AVALIAÇÃO DO USO DE MOINHO VERTICAL PARA MOAGEM SECUNDÁRIA

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Transcrição:

XXVI Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa Poços de Caldas-MG, 18 a 22 de Outubro 2015 AVALIAÇÃO DO USO DE MOINHO VERTICAL PARA MOAGEM SECUNDÁRIA MIRANDA, A. 1, FONSECA, R. 2, OLEGARIO, F. 3, BERGERMAN, M.G. 4, DELBONI JR., H. 5, SOUZA, V. 6, DEHART, I. 7, SUAREZ, D. 8 1 Vale S.A., e-mail: anderson.miranda@vale.com 2 Vale S.A., e-mail: ronaldo.fonseca@vale.com 3 Vale S.A., e-mail: olegario.junior@vale.com 4 Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo. e-mail: mbergerman@usp.br 5 Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo. e-mail: hdelboni@usp.br 6 Metso Minerals, e-mail: vinicius.souza@metso.com 7 Metso Minerals, e-mail: ian.dehart@metso.com 8 Metso Minerals, e-mail: daniel.suarez@metso.com RESUMO Os moinhos de bolas, tradicionalmente utilizados em circuitos de cominuição, principalmente nos estágios de moagem secundária e remoagem, são equipamentos com baixa eficiência energética. Desta forma, diversas alternativas vêm sendo estudadas ao longo dos anos para minimizar o consumo energético dos estágios de que utilizam moinhos de bolas. Algumas das alternativas recentes que tem se mostrado viáveis são os moinhos de carga agitada por impelidores horizontais e verticais. Ressalta-se ainda o recente aumento de tamanho destes equipamentos, que chegaram a potências de até 3.355 kw, o que os colocam em posição de concorrer com moinhos de bolas em etapas mais grosseiras de moagem e com maiores vazões de alimentação. O presente estudo apresenta a avaliação do equipamento denominado Vertimill, fabricado pela Metso, para uma etapa de moagem secundária, com alimentação abaixo de 6 mm. O estudo compreendeu a realização de um ensaio piloto no Vertimill com uma amostra da usina do Sossego da Vale S.A. Os resultados obtidos nos testes com o Vertimill em escala piloto foram comparados aos resultados simulados considerando-se o uso de um moinho de bolas. Os resultados indicam que o uso do Vertimill pode resultar em uma redução do consumo de energia da ordem de 20%. Apesar do maior custo de capital desta alternativa, o menor consumo de energia pode gerar um impacto significativo no retorno do projeto. PALAVRAS-CHAVE: moagem secundária; moinho de bolas; moinho vertical; Vertimill ; cobre. ABSTRACT Traditionally used in comminution circuits, especially in the secondary grinding and regrinding stages, ball mills are low energy efficiency equipment. Therefore, several alternatives have been considered over the years to minimize the energy consumption in the stages that rely on ball mill grinding. Some of the recent alternatives that have proven to be a feasible solution are the horizontal and vertical stirred mills. Another important factor is the recent increase in size of such equipment, with operating power up to 3,355 kw, which enables them to compete

Mendonça, A.M.; Fonseca, R.; Olegario, F.; Bergerman, M.G.; Delboni Jr., H.; Souza, V.; Dehart, I.; Suarez, D. with ball mills in the coarser grinding stages under higher feeding rates. This study evaluates Metso s Vertimill used in a secondary grinding stage with feeds finer than 6 mm. It comprised a pilot test using the Vertimill to grind a sample from Vale s Sossego plant. The Vertimill pilot test results were compared to a ball mill simulation results. Such comparison points to an approximate 20% reduction in energy consumption. Notwithstanding the higher capital expenditure of this grinding alternative, the lower power consumption can have a major impact on any project s return on investment. KEYWORDS: secundary grinding; ball mill; vertical mill; Vertimill ; copper.

