encontro, são muitos pontos a serem abordados, o que requer tempo e também espaço para as mulheres se colocarem e relatarem suas experiências. A palestra do estudo de Granzoto et al. (1992) se deu no final da gestação, momento este que as mulheres estão preocupadas em sua maioria com o evento do parto, podendo então comprometer a assimilação das orientações tratadas nas atividades. Foi possível observar também nestes primeiros trabalhos discutidos que as vantagens e benefícios da amamentação para a criança são notadamente reforçados, seja através das orientações seja através das perguntas contidas nos questionários para a coleta de dados. As questões relativas às mães, as suas dificuldades, suas dúvidas, anseios e experiências tão somente perpassam nos estudos levantados. Apesar de todos eles reforçarem a importância do incentivo ao aleitamento materno incluído nas rotinas do cuidado pré-natal é necessário ampliar o olhar para além da técnica e do biológico. Outro ponto importante a destacar é a inclusão da família no momento da consulta ou de outras atividades que envolvam orientação sobre aleitamento materno. É fundamental que a rede de suporte que esta mulher possivelmente precisará ao se deparar com as dificuldades, esteja informada para poder transmitir segurança, tranqüilidade e incentivo a mulher. A fim de compreender e ampliar o olhar para a mulher que amamenta, Souza (1997) realizou um estudo sob o olhar do referencial teórico da fenomenologia, que teve como ponto de partida gestantes em acompanhamento pré-natal. O objetivo da pesquisa foi compreender o evento da amamentação, mostrando que se trata de um fenômeno e que enquanto tal é uma possibilidade no campo existencial. Souza (1997) entende que uma abordagem sistematizada por meio de atividades de atenção à saúde praticadas no período pré-natal e puerperal favorece, porém não garante a concretização da amamentação. Assim, concordando com a autora, o cuidado na assistência pré-natal deve pautar-se na busca do sentido da amamentação para cada diferente gestante. É um movimento constante que nos lança o desafio de um olhar atentivo e não meramente observação. Pode ser que por isso muitas vezes reduzimos nossa prática a regras e técnicas ao tratarmos de aleitamento materno com as mulheres. Bittar et al. (1992) acreditando que existe uma grande falha nos profissionais de saúde que orientam sobre aleitamento materno, implantaram um protocolo de atendimento incluindo o incentivo e preparo desta prática dentro das ações da Liga Multiprofissional de Assistência Pré-Natal da Clínica Obstétrica e Ginecológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Então os acadêmicos do curso médico que foram designados para a tarefa do cumprimento do protocolo optaram por realizar as ações do programa dentro da consulta prénatal, no próprio consultório. Para tanto, desenvolveram um roteiro escrito com diferentes aspectos a serem abordados conforme o trimestre da gestação. Não esqueceram inclusive de tratar com as mulheres questões referente a estética das mamas, uma vez que esta é uma preocupação que surge diversas vezes quando aborda-se o tema amamentação. Consideramos importante que o incentivo a amamentação se dê em diversos encontros e não somente em uma palestra como apresentado no estudo de Granzoto et al. (1992). Bittar et al.(1992) ainda reforçam que as informações a respeito da qualidade e características do aleitamento materno devem atingir não apenas a comunidade, incluindo aí pais, crianças e adolescentes, mas preferencialmente os profissionais da saúde que são os condutores do processo. Os autores discutem que a inclusão de área afins no programa é de suma importância para atingir objetivos traçados. Por fim, Lima em 1997 realiza uma análise critica da importância da assistência prénatal, discutindo qual o papel desta assistência na amamentação. O autor considera que os moldes atuais das consultas não favorecem e oferecem poucos subsídios para a mãe amamentar. Nas consultas de rotina no atendimento de massa, o autor considera que o médico