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Transcrição:

ECLI:PT:STJ:2012:115.11.0YFLSB.D1 http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ecli:pt:stj:2012:115.11.0yflsb.d1 Relator Nº do Documento Isabel Pais Martins Apenso Data do Acordão 15/03/2012 Data de decisão sumária Votação unanimidade Tribunal de recurso Processo de recurso Data Recurso Referência de processo de recurso Nivel de acesso Público Meio Processual Decisão Recurso Contencioso improcedente Indicações eventuais Área Temática direito administrativo - processo administrativo. direito constitucional - direitos e deveres fundamentais / princípios gerais - administração pública. organização judiciária - estatutos profissionais. Referencias Internacionais Jurisprudência Nacional Acórdão Do Pleno Do Supremo Tribunal Administrativo, De 8 De Maio De 2003 (processo 40821a). -*- Acórdãos Do Supremo Tribunal De Justiça: -de 08/07/2003 (processo N.º 385/01), 14/10/2004 (processo N.º 1489/04), 07/12/2005 (processo N.º 2381/04), 11/07/2006 (processo N.º 757/06), 27/03/2008 (processo N.º 1020/05), 01/10/2009 (processo N.º 3765/08), 21/04/2010 (processo N.º 638/09.0yflsb. Legislação Comunitária Legislação Estrangeira Descritores juiz; recurso contencioso; deliberação do plenário; conselho superior da magistratura; inspecção judicial; processo disciplinar; non bis in idem; princípio da justiça; princípio da igualdade; fundamentação; legalidade estrita; discricionariedade técnica; Página 1 / 50 21:30:49 09-08-2019

Sumário: I -O dever da a administração desenvolver uma actividade de execução por forma a pôr a situação de facto de acordo com a situação de direito constituída pela decisão de provimento do recurso contencioso, implica quer o dever de respeitar o julgado, conformando-se com o conteúdo da sentença e com as limitações que daí resultam para o eventual (re)exercício dos seus poderes, quer o dever de reconstituir a situação que existiria se não tivesse sido praticado o acto ilegal ou se esse acto tivesse sido praticado sem a ilegalidade que deu causa à anulação. II - Assim, ao ter sido garantido o direito de o recorrente ser ouvido no procedimento sobre a informação final do Inspector Judicial, antes de ser tomada a decisão final [a deliberação do Plenário de 12-07-2011], o CSM respeitou o julgado anterior [Ac. do STJ de 21-04-2010 que determinou a anulação do Plenário do CSM de 22-09-2009 que atribuíra a classificação de «bom com distinção» ao recorrente]. A nova deliberação, que agora se impugna, está, pois, liberta do vício que inquinara a anterior deliberação e que foi reconhecido na citada decisão do STJ. III - Em 10-05-2011, pelo Vogal Relator, foi proferido despacho a determinar a correcção da distribuição (retirada dos autos do Conselho Permanente e remessa para o Plenário), no entendimento de que os autos tinham sido mal distribuídos uma vez que «o acórdão do STJ de 21-04-2010, decidiu anular a decisão do Plenário do CSM. Assim, o que foi anulado foi a decisão do Plenário e não a do Permanente». IV - Temos, assim, que o despacho do Vogal Relator, cujo âmbito se limita à correcção da distribuição do processo, se mostra alicerçado na constatação de que os autos tinham sido incorrectamente distribuídos pela secretaria do Conselho Permanente. Decorrendo a incorrecção da distribuição de a deliberação anulada pelo acórdão do STJ ter sido a do Plenário e não a do Conselho Permanente. V - Ora, o dever de executar o acórdão anulatório cabia, naturalmente, ao autor do acto anulado, no caso, o CSM na sua formação alargada (Plenário). Por outro lado, a anterior deliberação anulada fora proferida, não ao abrigo do disposto na al. e) do art. 151.º do EMJ mas, antes, da al. b) do mesmo artigo: [são da competência do Plenário do CSM] «apreciar e decidir as reclamações contra actos praticados pelo conselho permanente ( )». VI - Conferida a deliberação impugnada verifica-se que a informação final do Inspector Judicial está, efectivamente, integrada «no relatório prévio de tudo quanto se passou até ao momento da decisão», como sustenta o recorrido. Por outro lado, na mesma deliberação mostram-se esclarecidas as razões por que ao recorrente é atribuída a classificação de «Bom com Distinção» e não a pretendida classificação de «Muito Bom», sempre com referência ao que consta do relatório da inspecção, transcrevendo-se, inclusivamente, reparos técnicos, nele produzidos, a individualizadas decisões processuais do recorrente. VII - Efectivamente, na deliberação recorrida procede-se a uma apreciação positiva das qualidades humanas e técnicas do recorrente, efectuando-se, também, referências especificadas às detectadas incorrecções técnico-jurídicas do recorrente e concluindo-se que, apesar de um desempenho meritório, não se reconhece, em função das deficiências apontadas, que tenha sido «alcançada uma prestação com elevado mérito». VIII - Assim, e em suma, nem nos factos em que a deliberação assenta, nem na explicitação das razões por que a «nova» deliberação decidiu manter a notação de «Bom com Distinção» se detecta qualquer influência, ainda que implícita, dos factos, relativos ao processo disciplinar, que foram levados à informação final do Inspector Judicial (influência que, aliás, a deliberação explicitamente rejeita). Página 2 / 50 21:30:49 09-08-2019

