A RELEVÂNCIA DO SETOR PEDAGÓGICO, DENTRO DAS ALTERNATIVAS PENAIS. Área Temática: Educação. Autor(es): Daiane de Almeida (USF - UNICENTRO) 1, Jaqueline Iara Poteriko (USF - UNICENTRO) 2, Andreia Schinaider (USF - UNICENTRO) 3, Klevi Mary Reali (USF - UNICENTRO 4, Paulo Roberto Sékula (Orientador do projeto) 5. RESUMO: O presente texto tem como objetivo apresentar o trabalho realizado pelo setor pedagógico do Patronato Municipal de Pitanga, desde o seu início, setembro de 2013 até o primeiro semestre do ano de 2016. Este material junta-se ao desejo maior de apontar a importância da pedagogia na aplicação das medidas alternativas. O Patronato Municipal de Pitanga é um Programa de Alternativas Penais, que realiza o atendimento de egressos e beneficiários do sistema prisional para o atendimento das penas restritivas de direitos, denominadas medidas alternativas. O Setor de Pedagogia faz parte de uma equipe multiprofissional também composta pelos setores Direito, Administração, Serviço Social e Psicologia, cada um com Atribuições específicas, no entanto realizando um trabalho conjunto, atendem os egressos e beneficiários nas diversas modalidades de execução penal em regime aberto. Agindo com a finalidade de nortear as ações dos egressos durante o cumprimento da pena, o Patronato deve supervisionar a execução destas e orientar a reintegração social do assistido. Considerando a complexidade do trabalho a ser desenvolvido, bem como o público acompanhado, surgem vários desafios práticos e teóricos a serem encarados na orientação das atividades dia a dia do pedagogo. PALAVRAS-CHAVE: Pedagogia social; Patronato; Sistema Prisional; Egressos. 1. INTRODUÇÃO/CONTEXTO DA AÇÃO O Patronato é um órgão de execução penal, que realiza o atendimento de egressos e beneficiários do sistema prisional para o atendimento das penas restritivas de direitos, denominadas medidas alternativas. Estes são denominados assistidos, nos termos dos artigos 78 e 79 da Lei de Execução Penal. O método de Fiscalização é destinado ao Patronato/municipal, em específico o Patronato de Pitanga foi criado pela Lei Municipal n 1798 de 12 de setembro de 2013, é constituído de uma equipe multidisciplinar está é composta pelos setores de apoio administrativo, jurídico, de assistência social, psicológico e pedagógico. Tem por finalidade 1 Graduada em Pedagogia e Gestão Educacional da UNICENTRO. daianealmeida.ptga@gmail.com 2 Acadêmica do 2 ano do curso de graduação em Pedagogia e Gestão Educacional da UNICENTRO. jaquepoteriko@gmail.com 3 Acadêmica do 5 período de Pedagogia da UCP. andreiaschinaider2013@gmail.com 4 Professora Pedagoga, Coordenadora do setor pedagógico do USF UNICENTRO - Programa de Alternativas Penais do Município de Pitanga- PR. kmfribas@yahoo.com.br. 5 Mestre em Engenharia de Produção- UTFPR, Lotado no Departamento de Administração da UNICENTRO Campus Santa Cruz- Coordenador Geral Técnico Pedagógico- USF. prsekulo@hotmail.com
não só fiscalizar, mas também, reinserir o egresso no meio social. Para tanto utiliza-se de projetos, que auxiliam na compreensão e orientação do indivíduo a novos caminhos, fora da marginalização, fazendo com que o mesmo não tenha reincidência no crime. Focando no setor pedagógico, o papel do pedagogo no contexto educacional, tem por finalidade contribuir para a formação educacional e social, neste caso dos assistidos. No Patronato, o pedagogo contribui com conhecimentos científicos e com a equipe multidisciplinar, de forma a atender os egressos de maneira profissional, ouvindo e auxiliando em suas necessidades. A principal função da Instituição é ressocializar o indivíduo, para que o mesmo possa integrar novamente a sociedade de forma digna. A educação é vista como uma das melhores medidas para tal função, já que quando privado de liberdade o mesmo não se encontra a par do que acontece fora da prisão. É pertinente lembrar-se da importância da escolaridade dentro da sociedade, seu papel fundamental para o desenvolvimento da criticidade do indivíduo sobre o meio em que está inserido e também seu ingresso no mercado de trabalho de forma a lhe garantir seus direitos básicos como cidadão e proporcionar a chance de deixar de lado a vida do crime. Segundo Santos 2009; Reeducar não é só tratar da educação, mas do trabalho e da qualificação, sendo esses indispensáveis. Além desses, outros itens são imprescindíveis na recuperação educacional. A Lei de Execução Penal trata de todas as assistências devidas ao favorecimento