Um dia normal no consultório dentista Por Matheus de Carvalho
1 - INT. - CONSULTÓRIO DENTISTA - DIA A dentista Silvia, loira, sensual em sua roupa de trabalho, ajeita o cabelo, passa um batom básico olhando-se num espelhinho. Seu consultório é bem decorado e arrumado, cheio de ferramentas bem organizadas. Ela dá uma olhada pelo local. 2 - INT. - CONSULTÓRIO DENTISTA/SALA DE ESPERA - DIA Dois homens na sala de espera. Um olha distraído para uma revista, enquanto o outro olha absorto para a rua, onde muitos carros passam. A secretária digita alguma coisa no computador. Um silêncio maçante, o som do ventilador nítido. O homem troca de página, faz um barulhão. A porta se abre, Silvia aparece. Eles voltam suas atenções para a bela dentista, o dois a olham com interesse. (simpática) Vamos começar? O que lia a revista se levanta e a joga na cadeira que estava sentado. O outro pega a revista e senta no lugar do que acabou de sair. A recepcionista o olha rapidamente. 3 - INT. - CONSULTÓRIO DENTISTA - DIA Silvia trabalha com o famoso motorzinho na boca do paciente. Ele faz cara de dor, ela para. Tá tudo bem? Pode continuar, aqui é macho. Ela está de máscara, mas pelos olhos, percebemos que sorri. Ela volta ao trabalho. CORTA PARA: O paciente está sentado na cadeira, Silvia escreve alguma coisa em um papel de receita. Você vai usar essa pasta. Ela é um pouco cara, mas é importante que seja dessa, entendeu?
...CONTINUANDO: 2. Tudo certo, doutora. Ele tem clara atração por ela. Não desgruda os olhos. De repente, ele a vê escrevendo em câmera lenta. Linda, concentrada, os movimentos perfeitos do braço escrevendo no papel. O olho dele brilha. Ela termina e se levanta, entrega o papel para ele. Vou ganhar pirulito? Fui um bom garoto? SILVA (desinteressada) Pirulito? Tá certo. Pode sair. Ele sorri. Não se move. Fica olhando para ela, que fica um pouco desconcertada, sem saber o que fazer. E... Então? Então, né?... Pode chamar o próximo. Ah... Eu vou. Mas ele não se move. Silêncio. Silvia tenta sorrir, não consegue. Os olhos dele estão vermelhos. Desculpa, o que tá acontecendo aqui? 4 - INT. - CONSULTÓRIO DENTISTA/SALA DE ESPERA - DIA A secretária e o outro homem aos risos, vendo alguma coisa no computador. Olha essa foto, que escrota. O pior é que ela diz que tem pena de mim. Olha só pra ela. Tinha que ser o contrário, né? O homem a examina com interesse. Ela não percebe. Ele se aproxima por trás, fica perto da orelha dela. A secretária se retrai, arrepiada.
...CONTINUANDO: 3. (sedutor) É escrota mesmo. Não chega aos seus pés. (totalmente entregue á ele) Não te falei? Ele se aproxima mais, olha diretamente para a boquinha dela, que se abre. Ele põe um dedo a impedindo de falar. Estão prestes a se beijar quando ouvem um barulho vindo do consultório. A secretária levanta-se rapidamente. O homem fica desorientado. Espera aí, eu tava quase. Que barulho foi esse? (a puxando para si) Esquece, não foi nada. Ela sempre me diz que se eu ouvir qualquer coisa, é pra entrar correndo na sala com um porrete. (aproximando o rosto dela) Esquece, não é nada. Mas ela se esquiva. Ele fica nervoso. Outro barulho. Barulhos de metais caindo. A secretária arregala os olhos. Pega um porrete debaixo da mesa. Vai decidida para o consultório, o homem vai atrás. 5 - INT. - CONSULTÓRIO DENTISTA - DIA Silvia segura uma caneta apontada para o homem. Eles circulam a cadeira do paciente lentamente, cada um esperando o passo do próximo. Ele dá um bote, ela corre, se esbarra na mesa e derruba mais ferramentas. Cara de pânico, mesmo assim, muito linda. O paciente está sorrindo, expressão de um maníaco. Sai de perto de mim. Eu... Eu... Eu te furo. Ela estende a caneta. O paciente ri.
...CONTINUANDO: 4. (brincando) Por favor, me poupe, eu não mereço uma morte tão terrível. (Aqui sua voz muda, é tenebrosa) Eu só quero desfrutar de cada pedaço desse seu corpo perfeito, sentir o seu cheiro, ter você grudada em mim. Entrar em você como um animal, o meu suor te banhando sob a lua cheia, os lobos uivando lá em cima, no morro. O som dos grilos, a nossa melodia perfeita. Silvia abismada, sem acreditar. Olha para os lados procurando alguma coisa, alguma ajuda. A porta é escancarada. A secretária entra, o homem está com o porrete. O paciente olha para eles, mas é tarde demais. O homem do porrete dá uma forte pancada no seu rosto, ele grita de dor e cai. O homem pula em cima, o socando e chutando, até o deixar desacordado. Silvia e a secretária abraçadas, a dentista chorando. Tá tudo bem? (chorando) Meu Deus, que medo. Obrigada, obrigada... Ela vai até ele e o abraça, aninhanado a cabeça em seu peito. A secretária o olha com fogo nos olhos. O homem fica desnorteado. Os seios dela roçam nele, o homem começa a tremer. A secretária, lentamente, começa a andar na direção do porrete. O homem agarra Silvia e a joga no chão. Rasga sua roupa, ele tira a camisa. Por favor, não! Eu só quero desfrutar de cada pedaço desse seu corpo perfeito... Antes que ele termine, a secretária bate com o porrete na cabeça da dentista. O homem a encara, perplexo. A secretária está sedenta. Aponta o porrete para ele. Você é meu, seu animal! E se joga em cima dele. Os dois caem ao chão.