CUIDANDO PARA UMA BOA PARTIDA: A ENFERMAGEM E OS CUIDADOS PALIATIVOS À PESSOA IDOSA COM CÂNCER

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Transcrição:

CUIDANDO PARA UMA BOA PARTIDA: A ENFERMAGEM E OS CUIDADOS PALIATIVOS À PESSOA IDOSA COM CÂNCER INTRODUÇÃO Maria Izabel dos Santos Nogueira 1 O envelhecimento da população brasileira tem exigido alterações quantitativas e qualitativas nos serviços de saúde. A pessoa idosa cursa com mudanças no quadro clínico devido aos maiores índices de morbidade, incapacidades e severidade das patologias acometidas, elevando o número de hospitalizações. Associadamente apresenta redução das reservas fisiológicas e está suscetível a uma maior probabilidade de agravamento e óbito, representando uma das faixas etárias com maior taxa de admissão em unidades hospitalares (SHEIN et al, 2010). Em virtude deste perfil, se constata que com o aumento da população idosa, se aumenta as doenças crônicas não transmissíveis e dentre elas está o câncer. Através de dados estatísticos o tipo que mais acomete o idoso são os de pele, pulmão e próstata, sendo a maioria deles detectados tardiamente o que leva a uma maior mortalidade (INCA, 2010). Hoje em dia, discussões sobre o tema câncer vêm sendo enfatizados na sociedade principalmente, quando se fala das novas tecnologias/medicamentos na possibilidade de cura/tratamento. No entanto, a cura, por vezes, torna-se difícil, e a morte, consequentemente inevitável. O câncer é uma doença de elevada incidência e prevalência no mundo, afetando indivíduos de todas as faixas etárias; estima-se que cerca de 11 milhões de novos casos são diagnosticados todos os anos e aproximadamente 7 milhões falecem. Especialmente em países nos quais as condições de vida e o acesso da população aos sistemas de saúde são deficitários, as taxas são mais elevadas. Assim, em inúmeras ocasiões, o diagnóstico é realizado tardiamente, e o tratamento com intuito curativo não pode ser realizado. (REMEDI et al, 2009) Em virtude disso os cuidados paliativos são reconhecidos como uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos indivíduos e familiares na presença de doenças terminais como o câncer. Os cuidados paliativos são um ramo da medicina que destaca o cuidar global do paciente, quando este não apresenta mais resposta aos tratamentos considerados curativos. Através de uma série de ações e medidas realizadas pelos profissionais envolvidos, visam, principalmente, a fornecer melhor qualidade de vida ao indivíduo e sua família. O aspecto maior é dado ao controle da dor, sofrimento e melhora dos sintomas, e não em restabelecer a saúde inteiramente, o que poderia ser a "cura" da doença. As necessidades básicas de higiene e nutrição são valorizadas e oferecidas, pois também são partes do tratamento. O interesse deste estudo surgiu durante os atendimentos na atenção básica quando sentiu-se a necessidade de aprofundar os conhecimentos na área, a fim de contribuir para a assistência prestada a pessoa idosa com câncer na fase terminal. O estudo sobre os cuidados paliativos mostra-se pertinente, na medida em que é pouco abordado, quando especificado em pessoas idosas com câncer, em pesquisas e nos currículos das universidades. Procurando contribuir e somar esforços para a melhoria da assistência, propôs-se a presente revisão bibliográfica com o objetivo de avaliar as evidências disponíveis na literatura sobre a importância dos cuidados paliativos a pessoa idosa oncológica, assim como 1 Enfermeira pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte RN e Especialista em Epidemiologia, izabelsnogueira@hotmail.com;

proporcionar aos profissionais de saúde o conhecimento desta temática, trazendo discussão para âmbito acadêmico, além de estimular futuros estudos. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão da literatura na qual é caracterizada pela análise da literatura que possibilita discussões a cerca de metodologias, resultados e conclusões de forma geral e específica sobre o tema sugerido. Para a seleção dos artigos foram utilizadas as seguintes bases de dados, a saber: LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), SCIELO (Scientific Electronic Library Online) e BDENF (Banco de dados em enfermagem). Dessa forma, procurou-se ampliar o âmbito da pesquisa, minimizando possíveis vieses nessa etapa do processo de elaboração da revisão de literatura. A fim de estabelecer a amostra dos estudos selecionados para a presente revisão foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: artigos científicos que retratem a importância dos cuidados paliativos a pessoa idosa oncológica, uso das palavras chaves: cuidados paliativos, pessoa idosa, câncer, paciente terminal, artigos científicos completos publicados entre o período de 2008 a 2018, nos idiomas: português e espanhol. Em virtude das características específicas para o acesso às bases de dados selecionadas, as estratégias