1. INTRODUÇÃO XXVI Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa Poços de Caldas-MG, 18 a 22 de Outubro 2015 A produção de cobre no Brasil tem crescido muito nos últimos anos, após a implantação de grandes projetos como o Sossego, Salobo e Chapada (BERGERMAN, 2013). Todos estes projetos incluem operações de moagem secundária em moinhos de bolas, equipamentos estes com significativos consumos de energia. De forma geral, moinhos de bolas são equipamentos com baixa eficiência energética. Pryor (1965) afirma que se considerarmos a energia que efetivamente produziu um aumento de área superficial do produto da moagem, a eficiência deste tipo de moinho ficará situada em torno de 0,3%. Tromans (2008) usa ensaios de compressão, que seriam considerados como os mais eficientes, e demonstra que a eficiência de cominuição em moinhos tubulares de bolas para diferentes materiais varia de 3 a 26%. Desta forma, diversas alternativas vem sendo estudadas ao longo dos anos para minimizar o consumo energético dos estágios de moagem de bolas. Algumas das alternativas recentes que tem se mostrado viáveis são os moinhos de carga agitada por impelidores horizontais e verticais. Estes equipamentos já estão consolidados na indústria para aplicações na área de remoagem e moagens finas e ultrafinas (BERGERMAN, 2013). A Figura 1 ilustra o consumo energético dos moinhos de carga agitada por impelidores em comparação aos moinhos tubulares de bolas nos diferentes estágios de moagem. Figura 1. Consumo de energia em diferentes estágios de moagem (JANKOVIC, 2003. Adaptado pelo autor). Ao contrário dos moinhos tubulares de bolas, nos quais a rotação do corpo cilíndrico imprime movimento aos corpos moedores, no caso dos moinhos agitados por impelidores, a movimentação da carga é imposta por agitadores ou impelidores internos ao corpo do moinho, enquanto a parte cilíndrica não se move. Lichter e Davey (2006) afirmam que os moinhos com carga agitada operam normalmente com uma alimentação entre 300 e 50 m, podendo chegar até 6 mm, e produtos na faixa de 50 a 5 m. Ressalta-se aqui que estes valores de alimentação e produto têm mudado significativamente com a evolução da tecnologia, permitindo tamanhos cada vez maiores de alimentação, assim como produtos mais finos, em aplicações e equipamentos específicos. Com o recente aumento do tamanho disponível destes equipamentos, que chegaram a potências de até 3.355 kw, a aplicação dos mesmos em substituição aos moinhos de bolas em etapas mais grosseiras de moagem e com maiores vazões de alimentação passou a ser

Mendonça, A.M.; Fonseca, R.; Olegario, F.; Bergerman, M.G.; Delboni Jr., H.; Souza, V.; Dehart, I.; Suarez, D. considerada. Aplicações para calcário recebem alimentações de até 6 mm com diversas operações industriais já consolidadas (METSO, 2009), sendo que aplicações para rochas mais competentes vem sendo estudadas com ganhos estimados de até 30% do consumo do Vertimill em relação ao moinho de bolas (DAVEY, 2010). O equipamento mais difundido no Brasil com esta tecnologia é o Vertimill, atualmente fabricado pela Metso Minerals Ltd. Apesar do maior custo em relação aos moinhos tubulares de bolas, os custos com obras civis para implantação destes equipamentos são menores. Stief; Lawruk e Wilson (1987) e Sachweh (2010) afirmam que por não desenvolverem forças dinâmicas, os moinhos verticais requererem menores investimentos com fundações quando comparados aos moinhos tubulares de bolas. A área ocupada pelos moinhos verticais também é significativamente menor, se comparada para uma mesma aplicação (METSO, 2012). Stief; Lawruk e Wilson (1987) apresentam a comparação de um circuito com Vertimill, que ocupa 7,43 m 2, e um circuito com moinho tubular de bolas, que ocupa 40,9 m 2. Sachweh (2010) apresenta também ganhos com redução de ruído, de aproximadamente 25%, destacando ainda o menor risco de acidentes devido a menor presença de partes móveis. Stief; Lawruk e Wilson (1987) afirmam ainda que a manutenção destes equipamentos é bem simples, consistindo, além da lubrificação dos rolamentos e acionamentos, da troca dos revestimentos. Em relação às trocas de revestimentos, o principal item de desgaste são os revestimentos da rosca, como destacado por Vanderbeek (1997) e Jankovic (1999), realizadas normalmente a cada 3 a 6 meses, dependendo das características do material processado. Atualmente existem 30 Vertimills em operação no Brasil, conforme ilustrado na Tabela 1. Tabela 1. Vertimill em operação ou em usinas que se encontram em construção no Brasil. Projeto Empresa Minério Estado Tipo de Situação do Unidades moinho projeto Sossego Vale Cobre Pará VTM-1500 2 Em operação Salobo Vale Cobre Pará VTM-1500 8 Em operação Maracá Yamana Gold Cobre Goiás VTM-1000 1 Em operação Paracatu Kinross Ouro Minas Gerais VTM-1250 1 Em operação Caraíba Caraíba Cobre Bahia VTM-200 1 Em operação Germano Samarco Ferro Minas Gerais VTM-1500 1 Em operação Conceição do Mato Anglo Minas Ferro Dentro American Gerais VTM-1500 16 Em operação Fonte: Metso, 2011 e levantamento de campo do autor. Frente ao exposto, a Vale S.A. optou por estudar em mais detalhes a aplicação do Vertimill para aplicações de moagem secundária, de forma a avaliar a possível substituição do moinho de bolas por este equipamento nos novos projetos de cobre, como o Cristalino, Alemão e expansões do Salobo. O circuito de cominuição destes projetos prevê a cominuição do minério de cobre utilizando um estágio de britagem primária, um estágio de britagem secundária, um estágio de moagem em HPGR e

