Efeitos da Temperatura de Secagem e do Tempo de Armazenamento na Composição Química de Sorgo Granífero

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Transcrição:

Efeitos da Temperatura de Secagem e do Tempo de Armazenamento na Composição Química de Sorgo Granífero 90 Moacir Cardoso Elias 1, David Bandeira da Cruz 1, Ezequiel Helbig Pasa 1, Benito Bergmann Elias 1, Juciano Gabriel da Silva 1, Maurício de Oliveira 1 RESUMO O Brasil tem uma produção de aproximadamente 1,8 milhões de toneladas de grãos de sorgo, ocupando a nona posição em produção mundial. A produção brasileira está distribuída em diferentes regiões do país, o que mostra a adaptação da cultura às condições edafoclimáticas existentes no país. A qualidade final do produto após o armazenamento está diretamente relacionada com a qualidade dos grãos no momento da colheita, porém durante a secagem e o armazenamento esta qualidade pode sofrer alterações resultantes da temperatura de secagem e do tempo de armazenamento. O objetivo com o presente trabalho foi avaliar o efeito da temperatura de secagem e do armazenamento a 16ºC por um período de até seis meses sobre o teor de cinzas, fibras, lipídeos e proteínas dos grãos de sorgo. Para isso, os grãos foram secos nas temperaturas de 25, 45, 65 e 85 C até umidade de 12,5%. Posteriormente, os grãos foram armazenados a 16 C, por seis Nos grãos foram avaliados o teor de cinzas, fibras, lipídeos e proteínas logo após a secagem e aos três e seis meses de armazenamento. Os resultados demonstraram que os grãos secados a 45 C quando armazenados por até seis meses apresentaram maior teor de cinzas, fibras e proteínas. As temperaturas de secagem de 25 e 45 ºC provocaram maior redução no teor de lipídeos, possivelmente pela não inativação enzimática, enquanto os grãos secados a 65 e 85ºC tiveram os teores de lipídeos inalterados. Palavras-chave: Secagem, Tempo de Armazenamento, Propriedades Químicas. 1 Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas. Campus Universitário S/N, 96160-000, Capão do Leão, RS. E-mail: eliasmc@uol.com.br; davidbandeiradacruz@ yahoo.com.br; ezequielpasa@gmail.com; benitobelias@gmail.com; jucianogabriel@gmail.com; mauricio@ labgraos.com.br. 724

INTRODUÇÃO O sorgo é considerado uma excelente fonte de energia para alimentação animal, sendo o principal substituto do milho na fábrica de rações (CRUZ, 2015). A produção de sorgo no Brasil na safra 2017/2018 foi de aproximadamente 1,8 milhões de toneladas (CONAB, 2018). A qualidade dos grãos de sorgo, bem como a dos demais produtos agrícolas é função dos fatores pré-colheita, da colheita propriamente dita e da pós-colheita. Na fase de pós-colheita a secagem e a armazenagem são os processos mais utilizados para assegurar a qualidade e estabilidade dos produtos agrícolas. Em geral depois da colheita, os grãos ainda se encontram úmidos, com teor de umidade impróprio para o armazenamento, tornando-se necessário o uso de técnicas e equipamentos de secagem adequados, para que os grãos adquiram o teor de umidade indicado para a armazenagem segura. Durante a secagem, os grãos sofrem diversas mudanças físicas causadas por gradientes de temperatura e umidade, que provocam estresse térmico e hídrico, expansão, contração e alterações em sua densidade e porosidade (ELIAS, 2008). Além do mais, os grãos ao serem armazenados, ficam sujeitos à ação de diversos fatores como calor, umidade, oxigênio, organismos associados, atividade enzimática intrínseca e outros. O conhecimento das características dos grãos é fundamental para o controle de conservabilidade, e também para determinação das aptidões tecnológicas, interferindo no manejo operacional pós-colheita (ELIAS, 2008). Nesse contexto, objetivou-se com o presente trabalho avaliar o efeito de diferentes temperaturas de secagens e do tempo de armazenamento sobre as propriedades químicas dos grãos de sorgo. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados grãos de sorgo do cultivar BRS 330 produzidos na cidade de Aceguá - Rio Grande do Sul, Brasil, colhidos manualmente com umidade próxima a 22% e transportados para o Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial - DCTA, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel - FAEM, na instituição Universidade Federal de Pelotas - UFPel, onde foi realizada e conduzida a parte de pós-colheita do experimento. Os grãos foram secos em secador protótipo do Laboratório de Grãos até umidade de 12,5 %, com ar de secagem 725

