O Nosso Corpo Volume XXIV O Ouvido Parte 2



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Transcrição:

O Nosso Corpo Volume XXIV um Guia de O Portal Saúde Outubro de 2010 O Portal Saúde Rua Braancamp, 52-4º 1250-051 Lisboa Tel. 212476500 geral@oportalsaude.com Copyright O Portal Saúde, todos os direitos reservados. Este Guia não pode ser reproduzido ou distribuído sem a expressa autorização de O Portal Saúde. Salvo as indicações contrárias, este Guia tem como fonte a Nova Enciclopédia Médica Publicit O Nosso Corpo - Volume XXIV 1 O Portal Saúde

Índice 1. O ouvido interno 3 2. Labirinto interno anterior 4 3. Ouvido interno posterior 6 4. Função acústica do ouvido interno 8 Sobre os autores deste Guia 10 O Nosso Corpo - Volume XXIV 2 O Portal Saúde

1. O ouvido interno O ouvido interno é constituído por pequenas cavidades no interior da porção petrosa do osso temporal. O conjunto das cavidades é chamado de labirinto, revestido exteriormente por uma cápsula delgada e contínua (cápsula labiríntica), formada por tecido ósseo muito compacto. No interior do labirinto ósseo está contida uma substância membranosa (labirinto membranoso) que segue fielmente o desenho do revestimento ósseo. Entre labirinto ósseo e labirinto membranoso está interposto um líquido chamado de perilinfa, enquanto no interior do labirinto membranoso está contido um líquido chamado de endolinfa. Todas as cavidades do labirinto ósseo e do labirinto membranoso estão ligadas entre si, apesar de zonas de estreitamento e válvulas permitirem distinguir um labirinto anterior e um labirinto posterior. O labirinto anterior, ou caracol, exerce a função auditiva; o labirinto posterior desempenha uma função estreitamente ligada à regulação do equilíbrio corporal, designada por função labiríntica, ou vestibular. O Nosso Corpo - Volume XXIV 3 O Portal Saúde

2. Labirinto interno anterior Este labirinto é uma pequena cavidade óssea com a forma de uma concha de caracol com duas voltas e meia. Tem um altura de cerca de 4mm. Contém um canal de cerca de 30 mm de comprimento que se vai estreitando progressivamente da base até ao vértice. O canal enrola-se em volta de um núcleo ósseo central chamado columela. Na columela implanta-se a lâmina espiral óssea, uma lamela de cerca de 1 mm de largura. A lâmina espiral, juntamente com a membrana basilar do revestimento membranoso, dividem o canal coclear em duas rampas: a rampa timpânica, fechada pela janela redonda, e a rampa vestibular, que termina no vestíbulo, junto da janela oval. A rampa vestibular está situada por cima, enquanto a timpânica está situada por baixo. As duas rampas comunicam entre si pelo helicotrema, uma abertura arredondada que corresponde ao vértice da cóclea. Entre as duas rampas situa-se o canal coclear. Inicia-se num fundo-de-saco na base do caracol, em fundo-de-saco cupular. Este canal é formado por uma parede lateral, uma parede vestibular e uma parede timpânica. Portanto, grosseiramente, tem uma forma triangular. A parede lateral é constituída pela membrana de Reissner, bastante delgada. A parte mais complexa e importante, porém, é a parede timpânica, sobre a qual se implantam as estruturas destinadas à recepção dos sons. A parede timpânica é formada principalmente pela membrana basilar sobre a qual está localizado o órgão de Corti. O Nosso Corpo - Volume XXIV 4 O Portal Saúde

Este órgão é composto por elementos de sustentação e por células ciliadas sensoriais. Estas distinguem-se em: células ciliadas acústicas externas de 13.000 a 14.800, dispostas em três filas; células ciliadas acústicas internas de 3.500 a 3.600, dispostas numa fila única. O órgão de Corti é coberto pela membrana tectória, ou membrana de Corti. Da extremidade basilar das células auditivas partem fibrilhas nervosas que, depois de terem atingido o gânglio de Corti, constituem o nervo coclear e atingem os núcleos do sistema nervoso central e daqui, através de outras três escalas, as áreas corticais acústicas do cérebro. O Nosso Corpo - Volume XXIV 5 O Portal Saúde