IX - Tal como decorre da deliberação, são, unicamente, concretas considerações sobre a qualidade do trabalho desenvolvido que determinaram que não se reconhecesse ao recorrente um desempenho «com dimensão de elevado mérito», reclamado para a atribuição da classificação de «Muito Bom». O que significa que não se demonstra que a «nova» deliberação tenha relevado matéria anteriormente objecto de processo disciplinar, tal como defende o recorrente, para sustentar a violação do princípio non bis in idem. X - Se o recorrente tinha motivos para razoavelmente suspeitar da isenção ou da rectidão de conduta do Inspector Judicial deveria, no decurso do procedimento e em tempo útil, ter oposto suspeição, nos termos dos arts. 48.º, n.ºs 1, al. d), e 2, e 49.º, do CPA. Ou seja, deveria ter previamente provocado, sobre a matéria, um despacho procedimental, possibilitando o ulterior controlo judicial de tal despacho, aquando da impugnação da presente deliberação final, nos termos do n.º 3 do art. 51.º do CPTA (situação que, pela forma como conforma os vícios da deliberação, não é minimamente colocada pelo recorrente). XI - O princípio da justiça identifica-se com o conjunto de valores supremos constitucionalmente consagrados, fundados na dignidade da pessoa humana, nos quais assumem primazia os direitos fundamentais (cf. Marcelo Rebelo de Sousa, in Lições de Direito Administrativo, Vol. I, LEX, Lisboa, 1999, pág. 120). O princípio da justiça, exigindo o respeito da ordem constitucional, naturalmente dotada de projecção legal, integra, além de outros, o princípio da igualdade. XII - A justiça exige que não haja tratamento desigual quanto a matéria que deveria ser tratada de forma igual à luz dos valores constitucionais e legais (arts. 13.º e 266.º, n.º 2, da CRP, e 5.º do CPA). Apurada a identidade substancial entre as situações, o princípio da igualdade exige o tratamento igual de situações iguais mas também que seja tratado desigualmente o que é desigual. Neste sentido, o princípio da igualdade proíbe a descriminação. XIII - Não basta que o recorrente aluda a que, enquanto a sua inspecção durou 4 anos, o mesmo Inspector «inspeccionou três colegas do mesmo tribunal e Vara em cerca de 1 ano e meio» ou que duvide «que haja algum juiz (mesmo os MB) que uma vez ou outra não descreveu a matéria de facto» isenta de reparos que lhe foram feitos ou, ainda, que sirva de elementos estatísticos, que lhe são favoráveis, para realçar que não foi feita «distinção de mérito» entre os juízes das varas e «a dois deles foi mesmo atribuído o MB», para dotar da necessária concretização e consistência a invocação de violação do princípio da igualdade. XIV - Neste ponto, a alegação do recorrente é conclusiva, não demonstrando que, em idênticas circunstâncias, com desempenhos funcionais equiparáveis, outros juízes inspeccionados tenham obtido tratamento substancialmente diverso daquele que teve o recorrente. Só assim se poderia encarar a hipótese de uma identidade objectiva de situações a impor o mesmo critério de classificação (cabendo ao recorrente que imputa à deliberação o vício de violação do princípio da igualdade a prova dos respectivos pressupostos). XV - A deliberação impugnada analisou criticamente e com referência aos critérios de avaliação, segundo os factores de ponderação que julgou adequados e pertinentes, de forma suficiente, o desempenho funcional do recorrente. Mostra-se, portanto, cabalmente cumprida a exigência de fundamentação, uma vez que a deliberação, além da exposição das razões de facto e jurídicas ponderadas, esclarece o raciocínio lógico em que se baseia o reconhecimento de que o desempenho do recorrente não atingiu uma dimensão de elevado mérito. XVI - Tem sido repetidamente afirmado pelo STJ que o recurso da deliberação que atribui determinada classificação a um Magistrado é um recurso de mera legalidade razão pela qual o pedido terá de ser sempre de anulação ou de declaração de nulidade ou de inexistência do acto Página 3 / 50 21:30:49 09-08-2019

recorrido, não cabendo ao STJ sindicar o juízo valorativo formulado pelo CSM, salvo em caso de erro manifesto, crasso ou grosseiro ou de adopção de critérios ostensivamente desajustados. XVII - Efectivamente, em sede de apreciação do mérito dos Magistrados Judiciais o CSM, embora vinculado aos princípios da justiça, da imparcialidade e da proporcionalidade, actua com larga margem de discricionariedade técnica no que respeita à apreciação da prova e à aplicação dos critérios ou factores legais. O juízo de apreciação do mérito ou demérito do desempenho dos juízes pelo CSM não pode, portanto, em regra ser sindicado judicialmente porque o Tribunal não pode substituir-se à Administração na reponderação daqueles juízos valorativos que integram materialmente a função administrativa. Decisão Integral: Acordam no Supremo Tribunal de Justiça I 1. AA, juiz desembargador, veio, nos termos dos artigos 168.º e ss. do Estatuto dos Magistrados Judiciais[1], interpor recurso contencioso de anulação da deliberação do Conselho Superior da Magistratura[2], de 12/07/2011, no processo (de inspecção extraordinária) n.º 247/2008, que lhe atribuiu, pelo trabalho desempenhado na 2.ª vara mista de Sintra, no período compreendido entre 27 de Abril de 2005 e 7 de Maio de 2008, a classificação de "Bom com Distinção". No recurso, formulou as seguintes conclusões: «1. O Douto Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça que determinou a anulação do acórdão anterior do Plenário (doc. 4) decidiu: «Concede-se no mais provimento ao recurso, anulando-se a decisão do Plenário do Conselho Superior da Magistratura que atribuiu ao recorrente a classificação de "Bom com Distinção" e permitindo-se ao recorrente o exercício do direito de audição, possibilitando-lhe se pronuncie sobre a informação final prestada pelo inspector. «Mais se escreveu na fundamentação desse mesmo Douto Acórdão: «Ora, cotejando o relatório da inspecção com a informação final, resulta claramente terem sido incluídos nesta última diversos factos novos, que desfavorecem o recorrente, com destaque para a referência expressa a factualismo provado em processo disciplinar em que o ora recorrente figurou como arguido (...). «E mais se diz no acórdão do STJ: «(...) O inspector não se limitou a transcrever o factualismo provado no referido processo disciplinar, tendo tecido comentários sobre aquele factualismo, através da adopção da apreciação crítica feita ao mesmo pelo Conselho Superior da Magistratura aquando da decisão proferida no respectivo processo disciplinar, (...). «Destarte, há que julgar procedente o pedido de anulação da decisão do plenário do Conselho Superior da Magistratura que atribuiu a classificação de Bom com Distinção ao recorrente, independentemente da asserção produzida pelo próprio Conselho segundo a qual na decisão tomada, como expressamente dela consta, haver sido tida por não escrita, não sendo considerada para qualquer efeito, a matéria nova que o inspector incluiu na informação final. «E a parte mais expressiva e inequívoca: «Com efeito, essa matéria nova não pode ter deixado de influir em todo o processo inspectivo, designadamente na classificação proposta, muito embora só apresentada pelo inspector na informação final e, consequentemente, na decisão tomada pelo Conselho Superior da Magistratura que atribuiu a classificação de "Bom com Distinção" ao recorrente. Página 4 / 50 21:30:49 09-08-2019