XXVI Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa Poços de Caldas-MG, 18 a 22 de Outubro 2015 um estágio de moagem em moinhos de bolas. O produto do HPGR passa por uma peneira de classificação, denominada peneira secundária. O oversize desta peneira retorna ao HPGR. O undersize das peneiras secundárias, abaixo de 6 mm, é transferido por gravidade para as caixas de bombas, de onde segue por bombas de polpa de velocidade variável para as baterias de ciclones, para classificação do produto dos moinhos. O underflow dos ciclones descarregará nos chutes de alimentação dos moinhos de bolas. O overflow dos ciclones, passante em 210 µm, será encaminhado por gravidade para o distribuidor de alimentação das células de flotação rougher. O fluxograma típico destes novos projetos de cobre da Vale S.A. se encontra detalhado em Godoy et al. (2010). O presente estudo apresenta a avaliação do Vertimill, para uma etapa de moagem secundária, com alimentação abaixo de 6 mm. O estudo compreendeu a realização de um ensaio piloto com o Vertimill utilizando uma amostra da usina do Sossego, da Vale S.A. Os resultados obtidos nos testes com o Vertimill foram comparados aos resultados simulados considerando-se o uso de um moinho de bolas. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Uma amostra de 5 t de minério foi coletada no underflow do ciclone da moagem de bolas da usina do Sossego. O circuito industrial do Sossego é descrito em detalhes em Bergerman (2009). Como o circuito de moagem de bolas recebe uma alimentação mais grosseira que a planejada para os novos projetos de cobre, o material coletado foi classificado em peneiras com malha de 6 mm, de forma a se garantir um tamanho máximo de partícula similar ao esperado em circuitos com HPGR. A amostra coletada foi classificada e realizou-se um ensaio para a determinação do WI de Bond, conforme procedimento padrão descrito em Bond (1985). Os ensaios pilotos de cominuição foram realizados na planta piloto da Metso, em York, nos Estados Unidos. A mesma é composta por um moinho Vertimill VTM-3, cuja rosca interna possui rotação de 87 rpm e opera em circuito fechado com uma peneira de alta frequência com tela de 0,589 mm. A carga de bolas do Vertimill é descrita na Tabela 2. Tabela 2. Carga de bolas do Vertimill. Faixa de tamanho (mm) Carga de corpos moedores De Até % kg 31,75 38,10 38,43 523,0 25,40 31,75 27,51 374,4 22.86 27,94 14,53 197,7 16,51 21,59 17,70 240,9 10,16 15,24 1,83 24,9 O minério foi alimentado na porção superior do moinho por meio de um alimentador. O alimentador possuía uma balança para o controle da massa alimentada. Água era adicionada a alimentação do moinho de forma a se obter uma porcentagem de sólidos em peso de 60 a 65%. Havia também uma adição de água na bomba de alimentação da peneira de forma a melhorar o desempenho do peneiramento e do bombeamento. A quantidade de material retido no oversize da peneira foi

Mendonça, A.M.; Fonseca, R.; Olegario, F.; Bergerman, M.G.; Delboni Jr., H.; Souza, V.; Dehart, I.; Suarez, D. determinada por meio de amostragens manuais em intervalos regulares. O underflow da peneira seguia para tambores ao lado da planta piloto e a sua massa foi determinada por meio de pesagem destes tambores. Uma balança Marcy foi utilizada para determinar a porcentagem de sólidos do oversize da peneira, undersize e descarga do moinho. Amostras destes três produtos foram coletadas em intervalos de 15 minutos para determinação da porcentagem de sólidos e da distribuição granulométrica. A planta piloto operou por um tempo total de 8 h, sendo realizada três campanhas de amostragem durante este período. A Figura 2 ilustra o fluxograma da planta piloto. Figura 2. Fluxograma da planta piloto. A partir dos dados obtidos com o ensaio de WI de Bond e com os resultados da planta piloto, foi realizado o dimensionamento de um circuito para um caso hipotético considerando uma vazão horária de 2.334 t/h. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As Tabelas 3 e 4 ilustram os resultados do WI de Bond e dos 3 ensaios da planta piloto. Tabela 3. Resultado dos ensaios de WI de Bond. Malha de fechamento ( m) WI (kwh/t) F80 ( m) P80 ( m) 150 18,9 976,7 120,6 74 19,1 976,7 58,7

