A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO PROGRAMA PATRONATO MUNICIPAL

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1 A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO PROGRAMA PATRONATO MUNICIPAL Área Temática: Ciências Humanas Psicologia Psicologia Social. Autor(es): Mirian Maria Kosak 1 (Bolsista da Universidade Sem Fronteiras), Rafael de Farias Sass 2 (Bolsista da Universidade Sem Fronteiras), José Claudio Alves da Luz Junior 3 (Bolsista da Universidade Sem Fronteiras), Débora Rickli Fiuza 4 (Orientadora). RESUMO: O Programa Patronato foi instalado na cidade de Pitanga em fevereiro de Este programa surgiu com vistas a qualificar as atividades anteriormente desenvolvidas pelo Pró-Egresso. O objetivo do Patronato é assistir os beneficiários do sistema prisional e indivíduos que cumprem penas e medidas alternativas no regime aberto. Com vistas a realizar a fiscalização e o acompanhamento destas penas, o programa pauta-se nos Direitos Humanos e realiza suas atividades com caráter educativo objetivando a inclusão social e o rompimento com práticas preconceituosas e estigmatizantes. O Patronato de Pitanga conta com uma equipe multidisciplinar composta pelas áreas de Administração, Direito, Pedagogia, Psicologia e Serviço Social. Este trabalho tem como finalidade contextualizar as ações da Psicologia dentro do Patronato Municipal de Pitanga. Para a implantação do Patronato foram realizadas várias reuniões com os representantes envolvidos na criação do programa. Suas atividades consistem em entrevistas de triagem, realização de grupos, reuniões entre a equipe, elaboração de relatórios e visitas domiciliares. O setor de Psicologia é responsável por realizar a entrevista psicológica no intuito de traçar um perfil psicológico do assistido para estruturar um acompanhamento individualizado, ou encaminhar o assistido para a rede de apoio ou programas internos conforme a necessidade percebida. Estes programas internos são realizados de forma interdisciplinar contando com a participação de toda a equipe. Desta forma, a Psicologia dentro do Patronato busca atuar com vistas à ressocialização e inclusão social do apenado, intentando mudanças comportamentais, a conscientização e a internalização de novas condutas, sempre tendo em vista um atendimento integral. PALAVRAS-CHAVE: Psicologia; Alternativas Penais: Patronato. 1. INTRODUÇÃO/CONTEXTO DA AÇÃO O Patronato Municipal de Pitanga é um Programa de execução de alternativas penais, que surgiu em 12 de setembro de 2013, a partir da Lei Municipal nº1798. Este programa surgiu como forma de substituir o extinto pró-egresso e qualificar as práticas que anteriormente eram realizadas. O surgimento do Patronato deve-se a necessidade de impedir o abarrotamento causado pelo excesso de processos dos crimes reincidentes nas Varas Criminais e Juizados Especiais Criminais. O objetivo do programa é assistir os beneficiários do sistema prisional e indivíduos que cumprem penas e medidas alternativas no regime aberto. Estes indivíduos são encaminhados ao Patronato Municipal por determinação das Varas de Execuções Penais, das Varas Criminais da Justiça Comum, da Justiça Federal, Ministério Público, Procuradoria da República, e também Juizados Especiais (SEJU, 2013a). 1 Psicóloga do Patronato Municipal de Pitanga. mirian_patd@hotmail.com 2 Acadêmico do 10º período do curso de Psicologia da Faculdade Guairacá. rafaelsass@hotmail.com 3 Acadêmico do 4º período do curso de Psicologia da Faculdade Campo Real. juunn1n@gmail.com 4 Professora Orientadora do setor de Psicologia do Projeto Patronato Municipal de Pitanga. deborarickli@yahoo.com.br