«A decisão do STJ anulou o acórdão do Plenário, pois só ele podia ser objecto de recurso, mas os vícios reportam-se à inspecção, daí que, não tendo, como deveria o CSM anulado a inspecção, face aos graves vícios demonstrados, o processo deveria ter voltado ao Conselho Permanente e ser este órgão a proferir acórdão. «2. O acórdão recorrido não retirou do acórdão do Supremo Tribunal de Justiça que anulou o anterior acórdão do Plenário do CSM as devidas consequências; apenas cumpriu a determinação formal de me conceder direito de resposta a factos extra-inspecção, mas ignorou por completo o conteúdo do referido acórdão que claramente reconhecia estar inquinada não só toda a inspecção e proposta de classificação do inspector, como também, por arrastamento a atribuída pelo CSM. «3. Após a descida do Supremo Tribunal de Justiça com a respectiva anulação do acórdão, o processo foi retirado ilegalmente ao Conselho Permanente por mero despacho do sr. Vogal e redistribuído ao Plenário, sem avocação fundamentada do Conselho Plenário, conforme exigência do artº 151º al. e) do EMJ. Tal despacho enferma de nulidade. «4. Com aquele despacho ilegal, o Sr. Vogal decidiu por "motu próprio" suprimir uma instância de reclamação ao recorrente, lesando um legítimo direito de poder reclamar para outra instância, sendo certo que do acórdão do STJ que anulou o anterior, se concluiu claramente que o vício que determinou a anulação se reportava à própria inspecção; «Com efeito, essa matéria nova não pode ter deixado de influir em todo o processo inspectivo, designadamente na classificação proposta, muito embora só apresentada pelo inspector na informação final e, consequentemente, na decisão tomada pelo Conselho Superior da Magistratura que atribuiu a classificação de "Bom com Distinção" ao recorrente - cfr. ac. em anexo. «O acórdão proferido pelo Conselho Plenário nestas condições, enferma de nulidade por falta de despacho de avocação devidamente fundamentado e de razões aceitáveis para tal avocação de carácter excepcional, que no caso nem sequer existiam. «5. O acórdão recorrido, ao ter incluído e valorado factos alheios à inspecção, transcrevendo excertos de um processo disciplinar amnistiado, mas em que os factos já tinham sido valorados negativamente na inspecção referente à época a que se reportavam, (1995-1998), violou o princípio do "non bis in idem", por ter sancionado reiteradamente o recorrente pelos mesmos factos. «Resulta claramente da inspecção e do acórdão recorrido que essa foi a única razão porque não foi dada ao recorrente a classificação de Muito Bom. «6. A inspecção realizada enferma de erros gravíssimos de recolha de dados por parte do inspector, para além da manifesta parcialidade, tendo o acórdão recorrido ignorado por completo todos os elementos probatórios e documentais que entreguei, através dos quais se demonstravam os erros da inspecção, valorando unilateralmente os factos, ou seja, para o relator e Plenário do CSM apenas foi tida em conta a versão distorcida do inspector e nenhum dos factos e documentos apresentados pelo recorrente, violando assim o princípio da verdade material e enfermando de erro notório de julgamento na apreciação dos elementos probatórios. «7. Ao reconhecer-se no acórdão do STJ, que anulou o anterior acórdão do Plenário, que toda a inspecção estava inquinada, bem como a proposta de classificação do inspector e consequentemente a do CSM, deveria este órgão, em abono da Justiça e imparcialidade, retirar daí as necessárias consequências e determinar a anulação da inspecção feita pelo inspector BB e ordenar outra, feita por inspector diferente. «8. A animosidade pessoal entre o recorrente e o sr. Inspector, em que se verificou um corte de relações de mais de 20 anos não permitiu a realização de uma inspecção livre e isenta, só assim se explicando a sua conduta na resposta, demonstrativa de uma grande "hostilidade" contra a minha Página 5 / 50 21:30:49 09-08-2019

pessoa, mormente porque lhe explicara (e consta do relatório) que tais factos me provocaram uma profunda depressão e enfarte, que me levaram a meter uma baixa médica pela primeira vez na vida. A sua indiferença a todas essas consequências, é reveladora do seu carácter, animosidade e reveladora dos objectivos que lhe subjazeram ao voltar a discuti-los. O acórdão recorrido desvalorizou esta relação e animosidade e não teve em conta que uma inspecção feita nestas condições jamais poderá ser justa e séria, bastar-lhe-ia analisar a resposta e o seu teor, para facilmente concluir que o sr. Inspector agiu com notória hostilidade, parcialidade e falta de isenção. «9. A análise de todo o meu trabalho no período a que respeitou esta inspecção, atendendo a todas as conclusões positivas que acima transcrevemos e constam do acórdão recorrido, se feita sem a influência de factos alheios à mesma é merecedora de uma classificação de mérito de MB, só o não tendo sido porque nela influíram factos sobre os quais o recorrente já fora punido e não poderia voltar a sê-lo. «10. Quando em 2002 o CSM me atribuiu por unanimidade a classificação de Muito Bom, (cfr. doc. 5) entendeu e bem não relevar nesse acórdão os factos extra-profissionais pelos quais já pagara, pois não poderiam mais prejudicar a minha carreira, nem o recorrente ser de novo sancionado. O acórdão recorrido não teve em conta este importante factor, bem pelo contrário quis voltar a dar-lhe relevância colocando-os no acórdão em grande destaque. «11. O acórdão recorrido, ao invés de atender ao conteúdo do acórdão do STJ que anulou o anterior, devendo no mínimo determinar a anulação da inspecção, veio ainda em estilo despropositado, dar ênfase à postura do inspector BB, que foi a todos os títulos reprovável, pondo em causa a imagem da Justiça interna dos Juízes, quando decidiu transcrever ele próprio no acórdão com detalhe e realce, factos de um processo disciplinar amnistiado e com 15 anos. Isto diz tudo. O absurdo de voltar a trazer à colação tais factos e transcrevê-los deliberadamente numa inspecção, teve o manifesto propósito de prejudicar o recorrente, fazendo com que eles contribuam para a não recuperação do Muito Bom que o recorrente tinha obtido em Sintra. Procedimento inaceitável e reprovável, jamais visto em qualquer outro processo, seja de que natureza for. O acolhimento acrítico pelo acórdão recorrido, do procedimento do sr. inspector BB e o ignorar do corte de relações, ofendem além dos princípios de direito, também as apreciações julgadas pelos seus pares que em 2002 compunham o Conselho Superior da Magistratura e classificaram de MB o trabalho do recorrente sem votos de vencido; por isso juntámos esse acórdão (doc. 5), para demonstrar como são parciais, infundadas e falaciosas as considerações feitas no acórdão recorrido.» Terminou a pedir, «ao abrigo das disposições legais conjugadas dos artº 50º do CPTA e artºs 51º, 135º e 136º do CPA: «a) Que seja declarada a invalidade do acto administrativo, anulando-se o acórdão do Plenário do Conselho Superior da Magistratura que atribuiu a classificação de Bom com distinção ao recorrente, com fundamento na violação de competência para o acto, devendo reconhecer-se a competência para o efeito ao Conselho Permanente; «b) Que seja declarada a invalidade do acto administrativo, anulando-se o acórdão do Plenário do Conselho Superior da Magistratura, com fundamento na violação do princípio constitucional "non bis in idem", (artº 29º nº 5) por ter transcrito e valorado negativamente factos de um processo disciplinar amnistiado cujos efeitos já tinham sido repercutidos na inspecção de 1995-1998; «c) Subsidiariamente ainda, que seja declarada a invalidade do acto administrativo, anulando-se o acórdão do Plenário do Conselho Superior da Magistratura, com fundamento nos vícios da própria inspecção acima assinalados, violação do dever de isenção, erro notório na apreciação de Página 6 / 50 21:30:50 09-08-2019

