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Transcrição:

Ministério Público Federal PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO PARANÁ F ORÇ A TARE FA O P ERAÇ ÃO L AVA JATO EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 13ª VARA FEDERAL DE CURITIBA/PR Autos nº 5040249-80.2015.404.7000 O, nos autos acima identificados, vem a presença de Vossa Excelência para, em atenção ao despacho do evento 40, manifestar-se nos seguintes termos: Representa a autoridade policial pela prisão preventiva de ALEXANDRE ROMANO, eis que presentes evidências de materialidade e autoria delitivas, para garantia da ordem pública, tendo em vista que até o mês de julho do corrente ano ainda foram realizados pagamentos em favor da CONSIST, e para conveniência da instrução criminal, na medida em que poucos dias antes da deflagração da fase 18 da operação, há evidências de que o investigado retirou uma mala de seu apartamento, evidenciando que pode ter desviado provas relativas à investigação. Assim, na forma dos arts. 312 e 313 do CPP representou pela decretação da prisão preventiva. Conforme declinado pelos colaboradores MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, e por eles documentalmente comprovado, a empresa CONSIST SOFTWARE LTDA firmou contrato com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, a mando de JOÃO VACCARI NETO, para operacionalizar o recebimento 1/10

de aproximadamente R$ 15.000.000,00. O contrato celebrado entre a JAMP e a CONSIST, que envolveu o pagamento retroativo de valores para a primeira, formalmente objetivava que a JAMP intermediasse junto a alguns bancos para aderirem ao contrato que CONSIST firmou com ABBC SINAPP, visando fornecimento do produto para gestão de margem consignável para os servidores públicos no âmbito do Ministério do Planejamento, Orçamento Gestão. De acordo com o que foi revelado por MILTON PASCOWITCH, contudo, a JAMP jamais prestou qualquer tipo serviço à CONSIST, tendo apenas servido como pessoa interposta para operacionalizar os pagamentos dessa para JOÃO VACCARI, no interesse do Partido dos Trabalhadores. MILTON PASCOWITCH também revelou que somente passou a desempenhar tal papel na medida em que JOÃO VACCARI havia lhe revelado que o Partido possuía um crédito junto a uma empresa [CONSIST] e que vinha apresentando problemas com um intermediário anterior de nome EDUARDO ROMANO [rectius, ALEXANDRE ROMANO. O executivo PABLO ALEJANDRO KIPERSMIT, responsável pela empresa CONSIST, reconheceu que: quando da negociação do contrato junto ao MPOG e ao SINAP/ABBC, conforme já mencionado no termo de declarações anterior, lhe foi apresentado à pessoa de ALEXANDRE ROMANO, que teria atuado como "lobista" na concretização do referido contrato; QUE o faturamento da CONSIST em relação ao referido contrato atualmente é concretizada na base de R$ 1,60 por parcela de crédito consignado mensalmente efetivado junto às entidades financeiras consignatárias (bancos, seguradoras, entidades de previdência, cooperativas, em sua maioria empresas privadas); QUE atualmente a empresa tem um faturamento mensal de aproximadamente 3.5 milhões mensais, que correspondem a aproximadamente 70% do faturamento mensal da CONSIST; QUE no âmbito do MPOG as negociações do contrato se deram com as pessoas de DUVANIER e um assessor do mesmo chamado NELSON FREITAS; QUE no ano de 2010, após a assinatura do contrato com ABBC/SINAPP foi negociado pelo declarante e ALEXANDRE ROMANO que este faria jus a aproximadamente 40% do faturamento da empresa com o referido contrato de crédito consignado, que o próprio ALEXANDRE ROMANO teria 2/10

