APRESENTAÇÃO. LANKSHEAR, Colin.; KNOBEL, Michele. A new literacies sampler. New York: Peter Lang, 2007.

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APRESENTAÇÃO No cenário mundial em que vivemos, as mudanças provocadas pela globalização se manifestam em vários campos: na vida pública, borram-se as fronteiras e emerge uma crescente diversidade cultural; no trabalho, a criatividade e a flexibilidade vão assumindo espaço para superar o esforço repetitivo e massivo, demandando um trabalhador capaz de múltiplas tarefas; e na vida privada, a constituição de uma identidade multifacetada leva gradativamente os sujeitos, antes consumidores, espectadores e leitores, a se tornarem produtores, jogadores e autores (THE NEW LONDON GROUP, 1996) 1. Paralelamente, a presença, em diversos âmbitos sociais, das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) evidencia cada vez mais a emergência de novas formas de interação, novas linguagens, novos modos de textualização. A integração de semioses, a polifonia e o hipertexto traçam, no ciberespaço, práticas inusitadas de letramento, exigindo dos usuários novas competências/capacidades de recepção e de produção textual. E um novo ethos tem lugar com a mentalidade própria da Web 2.0: em substituição à lógica dos letramentos tradicionais, que operam na base da publicação impressa, do individualismo e da autoria marcada, novos letramentos passam a operar na lógica da participação, da colaboratividade e da distribuição (LANKSHEAR; KNOBEL, 2007) 2. Essa crescente pluralidade cultural, fruto de uma economia globalizada, aliada à multiplicidade de canais e de modos semióticos de comunicação, resultantes das novas tecnologias, têm impactado fortemente as práticas sociais, exigindo que a escola, a seu turno, interaja com um currículo 1 THE NEW LONDON GROUP (Cazden, Courtney, Bill Cope, Mary Kalantzis et al.). A pedagogy of multiliteracies: designing social futures. Harvard Educational Review, Cambridge, v. 66, n.1, p. 60-92, spring 1996. Disponível em: <http://newlearningonline.com/~newlearn//wpcontent/ blogs.dir/35/files/2009/03/multiliteracies_her_vol_66_1996.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2018. 2 LANKSHEAR, Colin.; KNOBEL, Michele. A new literacies sampler. New York: Peter Lang, 2007. 9

responsivo social e culturalmente voltado ao que Cope e Kalantzis (2006) 3 propuseram como pedagogia dos multiletramentos. Entretanto, frente às demandas de um contexto contemporâneo altamente diversificado e crescentemente tecnologizado, a escola não tem se mobilizado expressiva e/ou produtivamente. Ainda que já se proponha a introduzir em suas práticas a leitura de textos multissemióticos, por exemplo, muito esforço há de ser investido para que seja abalada a tradição escolar logocêntrica, centrada na escrita, e se abra espaço para uma integração de gráficos e representações visuais aos textos verbais produzidos pelos aprendizes (LEMKE, 2010) 4. Some-se a isso o fato de que, a despeito de as tecnologias da conexão contínua (SANTAELLA, 2010) 5 permitirem que usuários naveguem pelas arquiteturas líquidas informacionais do ciberespaço, buscando, a todo instante e em qualquer lugar, por informação e aprendendo com não especialistas, nossa instituição escolar ainda se mantém no que Lemke (2010) nomeou paradigma de aprendizagem curricular, mantendo cronogramas fixos e modelos transmissivos de ensino-aprendizagem. Impõe-se, pois, como necessária e urgente a capacitação da escola para atuar com um ensino de línguas engajado, numa sociedade cada vez mais líquida (BAUMAN, 2001) 6, em que os sujeitos possam se conectar crítica e 3 COPE, Bill. & KALANTZIS, Mary. Designs for Social Futures. In: COPE, B.; KALANTZIS, M. (Orgs.) Multiliteracies: Literacies Learning and the Design of Social Futures. Nova York, Routledge, 2006, p. 203-234. 4 LEMKE, Jay. L. Letramento metamidiático: transformando significados e mídias. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas: [s. n], v. 49 (2), p. 455-479, 2010. 5 SANTAELLA, Lúcia. A aprendizagem ubíqua substitui a educação formal? Revista de Computação e Tecnologia (ReCeT), v. 2, n. 1, p. 17-22, 2010. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/index. php/recet/article/view/3852/2515>. Acesso em: 23 fev. 2018. 6 BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. 10