elementos probatórios e animosidade notória entre o sr. inspector e o recorrente.» 2. Cumprido o disposto no artigo 174.º do EMJ, o CSM sustentou a improcedência do recurso. 3. Na sequência da notificação, nos termos e para os efeitos do artigo 176.º do EMJ, alegaram: 3.1. O recorrente, reiterando a motivação e conclusões do recurso, alegou, em conclusão: «1. A decisão do STJ anulou o acórdão do Plenário, pois só ele podia ser objecto de recurso, mas os vícios reportam-se à inspecção, daí que, não tendo, como deveria, o CSM anulado a inspecção, face aos graves vícios demonstrados, o processo deveria ter voltado ao Conselho Permanente e ser este órgão a proferir o acórdão. O acórdão proferido pelo Conselho Plenário nestas condições, enferma de nulidade por falta de despacho de avocação devidamente fundamentado e de razões aceitáveis para tal avocação de carácter excepcional, que no caso nem sequer existiam. «2. O acórdão recorrido, ao ter incluído e valorado factos alheios à inspecção, transcrevendo excertos de um processo disciplinar amnistiado, mas em que os factos já tinham sido valorados negativamente na inspecção referente à época a que se reportavam (1995-1998), violou o princípio do ne bis in idem, por ter sancionado reiteradamente o recorrente pelos mesmos factos. Não basta referir que se têm por não escritos, pois tal não pode corrigir o vício inicial que influenciou a inspecção e proposta de classificação. «3. A inspecção realizada enferma de erros gravíssimos de recolha de dados por parte do inspector, para além da manifesta parcialidade, tendo o acórdão recorrido ignorado por completo todos os elementos probatórios e documentais entregues, através dos quais se demonstravam erros de inspecção, valorando unilateralmente os factos, ou seja, para o relator e Plenário do CSM apenas foi tida em conta a versão distorcida do Inspector e nenhum dos factos e documentos apresentados pelo recorrente, violando assim o princípio da verdade material e enfermando de erro notório de julgamento na apreciação de elementos probatórios. O acórdão recorrido violou ainda o princípio da igualdade e da justiça consagrado no artigo 13.º da CRP e artigos 5.º e 6.º do CPA.» 3.2. O CSM pronunciou-se por dever o recurso ser julgado improcedente e, remetendo para a resposta antes apresentada, enunciou as seguintes razões: «( ) «5.º No entendimento deste Conselho, quanto à questão da nulidade suscitada e relativa ao despacho que retirou o processo do Conselho Permanente e o distribuiu ao Plenário, o mesmo não enferma de falta de fundamentação e foi proferido por quem tinha competência para o efeito, louvando-nos aqui na resposta oportunamente apresentada nos autos, aqui a dando reproduzida para todos os efeitos legais. «6.º Quanto ao ponto em que o recorrente diz que foi violado o princípio constitucional ne bis in idem, por ter transcrito e valorado negativamente factos de um processo disciplinar amnistiado cujos efeitos já tinham sido repercutidos na inspecção de 1995-1998 e, para além disso, por ter aceite acriticamente todo o relatório inspectivo do Sr. Inspector BB, limitamo-nos a remeter para o texto do acórdão recorrido e para a resposta oportunamente apresentada nos autos, aqui a dando por reproduzida para todos os efeitos legais. «7.º Quanto ao ponto em que se invocam vícios da própria inspecção acima assinalados, violação do dever de isenção, erro notório na apreciação de elementos probatórios e animosidade notória entre o Sr. Inspector e o recorrente, cremos não assistir qualquer razão ao recorrente na medida em que o acórdão recorrido se limitou a apreciar questões técnicas do trabalho do senhor juiz, louvando-nos aqui na resposta oportunamente apresentada nos autos, aqui a dando por Página 7 / 50 21:30:50 09-08-2019

reproduzida para todos os legais efeitos.» 3.3. O Exm.º Procurador-geral-adjunto, pronunciando-se, proficientemente, sobre todas as questões suscitadas pelo recorrente, concluiu «pela improcedência dos vícios invocados e, não se descortinando quaisquer outros, pela negação de provimento ao recurso». 4. Colhidos os vistos, cumpre apreciar e decidir. II 1. O objecto do recurso Como emerge do recurso e das alegações produzidas, o recorrente suscita as questões: da indevida execução do acórdão deste Tribunal, de 21/04/2010; da nulidade da deliberação, por falta de despacho de avocação devidamente fundamentado; da violação do princípio ne bis in idem, pelo reiterado sancionamento do recorrente pelos mesmos factos; da violação do princípio da verdade material e erro notório de julgamento na apreciação dos elementos probatórios, com violação dos princípios de igualdade e justiça. 2. A deliberação impugnada A deliberação do plenário do CSM, de 12/07/2011, foi proferida em execução de julgado o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 21/04/2010, que anulou a anterior deliberação do CSM, de 22/09/2009. Para a compreensão das questões postas no recurso e para a sua decisão, interessa o que passaremos a referir. 2.1. Na sequência de pedido expresso do próprio, formulado em 10/03/2008, por despacho de 3/04/2008, do Vice-Presidente do CSM foi deferida e realizada inspecção extraordinária ao serviço prestado pelo recorrente na 2.ª vara mista de Sintra, no período compreendido entre 27 de Abril de 2005 e 7 de Maio de 2008, finda a qual o inspector judicial BB elaborou relatório em que propôs que o Conselho lhe atribuísse a classificação de "Bom com Distinção". 2.2. Notificado da proposta, o recorrente respondeu, suscitando diversas questões e terminando com os seguintes pedidos: «a) a revisão da proposta para a de Muito Bom; b) Caso assim se não entenda, desiste da inspecção requerida, de modo a poder ser abrangido na inspecção ordinária do ano de 2009». 2.3. O inspector judicial apresentou, então, informação final, na qual, a dado ponto, no sentido de densificar a parte em que, no relatório de inspecção, se afirmava que o inspeccionado, «tem uma carreira algo irregular, marcada por alguns altos e baixos», fez referência a um processo disciplinar instaurado contra o recorrente, já arquivado, por ter sido declarada extinta, por amnistia, a responsabilidade disciplinar do recorrente, e teceu comentários, a respeito dele. 2.4. Por acórdão de 27/01/2009, do conselho permanente, foi atribuída, por unanimidade, a classificação de Bom Com Distinção ao recorrente. 2.5. O recorrente reclamou para o plenário do CSM e, após vicissitudes que, agora, não interessa destacar, por deliberação do plenário, de 22/09/2009 com 5 votos contra, foi atribuída ao recorrente a classificação de Bom com Distinção. 2.6. O recorrente interpôs recurso dessa deliberação para o Supremo Tribunal de Justiça e, por acórdão deste Tribunal, de 21/04/2010, foi decidido: «a) Rejeitar o recurso no que concerne aos pedidos formulados nas alíneas b) e d) do petitório, concretamente o de condenação do Conselho Superior da Magistratura a proferir novo acórdão, permitindo ao recorrente obter a classificação de Muito Bom e o de reconhecimento do Página 8 / 50 21:30:50 09-08-2019

