DAS RAÍZES AFRICANAS À REALIDADE SOCIAL: A INCLUSÃO SOCIAL NA ESCOLA ATRAVÉS DO TRABALHO COM O NEGRO



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Transcrição:

DAS RAÍZES AFRICANAS À REALIDADE SOCIAL: A INCLUSÃO SOCIAL NA ESCOLA ATRAVÉS DO TRABALHO COM O NEGRO Eloíza de Oliveira Chaves Universidade Estadual da Paraíba eloisa_chaves@hotmail.com Jhonathan Antonny de Sousa Santos Machado Universidade Estadual da Paraíba jhonathan_antonny@hotmail.com Lígia Albuquerque Queiroz Universidade Estadual da Paraíba ligiaaq_2006@hotmail.com Magliana Rodrigues da Silva Universidade Estadual da Paraíba maglianarodrigues@hotmail.com Sabe-se que na maioria das instituições escolares públicas presenciamos um ensino falho que necessita de reformulações no seu sistema metodológico. Mas em meio ao atual modelo de ensino, também percebemos docentes que buscam desenvolver aulas mais dinamizadas e inovadoras. Através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) desenvolvemos um projeto educacional que vise objetivos construtivos e funcionais, ultrapassando os moldes escolares, para que se possa atingir o meio social. Com este artigo objetivamos descrever a funcionalidade do projeto PIBID aplicado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Raul Córdula no semestre 2015.1, a partir do trabalho com a imagem do negro relacionado ao ensino da literatura, em aspectos como a cultura africana e afro-brasileira, as discriminações raciais, e várias outras discussões que envolvam a temática. Também a importância de se trabalhar diversos gêneros envolvendo o contexto social do aluno. Partimos dessa proposta de trabalho pela necessidade de abordar a inclusão social dentro da sala de aula, como foco central a imagem do negro, assunto complexo que dificilmente é debatido nas escolas. Para tanto, utilizaremos como metodologia a descrição e análise da sequência didática, a qual foi o suporte para a aplicação da proposta. Para o desenvolvimento teórico embasamo-nos em pressupostos como as OCEM (2006), PCN (2000), Marcuschi (2003), Trindade (1994), Mendonça (2006), Alves (2012) e outros. Palavras-chave: Literatura, inclusão social, contexto social, negro.

INTRODUÇÃO Atualmente, vemos na realidade escolar uma busca constante de docentes que visam desenvolver um ensino inovador e dinâmico, o qual possa atingir de alguma forma o aluno nos seus modos de agir e pensar, ultrapassando o aprendizado para além dos moldes escolares, mas relacionando e conduzindo os conhecimentos para sua realidade social. Para tanto, professores têm ampliado seus conhecimentos e pesquisas para aplicar abordagens que provoquem efeitos construtivos e sociais, aguçando o senso argumentativo, opinativo, crítico e reflexivo dos discentes. Entre os infindáveis temas que circulam socialmente, vemos a busca por inclusão social e o debate sobre o mesmo, a qual tem se intensificado dentro das instituições escolares, objetivando um ensino que vise à transformação do aluno em cidadãos mais humanizados perante assuntos que fazem parte de suas realidades. Nessa perspectiva, a Língua Portuguesa como um meio que se possam trazer tais abordagens, é essencial motivar a interação em sala de aula e organizar e debater diversos gêneros com conteúdos significativos. Como propõe os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) de Língua Portuguesa: A linguagem verbal, oral e escrita, representada pela língua materna, ocupa na área o papel de viabilizar a compreensão e o encontro dos discursos utilizados em diferentes esferas da vida social. É com e pela língua que as formas sociais arbitrárias de visão e divisão de mundo são incorporadas e utilizadas como instrumento de conhecimento e comunicação. (BRASIL, 2000, p. 10) Com o objetivo de desenvolver mudanças no contexto educacional e que possam surtir efeitos significativos, a Universidade Estadual da Paraíba, de Campina Grande, através do Programa de Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) dá oportunidades a alunos universitários do curso de Letras-Língua Portuguesa da instituição para que possam desenvolver projetos em algumas escolas estudais da cidade, visando levar a alunos do ensino médio conhecimentos a mais de forma inovadora.