2 Este programa tem como viés realizar a fiscalização e acompanhamento do cumprimento destas penas, tendo como prioridade promover ações de caráter educativo que objetivem a inclusão social e a ressocialização dos assistidos. As atividades desenvolvidas são pautadas nos direitos humanos, e visam o rompimento com práticas preconceituosas e estigmatizantes. O Patronato Municipal de Pitanga é um programa de Porte II, atendendo uma demanda de 501 a 1000 assistidos. No intuito de atender esta demanda, o programa conta com uma equipe multidisciplinar constituída pelas áreas de Administração, Direito, Pedagogia, Psicologia e Serviço Social (SEJU, 2013b). Sendo assim, a equipe conta com 1 (um) estagiário de Administração, 1 (um) advogado recém-formado e 2 (dois) estagiários de Direito, 1 (um) pedagogo e 2 (dois) estagiários de Pedagogia, 1 (um) psicólogo e 2 (dois) estagiários de Psicologia, 2 (dois) assistentes sociais e 2 (dois) estagiários de Serviço Social. Cada setor desempenha suas funções dentro do programa, mas sempre com vistas ao atendimento integral e multidisciplinar. A inserção da Psicologia no programa possibilita uma atuação que busca olhar para a subjetividade de cada apenado oferecendo humanização do acompanhamento e o atendimento de suas necessidades prementes. Nesta perspectiva, o presente trabalho objetiva delinear as ações desenvolvidas pelo setor de Psicologia no âmbito Patronato Municipal de Pitanga. 2. DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES E/OU DA METODOLOGIA A metodologia utilizada para implantação do Programa de Execução das Alternativas Penais Patronato Municipal de Pitanga/PR, ocorreu através de reuniões com representantes dos Poderes Públicos Estaduais e Municipais, Poder Judiciário e Ministério Público Estadual e Federal, envolvendo diversos atores para o desenvolvimento do Programa Patronato (SEJU, 2013b). O Programa Patronato Municipal é um Projeto Extensionista vinculado à Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO, Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior SETI, Instituições de Ensino Superior IES, Secretária de Segurança Pública SESP, Departamento de Execução Penal DEPEN, Conselho da Comunidade e com a esfera Municipal (SEJU, 2013a; SEJU, 2013b; SASS et al., 2014). O Programa Patronato Municipal de Pitanga/PR assegurado pela Lei Municipal nº de 12 de Setembro de 2013 passou a realizar suas atividades no segundo semestre de 2013, sendo estas atividades entrevista de triagem e acolhimento ao assistido do sistema judiciários, realização de grupos com os assistidos, visando debates de reflexão acerca dos delitos que respondem em processo judicial, reunião com a equipe interdisciplinar, reunião com setor de psicologia, elaboração de relatórios mensais, trimestrais e semestrais e visitas domiciliares aos assistidos. 3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO

3 A inserção do psicólogo na área jurídica teve origem no período em que o direito reconhecia este profissional como o especialista da caracterização da personalidade, ou seja, como um cientista, que através de seus instrumentos e técnicas de trabalho era capaz de prever comportamentos (OLIVEIRA, 2009). Por meio dos mensuráveis testes psicológicos, o direito recebeu da psicologia um suporte científico, num período onde surgiram fenômenos subjetivos e comportamentos humanos que não detinham explicação, mas era necessário regulá-los (OLIVEIRA, 2009). A atuação da Psicologia nas penas alternativas vem com o intuito de acompanhar o cumprimento da sentença atuando junto à pessoa que praticou um delito para que esta não pratique outro crime, seja de menor ou maior gravidade. A equipe multidisciplinar da qual o psicólogo faz parte tem a função de sempre estar conferindo se o infrator está em dia com a lei, cumprindo o que lhe foi determinado em audiência, de maneira a qual se trabalhe uma visão crítica e consciente, evitando a reincidência (BRITO, 2007 apud SILVA; GUTZLAFF; KAZMIERCZAC, 2008). No Patronato a equipe de Psicologia é responsável por realizar a entrevista psicológica, com vistas a traçar perfil psicológico do assistido no intuito de estruturar um acompanhamento individualizado (DEPEN, 2014) ou encaminhar o mesmo para a rede de apoio ou programas internos oferecidos pelo Patronato conforme as necessidades percebidas através da entrevista. O setor de Psicologia busca um atendimento do assistido considerando sua integralidade biopsicossocial, e procurando oferecer um olhar diferenciado diante da realidade criminal. Segundo Alenski et al., (2015) o psicólogo do Patronato, buscará romper com alguns paradigmas e preconceitos impostos pela sociedade em relação aos assistidos, salientando os seus direitos e deveres, bem como o desenvolvimento de atividades reforçadoras que possibilitem ressignificar a vida delituosa, evitando assim a reincidência. Este processo de reeducação e ressocialização possibilita que os assistidos pelo Programa Patronato possam refletir sobre seus crimes e modificar seus comportamentos, criando novos arranjos comportamentais para se relacionar na comunidade em que estão inseridos, rompendo com o estigma da realidade criminal no país. A atuação do psicólogo no Programa Patronato se pauta no Termo de Compromisso Contratual do Profissional de Psicologia no período de 2016, no qual consta as principais atribuições desenvolvidas. Além das atividades específicas de cada setor, a equipe desenvolve também atividades interdisciplinares, onde há participação de todos os profissionais e estagiários. No rol de atividades interdisciplinares destacam-se o planejamento e execução de programas internos. Estes programas foram desenvolvidos pelo Patronato central do Estado e tem como objetivo a individualização do cumprimento das alternativas penais através de estratégias que possibilitem ao assistido a reflexão acerca dos seus delitos, com vistas a mudanças comportamentais, conscientização e internalização de novas condutas. Dentre estes programas internos estão o programa BASTA, que atua com indivíduos que cometeram violência doméstica; o BLITZ atua com o público que cometeu delitos de trânsito; o SAIBA atua com o encaminhamento, atenção e cuidado aos usuários de drogas em conflito com a lei; e o ARMAS que atua junto aos indivíduos autuados por posse ou porte ilegal de arma de fogo. A equipe de Psicologia têm se responsabilizado pelo desenvolvimento do grupo SAIBA, que consiste em oito módulos que visam acolher o indivíduo, discutir sobre o uso de