direito de desistência da inspecção requerida; «b) Conceder, no mais, provimento ao recurso, anulando-se a decisão do Conselho Superior da Magistratura que atribuiu ao recorrente a classificação de Bom com Distinção e permitindo-se ao recorrente o exercício do direito de audição, possibilitando-lhe se pronuncie sobre a informação final prestada pelo inspector.» Da fundamentação desse acórdão, extrai-se o seguinte passo: «( ) «Ora, cotejando o relatório da inspecção com a informação final, resulta claramente terem sido incluídos nesta última diversos factos novos, que desfavorecem o recorrente, com destaque para a referência expressa a factualismo provado em processo disciplinar em que o ora recorrente figurou como arguido e à decisão tomada em 9 de Novembro de 1999 pelo Conselho Permanente do Conselho Superior da Magistratura, que considerou integrar aquele factualismo quatro infracções disciplinares, tendo contudo declarado extinta, por amnistia, a responsabilidade disciplinar, com arquivamento dos autos. «Por outro lado, o inspector não se limitou a transcrever o factualismo provado no referido processo disciplinar, tendo tecido comentários sobre aquele factualismo, através da adopção da apreciação crítica feita ao mesmo pelo Conselho Superior da Magistratura aquando da decisão proferida no respectivo processo disciplinar, afirmando expressamente: «( ) «Destarte, há que julgar procedente o pedido de anulação da decisão do Plenário do Conselho Superior da Magistratura que atribuiu a classificação de Bom com Distinção ao recorrente, independentemente da asserção produzida pelo próprio Conselho segundo a qual na decisão tomada, como expressamente dela consta, haver sido tida por não escrita, não sendo considerada para qualquer efeito, a matéria nova que o inspector incluiu na informação final. «Com efeito, essa matéria nova não pode ter deixado de influir em todo o processo inspectivo, designadamente na classificação proposta, muito embora só apresentada pelo inspector na informação final e, consequentemente, na decisão tomada pelo Conselho Superior da Magistratura que atribuiu a classificação de Bom com Distinção ao recorrente. «Por outro lado, certo é que no caso dos autos não se verifica qualquer das circunstâncias enumeradas no artigo 103.º do Código de Processo dos Tribunais Administrativos, que declara inexistente ou dispensa o exercício do direito de audiência (-). «Resta apreciar o pedido do recorrente no sentido de lhe ser permitido defender-se dos factos novos produzidos pelo inspector na informação final, ou seja, o pedido de exercício do seu direito de audiência. «Consabido que na base da anulação da decisão impugnada está a violação do direito de audição do recorrente, é evidente que o pedido formulado no sentido de ser possibilitado o exercício de tal direito terá também de proceder.» 2.7. Na sequência, após a baixa do processo, foi o recorrente notificado, nos termos e para os efeitos dos artigos 100.º e 101.º do Código de Procedimento Administrativo, e, em síntese, pronunciou-se no sentido da anulação do processo de inspecção realizado pelo Dr. BB (dada a falta de isenção pelo mesmo patenteada e a determinação prévia de que não lhe iria propor subida de classificação), devendo determinar-se a realização de outra, por inspector diverso, que actue com imparcialidade, transparência isenção e justiça, sustentando, por outro lado, que deve ser classificado de Muito Bom, por os elementos constantes do processo habilitarem o CSM a decidir nesse sentido. Página 9 / 50 21:30:50 09-08-2019

Isto mesmo foi consignado na deliberação, na qual se procede, ainda, a transcrição parcial da pronúncia do recorrente subsequente a tal notificação. 2.8. Por decisão do relator, de 10/05/2011, foram os autos remetidos ao plenário, por ter sido a decisão do plenário e não a do conselho permanente a anulada pelo referido acórdão deste Tribunal, determinando-se a correcção da distribuição, em conformidade. 2.9. E, por deliberação do plenário, de 12/07/2011, foi decidido atribuir ao recorrente, pelo trabalho desempenhado na vara mista de Sintra 2.ª vara, no período compreendido entre 27 de Abril de 2005 e 7 de Maio de 20008, a classificação de Bom com Distinção. 2.10. A deliberação assenta nos elementos apurados no decurso da inspecção, tal como foram estabelecidos no relatório respectivo, transcrito na parte II da deliberação, como segue (transcrição): ELEMENTOS UTILIZADOS E DILIGÊNCIAS EFECTUADAS: Certificado do registo individual e nota biográfica; Relatório da anterior inspecção; Elementos estatísticos; Faltas, licenças e dispensas; Exame de grande parte dos processos em que teve intervenção; Exame dos livros de registo das sentenças, com leitura das mesmas; Contactos com magistrados e funcionários; Contacto e conhecimento pessoal com o Mmº Juiz; Trabalhos apresentados; Fotocópias mandadas extrair de peças processuais da sua autoria. I NOTA BIOGRÁFICA E CURRICULAR 1. Naturalidade:... Data de nascimento:... 2. Faculdade... Conclusão da licenciatura:... Notação da licenciatura:... 3. PERCURSO PROFISSIONAL: Antes de ingressar na magistratura, exerceu funções como Director da Casa de Cultura da Juventude de... (entre 1/1977 e 03/1978) e na Polícia Judiciária, como Investigador Criminal (entre 09/1982 e 09/1986). Foi colocado, como Juiz de Direito, em regime de estágio, na comarca de Sintra, conforme deliberação do CSM de 13.7.88, publicada no DR II Série de 19.9.88, após o que foi sucessivamente nomeado e colocado nos seguintes tribunais: Como juiz auxiliar, no Tribunal Judicial de Faro, conforme deliberação do CSM de 3.5.89, publicada no DR II Série de 28.6.89. Tribunal Judicial da comarca de Ponta do Sol, por deliberação do CSM de 17.4.90, publicada no DR II Série, de 12.5.90. Tribunal Judicial da comarca de Tavira, por deliberação do CSM de 9.4.92, publicada no DR II Série, de 30.4.92. Tribunal Judicial da comarca do Funchal - 3º. Juízo -, por deliberação do CSM de 6.7.93, publicada no DR II Série, de 10.9.93. Tribunal Judicial da comarca do Funchal - 1º. Juízo Criminal -, por deliberação do CSM de Página 10 / 50 21:30:50 09-08-2019