O Projeto Cultura, Literatura e Criatividade: Do erudito ao popular (CLIC), funciona na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Raul Córdula, supervisionado por uma professora efetiva da instituição, e tem como objetivo trabalhar a cultura e literatura de forma criativa, desde abordagens do cânone a temas da realidade de discentes e docentes, através de diversos gêneros textuais e midiáticos como artigos, crônicas, charges, músicas, filmes e tantos outros. A turma é composta por alunos com a faixa etária entre 14 e 18 anos, os quais participam do projeto nas quintas e quartas-feiras das semanas, durante o turno da tarde, após suas aulas regulares pela manhã. Nesta perspectiva, o objetivo deste artigo é expor o trabalho do projeto CLIC durante o semestre 2015.1, através do suporte da sequência didática, a qual será devidamente descrita, e que foi produzida e aplicada na escola acima citada. Apresentaremos os resultados obtidos através do trabalho com a imagem do negro, como a cultura africana e afro-brasileira através dos diversos gêneros e a produção de cartazes que pudessem atingir o social. METODOLOGIA Para o desenvolvimento das aulas seguimos algumas etapas na construção da sequência didática: a)definição da temática; b)pesquisa e escolha dos gêneros e conteúdos a serem abordados; c)elaboração da sequência propriamente dita e organização das aulas; d)aplicação da proposta. A primeira etapa, que tem um foco central, tivemos como objetivo selecionar uma temática que pudesse envolver o social em sala de aula e a realidade dos alunos, motivando o discente a interagir, se motivar, tornando-o ativamente participativo perante os conteúdos discutidos nas aulas. Nessa perspectiva, trabalhamos a Literatura Marginal: A relação com o social e o negro, objetivando abordar o contexto social que está relacionado com a imagem do negro e sua marginalização. Assunto complexo que pouco é debatido nas salas de aula, mas que merece enorme atenção e que seja cada vez mais inserido no contexto educacional. Justificamos nossa escolha por ser essencial trabalhar a inclusão social, com temas que circulam socialmente, e com base no que nos dizem os Referenciais Curriculares para o

Ensino Médio da Paraíba (2008): Tendo em vista a Lei n. 10.639, de 09 de janeiro de 2003, que determina no Currículo Oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africanas, dentro do qual se insere o ensino das Literaturas Afro-Brasileiras e Africanas, faz-se necessário introduzir nos estudos literários poetas afro-brasileiros e africanos de Língua Portuguesa. (PARAÍBA, 2008, p. 84) No que diz respeito à etapa B, partimos para a escolha dos gêneros textuais que abordassem o conteúdo em questão e que discutíssemos durante as aulas. Selecionamos diversos artigos, poemas, crônicas, charges, objetivando compreender suas funcionalidades, e também midiáticos como filmes, músicas e vídeos, que compôs o material para se trabalhar em sala. Buscamos textos motivadores que passassem mensagens sociais e reflexivas, levando a compreensão textual para a realidade dos sujeitos envolvidos na leitura, desenvolvendo o senso interpretativo e crítico do aluno. Como nos aponta Marcuschi (2003) sobre os gêneros textuais: Caracterizam-se muito mais por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais do que suas peculiaridades linguísticas e estruturais. São de difícil definição formal, devendo ser contemplados em seus usos e condicionamentos sócio-pragmáticos caracterizados como práticas sócio-discursivas. (MARCUSCHI, 2003, p. 20) Na etapa C, produzimos a sequência didática organizando os textos para o desenvolvimento das aulas, que constituiu em dez encontros, dos quais fizemos um recorte de seis para compor o corpus a ser analisado neste artigo. Este recorte mostra o trabalho com a cultura africana e afro-brasileira, o preconceito racial, focando a inclusão social, culminando na produção de cartazes que passassem mensagens contra a discriminação racial. A última etapa foi à aplicação da proposta na escola, desenvolvendo aulas com muita leitura e compreensão textuais, e motivadoras, dinamizadas, lúdicas, as quais havia muita interação entre aluno e professor através dos textos, o que tornou um ensino eficaz e funcional. Na prática de reflexão sobre a língua e linguagem, pode-se dar a construção de instrumentos que permitirão ao sujeito o desenvolvimento da competência discursiva para falar, escutar, ler e escrever nas diversas situações de interação. (MENDONÇA, 2006, p.

