AVALIAÇÃO DA EMISSÃO DE RUÍDO AMBIENTAL EXTERNO EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS NA REGIÃO DE BAURU João Gabriel Alves Correa¹; Osvaldo Contador Júnior²

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DA EMISSÃO DE RUÍDO AMBIENTAL EXTERNO EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS NA REGIÃO DE BAURU João Gabriel Alves Correa¹; Osvaldo Contador Júnior² 1 FAAG Faculdade de Agudos; 2 FAAG Faculdade de Agudos. correa.j@live.com Resumo O objetivo deste trabalho foi monitorar a geração de ruídos para fins de atendimento da legislação, bem como do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), durante a operação do empreendimento, de modo a avaliar se este aspecto ambiental está sendo devidamente controlado. A amostragem foi realizada por meio de monitoramento dos níveis sonoros, utilizando um aparelho denominado medidor de nível sonoro, popularmente conhecido como decibelímetro, devidamente calibrado de acordo com critérios estabelecidos pela legislação vigente. Foi constatado que apesar de serem registradas algumas medições com níveis superiores aos estabelecidos pela Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 10.151, devido interferência externas de veículos nas ruas, o resultado foi satisfatório. A atividade industrial em questão, apesar de estar situada em ambiente urbano com predominância de residências, de acordo com as medições, mostrouse em conformidade com os preceitos da Norma. Palavras Chave: RUÍDOS; SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL; INDÚSTRIA. Abstract The objective of this work was to monitor noise generation for service purposes of the Environmental Management System (EMS) during the operation of the enterprise in order to assess whether this environmental aspect is being properly controlled. Sampling was carried out through monitoring of sound levels using a device called sound level meter, popularly known as "decibel", calibrated in accordance with criteria established by law. It was found that despite being registered some measurements with levels above those set by Standard Brazilian Association of Technical Standards (BATS) - NBR 10151, external interference due to vehicles on the streets, the result was satisfactory. Industrial activity in question, despite being located in an urban environment with predominantly residential, according to the measurements, was found to be in accordance with the precepts of the Standard. Keywords: NOISE; ENVIRONMENTAL MANAGEMENT SYSTEM; INDUSTRY. 1. Introdução A necessidade de suprir as demandas de consumo do homem fez com que houvesse um crescimento desordenado das indústrias e em um curto espaço de tempo. Começa-se a perceber vários problemas ambientais, o uso indiscriminado dos recursos naturais, a poluição dos corpos hídricos, atmosfera e solo, incômodos à vizinhança e também o desperdício de materiais renováveis. O ruído gerado através de atividade industrial é um aspecto ambiental que deve ser controlado, de forma a não causar perturbações e visar o conforto da comunidade. No estado de São Paulo, nota-se que o órgão ambiental fiscalizador, através do licenciamento ambiental, vem atuando e exigindo o controle deste aspecto ambiental, colocando-o como condicionante o atendimento a este requisito na licença. Sendo assim, este trabalho visa monitorar o ruído ambiental externo, oriundo de uma atividade industrial do ramo alimentício, na região do município de Bauru, interior de São 1

Paulo, e compará-la às legislações vigentes para atendimento de condicionante de licenciamento ambiental. 2. Objetivos Monitorar o ruído ambiental externo, e comparar às legislações vigentes para atendimento de condicionante de licenciamento ambiental de uma indústria do ramo alimentício. 3. Metodologia O presente estudo foi realizado em uma indústria do ramo de alimentos, situada na região do município de Bauru, interior do Estado de São Paulo. Foi realizada também uma pesquisa exploratória, bibliográfica e mista. Buscaram-se informações na Internet, sendo que o período experimental foi em novembro de 2014. Para escolha dos pontos de amostragem, foi considerada a localização de expressivas fontes de ruído no interior do empreendimento, bem como as fontes receptoras, através de mapeamento, como pode ser visto na figura 1: Figura 1 - Croquis de localização do empreendimento. Fonte: Adaptado de Google Maps (2015). O Ponto 01, localizado frente à portaria do empreendimento, próximo aos estabelecimentos comerciais. O Ponto 02, localizado junto à extremidade sul do empreendimento. O Ponto 03, localizado próximo ao local onde há uma ponte rolante e percepção de ruído externo ao ambiente do empreendimento. O Ponto 04, localizado junto à extremidade oeste do empreendimento. 2