Anais - VII Conferência Brasileira de Pós-Colheita a 25 C (temperatura ambiente), 45, 65 e 85 C. Os grãos foram armazenados a 25ºC e avaliados logo após a secagem, aos 3 e 6 meses de armazenamento. Nos grãos de sorgo foram avaliados os teores de cinzas, fibra bruta, lipídeos e proteína de acordo com metodologia da Association of Official Analytical Chemists AOAC (2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1 está apresentado os resultados referentes o teor de cinzas de grãos de sorgo secos em quatro diferentes temperaturas e armazenados a 16ºC durantes seis TABELA 1. Teor de cinzas dos grãos de sorgo secados com quatro diferentes temperaturas e armazenados a 16 ºC durantes seis Temperatura de secagem ( C) Inicial 3 6 25 1,05 Cb 1,05 Cb 1,11 Ba 45 1,24 Aa 1,38 Ab 1,01 Cc 65 1,16 Bb 1,18 Bb 1,26 Aa 85 1,06 Cb 1,04 Cb 1,13 Ba Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05). O maior teor de cinzas (fração mineral dos grãos) foi observado nos grãos secos a 45 C. Na comparação entre os períodos de armazenamento, o período de seis meses proporcionou maior teor de cinzas em todas as temperaturas de secagem (Tabela 1). O maior valor no teor de minerais durante o armazenamento pode ser resultado da degradação da fração orgânica, pois a atividade metabólica dos grãos e dos microrganismos associados consome materiais orgânicos durante o armazenamento (BHATTACHARYA; RAHA, 2002; FLEURAT- LESSARD, 2002), produzindo gás carbônico, água e calor, podendo alterar a proporção de minerais presentes nos grãos, assumindo valores proporcionalmente maiores. Na tabela 2 estão apresentados os resultados para o teor de fibras de grãos de sorgo secos em quatro diferentes temperaturas e armazenados a 16 ºC durantes seis 726

Tabela 2. Teor de fibras de grãos de sorgo secos com quatro diferentes temperaturas e armazenados a 16ºC durantes seis Temperatura de secagem (ºC) 0 3 6 25 2,09 Aa 2,04 Bb 2,03 Bc 45 2,04 Bb 2,07 Aa 2,08 Aa 65 2,04 Ba 2,04 Ba 2,03 Bb 85 2,03 Ba 2,04 Ba 2,04 Ba Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05). Os grãos de sorgo secos a 25 C apresentaram o maior teor de fibras brutas no período inicial de armazenamento (Tabela 2). Nos períodos de armazenamento de 3 e 6 meses, a temperatura de secagem de 45 C proporcionou maior preservação deste composto. Nos grãos secados a 25 C (temperatura ambiente) o teor de fibras reduziu à medida que aumentou o período de armazenamento, sendo o menor resultado obtido no período de seis Na temperatura de 45 C o menor teor de fibras foi observado no período inicial de armazenamento, havendo maior concentração destes compostos nos períodos de três e seis A secagem a 85 C não resultou em diferenças estatísticas ao longo dos 6 meses armazenamento. Na tabela 3 estão apresentados os resultados referentes a teor de lipídeos de grãos de sorgo secos em quatro diferentes temperaturas e armazenados a 16ºC durantes seis TABELA 3. Teor de lipídios dos grãos de sorgo secados com quatro diferentes temperaturas e armazenados a 16ºC durantes seis Temperatura de secagem ( C) Inicial 3 6 25 4,44 Aa 3,12 Ab 2,82 Cc 45 3,83 Ba 2,73 Cc 2,82 Cb 65 3,13 Cb 3,08 Ac 3, 15 Ba 85 2,66 Dc 2,93 Bb 3,34 Ba Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05). O teor de lipídios sofreu redução com aumento da temperatura de secagem. Esse resultado está de acordo com o relatado por Carvalho et al. (2004) onde foi observada a interação entre o aumento da temperatura de secagem com a redução do teor de lipídios dos grãos. Em relação ao período de armazenamento, para as temperaturas de 25 e 45ºC foi 727