XXVI Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa Poços de Caldas-MG, 18 a 22 de Outubro 2015 Tabela 4. Resultado dos ensaios em planta piloto. E ns aio 1 2 3 Vaz ão de alimentação (lbs /hr) 1478 1476 1459 % de s ólidos - des carga do moinho 61,5 60 56,9 Overs iz e da peneira (t/h bas e úmida) 1236 1630,8 1630,8 % de s ólidos - overs iz e da peneira 77,9 72,4 68,2 Overs iz e da peneira (t/h bas e s eca) 963 1181 1113,8 C arga circulante 67,6 79,8 76,8 P roduto (lbs /h bas e úmida) 3085,7 3276,1 3228 % de s ólidos - produto 46,2 45,2 44,9 P roduto (lbs /h bas e s eca) 1425 1480,8 1449,4 Net kw 3,43 3,43 3,43 Net kwh/t 5,11 5,12 5,18 P as s ante acumulado (% ) Malha (Microns ) Alimentação P roduto O vers iz e P roduto O vers iz e P roduto O vers iz e D es carga do moinho D es carga do moinho D es carga do moinho 6680 100,0 4699 98,9 3327 96,0 100,0 2362 92,2 99,9 100,0 100,0 100,0 100,0 1651 87,5 99,5 99,9 100,0 99,9 99,9 99,9 1168 80,7 97,8 99,4 99,6 99,6 99,2 99,6 833 74,0 94,4 97,9 97,5 98,5 96,9 98,4 589 64,0 100,0 85,9 93,7 100,0 89,1 94,9 100,0 88,8 94,6 417 50,9 99,8 67,4 84,6 99,7 66,8 86,2 99,6 67,8 85,5 295 36,8 93,4 42,8 70,6 92,5 40,6 70,9 91,9 42,3 71,7 208 26,0 81,8 28,1 57,0 79,7 26,2 57,2 79,1 29,2 58,8 147 18,0 67,6 18,5 44,0 65,6 17,0 45,4 64,7 21,1 46,7 104 13,6 57,1 12,6 35,6 54,4 12,8 36,3 54,4 16,0 39,0 74 10,4 46,6 9,1 28,2 43,9 10,0 28,9 44,4 12,6 32,0 53 8,4 38,3 7,2 22,7 36,2 8,2 23,8 36,8 10,5 26,7 44 7,6 34,7 6,5 20,4 32,9 7,5 21,7 33,4 9,7 24,4 37 7,0 31,8 5,9 18,7 29,9 7,0 19,6 30,6 8,9 22,5 25 6,0 25,9 5,1 15,2 24,6 6,0 16,5 25,3 7,8 18,8 P 80 1.131,4 199,6 532,6 375,0 210,1 517,5 365,5 213,3 515,5 365,9 Utilizando-se o valor de WI de Bond médio de 19 kwh/t, a granulometria de alimentação da planta piloto (1.131 m), a granulometria de produto de 210 m e aplicando-se um dos fatores de correção de Rowland (1986), neste caso o fator EF7 (RR = 5,39 e EF7 = 1,04), estima-se um consumo específico de energia de 7,8 kwh/t, caso este trabalho de cominuição fosse realizado em um moinho de bolas. Com o uso do Vertimill, o consumo específico de energia medido em planta piloto foi de aproximadamente 5,14 kwh/t, ou 66% do valor que seria necessário em um moinho de bolas. O dimensionamento do circuito, realizado a partir dos dados do WI e da planta piloto, é ilustrado na Tabela 5.