O Ponto 05, localizado próximo ao local onde há os fornos e percepção de ruído externo ao ambiente do empreendimento. O Ponto 06, próximo às residências e estabelecimentos comerciais. Para detectar e quantificar os níveis de emissões sonoras foi utilizado um aparelho denominado decibelímetro, modelo DL-4200, fabricado por ICEL-Manaus, ilustrado pela figura 2, devidamente calibrado em março de 2014, no qual é indicado o nível instantâneo da pressão sonora do local em decibéis (db). O equipamento permaneceu a uma distância aproximada de 1,50 metros do solo e a aproximadamente um raio de 2,0 metros de qualquer superfície lateral. Figura 2 - Decibelímetro ICEL - DL 4200. Fonte: ICEL Manaus. A campanha de amostragens ocorreu durante os dias 03, 04, 12 e 13 de novembro de 2014. As coletas de dados instantâneas ocorreram às 00h00min; 03h00min; 06h00min; 09h00min; 12h00min; 15h00min; 18h00min; e 21h00min. 4. Revisão Bibliográfica Para atingir o sucesso do desenvolvimento sustentado, durante as últimas décadas, aumentaram as preocupações dos resultados de atividades e serviços das organizações em minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente. Uma empresa que possui um SGA consolidado apresenta uma imagem de responsabilidade e ética perante a sociedade. É também um diferencial competitivo no mercado atual. (PASSOS & CAMARA, 2003). Um SGA robusto se traduz na capacidade de gerir seus aspectos e impactos ambientais de acordo com a atividade principal do empreendimento. Em outras palavras, o empreendimento deverá apresentar uma política ambiental adequada, planejar as atividades para identificar e monitorar os aspectos ambientais, verificar os requisitos legais aplicáveis ao negócio, traçar objetivos e metas a serem alcançadas com as tarefas propostas, analisar os resultados das tarefas e sugerir melhorias nos pontos insatisfatórios. (BORBA, 2007). Um dos aspectos ambientais que chama a atenção em uma atividade industrial é o som produzido pelos equipamentos e maquinários, que na maioria das vezes, acaba perturbando a vizinhança local. O ruído, nada mais é que o som caracterizado por alta intensidade, que acaba sendo desagradável para o conforto acústico do meio. (SALIBA, 2004). De acordo com Giannini et al. (2011), as informações sonoras são recebidas de forma constante. Estas informações são classificadas como ruídos, apenas as que são indesejadas. Essas vibrações mecânicas desconfortáveis são diariamente introduzidas no 3

meio ambiente, podendo provocar incômodos mentais e físicos à população e perturbação no meio. As atividades geradoras de ruído devem atender e seguir as diretrizes vinculadas à ABNT. (CONAMA, 1990) Os limites máximos de ruído devem ser obedecidos conforme estabelecido pela ABNT - NBR 10.151 Acústica - Avaliação do nível do ruído em áreas habitadas visando o conforto da comunidade, de junho de 2000, a qual leva em consideração os limites máximos em função do tipo de zoneamento, ou uso e ocupação do solo da região de interesse. Os danos causados pelo ruído não dependem apenas da sua intensidade, mas também do período de exposição no ambiente ruidoso. Geralmente, a intensidade do ruído varia no decorrer do tempo (GERGES, 2000). Visando garantir a preservação do meio ambiente e do bem estar da população, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), por meio do seu Licenciamento Ambiental, exige através de uma condicionante, que os níveis de ruídos emitidos pelo empreendimento deverão atender aos padrões da ABNT NBR10.151 que irá determinar o método de avaliação comparando o nível de pressão sonora captado contra os níveis de critérios de avaliação previamente definido, e também de acordo com a Resolução CONAMA 01/1990 com o objetivo de obedecer no interesse da saúde e do sossego publico, avaliar a deterioração da qualidade de vida causada pela poluição sonora. 5. Resultados e Discussão O resultado das medições instantâneas a campo foram aferidos e transformados em níveis de pressão sonora equivalente (Laeq), de acordo com a fórmula (1): Em seguida, comparou-se com os Níveis de Critério de Avaliação (Nca), tanto diurno, quanto noturno. Foram obtidos desta forma os seguintes resultados demonstrados na Tabela 1: Tabela 1 Resultados das medições diurnas e noturnas e os Níveis de Critério de Avaliação (Nca), conforme NBR 10.151/90 Média do Média do Localização resultado diurno db(a) Nca Diurno db(a) resultado noturno db(a) Nca Noturno db(a) Ponto 01 56,7 60,0 54,4 55,0 Ponto 02 56,0 60,0 54,31 55,0 Ponto 03 55,3 60,0 54,3 55,0 Ponto 04 59,1 60,0 54,4 55,0 Ponto 05 68,5 65,0 63,7 55,0 Ponto 06 60,0 60,0 55,6 55,0 4

