1. Allegro giusto 2. Andante 3. Allegro vivace

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Transcrição:

Grigory Sokolov piano 24 Mar 2015 21:00 Sala Suggia CICLO PIANO EDP 1ª Parte Johann Sebastian Bach Partita nº 1 em Si bemol maior, BWV 825 (1726; c.15min.) 1. Praeludium 2. Allemande 3. Corrente 4. Sarabande 5. Menuet I/II 6. Giga Ludwig van Beethoven Sonata nº 7 em Ré maior, op. 10 nº 3 (1798; c.23min.) 1. Presto 2. Largo e mesto 3. Menuetto: Allegro 4. Rondo: Allegro 2ª Parte Franz Schubert Sonata para piano nº 14 em Lá menor, opus póstuma 143, D. 784 (1823; c.23min.) 1. Allegro giusto 2. Andante 3. Allegro vivace Six Moments Musicaux, op. 94 D. 780 (1823 28; c.30min.) 1. Moderato (Dó maior) 2. Andantino (Lá bemol maior) 3. Allegro moderato (Fá menor) 4. Moderato (Dó sustenido menor) 5. Allegro vivace (Fá menor) 6. Allegretto (Lá bemol maior) O recital de Grigory Sokolov está a ser gravado para futura edição discográfica. Agradecemos que verifique que telemóveis e outros dispositivos com sinais sonoros estão desligados. Qualquer ruído adicional poderá inviabilizar a gravação, pelo que muito agradecemos a sua colaboração. Obrigado.

MECENAS CICLO PIANO EDP A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE

Johann Sebastian Bach EISENACH, 31 DE MARÇO DE 1685 LEIPZIG, 28 DE JULHO DE 1750 Partita nº 1 em Si bemol maior Johann Sebastian Bach tinha 41 anos quando publicou a sua primeira obra para ser vendida ao público. Era já um compositor de grande estatuto e sobejamente conhecido, ocupando os cargos de Mestre de Capela do Príncipe de Anhalt Cöthen e de Director de Música da Igreja de São Tomé em Leipzig, pelo que a partitura foi distribuída numa rede que ultrapassou as fronteiras da sua Alemanha natal. Essa peça foi a Partita nº 1, em Si bemol maior, BWV 825, dada à estampa no ano de 1726, e que abre o presente recital. O termo partita foi originalmente utilizado em Itália para descrever séries de variações, mas neste caso ele é aplicado para designar uma série de danças, escritas na mesma tonalidade, que seguem o modelo formal das suites francesas. As suites de danças foram um género fulcral na emancipação da música instrumental que ocorreu durante o período Barroco; nos cinco anos que se seguiram a essa primeira publicação, Bach editou mais cinco partitas, as quais viriam a ser compiladas num só livro em 1731. Esta primeira Partita é das mais célebres obras para tecla de Bach, talvez pela frescura e elegância de todos os seus andamentos, bem como pelos recursos técnicos com diversos cruzamentos de mãos, ao estilo de Scarlatti, reservados para a Giga final. O Prelúdio que abre a Partita é de grande fluência melódica, com ornamentação elegante e uma discreta polifonia que transforma os acompanhamentos em momentos verdadeiramente geniais. A Allemande, aparentada com o Prelúdio inicial, revela imediatamente a coesão temática da obra e no seu ritmo perpétuo, imparável, dá corpo a diversas vozes na mão esquerda, as quais beneficiam dos saltos de registo. Polifonicamente, a Corrente é mais simples, apesar do diálogo constante entre as duas mãos. A Sarabande, lenta, representa o momento mais contemplativo e mais próximo a um improviso de toda a obra. Os Menuet são de uma graciosidade rara, para a qual muito contribui o facto de o ritmo do primeiro ser ininterrupto, um contraste efectivo com o recorte mais tradicional do segundo. A Giga final é um momento de virtuosismo ao melhor estilo italiano. Ludwig van Beethoven BONA, 16 DE DEZEMBRO DE 1770 VIENA, 26 DE MARÇO DE 1827 Sonata nº 7 em Ré maior A peça anterior de Bach testemunha um momento muito importante na história da música e que algumas décadas depois viria a mudar o paradigma da composição musical. Até ao tempo de Beethoven, a maior parte dos compositores compunha por encomenda de patronos, da mais variada índole, e geralmente viviam como assalariados ao serviço da nobreza. O negócio da edição musical e venda de partituras, a par do advento do concerto ou recital por subscrição de assinaturas, veio representar uma nova forma de rendimento para compositores e instrumentistas que os libertou da dependência desses patrões. Beethoven é geralmente apontado como o estandarte dessa mudança. No seu caso em particular, o dinheiro proveniente 3

