303 CURSOS Se EM RISCO não conseguirem mais es tudantes na segunda fase, arriscam perder financiamento do Estado 19 ofertas de universidades e politécnicos nãotiveram candidatos PÁGS.6E7
UNIVERSIDADES INSTITUIÇÕES PODEM FICAR SEM FINANCIAMENTO 303 cursos superiores arriscam fechar portas Em comum têm o facto de todos eles registarem menos de 20 entradas para este ano lectivo
DIANA RAMOS universidades e politécnicos públicos têm 303 As cursos com menos de vinte alunos. Se a segunda fase de candidaturas ao Ensino Superior não inverter a tendência, muitos arriscam-se a perder o financiamento do Governo. Um terço pertence ao regime pós -laborai ou nocturno. Apesar de o número de estudantes no Ensino Superior público estar a crescer, o certo é que o número de cursos com poucos alunos - parte deles com empregabilidade questionável - acompanha a tendência. Na primeira fase de candidaturas, foram 19 os cursos sem uma única colocação. Outros 164 registaram a entrada de entre 1 e dez alunos, inclusive, mais 39 que no ano anterior. Em relação aos cursos com menos de vinte entradas, a lista registou uma pequena redução, de3ospara3o3 cursos. Este ano lectivo são dez os cursos com apenas uma entrada e 18 com 2 alunos, número que, neste último caso,duplica face ao ano anterior (9). Damesma forma, há 24 cursos com 3 alunos, 21 com 5 estudantes e 13 com apenas 5 caloiros. a Interpretando lista de colocações divulgada pelo Ministério da Ciência e Ensino Superior, conclui-se que, apesar do esforço do Governo em incentivar a formação entre os adultos (através do programa Novas Oportunidades ou da promoção do acesso ao Ensi - no Superior para maiores de 23), o ensino em regime pós -laborai ou nocturno é dos que menos interes - se despertam: 100 dos 303 cursos com menos de 20 entradas funcio - nam nestes dois tipos de horário. É nos politécnicos, sobretudo naqueles localizados no Interior, como Bragança, Guarda ou Castelo Branco, que surgem os cursos com menos alunos. Ainda assim, há cx - cepções: Matemática Aplicada (pós-laboral), da Faculdade de Ciências de Lisboa, ou Estudos Portugueses e Lusófonos (pós-laboral), da Nova de Lisboa tiveram zero colocados. João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional da Educação, diz que a situação "é preocupante" faltando "um regulador no Ensino Superior" Por isso, sugere "uma análise estratégica" que permita definir números mínimos para os cursos com menor número de alunos e quotas máximas para aqueles onde a empregabilidade é baixa e as entradas elevadas. 0 número de cursos com dois alunos duplicou num só ano (^PORMENORES REGRAS 0 Governo definiu que um curso com menos de 20 alunos durante dois anos consecutivos perde o financiamento. CRESCIMENTO Segundo o ministro Mariano Gago, este ano o Ensino Superior público deverá registar mais 20 mil alunos do que há um ano. REGRESSO AOS ESTUDOS Este ano, deverão inscrever-se para tirar licenciatura 6499 alunos com mais de 23 anos. MAIS FORMAÇÃO 0 Governo estima que se inscrevem este ano 5645 alunos para tirar um doutoramento.
Faculdade de Me é a que exige mai dicina do Porto or esforço Longe vão os tempos em que Coimbra se destacava como a faculdade com a média mais elevada do curso de Medicina. Desde há vários anos que o Porto tomou a dianteira, e destroná-lo parece tarefa complicada. AFaculdade de Medicina da Universidade do Porto, cujas instalações se situam no Hospital de São João, foi novamente a mais exigente, com a média de entrada mais alta. A nota do último colocado no cursofoi de lbs,2pontos,bem acima das 'eternas rivais! Lisboa e Coimbra. Aliás, na generalidade dos casos, a cidade do Porto parece ser aquela que mais alunos novos atrai, jáque auniversidade do Porto foi este ano a única universidade portuguesa com uma taxa de 100% A média do último a entrar em Medicina foi a mais alta do País de preenchimento de vagas. Feitas as contas, o número de candidatos a umlugar naquela universidade (7579) quase duplicou o número de vagas disponíveis. Foitambéma maisprocuradapelos candidatos comoprimeira opção.
Falta de emprego não desmotiva candidatos áá DISCURSO DIRECTO O desemprego é elevado e as condições de trabalho cada vez mais precárias. Ainda assim, são centenas os jovens que continuam a esfcolher os cursos ligados à Educação -ou ao Direito quando concorrerrtao iensino Superior. Este ano, só no curso de Educação Básica, uma área penalizada pelo encerramento de escolas e candidaturas. Educação Básica registou a entrada de 1142 alunos onde o desemprego se mantém elevado entre os professores, entraram 1142 novos alunos na l? fase de Já nos cursos de Línguas, muitos dos quais desembocam inevitavelmente no ensino, entraram 891 alunos. Biologia e Bioquímica, ainda que permitam acesso a algumas áreas da saúde, atraíram 1467 estu- dantes. Outros 1269 escolheram Direito como licenciatura. Apesar dis - so, o segundo curso com mais vagas disponíveis(6l)éde Direito (pós-laboral), na Universidade de Lisboa. Para Mário Nogueira, secretário -geral da Fenprof, MHaaa "os professores já não vivem aquela questão dramática do desemprego registado há cerca de dois ou três anos", pelo que "o problema maior, agora, é a precariedade" E admite que é necessário olhar para as médias e perceber se a opção pelos cursos de Educação "é ou não uma primeira opção" e se "os melhores alunos não terão sido atraídos para outros cursos" "Tem havido uma descida das médias, o que descredibiliza a profissão" explica.» FlindO da lista. O Instituto Politécnico de Tomar teve a menor taxa de ocupação de vagas do País (só 40%). 0 Instituto Politécnico de Bragança é outro dos institutos com menos ocupação: apenas 54%. Correio da Manhã - Por que ainda há alunos a escolherem a área da Educação? Mário Nogueira - É preciso perceber se é ou não a primeira opção e a média com que se entrou nesses cursos. A instabilidade e os salários baixos têm afastado bons alunos da profissão. Há os que entram porque a média é baixa e não têm outras hipóteses. - Há problemas de emprego? - Com a saída de muitos professores para a aposentação e com o impacto que terá o alargamento do ensino obrigatório, não acho que o desemprego aumente. Mas é necessário um estudo para se perceber as necessidades do ensino nos próximos cinco anos.