Observou-se que, em alguns pontos de amostragens, o nível de pressão sonora equivalente ultrapassou o valor máximo permitido, de acordo com a Norma NBR ABNT 10.151. Desta forma, foram detalhadas as amostragens dos Pontos escolhidos para melhor análise dos fatos. O Ponto 01, localizado à frente da portaria principal do empreendimento apresentou resultados satisfatórios em todos os horários que ocorreram as medições. Porém, por se tratar de um local próximo a via onde percorre grande quantidade de veículos, o ruído ocasionado por estes podem ter interferido no resultado apresentado (Figura 03). Figura 3 - Gráfico dos níveis de pressão sonora emitido, comparado com o limite da Norma nos respectivos horários (Ponto 01 próximo à portaria do empreendimento). Como mostra o gráfico representado pela Figura 4, pode-se notar que no Ponto 02, ocorreu de forma semelhante ao Ponto 01, onde foram apresentados os níveis de pressão sonora equivalente abaixo dos níveis de critério de avaliação, tanto diurno quanto noturno. Este é um local onde também há fluxo de veículos constante no decorrer do dia. 5

Figura 4 - Gráfico dos níveis de pressão sonora emitida, comparado com o limite da Norma nos respectivos horários (Ponto 02 próximo à extremidade sul do empreendimento). O Ponto 03 foi escolhido devido à presença de uma Ponte Rolante que faz o transporte interno de matéria-prima do empreendimento. Nota-se que, no período noturno, houve um pico que ultrapassou o limite máximo permitido (Figura 5). Tal fato se deu, pois no momento da amostragem um veículo passou próximo ao detector de ruído. Portanto, conforme Figura 5, o ruído proveniente do movimento da Ponte Rolante não é fator determinante na intensidade do barulho provocado no ambiente externo ao empreendimento. Figura 5 - Gráfico dos níveis de pressão sonora emitida, comparado com o limite da Norma nos respectivos horários (Ponto 03 próximo à ponte rolante do empreendimento). 6

Observou-se que o comportamento das medições do Ponto 04 foi semelhante ao apresentado pelo Ponto 03 (Figura 6). Por se tratar de um local próximo à Ponte Rolante, esperava-se um valor superior ao máximo permitido, pois há percepção de ruídos sonoros oriundos do movimento da mesma. Porém, como ocorreu também no Ponto 03, houve apenas um pico de concentração de ruído superior ao Nca (NBR 10.151/90) estabelecido, causado novamente por interferência de veículos na rua. Figura 6 - Gráfico dos níveis de pressão sonora emitida, comparado com o limite da Norma nos respectivos horários (Ponto 04 próximo à extremidade oeste do empreendimento). A Figura 7 ilustra o Ponto 05, localizado próximo ao setor de fornos, e foi o que apresentou em todas as medições, concentração superior ao máximo estabelecido. Porém, como não há habitação (comercial ou residencial), o local nunca foi alvo de reclamação da população. Notou-se uma variação em torno de 6,0 db(a) durante as amostragens. No período diurno, foi observado um leve aumento na concentração de ruídos, devido ao maior fluxo de veículos nas vias próximas ao local de coleta. No período noturno, com a queda deste fluxo, observou-se também a queda da concentração de emissão de sons no local. 7