de editores tornou se mesmo a sua principal fonte de rendimento por via da diminuição da actividade de concertista forçada pela surdez. A edição de obras para piano de Beethoven, e muito especialmente dos diversos grupos de sonatas, foi muito significativa nesse contexto dada a crescente popularidade do piano enquanto instrumento por excelência da burguesia do século XIX. Querendo manter se um homem livre, independente, Beethoven dedicava muitas vezes obras a patronos que o compensavam monetariamente mas apenas lhes cedia os direitos de exclusividade por períodos não superiores a um ano, vendendo depois a partitura ao editor que melhor pagasse. A Sonata em programa é a terceira de um tríptico catalogado como opus 10, conjunto dedicado à condessa Anna Margarete von Browne. Casada com o conde Johann Browne Camus, brigadeiro oriundo da Rússia e com descendência irlandesa um dos primeiros mecenas de Beethoven, a quem o compositor dedicou os Trios op. 9, a Sonata para piano op. 22 e as Seis canções op. 48, Anna Margareta tinha ligações à corte de Catarina a Grande e era uma mulher de grande cultura. Beethoven terá sido seu professor de piano e a julgar por este tríptico de sonatas, que veio a ser editado pela casa Eder, a condessa seria uma exímia executante do instrumento. Sendo o conjunto considerado experimental nas possibilidades sonoras do piano, a terceira sonata em Ré maior é a mais ambiciosa e exigente do ponto de vista dramático e técnico. A sua divisão em quatro andamentos (as outras duas têm apenas três andamentos) corrobora essa ambição do ponto de vista estrutural. Desde o início são visíveis os recursos orquestrais na exploração dos contrastes de sonoridade, na diferença de articulações e mudanças súbitas de registo, entre os graves mais dramáticos e os agudos mais cristalinos, delicados e sonhadores. Por entre rasgos de virtuosismo com passagens a grande velocidade, a utilização frequente do cruzamento das mãos contribui para a concepção orquestral num jogo de perguntas e respostas. A mudança para o modo menor de Ré no segundo andamento anuncia um carácter extremamente dramático. O ambiente íntimo e de recolhimento interior é muito intenso e por isso considerado um marco no repertório do Romantismo. Os recursos expressivos de Beethoven vão desde os silêncios súbitos, frases melódicas interrompidas por fortes acordes ou acompanhadas pelo pulsar de harmonias que no contexto da sua utilização transmitem um sentimento doloroso, recitativos sem acompanhamento, mudanças súbitas de dinâmica num universo sonoro de grande recolhimento. Se é verdade que já outros compositores tinham alcançado efeitos semelhantes em obras orquestrais, no repertório de piano este andamento é absolutamente inovador. Um minueto em jeito de landler, dança popular austríaca, alivia a tensão do andamento anterior com um carácter ligeiro e inocente. A luminosidade propiciada pelo regresso ao modo maior brinda nos com um sentimento contido de alegria que vai ganhar renovado ímpeto no trio. Mas será apenas o rondó final a afastar a nostalgia que nos deixou o segundo andamento. Partindo de pequenas interjeições que parecem colocar uma questão aos ouvintes, este finale inunda a sonata com uma atmosfera plena de energia. Por entre as interjeições sempre inquietantes, regressam rasgos de bom humor e plena 4