tem pouco tempo para orientar as pacientes bem como esclarecer suas dúvidas. Lima (1997) propõe um repensar da assistência pré-natal, considerando que isto só será possível com a inclusão de outros profissionais que irão compor uma equipe multiprofissional. Ele considera que essa inclusão preencherá muitas lacunas que a medicina apresenta, proporcionando às pacientes um atendimento compatível com o merecido. Outra alternativa proposta é utilizar o tempo ocioso da sala de espera para tratar das questões da amamentação, esclarecendo e solucionado as dúvidas das mulheres. Esta análise crítica vem mostrar a tendência atual de constituir grupos de gestantes ou mesmo de sala de espera para tratar do aleitamento materno. Estes são recursos para ampliar o cuidado na assistência pré-natal, oferecendo um atendimento de qualidade, valorizando todos os aspectos da mulher e respeitando suas especificidades. A educação em saúde pode possibilitar isto. 5. Considerações Finais Foi possível observar que a literatura científica é escassa em relação ao tema amamentação e cuidado pré-natal. Por outro lado, identificou-se diversas áreas do conhecimento envolvidas com as questões do aleitamento materno, reforçando o que disseram os próprios autores ao colocarem que a inclusão de outros profissionais que vão além do médico, irão possibilitar uma melhor qualidade da assistência além de preencher algumas lacunas. É importante considerar o desenvolvimento de trabalhos que tratem das questões do aleitamento materno e o cuidado pré-natal sob a perspectiva de outras metodologias que não o estudo descritivo. Assim poderá ser possível compreender o ato de amamentar na visão das próprias mulheres, ao invés de analisar o conhecimento, que muitas vezes elas possuem, mas outros obstáculos podem surgir ao longo do caminho que venham impedir a mãe de continuar o aleitamento. A participação da família também deve ser ressaltada e pode ser também alvo de novos estudos. O estímulo à participação de um membro da família, ou de outro acompanhante que a mulher se sinta segura, pode ajudar a alicerçar a base que suportará esta mulher nos momentos futuros. O cuidado pré-natal é um momento importante para orientar as mulheres sobre aleitamento materno, além de ser possível a formação de grupos de gestante ou de sala de

espera, que poderão constituir uma alternativa a mais para entrar em maior contato com essas mulheres. 6. Referências ALMEIDA, J.A.G. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz,1999.120 p. BITTAR, R.E. ISSLER, H. FILHO, J.M.B. ZUGAIB, M. A questão do aleitamento materno no pré-natal. Revista de Ginecologia e Obstetrícia, v. 3, n. 2, p. 91-94.1992. GRANZOTO, J.A. BERTONI, A.L. VECCHI, A.A. RODRÍGUEZ, E. A importancia do incentivo pré-natal na amamentação de primíparas. Jornal de pediatria, v. 68, n. ½, p.34-37. 1992. LIMA, C. P. Análise crítica da importância da assistência pré-natal. Femina, v. 25, n. 1, p. 85-92. 1997. LUNARDI, C.A. ISHIY, A.Y. CASANOVA, L.D.SILVA, H.F.MIURA, E.S. FERREIRA, F.A. Perfil das gestantes atendidas no pré-natal de obstetrícia. Programa de incentivo ao aleitamento materno. Revista Paulista de Pediatria, v.14, n. 4, p. 169-176, 1996. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Assistência pré-natal: manual técnico. 3 a. edição. Brasília: Secretaria de Políticas de Saúde, 1998. 64 p. POLIT, D. F. HUNGLER, B. P. Fundamentos da Pesquisa em Enfermagem. 3. ed., Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 391p. REZENDE, J. Obstetrícia. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 8º ed, 1998. 1454 p. SANTOS, I.S. BARONI, R.C. MINOTTO, I. KLUMB, A.G. Critérios de escolha de postos de saúde para acompanhamento pré-natal em Pelotas, RS. Revista de Saúde Pública, v. 34, n. 6, p. 603-609. 2000. SOUZA, I.E.O. O desvelar de ser gestante: diante da possibilidade de amamentação. Escola Anna Nery - Revista de Enfermagem, v. 1, número de lançamento, p. 135-141. 1997. ZIEGEL, E. CRANLEY, M.S. Enfermagem Obstétrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 8º edição, 1985. 696 p.