Figura 7 - Gráfico dos níveis de pressão sonora emitida, comparado com o limite da Norma nos respectivos horários (Ponto 05 próximo ao local onde estão localizados os fornos do empreendimento). No local de coleta do Ponto 06, caracterizado pelo maior número de movimentação de veículo por estar ao lado de uma avenida importante no município, foi imperceptível os ruídos oriundo da atividade do empreendimento, como pode ser visto na Figura 8. Em todas as coletas foi observado que, conforme o fluxo de veículos nas vias aumentava, o ruído aumentava em grande proporção. Figura 8 - Gráfico dos níveis de pressão sonora emitida, comparado com o limite da Norma nos respectivos horários (Ponto 06 próximo às residências e pontos comerciais vizinhos do empreendimento). 8

6. Conclusões Atualmente, um dos grandes diferenciais em empreendimentos de grande porte está na capacidade do mesmo em se manter de forma sustentável tanto no meio econômico, quanto com relação às questões ambientais. Um empreendimento que busca controlar seus impactos sobre o meio ambiente é observado como algo de atitude moderna. Para tal, utiliza-se o SGA para avaliar o potencial de poluição da atividade principal do empreendimento. Um dos principais impactos que a população sofre com a implantação de uma empresa está no ruído que sua atividade gera. Para tal, foram monitorados e avaliados os ruídos gerados por uma indústria do ramo alimentício, a fins de atendimento de condicionante do licenciamento ambiental. Conforme os resultados obtidos neste estudo, a indústria em questão apresentou-os de forma satisfatória, mesmo com algumas medições acima dos valores máximos permitidos por norma. Essas variações ocorreram, pois o empreendimento está localizado no centro do município, próximo às vias de grande importância e fluxo de veículos. Notou-se também, que não houve reclamações de ruídos ao longo dos anos decorrentes da atividade estudada. É importante salientar inclusive que este estudo deverá se repetir ao menos uma vez por ano, para formar um banco de dados com histórico da atividade, e caso haja alguma mudança no futuro, possa ser comparado novo grau de impacto com o anterior. Indicar de forma objetiva as principais conclusões obtidas pelo trabalho. Referências ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.151 Acústica Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade Procedimento. Rio de Janeiro RJ, 2000. BORBA, A. C. O. Avaliação do Sistema de Gestão Ambiental nas indústrias beneficiadoras de cacau no sul da Bahia. Dissertação de mestrado Universidade Estadual de Santa Cruz. Ilhéus Bahia, 2007. Disponível em: < http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/mestrado/mdrma/teses/dissertacao_andrea_borb a.pdf>. Acessado em 25 de fevereiro de 2015. BRASIL. Resolução CONAMA nº 01 de 08 de março de 1990 Critérios para o licenciamento ambiental. Brasília, DF, 1990. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res90/res0190.html>. Acessado em 22 de fevereiro de 2015. CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Licenciamento Ambiental. São Paulo, SP. 2015. Disponível em: <www.cetesb.sp.gov.br/>. Acessado em 25 de fevereiro de 2015. GERGES, S. N. Y. Ruído Fundamentos e controles. 2 ed. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. 2000. GIANNINI, C. F.; MONTEIRO, P. J. M.; GERMANO, T.; OLIVEIRA, L. D.; SOARES, P. F. AVALIAÇÃO DO RUÍDO AMBIENTAL: MONITORAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DO RUÍDO DE FUNDO EM MARINGÁ. Encontro Internacional da Produção Científica CESUMAR. Maringá, PR. 2011. Disponível em: <http://www.cesumar.br/prppge/pesquisa/epcc2011/anais/camila_fernanda_giannini.pdf>. Acessado em 25 de fevereiro de 2015. 9

PASSOS, L. A. N.; CAMARA, M. R. G. A evolução da Gestão Ambiental em empresas industriais: Um estudo nas pequenas e médias empresas do setor químico. In: EGEPE ENCONTRO DE ESTUDOS SOBRE EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DE PEQUENAS EMPRESAS. 3., 2003, Brasília. Anais... Brasília: UEM/UEL/UnB, 2003, p. 352-364. Disponível em: <http://www.anegepe.org.br/edicoesanteriores/brasilia/%5b25%5d.pdf>.acessado em 25 de fevereiro de 2015. SALIBA, T. M. Curso Básico de Segurança e higiene Ocupacional São Paulo, SP: Ed. LTr, 2004.453 p. ISBN 85-361-0516-X; 10