14.12.93, publicada no DR II Série nº. 303 de 30.12.93. Como interino, Tribunal de Círculo de Funchal - 2º. Juízo -, por deliberação do CSM de 25.10.94, publicada no DR II Série nº. 255, de 4.11.94. Tribunal de Círculo de Funchal - 2º. Juízo -, por deliberação do CSM de 10.1.97, publicada no DR II Série nº. 21, de 25.1.97. 17º. Juízo Cível de Lisboa, por deliberação do CSM de 15.7.97, publicada no DR II Série nº. 212, de 13.9.97. 2ª. Vara Mista de Sintra, por deliberação do CSM de 14.7.99, publicada no DR II Série nº. 215, de 14.9.99, no qual ainda se mantém em exercício de funções (posse a 20.9.99). 4. OUTRAS ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PERÍODO OBJECTO DE INSPECÇÃO[3]: -Publicou na internet um site dedicado exclusivamente ao Tribunal de Varas Mistas, por si concebido e administrado, dando a conhecer o tribunal, as condições respectivas, as estatísticas oficiais de todos os tribunais, um pouco da comarca, da vila de Sintra e serviços afins. -Em Setembro de 2005 foi nomeado pelo Sr. Presidente da Relação de Lisboa para presidir à Assembleia-geral de apuramento de votos, nas eleições autárquicas. -Foi professor convidado e Regente da cadeira de Direito Processual Penal na Universidade..., leccionando aos alunos do 5º ano de Direito, no período ano lectivo de 2004/2005. -Em 5 de Dezembro de 2007, proferiu na Escola Superior de Comunicação Social uma conferência subordinada ao tema Justiça, dever de reserva e direito de informação (apresentada como trabalho). 5. REGISTO INDIVIDUAL: 5.1. Classificação de serviço: Do respectivo certificado de registo individual consta: Como Juiz de Direito no Tribunal Judicial de Ponta do Sol, no período de 11.6.00 a 19.6.01, a classificação de Bom,por deliberação do CSM de 19.11.91. Como Juiz de Direito no Tribunal Judicial do Funchal - 3º. Juízo e 1º. Juízo Criminal do Funchal, no período de 7.10.93 a 7.11.94 a classificação de Bom com Distinção,por deliberação do CSM de 7.1.97. Como Juiz de Direito no Tribunal de Círculo do Funchal 2º. Juízo -, no período de 8.11.94 a 25.9.97 a classificação de Bom,por deliberação do CSM de 23.1.01. Como Juiz de Direito na 2ª. Vara Mista de Sintra, no período de 20.9.99 a 5.11.01 a classificação de Muito Bom, por deliberação do CSM de 23.4.02. Como Juiz de Direito na 2ª. Vara Mista de Sintra, no período de 6.11.01 a 26.4.05 de Bom com Distinção,por deliberação do CSM de 6.2.07. 5.2. Pretérito disciplinar: Tem os seguintes registos: Processo Contencioso nº. 93/97 - arquivado por deliberação de 9.11.99; Processo Contencioso nº. 90/00 - extinto por deliberação de 25.5.00). II. APRECIAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO: 1. CAPACIDADES HUMANAS: 1.1. Independência, isenção: É independente e isento. 1.2. Relacionamento intersubjectivo: É um magistrado de bom trato, tendo mantido bom relacionamento com a generalidade dos demais magistrados, advogados, funcionários e demais intervenientes processuais. Página 11 / 50 21:30:51 09-08-2019

1.3. Prestígio profissional e pessoal/serenidade e reserva no exercício da função/ idoneidade cívica e dignidade de conduta: Assíduo, é muito interessado e empenhado no trabalho. No período abrangido pela presente inspecção, actuou com a serenidade, dignidade e reserva exigíveis a um juiz de direito, nada de negativo havendo a mencionar no tocante ao seu prestígio profissional e pessoal. 1.4. Inserção sócio-cultural e sentido de justiça: Bem integrado no meio sócio-cultural, denota boa capacidade de compreensão das concretas situações da vida com que se confronta e sentido de justiça a solucioná-las. 2. ADAPTAÇÃO AO TRIBUNAL/SERVIÇO: 2.1. Tempos dos exercícios sob apreciação: A presente Inspecção Extraordinária refere-se ao serviço prestado no período compreendido entre 27.4.05 e 7.5.08, abrangendo um período global de cerca de 3 anos e 10 dias. 2.2. Faltas ao serviço (todas justificadas): QUADRO 1 Ano de 200631.5 e 1.6:- 2 dias Art. 29º DL 100/99 de 31.3 19 e 20.7:- 2 dias (férias) 24.7 a 23.8:- 22 dias (férias) 28 a 31.8:- 4 dias (férias) 2 e 3.11:- 2 dias (Artº. 10º. Lei 21/85) Ano de 200721 e 22.2:- 2 dias Art. 29º DL 100/99 de 31.3 19.7 a 29.8:- 29 dias (férias) 12 a 27.9:- 16 dias Art. 29º DL 100/99 de 31.3 2.3. Do serviço: 2.3.1. Condições específicas do exercício: a)o tribunal As duas Varas Mistas de Sintra (com um quadro de 3 juízes a que acresce mais um juiz auxiliar - em cada uma) são tribunais de competência específica, competindo-lhes, nas causas mencionadas nos arts. 97º e 98º da LOFTJ a preparação, julgamento e prática dos demais actos processuais aí previstos. O círculo judicial encontra-se abrangido pela competência de Tribunal de Família e Menores (bem como de Tribunal do Trabalho). Na sua área territorial (o Círculo Judicial de Sintra apenas compreende a respectiva comarca) coexistem zonas rurais e urbanas com uma vasta gama de tipos processuais predominando: no cível, acidentes de viação, acções de dívida pecuniária, acções emergentes de vários contratos, algumas acções relativas a direitos reais e execuções; na jurisdição criminal, crimes contra o património e as pessoas. b) Estado dos serviços no exercício da função: À data do inicio desta inspecção, o Exmº Juiz não tinha qualquer processo pendente de despacho ou sentença[4]. Página 12 / 50 21:30:51 09-08-2019

