Teores de Clorofila Total em Grãos de Soja Colhidos nas Safras 2014/2015, 2015/2016 e 2016/17 no Brasil

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Transcrição:

Teores de Clorofila Total em Grãos de Soja Colhidos nas Safras 2014/2015, 2015/2016 e 2016/17 no Brasil 72 Marcelo Alvares de Oliveira 1 ; Irineu Lorini 1 ; José Marcos Gontijo Mandarino 1 ; Vera Toledo Benassi 1 ; José Barros França-Neto 1 ; Ademir Assis Henning 1 ; Francisco Carlos Krzyzanowski 1 ; Fernando Augusto Henning 1 ; Marcelo Hirose Hirakuri 1 ; Rodrigo Santos Leite 1 ; Caroline Fernanda Ostapechen 2 ; Leide Elen Gomes Santos 2 ; Susana Kazue Shimabukuro 2 ; Rafaelli Yumi Yanaze de Souza 2 ; Anyketlen Valerio Seret Lion 2 ; Barbara Bertoncini Avanzi 2 RESUMO O objetivo deste trabalho foi determinar os teores de clorofila em amostras de soja coletadas em nove estados brasileiros produtores na safra 2014/2015 e em dez estados brasileiros produtores nas safras 2015/2016 e 2016/2017, caracterizando a matériaprima soja em relação a este atributo. As amostras de grãos de soja foram coletadas durante o recebimento dos grãos nas unidades armazenadoras, de forma representativa, conforme preconiza o Regulamento Técnico da Soja na sua Instrução Normativa Nº 11, de 15 de maio de 2007, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os teores de clorofila total foram determinados através do método descrito por Arnon (1994) com adaptações de Pádua (2007). Na safra 2016/2017 o teor médio de clorofila total nos grãos de soja foi baixo em todos os estados brasileiros, menor do que 1,0 mg.kg -1, sendo que as maiores médias ocorreram nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná com teores médios próximos a 1,5 mg.kg -1. O Mato Grosso foi o único estado brasileiro em que os teores médios de clorofila total nas amostras foram baixos nas safras 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017. Certamente a indústria utilizou menor quantidade de terras clarificantes no processamento da safra 2016/2017 para a redução desse pigmento no óleo, acarretando em menor custo de produção. Palavras-chave: pós-colheita, soja, clorofila. 1 Centro Nacional de Pesquisa de Soja (Embrapa Soja). Rodovia Carlos João Strass Sn - Distrito de Warta, Caixa Postal 231, CEP: 86001 970 Londrina, PR. e-mail: marceloalvares.oliveira@embrapa.br. 2 Estagiário Embrapa Soja. 606

INTRODUÇÃO Nas últimas safras, a ocorrência de plantas de soja com maturação desuniforme está ocasionando um aumento de grãos verde mesmo depois da lavoura alcançar maturidade. Condições de estresse por altas temperaturas e seca, insetos (percevejos, principalmente) e doenças têm ocasionado a formação de grãos de soja pequenos, enrugados e imaturos, de coloração esverdeada. Nas situações de déficit hídrico e altas temperaturas, as plantas de soja reduzem a absorção de nutrientes necessários ao seu desenvolvimento, podendo morrer antes do amadurecimento completo da semente (Mandarino, 2012). Outro ponto que pode estar contribuindo é que atualmente a maioria das cultivares tem tipo de crescimento indeterminado, onde há maior desuniformidade na maturação das vagens na planta. Resumindo, estresses bióticos e abióticos em plantas imaturas resultam em morte prematura ou maturação forçada de plantas, podendo produzir sementes e grãos esverdeados. Isto resultará numa acentuada redução da qualidade dos grãos e sementes e em severa redução na produtividade da lavoura (França-Neto et al., 2012). A coloração verde na soja é devido a presença de clorofila em grãos colhidos ainda imaturos. Essa coloração é um problema porque estará visível no óleo e nos produtos proteicos, acarretando considerável aumento de custos nos processos de refino do óleo e produção de produtos proteicos (Mandarino, 2012). As perdas em valor comercial que ocorrem devido à presença de grãos verdes, são pouco conhecidas. Sabe-se que o óleo extraído de um volume de grãos com alta porcentagem de grãos verdes apresenta um alto índice de clorofila, e tal excesso promove oxidações indesejáveis. Quanto maior o teor de clorofila no óleo, maior a quantidade de terras clarificantes necessária para a redução desse pigmento no óleo, elevando, consequentemente, seu custo de produção (Freitas et al., 2001). O objetivo deste trabalho foi determinar os teores de clorofila em amostras de soja coletadas em nove estados brasileiros produtores na safra 2014/2015 e em dez estados brasileiros produtores nas safras 2015/2016 e 2016/2017, caracterizando a matériaprima soja em relação a este atributo. MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi realizado no Laboratório de Melhoramento da Embrapa Soja em Londrina, PR. As amostras de soja utilizadas para determinar os teores de clorofila total nos grãos foram provenientes das safras 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017, coletadas em vários municípios brasileiros. Estas amostras analisadas fazem parte do projeto da Embrapa: QUALIGRÃOS - Caracterização da qualidade tecnológica dos grãos de arroz, 607