210). Após a leitura e discussões sobre os textos, aplicamos a produção dos cartazes para que os alunos refletissem sobre o tema se posicionando de forma ativa e crítica. RESULTADOS E DISCUSSÃO Século XXI e ainda vivemos em uma sociedade amplamente preconceituosa, uma abrangente população que tanto julga o outro negativamente, se deixando levar por meio de estereótipos, cometendo das mais diversas discriminações e atos de racismo, consciente ou inconscientemente. No meio social e escolar, querendo ou não, estão impregnados no pensamento de grande parte dos indivíduos conceitos errados quanto ao diferente, sobre aqueles que não conhecemos bem, que geralmente acabamos julgando sem reconhecer os valores de cada um. O multicuturalismo enfatiza a diferença, o tratamento diferencial para assim conquistar a igualdade de oportunidades. (ALGARVE, 2004). No entanto, na atual sociedade, em meio a essa mistura de culturas, etnias, religiões, raça, são criadas padrões de beleza que moldam e estabelecem o certo e bonito a se seguir, como a imagem do negro, a qual é vista e tratada de forma muito discriminada, e com certa violência física e psicológica. Buscando abordar um tema que debatesse sobre algo tão presente na vida de discentes e docentes, a partir do estudo da Literatura Marginal: A relação com o social e o negro, pudemos ampliar os saberes dos alunos em relação aos povos africanos e afro-brasileiros, desmistificando pensamentos superficiais antes existentes, e revelando curiosidades sobre esses povos e sua relação com temas polêmicos da nossa atual sociedade, como o caso das cotas. Os discentes constantemente interagiam sobre o conteúdo abordado, expondo opiniões consistentes a respeito e aguçando cada vez mais seu senso interpretativo sobre os gêneros textuais. Merece atenção como o preconceito racial é tratado dentro das instituições escolares, pois se sabe o quão presente é a discriminação nas escolas, em especial contra o negro, mas que muitas vezes é mascarado, não sendo amplamente discutido, por ser algo complexo de se trabalhar em sala de aula. As pessoas que convivem no interior de uma escola, experimentam essa complexidade, percebem-na, agem de algum modo, no curso dos acontecimentos que possam implicar na

questão racial. (TRINDADE, 1994, p. 95) A Literatura está também associada ao ensino das artes, como com o ensino de diversas etnias e culturas. Assim, concordamos com o que trazem as OCEM (2006, p. 167) de que o ideário sobre o ensino da Arte contempla as diferenças de raça, etnia, religião, classe social, gênero, opções sexuais e um olhar mais sistemático sobre outras culturas. Dessa forma, por meio do ensino da Literatura, ou qualquer outra área que partilhe determinado tema, há que se ter uma enorme atenção ao abordar aspectos relacionados ao negro, como as culturas africanas e afro-brasileiras e o preconceito racial. O tema, por mais complexo que seja, foi debatido e questionado por professores e alunos de forma cuidadosa, crítica e reflexiva, vinculando os conhecimentos aprendidos à realidade de cada um. Com o objetivo de compreender as aulas de Literatura como um espaço inovador e dinâmico e ao mesmo de forma crítica, se detendo a um tema tão presente na realidade dos alunos e professores, cada um foi conduzido a refletir sobre suas vivências, promovendo uma discussão que ultrapassou os moldes escolares. As aulas se tornaram prazerosas e motivacionais a cada descoberta, a cada texto discutido e compreendido. Após todas as discussões, promovemos um momento para que os alunos expusessem toda sua criatividade produzindo cartazes que atendessem a fins comunicativos e sociais.