utilizadas para localizar os artigos foram adaptadas para cada uma, tendo como eixo norteador o objetivo do estudo e os critérios de inclusão da revisão da literatura, previamente estabelecidos para manter a coerência na busca dos artigos e evitar possíveis vieses. A busca foi realizada pelo acesso on-line no período de fevereiro a maio de 2019 e, utilizando os critérios de inclusão, a amostra final desta revisão foi constituída de artigos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após uma análise detalhada dos artigos observou-se repetições de publicações ficando ao final, 24 artigos selecionados para serem analisados, além de dois manuais e um guia. Esses dois últimos foram incluídos para dar suporte nas discussões. Em relação ao tipo de revista nas quais foram publicados os artigos incluídos na revisão, doze foram publicados em revistas de enfermagem geral, cinco em revistas médicas, cinco teses de mestrado e duas foram publicados em revistas de outras áreas da saúde. Em relação ao objeto da presente revisão da literatura, ou seja, a importância dos cuidados paliativos a pessoa idosa com câncer observou-se que o processo terminal em oncologia é a condição em que o paciente se encontra na qual já não lhe é mais possível curar, mas sim cuidar. Os cuidados paliativos ao doente em fase terminal representam um grande desafio para os profissionais de saúde que devem reconhecer que, quando as metas do curar deixam de existir, as metas do cuidar devem ser reforçadas. E quando já não lhe for mais possível fazer nada para salvar a pessoa do inevitável, que é a morte, algumas medidas devem ser tomadas para ajudar a morrer com dignidade. Na primeira definição da OMS para cuidados paliativos, em 1998, estes foram categorizados como o último estágio de cuidado: cuidados oferecidos por uma equipe interdisciplinar voltados para pacientes com doença em fase avançada, ativa, em progressão, cujo prognóstico é reservado e o foco da atenção é a qualidade de vida. Entretanto, é notório que os cuidados paliativos podem e devem ser oferecidos o mais cedo possível no decorrer de qualquer doença crônica potencialmente fatal, para que esta não se torne difícil de tratar nos últimos dias de vida. A mais recente definição da OMS estabelece que cuidados paliativos é uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares

frente a problemas associados à doença terminal, através da prevenção e alívio do sofrimento, identificando, avaliando e tratando a dor e outros problemas, físicos, psicossociais e espirituais (MENEZES et al, 2016). Dessa forma, os cuidados paliativos são um conjunto de ações que possibilitam uma abordagem holística do paciente com doença incurável; essas ações podem ser realizadas em hospital ou na assistência domiciliar, ajudando aos familiares nos cuidados ao paciente durante o processo de adoecimento e morte (INOCENTI et al, 2009). Os cuidados paliativos são cuidados ativos e globais aos pacientes e também a suas famílias, realizados por uma equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, entre outros) em um momento em que a doença já não responde aos tratamentos curativos. Um dos grandes objetivos dos cuidados paliativos é acrescentar qualidade aos dias, dando-se prioridade aos cuidados emocionais, psicológicos e espirituais, e não somente aos cuidados técnicos e invasivos que, na maior parte das vezes, apenas trazem maior sofrimento para a pessoa e para a sua família (LIMA et al, 2011). Assim há necessidade de construção de espaços para a participação da família, durante todo o processo de tratamento do paciente, onde ela possa aprender a cuidar, mas também ser cuidada, na perspectiva de uma assistência integral e de qualidade neste momento difícil. É essencial lembrar que o cuidado envolve ações interativas, baseadas no respeito e conhecimento dos valores da pessoa que está sendo cuidada, tendo uma relação dinâmica que busca, de forma sistemática, promover o que há de saudável, proporcionando medida de conforto. Com relação ao paciente é importante a avaliação da dor do individuo, principalmente se este for um idoso com câncer, uma vez que por muitas vezes é ignorado, porém dados mensuráveis e objetivos não são suficientes para avaliar, segundo artigo de relatos de casos com enfermeiras é imperativo ponderar aspectos biopsicossociais, valorizando a dor que o paciente refere. As enfermeiras sugerem a construção de um instrumento de sistematização da avaliação da dor, para que possa reforçar o controle, fundamentar a prática para os cuidados paliativos e possibilitar o registro (MENEZES et al, 2016). Para Menezes e colaboradores (2016), deve-se ressaltar que além da dor (um dos sintomas mais frequentes), outros sintomas acometem os indivíduos com câncer, como: anorexia, depressão, ansiedade, constipação, disfagia, dispnéia, fraqueza, entre outros. Todos diminuem de algum modo sua qualidade de