Proferiu a generalidade das decisões dentro dos prazos legais (detectámos 15 situações de atraso na prolação de sentenças, pouco expressivas cfr. infra nº 2.3.3.). As Varas Mistas de Sintra tiveram sempre um grave problema de gestão e falta de funcionários, embora na 2ª Vara a situação tenha melhorado com o início de funções da actual escrivã, Sra. D. CC, em 21/6/04. O volume de distribuição processual registado nas Varas Mistas de Sintra pelo menos desde 2003[5]- é manifestamente consentâneo com o ritmo de trabalho suposto num juiz em tribunal de acesso final. Na jurisdição criminal, a situação encontra-se totalmente normalizada[6], sendo muito reduzido o número de processos entrados e, consequentemente, o de julgamentos marcados/efectuados. Quanto à jurisdição cível, a pendência processual encontra-se ainda em níveis bastantes elevados: reportando-nos apenas aos processos afectos ao Dr. AA, o número de acções ordinárias e especiais (declarativas) pendentes é cerca de quatro vezes superior ao volume anual de entradas; quanto às execuções, esta relação é, sensivelmente, de um para seis. Na verdade: Atramitação das acções executivas encontra-se praticamente bloqueada, como em tantos outros tribunais, por razões conhecidas e às quais os Srs. Magistrados são essencialmente alheios. Quanto às acções declarativas, o número de processos anualmente findos tem correspondido, grosso modo, ao dos entrados, pelo que a pendência também se mantém bastante elevada. Apesar dos atrasos com que a secção movimenta a generalidade dos processos cíveis[7], considerando que (i) a entrada de acções declarativas não é especialmente elevada, (ii) que a tramitação da acção executiva se encontra praticamente paralisada (iii) e que o volume de processos de natureza criminal é muito inferior ao normal, afigura-se-nos que a situação poderia ter evoluído de forma (bem) mais positiva, se o Ex.mº Juiz se tivesse empenhado mais no encurtamento da vida dos processos (no âmbito dos actos processuais da sua responsabilidade), como desde logo se patenteia nos indicadores relativos ao número de sentenças e decisões finais proferidas, que em nada se distanciam do normalmente exigível[8]. Vale por dizer que boa parte das acções declarativas contestadas não se mostra tramitada de acordo com os desejáveis imperativos de linearidade/celeridade processual, sendo certo que o facto de a secçãoter incorrido em múltiplos e expressivos atrasos na sua movimentação aliado à inerente redução do ritmo de circulação de processos entre a secção e os gabinetes dos senhores juízes - demandaria especial atenção nesta matéria. De facto: Apesar de a agenda não se encontrar sobrecarregada (cfr. infra 2.3.3.), as audiências preliminares são quase sempre marcadas a prazo muito superior aos 30 dias previstos no art. 508º-A, CPC: cerca de sete catorze semanas, embora nalguns casos o prazo seja sensivelmente superior[9](nota-se que marcar audiências preliminares com excesso de dilaçãoequivale nos casos em que elas são dispensadas - a proferir despachos de condensação com idêntico atraso). No agendamento não costuma ter em conta a longevidade do processo, nomeadamente nos casos em que a secção já incorrera em expressivos atrasos na sua movimentação. Por vezes, desdobra despachos que poderiam ser reunidos num só. Estando o processo pronto para sanear, limita-se, nalguns casos, a mandar juntar documentos que nesse momento não eram indispensáveis[10], como na AO 643/02 ou na AO 2242/05.3. Quando se pronuncia sobre os requerimentos de prova (nos casos em que dispensa a audiência preliminar), nem sempre designa logo dia para a audiência final (sendo tal possível), em infracção Página 13 / 50 21:30:51 09-08-2019

ao disposto no art. 512º, nº 2, CPC (v.g. AO 2600/03.8 e AO 798/01). Quando- tendo em vista eventual transacção - suspende a instância na audiência preliminar, não segue a boa prática de logo marcar outra data, prevenindo a eventualidade de a mesma não se concretizar, caso em que designa posteriormente uma segunda diligência, prática que, dado o deficiente funcionamento das secções, se traduz, muitas vezes, em atrasos processuais de vários meses e, até, de anos[11]. Alguns exemplos destas práticas: AO 1438/05.2: -Tendo o último articulado sido apresentado em 21/6/06, só em 26/3/07 o processo foi concluso, tendo a audiência preliminar sido designada para 10/9/07, AO 1326/03.7: -Junta a contestação em 22/120/03, só em 15/2/05 foi notificado o advogado da parte contrária. -Só em 9/6/05 foi aberta conclusão; -Determinada uma notificação, só em 17/1/07 foi aberta nova conclusão; -Admitida nesta data a intervenção principal e junto aos autos em 16/2/07 o articulado da interveniente, foi aberta conclusão em 29/10/07; -Nesta data, mandou juntar aos autos documentos, em 10 dias; -Em 20/11/07 renovou o despacho; -Em 5/12/07 a parte informou já não ter em seu poder os documentos solicitados; -Aberta conclusão em 10/1/08, apenas condenou a parte em multa, em vez de designar também, desde logo, audiência preliminar, o que só fez em 15/2/08 (para 2/6/08). AO 717/04.0: -Em 6/6/05, mandou cumprir o art. 39º, nº 1, CPC; -Só em 19/3/07 foi aberta conclusão, data em que designou audiência preliminar para 17/5; -Na audiência preliminar, convidou ao aperfeiçoamento da petição inicial; -Em 6/7/07 o R. respondeu à nova petição inicial; -Só em 28/1/08 foi aberta conclusão, data em que designou (nova) audiência preliminar para 5/5. -Na audiência preliminar foi proferido despacho de condensação, tendo o julgamento sido designado para 18/9. AO 1601/06.9: -Em 24/10/07 foi junta aos autos a réplica; -Só em 29/4/08 foi aberta conclusão, tendo sido designada audiência preliminar para 10/9; AO 1103/04.8: Tendo o último articulado sido apresentado em 5/7/05, só em 19/3/07 o processo foi concluso, tendo a audiência preliminar sido designada para 9/7/07, AO 671/02: -Tendo o último articulado sido apresentado em 7/7/03, só em 13/5/05 o processo foi concluso, tendo a audiência preliminar sido designada para 26/9/05; AO 414/03.4: -Tendo a R. revogado o mandato forense em 12/5/06, apenas foi aberta conclusão em 14/2/07, data em que se limitou a mandar cumprir o art. 39º, nº 1, CPC; -Só em 29/10/07 foi aberta conclusão, tendo sido designada audiência preliminar para 17/1/08, data em que foi adiada para 24/4708, com base na falta dos advogados das partes, em infracção ao disposto no art. 508º-A, nº 4, CPC; -Nesta data foi suspensa a instância por 30 dias, a requerimento das partes, não tendo sido Página 14 / 50 21:30:51 09-08-2019

