AVALIAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO DE UMA COOPERATIVA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NO DF ESTUDO DE CASO



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Transcrição:

AVALIAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO DE UMA COOPERATIVA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NO DF ESTUDO DE CASO Elza dos Anjos de Jesus 1 ; Lindalva Lopes de Oliveira 2 ; Jackeline do Socorro Benassuly Barbosa 3 ; Marcely Ferreira Nascimento 4. Resumo: O presente trabalho tem como objetivo avaliar o processo produtivo de uma cooperativa de materiais recicláveis, visando a apresentar contribuições para a organização da produção e para o melhor aproveitamento de resíduos. Para tanto, foi realizada observação in loco, analisando todas as etapas do processo de produção utilizado na cooperativa. Assim, foi elaborado o fluxograma do processo produtivo da cooperativa, para identificar as melhorias necessárias para o aumento da produtividade, a partir da padronização das etapas de processamento de materiais nesta cooperativa. PALAVRAS-CHAVE: Cooperativa, Materiais Recicláveis, Processo Produtivo. Abstract: This study aims to evaluate the production process of a recycling cooperative in order to provide input to the production organization and to improve the waste utilization. Onsite observation had been employed analyzing every stage of the cooperative production process. So, the cooperative production process flowchart had been elaborated to identify what was supposed to be improved to increase production from the processing materials standardization steps in this cooperative. 1 Instituto Federal de Brasília Campus Samambaia. End.: Subcentro Leste, Complexo Boca da Mata, Lote 01, Samambaia DF. Fone: 2103-2326. E-mail: elza_304@hotmail.com 2 Instituto Federal de Brasília Campus Samambaia. End.: Subcentro Leste, Complexo Boca da Mata, Lote 01, Samambaia DF. Fone: 2103-2326. E-mail: llindalva@yahoo.com.br 3 Instituto Federal de Brasília Campus Samambaia. End.: Subcentro Leste, Complexo Boca da Mata, Lote 01, Samambaia DF. Fone: 2103-2326. E-mail: jackeline.barbosa@ifb.edu.br 4 Instituto Federal de Brasília Campus Samambaia. End.: Subcentro Leste, Complexo Boca da Mata, Lote 01, Samambaia DF. Fone: 2103-2326. E-mail: marcely.nascimento@ifb.edu.br III Conferência Internacional de Gestão de Resíduos Sólidos 1

1 - INTRODUÇÃO O crescimento populacional associado ao aumento do padrão de vida do homem nas últimas décadas tem contribuído significativamente para o aumento da quantidade de resíduos sólidos gerados, principalmente nos grandes centros urbanos. No Brasil, de acordo com as pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2008, a maior parte dos resíduos sólidos coletados é disposta em vazadouros a céu aberto (lixões) (50,8%), aterros controlados (22,5%) e aterros sanitários (27,7%), sendo apenas a última opção adequada do ponto de vista ambiental. A disposição de resíduos sólidos urbanos em locais sem infraestrutura de proteção ambiental pode ser responsável pela contaminação do solo, da água e do ar. Além de demandar grandes áreas para a disposição e/ou tratamento dos resíduos, essas metodologias não visam ao reaproveitamento ou à reciclagem desses resíduos, que hoje é a prática fundamental para o alcance da sustentabilidade socioeconômica e ambiental. Nesse cenário, surge então a indústria da reciclagem como uma das atividades econômicas de grande relevância, sendo a principal prática de manejo de resíduos sólidos urbanos na concepção da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Infelizmente, o Brasil ainda precisa avançar muito no que diz respeito ao manejo de resíduos sólidos urbanos, pois hoje, apenas uma pequena parcela da população brasileira é assistida por serviços municipais de coleta seletiva e parte desses programas tem a participação de cooperativas de catadores, que são os principais responsáveis pelo encaminhamento do material reciclável à indústria. A reciclagem envolve uma cadeia que começa na separação dos resíduos sólidos pela população, passando pela coleta, triagem e preparação do material recolhido pelos catadores que, em seguida, é encaminhado à indústria para que seja transformado em nova matéria-prima. Para que o material chegue à indústria, há um grande caminho a ser percorrido e as cooperativas assumem um importante papel nesse processo. Porém, ainda carecem de incentivos em pesquisas, modernização, conscientização ecológica e de políticas públicas com relação ao escoamento e fomentação da comercialização dos materiais reciclável. No Distrito Federal, a CENTCOOP DF, Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito Federal, conta com apenas 19 cooperativas registradas, que, assim como as cooperativas não registradas, também trabalham sem a infraestrutura necessária para a préindustrialização do material reciclável, por meio de unidades de triagens com esteiras, transporte e equipamentos. Além de, na maioria das vezes, também trabalharem em condições extremamente insalubres, sem a menor preocupação com o uso dos equipamentos de proteção individual. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é avaliar o processo produtivo de uma cooperativa de material recicláveis, visando a apresentar reflexões que possam contribuir para a organização da produção e o melhor aproveitamento de resíduos, além de avaliar as condições de trabalho e riscos a que estes trabalhadores estão expostos. 2 - OBJETIVO O presente trabalho tem como objetivo avaliar o processo produtivo de uma cooperativa de materiais recicláveis do DF, visando a apresentar reflexões que possam contribuir para e com a organização da produção e o melhor aproveitamento de resíduos nesta cooperativa. 3 - METODOLOGIA A presente pesquisa foi realizada no período de junho de 2012 a agosto de 2012, em uma cooperativa de materiais recicláveis, localizada no município de Samambaia, no Distrito Federal, distante aproximadamente 45 km de Brasília. Para a descrição das etapas envolvidas no processamento dos resíduos sólidos da cooperativa, foi realizada a observação in loco, cumprindo todas as etapas, desde a entrada dos III Conferência Internacional de Gestão de Resíduos Sólidos 2