4 substâncias e estabelecer estratégias e novas possibilidades aos assistidos. Os encontros são realizados quinzenalmente e conta com a participação de todos os setores, consistindo em uma prática interdisciplinar. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Desta forma, a Psicologia dentro do Patronato busca atuar com vistas à ressocialização e inclusão social do apenado, intentando mudanças comportamentais, a conscientização e a internalização de novas condutas, a fim de evitar reincidência. Sempre tendo em perspectiva um atendimento integral a atuação possui o intuito de romper com estigmas e preconceitos muitas vezes impostos pela sociedade. O trabalho do Patronato ao colaborar para a ressocialização do indivíduo está contribuindo para o bem estar do sujeito e de toda a sociedade. Compreende-se também que para a eficácia das intervenções do Programa, existe a necessidade de se trabalhar conjuntamente à rede de atenção, para onde os encaminhamentos são realizados, e ao Magistrado da comarca de Pitanga/PR, para que o mesmo direcione os assistidos até o Patronato e aos subprogramas desenvolvidos por ele. A atuação dos estagiários e profissionais recém-formados no Patronato possibilita a construção de uma nova visão sobre a criminalidade, rompendo com os estereótipos sociais e buscando olhar o sujeito na esfera biopsicossocial no atendimento de suas necessidades. REFERÊNCIAS ALENSKI, L. et al. Programa de Execução das Alternativas Penais e a Atuação da Psicologia no Patronato Municipal de Pitanga/PR. In: IV Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão. Anais da IV SIEPE, v.4, n.1. Guarapuava: UNICENTRO, p DEPEN - DEPARTAMENTO DE EXECUÇÃO PENAL. Programa Patronato Programa de municipalização do acompanhamento das penas e medidas alternativas em meio aberto. Curitiba, Disponível em:< Acesso em: 02 set OLIVEIRA, Regina Silva de. Em análise, a prática do psicólogo junto à pena de prestação de serviços à comunidade.2009, 126f. Dissertação (mestrado em Psicologia), - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, f. SASS, et al. Violência contra a mulher: uma perspectiva de intervenção pelo Programa de Execução das Alternativas Penais no Município de Pitanga Paraná. In: V Congresso de Ciências Sociais Aplicadas. Anais da V CONCISA v. 2, n.1 Guarapuava: UNICENTRO, p SECRETARIA DA JUSTIÇA, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS (SEJU). Patronato Municipal: Municipalização da Execução das Alternativas Penais. Curitiba/PR, 2013a. Disponível em: < Acesso em 02 set

5 SECRETARIA DA JUSTIÇA, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS (SEJU). Programa Patronato: Relatório de implantação do Programa Patronato - Programa de Municipalização do acompanhamento das penas e medidas alternativas em meio aberto. Curitiba/PR, 2013b. SILVA, Maria Carolina Soares; GUTZLAFF, Tássia; KAZMIERCZAC, Luiz Fernando. A atuação do psicólogo no acompanhamento das Penas Alternativas.Revista Conexão UEPG. v. 4, n. 1, 2008.