vida, merecendo, portanto, a atenção dos profissionais de saúde. À medida que a doença progride, maior é a necessidade de cuidados paliativos, o que os torna quase que exclusivos ao final da vida, porém, não terminando com a morte do indivíduo com câncer. Segundo a OMS, a proporção de indivíduos com câncer que requerem cuidados paliativos nos países menos desenvolvidos economicamente é de 80%. Como o sofrimento de um indivíduo pode se apresentar sob diversas dimensões (físico, psicológico, espiritual, social, econômico), assim também devem ser as dimensões do cuidado aos indivíduos sob cuidados paliativos (AVANCINE et al, 2009). O maior desafio dos cuidados paliativos segundo Shein (2010) é integrar-se aos cuidados curativos. Paliar é uma dimensão crítica dos cuidados em saúde e todos os profissionais de saúde deveriam saber quando os cuidados paliativos são necessários. Quando qualquer indivíduo se aproxima dos últimos momentos de uma condição de saúde debilitante, a necessidade de cuidados paliativos aumenta. Neste momento (e após o óbito), assegurar este tipo de atenção propicia um cuidado de qualidade não importando se oferecido em uma instituição de saúde ou na residência do indivíduo. Em alguns artigos específicos para enfermagem como Avancini (2009) e Lima (2011) apontam que dentre as áreas que requerem maior demanda de conhecimentos no cuidado do

paciente sem prognóstico de cura, assinalam a comunicação como ponto crucial para os cuidados paliativos, numa forma de aproximação entre o curar e o cuidar. A comunicação interpessoal comprovou ser importante atributo do cuidado paliativo, evidenciando a atenção dada aos sinais não-verbais do profissional para o estabelecimento do vínculo de confiança, a necessidade da presença compassiva, o desejo de não focar a interação e o relacionamento apenas na doença e morte e a valorização da comunicação verbal alegre, que privilegia o otimismo e o bom humor. A categoria de enfermagem ainda é a que mais se preocupa em abordar uma forma de dar qualidade de vida ao paciente oncológico, sempre buscando promover uma reflexão acerca do cuidado sistematizado, individualizado e humanizado nos cuidados paliativos. Vários artigos apresentam a importância da sistematização da assistência de enfermagem (SAE), como uma necessidade para as intervenções ao paciente (SEREDYNSKYJ et al, 2014). O Brasil ainda não possui uma estrutura pública de cuidados paliativos oncológicos adequada à demanda existente, tanto sob o ponto de vista quantitativo e qualitativo. Preocupante é reconhecer que a maioria dos indivíduos com câncer procura a rede pública de serviços com a doença em estágio avançado e elegíveis apenas para cuidados paliativos. Torna- se urgente o conhecimento dos conceitos fundamentais dos cuidados paliativos, bem como empreender esforços para implementar iniciativas centradas no cuidar solidário nos serviços de saúde, sejam públicos ou privados (MENEZES et al, 2016). O sistema de saúde brasileiro enfrenta grandes desafios para o novo século. Uma das grandes questões é o aumento da população idosa e o crescente número de indivíduos com câncer, onde nem a família, a sociedade e os profissionais de saúde, estão aptos a enfrentar esta situação, demandado esforços adaptativos na busca de lidar com esse cuidado. E aumenta um sentimento de impotência diante dessas circunstâncias esquecendo que os limites do cuidar são mais amplos que o do curar e que a equipe de saúde e familiares tem como prioridade o cuidado, procurando oferecer uma assistência humanizada independente do diagnóstico (BENARROZ et al, 2009). Esse cenário indica para Menezes (2016) que há necessidade de se estabelecerem políticas de saúde voltadas para os indivíduos ao final da vida, principalmente para a população idosa que está aumentando no país e trazendo consigo de um lado a longevidade, mas também a morbi-mortalidade por câncer. Por meio dos modelos de programas de cuidados paliativos e suas diretrizes de ação, se poderiam estabelecer as bases técnicas para discutir uma política nacional de cuidados ao final da vida. Reconhece-se, entretanto, que a singularidade do tema requer uma discussão multisetorial e com a participação efetiva da sociedade civil. CONSIDERAÇÕES FINAIS Dos 300 artigos encontrados, 24 se encaixaram nos critérios de inclusão pré-estabelecidos. A base de dados que mais favoreceu com a coleta foi o LILACS com 19 artigos. O método de estudo mais utilizado foi o estudo descritivo com 11 artigos. Em relação ao tipo de revista nas quais foram publicados os artigos incluídos na revisão, 12 foram publicados em revistas de enfermagem geral. De acordo com este estudo de revisão bibliográfica, observa-se que há um consenso, onde o cuidado paliativo não se baseia em protocolos, mas em princípios. Não se fala mais em terminalidade, mas em doença que ameaça a vida. Indica-se o cuidado desde o diagnóstico, expandindo o campo de atuação.