resíduos, até a saída dos materiais recicláveis e/ou rejeito até o seu destino final. Empregaram-se, também, perguntas estruturadas aos catadores com relação às condições de trabalho na cooperativa e à caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos processados na cooperativa. A partir dessa observação foi possível elaborar um fluxograma do processo produtivo da cooperativa, com vistas a melhor organização da produção e ao melhor aproveitamento dos resíduos, além da avaliação das condições de trabalho e riscos a que estes trabalhadores estão expostos. 4 - RESULTADOS 4.1 - ELABORAÇÃO DO FLUXOGRAMA DO PROCESSO PRODUTIVO A partir de visitas in loco foi elaborado o fluxograma do processo produtivo da cooperativa de materiais recicláveis. O fluxograma elaborado está apresentado na Figura 1. Figura 1. Fluxograma do processo produtivo da cooperativa de materiais recicláveis. III Conferência Internacional de Gestão de Resíduos Sólidos 3

No item a seguir será realizada a descrição detalhada do processo produtivo da cooperativa mostrado na Figura 1. 4.2 - DESCRIÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO DA COOPERATIVA. A cooperativa de estudo possui uma área de aproximadamente 1.200 m 2, na qual há um galpão, com banheiro e cozinha, sem divisória. O galpão, local onde o material reciclável é processado, tem área de aproximadamente 180 m², ou seja, um galpão de pequeno porte. De acordo com Pinto e González (2008), em galpões de até 300 m² devem ser instalados uma prensa, uma balança e um carrinho, contudo tais equipamentos não foram observados na cooperativa de estudo. De forma geral, as principais etapas de processamento de resíduos em galpões de reciclagem são recebimento, separação, prensagem, enfardamento e acondicionamento. Porém, na cooperativa em estudo, as etapas de prensagem e enfardamento não são realizadas, pois a prensa existente está danificada e o custo para conserto é muito elevado para a cooperativa. Nesta cooperativa, são processadas, numa média mensal, duas toneladas de material reciclável proveniente de grandes comércios e empresas da região, os quais são transportados até a cooperativa por meio de um caminhão próprio, tipo caçamba. O descarregamento dos resíduos é realizado manualmente pelos catadores da cooperativa, uma vez que o caminhão não apresenta o dispositivo de descarga. Mesmo a cooperativa possuindo uma mesa de triagem, esta etapa é realizada manualmente, por 32 catadores, diretamente na pilha de resíduos onde trabalham sentados sobre tambores, latas, ou até mesmo sobre os próprios resíduos. São segregados os materiais recicláveis mais comercializados (papel, papelão, vidro, alumínio, plásticos, aço, jornal, revista, papel-misto), os quais ficam armazenados em sacos plásticos reutilizados vindos do caminhão com os materiais secos e misturados. Após preenchimento completo dos sacos plásticos, são transferidos para baias, toneis e contêineres, para posterior comercialização. De acordo com os catadores, tal método é lento, porém eficaz, representando menor perda de materiais recicláveis, agregando valor a este material e diminuindo a quantidade de rejeitos. Na triagem, os catadores estão expostos a materiais contaminados, por estarem em contato direto com os resíduos, já que não utilizam equipamentos de proteção individual adequado para esta atividade. Ainda durante a triagem, há o surgimento de poeira contaminando todo ar, dificultando a segregação e colocando em risco a saúde dos trabalhadores, que não usam máscara de proteção. Nesta etapa foi observada a presença de vetores como ratos e mosquito, devido ao acúmulo de material, servindo como local de abrigo para vetores, tornando um ambiente de trabalho desfavorável e perigoso e por o galpão não ter organização resulta em poluição visual. Observou-se também o não uso de equipamento de proteção individual. Os resíduos são segregados por natureza, cor e qualidade (quantidade de impurezas ou rejeitos) e, posteriormente, são pesados e armazenados. As etapas, desde a chegada do caminhão de coleta à cooperativa até o armazenamento dos resíduos, são mostradas na Figura 2. III Conferência Internacional de Gestão de Resíduos Sólidos 4