juventude, terminando a sonata de forma surpreendente e um pouco inesperada. Franz Schubert VIENA, 31 DE JANEIRO DE 1797 VIENA, 19 DE NOVEMBRO DE 1828 Franz Schubert é geralmente associado à imagem do artista Romântico de vida errante. Filho de um professor do ensino geral, teve uma infância musical. Foi menino de coro e na passagem para a idade adulta tinha como ambição ser músico. A única profissão que se lhe conheceu foi a de professor, como o pai, mas em cargos de assistente e os quais desempenhou com considerável intermitência. Nunca obteve um emprego enquanto compositor, como era ambição de todos os seus pares na Viena oitocentista. A sua música era, no entanto, muito apreciada no restrito círculo de intelectuais e artistas de Viena, e Schubert viu algumas das suas obras publicadas em vida. Criador profícuo da música de salão, deixou nos mais de 600 canções, um considerável número de peças de carácter, quinze sonatas para piano completas e várias outras por terminar, bem como o notável conjunto de nove sinfonias. Sonata para piano nº 14, em Lá menor A Sonata em Lá menor que escutaremos foi escrita em 1823 e é das mais populares. O seu ambiente é marcado por um pendor trágico, desolado e simultaneamente terno. Alguns rasgos de bravura, escritos na tradição de virtuosos como Hummel (o maior pianista virtuoso de então), contrastam com a delicadeza cristalina de algumas das passagens e o forte pendor melódico tipicamente schubertiano. Aquando da escrita desta sonata, Schubert foi afectado por problemas de saúde, nomeadamente um internamento hospitalar. O ambiente fúnebre do primeiro andamento e o final da obra, que Roland de Candé descreveu como a recusa da felicidade, corroboram a ideia da sonata ser marcada pelos sentimentos conturbados que o compositor terá passado neste período difícil. A sonata só foi publicada após a morte de Schubert, em 1839, e a dedicatória a Mendelssohn foi atribuída pelo editor Anton Diabelli. Six Moments Musicaux Ao contrário dos outros compositores presentes neste programa, Schubert nunca fez carreira como pianista solista apesar de lhe serem atribuídas boas qualidades como acompanhador. A este facto não será alheia a ausência de um piano na sua infância. É certo que o pai lhe comprou um em 1814 e um olhar pelas datas do seu catálogo de obras é revelador da importância que esse instrumento teve. Da compra desse piano resultaram, quase imediatamente, as Variações em Fá maior D. 156 e a sua primeira Sonata em Mi maior D. 157. No entanto, na fase final da sua breve vida, Schubert apenas teve contactos esporádicos com instrumentos de qualidade. Daí a sua escrita pianística não ser considerada óbvia. Quando escreveu os Moments Musicaux D. 780, o piano era já um instrumento de enorme popularidade entre as classes favorecidas. Pequenas peças de carácter melódico eram uma garantia de sucesso entre os editores de partituras e o próprio facto do título original ser em francês é revelador de uma tendência chique da época. A compilação das seis peças só foi editada em 1828, o 5

ano da morte de Schubert, mas foram sendo vendidas individualmente desde 1823. O seu estilo assemelha se ao de canções sem palavras fazendo lembrar os seus próprios lieder, as Bagatelles op. 126 de Beethoven pela variedade de sentimentos expressos, ou ainda as Bagatelas de Hummel pelas referências a temas de inspiração popular. O primeiro Momento Musical abre com uma distinta linha melódica evocativa de um trompete ouvido ao longe, ao qual se seguem acordes com uma conclusão reflexiva. O segundo revela a genial invenção harmónica de Schubert, repetindo várias vezes o tema mas sempre em tonalidades diferentes. Momento de grande inspiração melódica, o terceiro é o mais popular e alegre da série. Foi o primeiro a ser publicado, numa colectânea de Natal de 1823, e o que mais se assemelha a uma canção. O quarto lembra os movimentos perpétuos de Bach mas aqui retratados numa concepção melódica de fraseio de maior fôlego. O quinto partilha com o terceiro a tonalidade de Fá menor, mas tem um carácter completamente diferente. Sendo a mais impetuosa peça deste conjunto, marcada por fortes acentuações e estranhas harmonias, é também a mais virtuosa. O sexto Momento Musical encerra a série num epílogo de todas as emoções expressas anteriormente. RUI PEREIRA Grigory Sokolov piano Poucos pianistas do nosso tempo conquistaram como Grigory Sokolov o estatuto de lenda viva. Natural de São Petersburgo (Leninegrado), iniciou os estudos de música no conservatório local e deu o seu primeiro grande recital na cidade aos 12 anos de idade. Com apenas 16 anos, ganhou o 1º Prémio no Concurso Tchaikovski de Moscovo, em 1966. Grigory Sokolov é considerado um dos maiores pianistas vivos do mundo. A sua singular personalidade e técnica permitem lhe retirar do piano um conjunto imenso de sonoridades. Tem uma paleta de cores ilimitada, uma imaginação espontânea e um controlo fantástico das linhas melódicas. As suas interpretações são poéticas e singulares e tem um repertório vastíssimo que percorre a história da música desde o século XII, com a música de Pérotin, até aos compositores do século XX. Como convidado regular das mais prestigiadas salas de concerto e festivais europeus, colaborou com as orquestras e maestros mais importantes do mundo. Na temporada de 2014 15 apresenta se na Konzerthaus de Viena, Philharmonie de Berlim, Théâtre des Champs Elysées em Paris, Concertgebouw de Amesterdão, Tonhalle de Zurique, Filarmonia de Varsóvia, Auditorio Nacional de Madrid, Herkulessaal de Munique, Conservatório de Milão, Santa Cecilia de Roma, La Fenice de Veneza, Casa da Música no Porto e ainda em Hamburgo, Barcelona, Estocolmo, Helsínquia, Lisboa, Luxemburgo, Klavier Festival em Ruhr, Festival de Colmar, Festival de Verbier e Festival de La Roque d Anthéron. 6