É notório que o sofrimento é constantemente vivenciado pelos profissionais que atuam nos cuidados a pessoa idosa com câncer sob cuidados paliativos e sua família, visto que a morte envolve paradigmas e preconceito culturais negativos. O fracasso e a impotência frequentemente são relacionados aos profissionais, pois os mesmos são preparados em sua formação para trazer a cura, e a morte não é vista como possibilidade para o cuidado. Por isso, a atuação multiprofissional é essencial para que o paciente tenha qualidade de vida e uma sobrevida digna. Acredita-se que ao lidar com a morte, o profissional sensibiliza-se com a situação do paciente, seja qual for sua idade, e sua família. Suas emoções e sentimentos emergem pelo fato de a morte, ser, para muitos, um momento de dor e profundo pesar. Talvez a elaboração e implementação de protocolos para os cuidados paliativos, possa contribuir para sugerir estratégias de ação, que levem em consideração a importância dos conceitos de oncogênese e paliação frente à escolha de produtos e técnicas mais favoráveis ao controle dos sinais e sintomas da doença proporcionando melhor atendimento e humanização no período final de vida. Dessa forma, o resultado deste estudo enfatiza que a abordagem sobre o tema deve ser mais difundida, visto que é de suma importância os cuidados paliativos para a pessoa idosa, principalmente oncológico, uma vez, que este terá modificações significativas no seu hábito de vida e convívio familiar. Respeito, ética, sensibilidade e sinceridade devem sempre nortear o cuidador (familiares ou equipe de saúde) durante o tratamento. REFERÊNCIAS - AVANCINI, Barbara Soares; CAROLINDO, Fabiano Mizael; GÓES, Fernanda Garcia Bezerra; CRUZ NETTO, Nina Paula. Cuidados paliativos à criança oncológica na situação do viver/morrer: a ótica do cuidar em enfermagem. Esc. Anna Nery Rev. Enferm; v.13, n.4, p.708-716, dez. 2009. - BENARROZ, Monica de Oliveira; FAILLACE, Giovanna Borges Damião; BARBOSA, Leandro Augusto. Bioética e nutrição em cuidados paliativos oncológicos em adultos: [revisão]. Cad Saude Publica. v.25, n.9, p.1875-1882, set. 2009. - INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Estimativa 2010: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro (RJ). - INOCENTI, Aline; RODRIGUES, Inês Gimenes; MIASSO, Adriana Inocenti. Vivências e sentimentos do cuidador familiar do paciente oncológico em cuidados paliativos. Rev. eletrônica enferm. v.11, n.4, dez. 2009. - LIMA, Regina Aparecida Garcia de. Cuidados paliativos: desafios dos sistemas de saúde. Rev. Latino-Am. Enfermagem. v.19, n.2. mar-abr. 2011. - MENEZES, M.R.; AMARAL, J.B; SILVA, V.A.; ALVES, M.B. Enfermagem Gerontológica: um olhar diferenciado no cuidado biopsicossocial e cultural. São Paulo: Martinari, 2016. - REMEDI, Patrícia Pereira; MELLO, Débora Faleiros de; MENOSSI, Maria José; LIMA, Regina Aparecida Garcia de. Cuidados paliativos para adolescentes com câncer: uma revisão da literatura. Rev Bras Enferm, v.62, n.1, p. 107-112, jan./fev. 2009. - SEREDYNSKYJ, Fernanda Laporti; RODRIGUES, Rosalina Aparecida Partezani; DINIZ, Marina Aleixo; FHON, Jack Roberto Silva. Percepção do autocuidado de idosos em tratamento paliativo. Rev. Eletr. Enf. [Internet].v.16, n.2, p.286-96. abr/jun.2014. - SHEIN, L. E; CESAR, J.A. Perfil de idosos admitidos em unidades de terapia intensiva gerais em Rio Grande, RS: resultados de um estudo de demanda. Rev. Bras Epidemiol. v.13, n.2, 2010.