(a) (b) (c) (d) Figura 2. (a) Chegada do caminhão à cooperativa; (b) Descarregamento dos resíduos; (c) Triagem; (d) Armazenamento. O armazenamento dos resíduos recicláveis é realizado sem nenhum critério técnico, porém por um pequeno tempo até a sua expedição. O material obtido a partir da triagem é comercializado com uma empresa de materiais recicláveis, que o revende para indústrias de reciclagem. O rejeito é destinado ao Lixão da Estrutural, em Brasília (DF). IPT (2003) aponta a organização do trabalho dos catadores nas cooperativas como elemento fundamental para obtenção de melhores condições para a venda direta e, consequentemente, a obtenção de melhores preços. Além disso, Carmo (2005) salienta que o processo de agregar valor em cada elo da cadeia está relacionado ao beneficiamento (pureza dos resíduos), a qualidade dos resíduos o que reflete no valor comercial dos materiais recicláveis, pois quanto maior a quantidade de impurezas ou materiais proibitivos, menor é o valor agregado ao material. No que concerne às condições de trabalho, os catadores trabalham em condições insalubres, contudo, quando questionados acerca dos equipamentos de segurança, revelam-se resistentes à utilização dos equipamentos de proteção individual, utilizando apenas luvas, ficando sujeitos a riscos químicos e biológicos ou a acidentes de trabalho associados à triagem. De acordo com Leal et al. (2002), apesar do catador de material reciclável ser elemento base no processo produtivo, geralmente trabalha em condições precárias, subumanas e não obtém ganho que lhe assegure uma sobrevivência digna, muitos menos o custeio de despesas relacionadas à doenças a que estão sujeitos. Ao término de cada dia os catadores realizam a limpeza do galpão evitando, assim, poluição visual e a presença de vetores. Entre outros procedimentos, eles guardam suas luvas e realizam higiene pessoal. III Conferência Internacional de Gestão de Resíduos Sólidos 5

5 - CONCLUSÕES Observou-se que, embora não obedeça a nenhum critério técnico, o armazenamento dos resíduos ocorre por um curto período de tempo até que seja feita sua expedição, fato que favorece a comercialização. A partir da análise das etapas do processo de produção, verificou-se que poderia haver uma otimização da etapa de descarregamento, por meio da utilização de um caminhão com dispositivo de descarga, e da etapa de triagem, mediante o uso de mesas ou esteiras mecânicas. Dessa forma, sugere-se o uso de mesas de triagem, o que possibilitará um número maior de catadores trabalhando cada qual em seu ritmo, fato que aumentará a capacidade de armazenamento de resíduos e um menor percentual de rejeitos. Vale destacar a importância do processo produtivo de forma completa nas cooperativas, visto que o valor comercial dado aos materiais recicláveis prensados é maior, além de possibilitar uma maior utilização do espaço destinado ao acondicionamento dentro da cooperativa. Ademais, constatou-se que apesar de existirem na cooperativa todos os equipamentos de proteção individual, há necessidade de desenvolvimento de trabalhos de conscientização acerca do seu uso, pois os catadores apresentam resistência à sua utilização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARMO, M. S. A Semântica negativa do lixo como fator positivo à sobrevivência da catação Estudo de Caso sobre a Associação dos Recicladores do Rio de Janeiro. In: ENANPAD, 2005, Brasília, Anais..., 2005. Instituto de Pesquisa Tecnológica IPT (2003). Cooperativa de catadores de materiais recicláveis: guia para implantação. São Paulo: SEBRAE. LEAL, A.C.; JÚNIOR, A.T.; ALVES, N.; GONÇALVES, M.A.; DIBIEZO, E.P. (2002). A reinserção do lixo na sociedade do capital: uma contribuição ao entendimento do trabalho na catação e na reciclagem. Revista Terra Livre, São Paulo, 18(19), 177-190. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008/pnsb_2008.pdf>. Acesso em: 09 julho 2013. PINTO, Tarcísio de Paula; GONZÁLEZ, Juan Luiz Rodrigo (Coord.). Elementos para organização da coleta seletiva e projeto dos galpões de triagem. [Brasília]: [s.n.], 2008. III Conferência Internacional de Gestão de Resíduos Sólidos 6