Anais - VII Conferência Brasileira de Pós-Colheita milho, soja e trigo colhidos e armazenados no Brasil, o qual prevê o mapeamento da qualidade dos grãos nas diferentes regiões produtoras do país. As amostras de grãos de soja foram coletadas durante o recebimento dos grãos nas unidades armazenadoras, de forma representativa, conforme preconiza o Regulamento Técnico da Soja em sua Instrução Normativa Nº 11, de 15 de maio de 2007, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2007a; 2007b), logo após serem padronizados os níveis de umidade e destinadas ao armazenamento. Na unidade armazenadora de grãos, selecionada dentro do município de amostragem, foi retirada uma amostra composta de acordo com o período de recebimento da produção. Depois de encerrada esta recepção, a amostra foi reduzida por quarteamento para aproximadamente 3,0 kg, identificada e enviada à Embrapa Soja para as análises. Na safra 2014/2015 foram analisadas 408 amostras de grãos de soja, na safra 2015/2016 431 amostras de grãos de soja e na safra 2016/2017 456 amostras de grãos de soja. No laboratório, cada amostra foi dividida em duas subamostras por meio de equipamento homogeineizador/quarteador. Os teores de clorofila total foram determinados através do método descrito por Arnon (1994) com adaptações de Pádua (2007). Uma alíquota de 3g de soja finamente moída foi adicionada à 15 ml de uma solução de acetona 80% em água, em tubos plásticos recobertos com filme de alumínio, para evitar a incidência de luz. A amostra foi submetida à homogeneização em agitador vórtex por 1 hora, com agitação a cada 15 minutos. Após esse tempo, o material nos tubos foi filtrado (papel filtro quantitativo), sendo o filtrado colocado em recipiente escuro até leitura em espectrofotômetro de absorção UV-VIS, nos comprimentos de onda 645 nm e 663 nm. Os resultados foram expressos em mg de clorofila.kg -1 de amostra. Para o cálculo do teor de clorofila total foi utilizada a seguinte fórmula: CLOROFILA TOTAL (mg.kg -1 ) = [(20,2 x Abs645) + (8,02 x Abs663)] x FC onde: Abs = absorbância no comprimento de onda especificado FC = fator de correção = 15mL / 3g = 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO A maior média de teores de clorofila (10,77 mg.kg -1 ) nos grãos ocorreu nas amostras oriundas da Bahia na safra 2014/2015 (Figura 1a), fato que não ocorreu na safra 2015/2016, onde a média do estado foi de 3,07 mg.kg -1 (Figura 1b), nem na safra 2016/2017, onde a média do estado foi menor ainda (0,84 mg.kg -1 ) (Figura 1c). Já na safra 2015/2016, as maiores médias de teores de clorofila nos grãos de soja ocorreram nos estados do Sul do Brasil. Ressalta-se que os teores de clorofila nos grãos de soja no estado do Rio Grande do Sul foram elevados nas duas safras, 608