designada data para o prosseguimento da diligência (em caso de frustração do acordo). P. 509/03.4 (embargos de executado): Mandou notificar as partes para prestarem esclarecimentos sobre eventual acordo (aflorado nos articulados), só posteriormente tendo designado a audiência preliminar (podia/devia ter designado esta diligência e, no mesmo despacho, solicitar os esclarecimentos tidos por convenientes). AO 1837/03.4: -Em 21/11/03, no decurso da audiência preliminar, suspendeu a instância por 30 dias, nos termos do art. 279º, nº 4, CPC. -Aberta conclusão apenas em 9/6/05, mandou notificar as partes para esclarecerem sobre o resultado das negociações. -Em 28/6/05, uma das partes requereu o prosseguimento dos autos; -Aberta conclusão apenas em 13/2/07, designou audiência preliminar para 3/5/07.. AO 1181/04.0. -Em 25/6/07, no decurso da audiência preliminar, suspendeu a instância por 10 dias, nos termos do art. 279º, nº 4, CPC. -Não tendo sido designada data para o prosseguimento da diligência, as partes informaram em 16/7/08 a frustração do acordo; -Só em 31/1/08 foi aberta conclusão (tendo sido proferido despacho de condensação em 8/3/08). AO 1063/04.5: -Tendo o último articulado sido apresentado em 24/6/04, só em 19/3/07 o processo foi concluso, tendo a audiência preliminar sido designada para 18/6/07, -No decurso da diligência, suspendeu a instância por 30 dias, nos termos do art. 279º, nº 4, CPC. -Aberta conclusão em 30/1/08, mandou os autos aguardar impulso processual, sem prejuízo do disposto no art. 51º, nº 2, b), CCJ. -Em 15/4/08, uma das partes requereu o prosseguimento dos autos; -Aberta conclusão em 29/4/08, designou audiência preliminar para 7/6/08. AO 41/04.9: -Tendo o processo estado na secção cerca de dezoito meses sem ser movimentado, em 22/3/07 designou audiência preliminar para 5/7. -Por seu impedimento pessoal, em 4/7 reagendou para 8/11, data em que, no decurso da diligência, suspendeu a instância por 30 dias, nos termos do art. 279º, nº 4, CPC. -Aberta conclusão em 23/1/08, mandou notificar as partes para requererem o que tivessem por conveniente; -Em 7/3/08, uma das partes informou que nada justifica que os autos estejam suspensos, requerendo o seu prosseguimento; -Aberta conclusão em 26/3/08, designou audiência preliminar para 12/6/08. AO 1579/06.9: -Tendo o processo estado na secção cerca de seis meses sem ser movimentado, em 12/6/07 designou audiência preliminar para 22/10, no decurso da qual suspendeu a instância por 30 dias, nos termos do art. 279º, nº 4, CPC. -Em 8/1/08, o A. informou não haver acordo; -Só em 29/4/08 foi aberta conclusão, data em que designou (nova) audiência preliminar para 10/6. X X X Positivamente, refira-se que quando designa a audiência preliminar convida em regra os advogados das partes, no mesmo despacho, a juntar suporte digital dos articulados. Página 15 / 50 21:30:51 09-08-2019

Porém e apesar de ter adoptado o procedimento adequado na generalidade das situações[12]-, quando dispensa a audiência preliminar (estando o processo pronto para saneamento/condensação), há situações em que apenas manda juntar aos autos suporte informático dos articulados, mesmo em casos em que o processo estivera já largo tempo sem movimentação e em que não parece que o grau de complexidade da causa o justificasse[13]. c) Presidência e gestão administrativa dos tribunais: Não foi exercida. d) Intervenção em tribunal colectivo: Interveio regularmente, como presidente e juiz adjunto. e) Formação de Auditores/Juízes Estagiários: No período abrangido pela presente inspecção, não colaborou neste âmbito. f) Condições das instalações: As instalações muito modernas e recentes são suficientes e com a dignidade exigível, havendo gabinetes individuais para os magistrados e duas salas de audiências exclusivas das Varas. g) Vicissitudes nas cargas de distribuição: O serviço é igualmente distribuído pelo juiz auxiliar e pelos três juízes efectivos de cada uma das Varas, pelo que cada um deles tem a seu cargo um quarto do total. Como decorre do documento nº 3 anexo ao memorando apresentado pelo Ex.mº Juiz, há algumas disparidades no número de processos distribuídos aos diferentes juízos, as quais, no seu conjunto, não têm qualquer significado relevante (no plano da apreciação da produtividade). <<< 2.3.2. Índices de produtividade. a)movimento processual [14] [15]. 2ª.VARA MISTA DE SINTRA Período de 27.4.05 e 7.5.08 QUADRO 2 ESTATÍSTICA CRIME de 27.4.05 a 31.12.05 EspéciePendentes em 27.4.05Entrados entre 27.4.05 e 31.12.05Findos entre 27.4.05 e 31.12.05Pendentes em 31.12.05 Comuns Colectivos/ Juri16116105 (acerto estatístico)72 Outros/Proc.(mapa oficial)3113 Outros/Proc.(não mapa oficial)142016 TOTAL1781910691 Página 16 / 50 21:30:51 09-08-2019