Mendonça, A.M.; Fonseca, R.; Olegario, F.; Bergerman, M.G.; Delboni Jr., H.; Souza, V.; Dehart, I.; Suarez, D. Tabela 5. Dimensionamento do Vertimill e do Moinho de Bolas. Material D ens idade (t/m3) Vaz ão horária (t/h) F 80 (mm) P 80 (mm) WI (kwh/t) C ons umo es pecífico Vertimill planta piloto (kwh/t) Tipo de circuito Minério de cobre 3,13 2333,8 1131 210 19 5,14 R evers o fechado com hidrociclones Vertimill (planta piloto) Moinho de bolas (B ond) E F 3 0,90 E F 7 1,04 C ons umo es pecífico (kwh/t) 5,1 7,0 P otência total na s aida do redutor (kw) 11.996 16.299 Moinho s elecionado VTM-3000-WB 21,5 x 32,2 Q uantidade 6 2 P es o da c arga moedora (kg) 1.668.000 1.174.000 A partir dos dados da Tabela 5, observa-se que considerando o fator EF3, que impacta positivamente o consumo de energia do moinho de bolas, o ganho final de energia esperado com a utilização do Vertimill é de aproximadamente 25%. O custo de equipamentos para a opção com Vertimill é certamente maior que a opção com moinhos de bolas. Este gasto, no entanto, pode ser compensado pela significativa redução de consumo de energia. Um estudo econômico que leve em conta todos estes fatores está fora do escopo do presente estudo e poderia ilustrar de forma clara o potencial ganho com o uso do Vertimill. 4. CONCLUSÕES Este estudo apresentou os resultados da caracterização de um minério de cobre e a operação de uma planta piloto com um Vertimill para avaliar o potencial ganho com o uso deste equipamento em uma aplicação de moagem secundária. Os resultados da planta piloto indicam que o equipamento foi capaz de moer as partículas mais grosseiras, entre 6 e 1 mm, gerando um produto com distribuição granulométrica dentro do esperado, com um P80 igual a 210 m. O dimensionamento do circuito industrial de moagem secundária mostrou que a opção com o Vertimill consome 25% menos energia que a opção com moinho de bolas. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Vale S.A. e a Metso Minerals pela autorização para publicação deste estudo.

6. REFERÊNCIAS XXVI Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa Poços de Caldas-MG, 18 a 22 de Outubro 2015 Bergerman MG. Dimensionamento e simulação de moinhos verticais [Tese de Doutorado]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2013. Bergerman MG. Modelagem e simulação do circuito de moagem do Sossego [dissertação de mestrado]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2009. Bond FC. Testing and calculations. In: WEISS, N.L. (Ed.). SME mineral processing handbook. New York: Society of Mining Engineers of AIME, 1985. p. 3A/16-3A/27. Davey G. Coarse grinding applications using the Metso Vertimill. In: Comminution 10, Mei conferences. Anais do Comminution 10; 2010; Cape Town: Africa do Sul. Godoy MLS. Bergerman MG. Godoy, PH. Rosa, MAN. Development of the Salobo Project. In: 2010 CIM Conference and Exhibition, Canadian Institute of Mining and Metalurgy. Anais do 2010 CIM Conference and Exhibition; 2010; Vancouver: Canada. Jankovic A. Mathematical modeling of stirred mills. [Thesis - Master of Science]. Queensland: University of Queensland; 1999. Jankovic A. Variables affecting the fine grinding of minerals using stirred mills. Minerals Engineering 2003; 16; 337-345. Lichter JKH, Davey G. Advances in comminution. Colorado: SME; 2006. Chapter 5, Selection and sizing of ultrafine and stirred grinding Mills, p. 69-85. Metso Minerals. Stirred milling. In: Annual Conference in Minerals Engineering, MEI Conferences. Anais do 2012 Annual Conference in Minerals Engineering; Lulea, Suécia. Metso Minerals. VTM Coarse Feed Applications: Duties and Data. 2009. Relatório interno. Documento de acesso restrito mediante autorização da empresa. Pryor EJ. Mineral processing. 3rd ed. Essex: Elsevier Applied Science; 1965. Rowland Junior CA. Ball mill scale-up: diameter factors. In: Symposium honoring Nathaniel Arbiter on his 75 th. Birthday. 1986; 605-617. Sachweh J. Tower Mill: advantages in wet grinding applications. In: International mineral processing conference, Australian Institute of Mining and Metalurgy. Anais do 25 th International mineral processing conference; 2010; Brisbane, Australia. p. 1197-1206. Stief DE. Lawruk WA. Wilson JL. The tower mill and its application to fine grinding. Transactions of the American Institute of Mining and Metallurgical Engineers 1987; 282.

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