correcional, como por exemplo, a assistência ao egresso, cujo papel é importantíssimo, pois trata da reintegração do preso na sociedade. De acordo com artigo 27 da Lei de Execução Penal, o ex-preso terá apoio social por meio da assistência social para obtenção de uma vaga no mercado de trabalho (SANTOS, 2009, p.69). A equipe pedagógica se compromete em assessorar esse indivíduo na área educacional, propiciando ao mesmo a volta aos estudos incompletos, ou cursos profissionalizantes, para o mesmo se beneficie destas vantagens. A integração entre o Patronato e o egresso é fundamental, visto que, o mesmo acaba saindo da prisão debilitado emocionalmente, socialmente e economicamente. Este projeto torna-se então a primeira ferramenta de tentativa da sua reinserção na sociedade. Desta forma quando os egressos são destinados ao patronato, passam por triagens iniciais, que consistem na realização de entrevistas com cada equipe de profissionais. Estas entrevistas buscam uma identificação do indivíduo e a apresentação dos setores e os trabalhos que deveram ser realizados por cada um. Ao passar pela equipe pedagógica a mesma busca conhecer a escolaridade de todos os beneficiários atendidos, com objetivo de orientar, acompanhar e buscar vagas em curso de Ensino Formal, básica, profissionalizante, de capacitação, focando seus esforços na escolarização para os assistidos que têm a Medida Educativa como condição de pena a cumprir, bem como aqueles que demonstram interesse em retomar a formação escolar. A Medida Educativa indica a necessidade da continuidade dos estudos, na condição de término da escolarização básica, ou, mesmo do atendimento daqueles que nunca frequentaram a escola, analfabetos, este encaminhamento é feito a partir do pedido do juiz da Vara de Execuções Penais - VEP, que determina o tratamento penal para os egressos e beneficiários, indicando a continuação dos estudos como condição para o cumprimento da pena em regime
aberto. Sendo assim o trabalho diário prevê a orientação para o cumprimento da Medida Educativa, bem como a apresentação das escolas que atuam na modalidade EJA, Fase I e II, Instituições que oferecem cursos profissionalizantes e superiores e ainda as condições que estas modalidades são oferecidas. A equipe pedagógica busca acompanhar o processo desde a matrícula, frequência e conclusão dos cursos e/ou obrigatoriedade estipulada em medida judicial, simultaneamente informando os órgãos competentes. Utiliza-se para tanto de uma relação de todos os estabelecimentos de ensino Estadual e Municipal, sua localização e formas de contatos (telefone e e-mail) para indicar ao egresso as possibilidades e situá-lo quanto a proximidade de sua residência. Uma das dificuldades encontradas para a realização do trabalho é que, o egresso prioriza o trabalho e, acredita que o estudo deve ficar em segundo plano, seja influenciado por questões culturais e de cunho financeiro. É função da Pedagoga incentivar o egresso, nessa continuidade de estudos. Utiliza para tanto, como objeto de coerção, visando o retorno à educação, o desenvolvimento de projetos, tais como o Projeto ELER 6 que tem por finalidade conscientizar o indivíduo da importância do hábito da leitura, permitindo ao mesmo adquirir conhecimentos como seus direitos e deveres, como se tornar um cidadão crítico e que o mesmo fique a par dos acontecimentos da sociedade, vivenciando assim novas experiências que solidifiquem sua aprendizagem, assim proporcionando um avanço no seu processo de conhecimento. 2. DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES E/OU DA METODOLOGIA A implementação do programa Patronato - Programa de Municipalização da Execução Penal em Meio Aberto se dá por meio de Realização de reuniões com representantes dos Poderes Públicos Estaduais e Municipais, Poder Judiciário e Ministério Público Estadual e Federal com vistas a efetivar tratativas com os atores envolvidos direta e indiretamente com a criação do Programa Patronato. Deste modo o mesmo é implantado em diversas cidades, com a finalidade da fiscalização de egressos em condições de meio aberto, sendo pautado o respeito e a valorização dos direitos humanos, e a ressocialização, de maneira educativa. As equipes são formadas a partir de uma parceria entre SEJU (Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos) e SETI (Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), que criou um projeto de extensão universitária, com base na Lei dos SINAES 7 (Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, e portaria nº 2.501, de 9 de julho de 2004), que através do Programa Universidade sem Fronteira financia projetos para executar em acordo com a legislação vigente, as atividades necessárias à consecução dos desígnios propostos pelo Programa Patronato, sob a supervisão do Patronato Central do Estado do Paraná. 