3. Ouvido interno posterior No ouvido interno, atrás do caracol, situam-se as estruturas anatómicas constituintes do aparelho vestibular. Este aparelho é formado pelos canais semicirculares, pelo utrículo e pelo sáculo. Os canais semicirculares ósseos têm a forma de um semicírculo, são escavados no osso e comunicam, cada um, por dois orifícios com a cavidade elíptica irregular, denominada de vestíbulo, por baixo da parede interna da caixa do tímpano. Distinguem-se: frontal; horizontal; sagital. canal semicircular superior, disposto num plano canal semicircular lateral, disposto num plano canal semicircular posterior, disposto num plano No interior de cada canal ósseo encontra-se o canal membranoso, que se prolonga nas duas extremidades com a cavidade utricular, a qual assume uma posição excêntrica sob a superfície convexa do canal ósseo e possui numa extremidade uma dilatação chamada ampola. Na ampola encontra-se a crista ampolar com as células neurossensoriais. A crista tem a forma de uma sela e está orientada perpendicularmente ao percurso do canal semicircular. O Nosso Corpo - Volume XXIV 6 O Portal Saúde

À crista sobrepõe-se a cúpula, com cerca de 1 mm de espessura, que atinge o tecto da ampola. No conjunto, a crista e a cúpula constituem um diafragma inserido no pavimento da cavidade ampolar, que separa em duas partes o lume do canal e oscila, deformando-se, por acção dos movimentos do líquido contido no interior dos canais membranosos. O lume destes canais corresponde a um terço do dos ósseos, que têm um diâmetro de cerca de 1,2 mm. O utrículo, por sua vez, é um pequeno saco com o comprimento de cerca de 6 mm, situado no interior do vestíbulo ósseo e comunicante com os canais semicirculares membranosos. O sáculo é uma formação achatada e arredondada, ligada ao canal coclear por meio do canalis reuniens e ao utrículo por meio do canal utrículo-sacular. Da parede posterior do sáculo parte um delgado canalículo, o canal endolinfático, que, passando através do aqueduto do vestíbulo, atinge a superfície posterior da pirâmide. No sáculo e no utrículo estão as respectivas máculas, constituídas por células de sustentação, por dois tipos de células sensoriais sobre as quais se apoia a membrana otolítica e os otolitos, formados por um grande número de corpos cristalinos. O Nosso Corpo - Volume XXIV 7 O Portal Saúde

4. Função acústica do ouvido interno Corte frontal do ouvido, que mostra as particularidades dos aparelhos auditivo e vestibular. 1- ouvido externo 2- ouvido médio 3- ouvido interno 4- membrana do tímpano 5- caixa do tímpano 6- martelo 7- bigorna 8- estribo 9- trompa-de-eustáquio 10- janela oval 11- janela redonda 12- vestíbulo 13- canal semicircular 14- sáculo 15- utrículo 16- caracol As vibrações acústicas, oportunamente amplificadas no ouvido médio, são transmitidas através da janela oval ao líquido contido na rampa vestibular do caracol. Se o líquido endolabiríntico estivesse contido num esquema rígido, a pressão hidráulica dos sinais acústicos não teria forma de se propagar, mas a presença da janela redonda com a respectiva membrana elástica situada no extremo da outra rampa (a timpânica) e a comunicação entre os líquidos das duas rampas permite às ondas de pressão difundirem-se ao canal coclear, pondo em vibração todas as estruturas móveis nele contidas (membrana basilar, endolinfa, membrana tectória, cílios das células acústicas). Assim, as células auditivas, seguindo o movimento dos respectivos cílios, transformam os impulsos de pressão hidráulica em impulsos eléctricos que são conduzidos para o O Nosso Corpo - Volume XXIV 8 O Portal Saúde

cérebro por meio do nervo auditivo ou acústico. Para que uma vibração seja ouvida pelo Homem, tem de ter uma frequência compreendida entre 16000 e 2000 Hz (vibrações por segundo), e que para poder enviar ao cérebro informações exactas, deve funcionar como analisador dos sons e distinguir a frequência de cada impulso sonoro. A onda sonora, atravessando o sistema líquido do ouvido interno, dá origem a ondas viajantes que fazem ondular a membrana basilar. Essas ondas, de acordo com a sua frequência, provocarão uma oscilação máxima da membrana basilar numa zona determinada do canal coclear, enquanto os sons mais baixos ou graves farão oscilar a membrana no seu local mais frouxo e espesso, o vértice da cóclea. A posição de altura máxima da onda viajante no canal coclear é identificada para fins do processo de análise do som. Cada grupo de células auditivas, por seu turno, e de acordo com a sua sede no canal coclear, é capaz de transmitir em código ao sistema nervoso central as características de frequência e timbre de cada sinal acústico. As áreas acústicas, ligadas ao receptor coclear por cerca de 30 mil fibras nervosas, são capazes de descodificar e interpretar os sinais eléctricos enviados pelas células auditivas, fornecendo ao Homem a imagem acústica. O Nosso Corpo - Volume XXIV 9 O Portal Saúde

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