CONSELHO DE FUNDADORES Presidente LUÍS VALENTE DE OLIVEIRA Vice-Presidentes JOÃO NUNO MACEDO SILVA JOSÉ ANTÓNIO TEIXEIRA ESTADO PORTUGUÊS MUNICÍPIO DO PORTO GRANDE ÁREA METROPOLITANA DO PORTO ACA GROUP AMORIM INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES, SGPS, S. A. ARSOPI - INDÚSTRIAS METALÚRGICAS ARLINDO S. PINHO, S. A. AUTO - SUECO, LDA. AXA PORTUGAL, COMPANHIA DE SEGUROS, S. A. BA VIDRO, S. A. BANCO ESPÍRITO SANTO, S. A. BANCO BPI, S. A. BANCO CARREGOSA BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS, S. A. BANCO SANTANDER TOTTA, S. A. BIAL - SGPS S. A. CAIXA ECONÓMICA MONTEPIO GERAL CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS CEREALIS, SGPS, S. A. CHAMARTIN IMOBILIÁRIA, SGPS, S. A. COMPANHIA DE SEGUROS ALLIANZ PORTUGAL,S. A. COMPANHIA DE SEGUROS TRANQUILIDADE, S. A. CONTINENTAL MABOR - INDÚSTRIA DE PNEUS,S. A. CPCIS - COMPANHIA PORTUGUESA DE COMPUTADORES INFORMÁTICA E SISTEMAS, S. A. FUNDAÇÃO EDP EL CORTE INGLÊS, GRANDES ARMAZÉNS, S. A. GALP ENERGIA, SGPS, S. A. GLOBALSHOPS RESOURCES, SLU GRUPO MEDIA CAPITAL, SGPS S. A. GRUPO SOARES DA COSTA, SGPS, S. A. GRUPO VISABEIRA - SGPS, S. A. III - INVESTIMENTOS INDUSTRIAIS E IMOBILIÁRIOS, S. A. LACTOGAL, S. A. LAMEIRINHO - INDÚSTRIA TÊXTIL, S. A. METRO DO PORTO, S. A. MSFT - SOFTWARE PARA MICROCOMPUTADORES, LDA. MOTA - ENGIL SGPS, S. A. MUNICÍPIO DE MATOSINHOS OLINVESTE - SGPS, LDA. PESCANOVA PORTO EDITORA, LDA. PORTUGAL TELECOM, SGPS, S. A. PRICEWATERHOUSECOOPERS & ASSOCIADOS RAR - SOCIEDADE DE CONTROLE (HOLDING), S. A. REVIGRÉS - INDÚSTRIA DE REVESTIMENTOS DE GRÉS, S. A. TOYOTA CAETANO PORTUGAL, S. A. SOGRAPE VINHOS, S. A. SOLVERDE - SOCIEDADE DE INVESTIMENTOS TURÍSTICOS DA COSTA VERDE, S. A. SOMAGUE, SGPS, S. A. SONAE SGPS S. A. TERTIR, TERMINAIS DE PORTUGAL, S. A. TÊXTIL MANUEL GONÇALVES, S. A. UNICER, BEBIDAS DE PORTUGAL, SGPS, S. A. EMPRESAS AMIGAS DA FUNDAÇÃO CACHAPUZ CIN S. A. CREATE IT DELOITTE EUREST GRUPO DOUROAZUL MANVIA S. A. NAUTILUS S. A. SAFIRA FACILITY SERVICES S. A. STRONG SEGURANÇA S. A. OUTROS APOIOS FUNDAÇÃO ADELMAN I2S PATHENA RAR SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA VORTAL 7

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