Foi de extrema importância abordar a imagem do negro, desde as suas descendências, origens africanas, costumes, valores, cultura etc., até chegarmos a discussões atuais e polêmicas, como as cotas, que tem todo um histórico desde a época da escravidão. Muitos não sabiam o que as mesmas significavam e após toda a exposição, gerou um longo debate construtivo, com vários discentes argumentando e defendendo suas opiniões de contra ou a favor, ocorrendo uma profícua discussão. Assim, vai-se desconstruindo estereótipos criados ao longo das décadas, pois compreender as diferenças não pelo seu caráter folclórico, mas como algo com o qual nos identificamos e que faz parte de nós como seres humanos, é o princípio para aceitar aquilo que não sabemos. (PCN, 2000, p.20). Percebe-se na atualidade, ainda a constante busca do negro pela inserção social, a luta contra as imagens negativas que são impostas sobre eles, sendo atacado tanto no ambiente social (mercado de trabalho diferenciado por aparência física) quanto no ambiente escolar (piadas racistas). (ALVES, 2012, p. 9). Nessa perspectiva, trazer para a Literatura a abordagem com escritores, poemas, artigos, músicas etc., que retratou aspectos do negro na sociedade, conseguimos atingir nossos objetivos de desenvolver um ensino construtivo, social, capaz de desenvolver cidadãos mais humanizados. Ainda seguindo o pensamento de Alves (2012): CONSIDERAÇÕES FINAIS É preciso mostrar que o Brasil é um país de formação multirracial, ou seja, formado por misturas de raças, crenças e costumes, e independente disso devemos respeitar e valorizar a cultura que cada pessoa traz, já que perante a lei somos todos iguais e temos os mesmos direitos e deveres. (ALVES, 2012, p. 10) É preciso se aprofundar nas pesquisas para estar preparado para se trabalhar um tema tão complexo em sala de aula, e que tanto mexe com o pessoal de cada um, mas sendo abordado de forma consciente, planejada, com mentes abertas para as mais diversas opiniões. Não se pode negar que existe o racismo, seja na escola ou fora dela, e que em muitas a imagem do negro é trabalhada de maneira errônea, simplificada e sistematizada de acordo

com o que impõe a sociedade. Há um complexo de condições e determinações de natureza ao mesmo tempo cultural, sócio-econômica, ética, política, psicológica. (TRINDADE, 1994, p. 95). Por isso a importância de trazer o estudo sobre as riquezas e valores de diversas culturas e etnias, por meio de textos atrativos, músicas, indo além das suas entrelinhas, interpretando o significado da palavra e associando à realidade, como cidadãos críticos. Assim, aluno e professor podem mudar seus pensamentos, quebrar visões negativas, respeitar e valorizar o outro. E também nós professores podemos reavaliar nossos métodos crescendo cada vez mais como graduandos, profissionais e cidadãos. Através do PIBID, aplicando a proposta do contanto com a cultura africana e afrobrasileira, o estudo sobre a imagem do negro na atual sociedade, nos fez refletir sobre nós mesmos por vivermos em meio social que tem todo um histórico nas raízes de povos que antes tanto sofreram e foram tão marginalizados e ainda sofrem, buscando de forma cada vez mais forte a luta contra o preconceito racial e a sua inserção cultural. Isso torna-nos seres mais humanizados, que respeite o outro e valorize as riquezas de cada um. REFERÊNCIAS ALGARVE, Valéria Aparecida. Cultura negra na sala de aula: pode um cantinho de africanidades elevar a auto-estima de crianças negras e melhorar o relacionamento entre crianças negras e brancas?. São Carlos: UFSCar, 2004. ALVES, Cyntia Cristina de Sousa. O racismo na escola e o combate com ações pedagógicas. Guarabira: UEPB, 2012. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais :Ensino Médio: Linguagens códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC, 2000. BRASIL. Ministério da Educação. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: conhecimentos de língua portuguesa. Brasília: Ministério da Educação, 2006. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: BEZERRA, M. A. DIONISIO, A. P. MACHADO, A. R. (orgs). Rio de Janeiro: Lucerna,

2003. p. 19 36. MENDONÇA, Márcia. Análise linguística no ensino médio: um novo olhar, um outro objeto. In: Português no ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 199 226. PARAÍBA. Secretaria de Estado da Educação e Cultura. Coordenadoria de Ensino Médio. Referenciais Curriculares para o ensino médio da Paraíba:linguagens, códigos e suas tecnologias. Girleard Medeiros de Almeida Monteiro (coordenadora geral) João Pessoa: [s.n.], 2006. TRINDADE, Azoilda Loretto da. O racismo no cotidiano escolar. Rio de Janeiro: IESAE, 1994.