com teores médios de 5,22 mg.kg -1 e 6,59 mg.kg -1 nas safras 2014/2015 e 2015/2016 respectivamente. Entretanto esse comportamento não se manteve durante a safra 2016/2017, onde em todos os estados brasileiros com exceção do Mato Grosso do Sul e Paraná, as médias dos teores de clorofila nos grãos foram inferiores a 1,00 mg.kg -1. Em todos os estados brasileiros, com exceção do Mato Grosso, onde a média dos teores de clorofila foi baixa, não foi possível determinar um padrão nos teores de clorofila nas amostras de grãos de soja durante as safras 2014/2015 e 2015/2016, variando aleatoriamente nos estados nas diferentes safras. O teor médio de clorofila total nos grãos de soja foi baixo nas safras 2015/2016 e 2016/2017 nos estados do Mato Grosso, Minas Gerais e Tocantins (menor do que 1 mg.kg -1 ). Assim sendo, nas safras 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017, o único estado brasileiro em que os teores médios de clorofila total nas amostras foram baixos foi o Mato Grosso. Como no estado do Mato Grosso a maioria das cultivares tem tipo de crescimento determinado (70-80%), isso pode ter contribuído para esses menores teores médios de clorofila. Assim sendo, uma hipótese a ser testada é que em condição de estresse, seja biótico ou abiótico, as cultivares com tipo de crescimento determinado podem ser menos sensíveis a retenção de clorofila nos grãos. FIGURA 1. Médias de teor de clorofila em mg.kg -1 em amostras de soja coletadas em nove estados na safra 2014/2015(a) e em dez estados nas safras 2015/2016 (b) e 2016/2017 (c). 609

Anais - VII Conferência Brasileira de Pós-Colheita Na safra 2016/2017 o teor médio de clorofila total nos grãos de soja foi baixo em todos os estados brasileiros, sendo que as maiores médias ocorreram nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná com teores médios próximos a 1,5 mg.kg -1. O teor médio de clorofila total da safra 2014/2015 foi de 4,14 mg.kg -1, da safra 2015/2016 foi de 2,86 mg.kg -1 e da safra 2016/2017 foi de 0,90 mg.kg -1. Assim sendo, diversos fatores podem estar associados aos resultados, entretanto as condições ambientais adequadas durante o cultivo e o possível menor índice de ataque de percevejos na safra 2016/2017 são as causas mais prováveis para os menores teores de clorofila nessa safra. CONCLUSÕES Os teores de clorofila nos grãos de soja colhidos no Brasil variaram de acordo com a safra e o estado em que foram produzidos. Na safra 2016/2017 o teor de clorofila dos grãos de soja foi menor do que nas safras 2014/2015 e 2015/2016. O Mato Grosso foi o Estado brasileiro com os menores teores médios de clorofila total nas amostras de grãos de soja colhidos nas três safras. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARNON, D. I. Copper enzymes in isolated chloroplasts; polyphenoloxidases in Beta vulgaris. Plant physiology, Minneapolis, v. 24, n. 1, p. 1-15, 1949. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa n. 11, de 15 de maio de 2007. Estabelece o Regulamento Técnico da Soja, definindo o seu padrão oficial de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade intrínseca e extrínseca, a amostragem e a marcação ou rotulagem. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 93, p. 13-15, 16 maio 2007a. Seção 1. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarlegislacao. do?operacao=visualizar&id=17751>. Acesso em: 16 mai. 2014. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa n. 37, de 27 de julho de 2007. Altera o inciso IV, do art. 2º, do Capítulo I, do anexo da Instrução Normativa n. 11, de 15 de maio de 2007, que passa a vigorar com alterações, dando-se nova redação às alíneas b e g e acrescentando-se a alínea h. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 145, p. 9, 30 jul. 2007b. Seção 1. Disponível em: <http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/core/consulta.action> Acesso em: 27 abr. 2013. 610

FRANÇA-NETO, J. B.; PÁDUA, G. P. de; KRZYZANOWSKI, F. C.; CARVALHO, M. L. M. de; HENNING, A. A.; LORINI, I. Semente esverdeada de soja: causas e efeitos sobre o desempenho fisiológico - Série Sementes. Londrina: Embrapa Soja, 2012. 15 p. (Embrapa Soja. Circular técnica, 91). FREITAS, M. A.; GILIOLI, J. L.; MELO, M. A. B.; BORGES, M.M. O que a indústria quer da soja? Revista Cultivar, Pelotas, v.3, n. 26, p.16-21, 2001. Disponível em: <http:// www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/arquivos/artigos/gc26_soja.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2013. MANDARINO, J.M.G. Grãos verdes: influência na qualidade dos produtos à base de soja - Série sementes. Londrina: Embrapa Soja, 2012. 5p. (Embrapa Soja. Circular Técnica, 90). PÁDUA, G. P. de; FRANÇA-NETO, J. B.; CARVALHO, M. L. M. de; COSTA, O.; KRZYZANOWSKI, F. C.; COSTA, N. P. da. Tolerance level of green seed in soybean seed lots after storage. Revista Brasileira de Sementes, vol. 29, n. 3. P.128-138, 2007. 611