Anais - VII Conferência Brasileira de Pós-Colheita observado redução após seis meses de armazenamento, e isso pode ser devido a não inativação das enzimas responsáveis pela degradação de lipídeos, como as lipases e lipoxigenases. Nas temperaturas de secagem de 65 e 85ºC não houve redução no teor de lipídeos após o armazenamento, pois possivelmente houve inativação enzimática. Na tabela 4 estão apresentados os resultados referentes a teor de proteína de grãos de sorgo secos em quatro diferentes temperaturas e armazenados a 16ºC durantes seis TABELA 4. Teor de proteína de grãos de sorgo secados com quatro diferentes temperaturas e armazenados a 16ºC durantes seis Temperatura de secagem ( C) Inicial 3 6 25 3,96 Cb 4,15 Bb 4,33 Aa 45 4,72 ABa 4,22 Bb 4,44 Cab 65 5,05 Aa 4,74 Ab 4,96 Ba 85 4,43 Ba 4,21 Ba 4,35 Ca Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05). Para os grãos avaliados no período inicial, os maiores teores de proteína foram obtidos nas temperaturas de secagem 45 C e 65 C, e os menores valores em 25 C (Tabela 4). Nos grãos armazenados por três meses não houve diferença no teor de proteínas entre as diferentes temperaturas de secagem. Aos seis meses, os grãos secados a 25 C apresentaram maior teor de proteínas do que os grãos secados nas demais temperaturas, sendo as temperaturas de 45 C e 85 C apresentaram uma maior degradação destes compostos. Comportamento semelhante ao encontrado por Carvalho et al. (2004) onde foi observada a interação entre o aumento da temperatura de secagem e o tempo de armazenamento, elevando o teor de proteínas nos grãos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AOAC - Association of Official Analytical Chemists. Official methods of Analysis. 18 ed. Washington DC US, 2006. BHATTACHARYA, K.; RAHA, S. Deteriorative changes of maize, groundnut and soybean seeds by fungi in storage. Mycopathologia, v. 155, n. 3, p. 135-141, 2002. CARVALHO, D. C. O.; ALBINO, L. F. T.; ROSTAGNO, H. S.; OLIVEIRA, J. E.;JÚNIOR, J. 728

G. V.; TOLEDO, R. S.; COSTA, C. H. R.; PINHEIRO, S. R. F.; SOUZA, R. M. Composição química e energética de amostras de milho submetidos a diferentes temperaturas de secagem e períodos de armazenamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n. 2, p. 358-364, 2004. CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de grãos. Brasil: décimo levantamento, v.5 Safra 2017/2018, julho, 2018. CRUZ, David Bandeira da. Efeitos da temperatura de secagem e do tempo de armazenamento sobre propriedades físico-químicas dos grãos e sobre físicoquímicas, estruturais, térmicas e de pasta do amido isolado de grãos de sorgo. 2015. 73f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Pelotas, 2015. ELIAS, M. C. Manejo tecnológico da secagem e do armazenamento de grãos. Editora Universitária/UFPel, Pelotas, 2008. FLEURAT-LESSARD, F. Qualitative reasoning and integrated management of the quality of stored grain: a promising new approach. Journal of Stored Products Research, v. 38, n. 2, p. 191-218, 2002. 729