eticamente num ciberespaço crescentemente povoado de diferenças identitárias e linguísticas (ROJO, 2012; 2013) 7. Como reflexo da tentativa de contribuir com pesquisas cuja preocupação é oferecer alternativas ao professor de língua lincado nessa realidade e antenado nas atuais necessidades da escola, este número, Tecnologias Digitais e Práticas de Ensino de Línguas: Materna e Adicionais/Estrangeiras, é uma coletânea de trabalhos desenvolvidos a propósito da disciplina Novas Tecnologias, Linguagens e Escola, que ministramos junto ao Programa de Pós- Graduação em Estudos da Linguagem (PPGEL), da Universidade Estadual de Londrina. Para os trabalhos finais da disciplina, solicitamos a criação colaborativa de propostas didáticas voltadas à prática de ensino de línguas, em contexto escolar contemporâneo, focadas nos multiletramentos demandados pelo uso de tecnologias digitais. Isso explica que o referencial teórico adotado pela grande maioria dos autores dos projetos selecionados (mestrandos e doutorandos do Programa) seja, salvo algumas variações, algo comum, e que os gêneros digitais em uso, pensados como novos atores do trabalho escolar, aí compareçam massivamente. O escopo deste número é, pois, o de apresentar e discutir, focando diversos eixos de trabalho do professor de línguas, propostas didáticas que visem ao emprego de recursos tecnológicos digitais. Para isso, agrupam-se, na primeira parte, propostas voltadas ao ensino de língua materna e, na segunda, propostas que se ocupam do ensino de língua(s) adicional(is)/estrangeira(s). Três artigos, na primeira parte deste dossiê, estão voltados a atividades práticas de ensino de língua portuguesa, visando gêneros digitais específicos, como apontam seus títulos. Poemas na mídia podcast: uma proposta para o trabalho com oralidade nas aulas de língua materna, no qual Lopes e Pontara congregam práticas de oralidade, leitura e escrita; Leitura em infográfico web: 7 ROJO, Roxane H. R.; MOURA, Eduardo. (Org.). Multiletramentos na Escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012. ROJO, Roxane H. R. Escol@ conectada: os multiletramentos e as TICs. São Paulo: Parábola Editorial, 2013. 11

multimodalidade em sala de aula, em que Barbosa, Lavisio e Semczuk enfocam o ensino da leitura; e Narrativas sequenciais em destaque: um estudo sobre o gênero HQtrônica e sua dinâmica em sala de aula, onde Batalha e Salermo propõem uma série atividades igualmente voltadas à leitura. Ainda na primeira parte, duas propostas tratam do ensino da literatura em língua portuguesa e sua relação com o universo digital: Da leitura literária ao leitor plural: caminhos possíveis a partir dos multiletramentos, em que Hamasaki e Nascimento articulam o uso de tecnologias digitais a atividades de leitura literária para o segmento infanto-juvenil; e Letramento digital e literatura: saberes literários no mundo digital, onde Assis, Martins Neto e Macedo focam a produção de textos visando à alimentação de um aplicativo sobre literatura destinado a vestibulandos. Na segunda parte do dossiê, encontram-se cinco trabalhos voltados a atividades práticas de ensino de línguas adicionais/estrangeiras. Silva e Moreno arquitetam um trabalho com escrita colaborativa online no ensino de língua, com É o que está acontecendo : proposição didática para o desenvolvimento do letramento em língua estrangeira a partir do gênero tweet. Almeida e Amaral, em sua Leitura e produção de textos digitais: uma abordagem multimidiática do gênero meme, trabalham o ensino de língua inglesa integrando diversas linguagens. Dando sequência com O uso de objetos de aprendizagem para o ensino de espanhol como língua estrangeira: análise e propostas didáticas, Barrios e Mantoani analisam dois Objetos de Aprendizagem para o ensino de espanhol como língua estrangeira/adicional. Por sua vez, Senefonte e Talavera, em O WhatsApp como ferramenta no ensinoaprendizagem de língua inglesa, sugerem o uso do aplicativo como instrumento para o trabalho do professor. E, finalmente, encerrando a coletânea, Miquelante, Marson e Lanferdini exploram o gênero curta-metragem, propondo atividades de leitura para o ensino de inglês, em sua Leitura imagética de um curta-metragem: o uso das tecnologias digitais no ensino de língua inglesa. Cabe salientar que tanto a disciplina que gerou esses trabalhos quanto o presente projeto visam corroborar os objetivos de promover a qualificação de 12

professores pesquisadores de língua, materna e adicionais/estrangeiras, a fim de que os mesmos, contemplando as práticas de multiletramentos, possam promover uma pesquisa e uma pedagogia da linguagem que atendam às atuais demandas sociais. E vale, ainda, lembrar que, tendo em vista o histórico de pesquisa do tema no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da UEL, este número, com o presente dossiê, busca atender também aos interesses específicos da pesquisa na área de concentração Linguagem e Educação, linha Ensino-aprendizagem e Formação do Professor de Língua Portuguesa e de Outras Linguagens. Eliana Maria Severino Donaio Ruiz Junho de 2018 Professora Adjunta do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da Universidade Estadual de Londrina e docente do PPGEL - Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem. elianaruiz@uel.br 13