3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO. De acordo com a pesquisa apresentada no presente trabalho, que está em fase inicial, percebe-se até o momento, a importância da atuação dos Patronatos, para o cumprimento das 6 Projeto elaborado pela SEJU - Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. 7 SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
Alternativas Penais, colaborando, assim para que as mesmas sejam cumpridas de forma humana, auxiliando assim, o egresso a se se reintegrar a sociedade novamente. Neste processo de reintegração o setor de Pedagogia torna-se indispensável para o encaminhamento do mesmo ao processo educacional, para que ele tenha oportunidade de se profissionalizar, e conseguir oportunidades de emprego e não reincidir novamente no delito que havia cometido anteriormente. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sendo a educação um grande meio para fazer com que aconteça a ressocialização dos assistidos no meio social, é necessário reconhecer que precisam de oportunidades e políticas que defendam seus direitos e ajudem a trilhar um novo caminho, com perspectivas melhores de vida, com qualidade e dignidade e ainda, condições de atuar no mercado de trabalho, exercendo uma profissão que supra suas necessidades. Deste modo percebe-se, pelas ações desenvolvidas e citadas, que o setor pedagógico é indispensável na ressocialização do egresso, visto que por meio da educação o mesmo recebe suporte para se reintegrar na sociedade. O Egresso acaba sofrendo uma degradação em sua identidade em decorrência ao delito cometido, é necessário, portanto, encontrar maneiras de resgatá-la. Para isso ele necessita se adaptar a novos padrões impostos pela sociedade. A educação neste caso, tem um papel primordial, auxiliando o egresso a construir uma visão mais ampla de mundo, e a buscar novas maneiras de inserção na sociedade, que os humanizem e os transformem em pessoas emancipadas socialmente, capazes de modificar sua realidade. Reconhecendo a educação como um direito garantido constitucionalmente, todo ser humano, necessita de condições básicas para usufruir do mesmo, de oportunidades educativas que atendam suas necessidades de conhecimento, independente do meio em que se encontram. Sendo assim educador precisa acreditar no ser humano e em sua capacidade de mudança, compreendendo-o como um ser incompleto, que possui potencial e sonhos a serem respeitados. O Educador ao realizar seu trabalho com o egresso deve agir com naturalidade, profissionalismo, valorizando sempre os avanços alcançados, pelas novas concepções adquiridas, para que ele se sinta estimado e motivado. Desta maneira acredita-se que o conhecimento é construído de forma afetiva. O processo de apropriação do conhecimento de mundo e a aprendizagem institucionalizada devem ocorrer de modo simultâneo com a integração, compreensão e reconhecimento de todos os envolvidos no processo educativo, havendo assim uma ligação entre educação e vida. REFERÊNCIAS Lei n o 10.861, de 14 de abril de 2004. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.861.htm Acesso em: 07/09/2016. Lei n o 7.210, de 11 de julho de 1984. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm Acesso em: 07/09/2016. PORTARIA Nº 2.051, DE 9 DE JULHO DE 2004 Regulamenta os procedimentos de avaliação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), instituído na
Lei no 10.861, de 14 de abril de 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/portaria_2051.pdf Acesso em: 07/09/2016 SANTOS, R. C. Políticas públicas de educação nos presídios: o papel do pedagogo em novos espaços como agente de transformação social. Universidade Católica de Brasília, Brasília DF. 2009. SEJU, Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. Patronato Municipal: Municipalização da Execução das Alternativas Penais. Curitiba/PR, 2013a. Acesso em: 07/09/2016. SEJU, Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SEJU). Relatório de Implantação do Programa Patronato - Programa de Municipalização do Acompanhamento das Penas e Medidas Alternativas em Meio Aberto. Curitiba/PR, 2013b. Acesso em: 07/09/2016.