ajudado a "formalizar"; QUE o declarante efetuava os pagamentos para a pessoa de ALEXANDRE por meio do escritório de advocacia do mesmo ou para empresas indicadas pelo mesmo; QUE tal indicação das empresas se dava por ALEXANDRE para o diretor jurídico VALTER; QUE o declarante efetuava os pagamentos para ALEXANDRE uma vez que o mesmo se apresentava como responsável pela manutenção dos contratos com as instituições financeiras; QUE como a empresa CONSIST mantinha os contratos, o declarante acreditava que ALEXANDRE ROMANO atuava junto a essas empresas consignatárias para a manutenção desses contratos, assim como junto ao MPOG, ABBC e SINAPP; QUE não consegue se recordar quem teria lhe apresentado a pessoa de ALEXANDRE ROMANO, mas acredita ter sido alguém do MPOG, ABBC ou SINAPP; QUE confirma que foi ALEXANDRE ROMANO quem teria indicado a JAMP ENGENHEIROS para realização de alguns pagamentos; [ ]. Extrai-se das declarações prestadas por PABLO ALEJANDRO KIPERSMIT a alto probabilidade de que ALEXANDRE ROMANO não tenha prestado, diretamente ou por qualquer das pessoas jurídicas por ele apresentadas, qualquer serviço de fato a CONSIST. Não é nem um pouco factível que uma empresa remunere um prestador de serviços, à razão de 40% de seu faturamento, por este ter simplesmente ajudado a formalizar alguns contratos ou porque tal prestador é responsável por manter os contratos com as instituições financeiras como estão. De qualquer modo, PABLO ALEJANDRO KIPERSMIT forneceu a Polícia Federal diversas notas fiscais que foram emitidas por empresas e escritórios de advocacia indicados por ALEXANDRE ROMANO, os quais, sem a prestação de qualquer serviço, passaram a receber da CONSIST. Tais notas ideologicamente falsas, que totalizam pagamentos na ordem de R$ 40 milhões de reais, foram anexadas no evento 02, trouxeram justa motivo prova documental para justificar as buscas e apreensões executadas na última semana. Ouvido perante a autoridade policial ALEXANDRE ROMANO revelou que passou a atuar em favor da CONSIST, no ano de 2009, por indicação de GUSHIKEN. Teria sido este o motivo pelo qual, em abril de 2010, depois de começar a receber valores da CONSIST, que ALEXANDRE ROMANO novamente procurou GUSHIKEN, oferecendolhe como retribuição pela indicação, metade do valor dos pagamentos que receberia da CONSIST. Segundo ALEXANDRE ROMANO revelou, GUSHIKEN teria inicialmente 3/10

sugerido que os pagamentos fossem direcionados para VACCARI. ALEXANDRE ROMANO alega que não concordou com esse repasse, motivo pelo qual GUSHIKEN: lhe chamou novamente e lhe indicou duas empresas, o escritório de advocacia GUILHERME DE SALLES GONÇALVES e uma empresa de tecnologia, POLITEC, as quais seriam beneficiárias dos valores devidos a GUSHIKEN. ROMANO expressamente afirma, ainda, que o contrato somente foi firmado com GUILHERME por indicação de GUSHIKEN, não por conta da necessidade de um parecer jurídico. ALEXANDRE ROMANO reconheceu, ainda, que, a pedido de GUSHIKEN, indicou a empresa JD2 CONSULTORIA para que também recebesse valores da CONSIST. Segundo mencionado por GUSHIKEN, tais repasses teriam sido feitos para ajudar na manutenção do acordo de cooperação firmado entre ABBC/SINAPP/MPOG. Assim, ALEXANDRE ROMANO reconheceu ter procurado em Brasília o sócio responsável pela empresa JD2 CONSULTORIA, chamado DERCIO, o qual mencionou que iria ajudar por meio do assessor do MPOG de nome VALTER CORREIA. A JD2 CONSULTORIA, conforme revelam as notas fiscais acostadas no evento 2, recebeu entre 2012 e 2015, mais de R$ 5 milhões de reais da empresa CONSIST. VALTER CORREIA DA SILVA, saliente-se, efetivamente tinha as condições de prestar esse auxílio, ou seja, tinha as condições de, recebendo valores em troca, fazer com que fosse renovado no âmbito do Ministério do Planejamento, por gestionar pela renovação do termo de parceria entre a ABBC/SINAPP/CONSIST permanecesse vigente. Insta destacar que VALTER CORREIA DA SILVA foi chefe da Assessoria Especial para Modernização da Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão de novembro de 2012 a fevereiro de 2015; exerceu também no ministério o cargo de secretário-executivo adjunto de fevereiro de 2011 a novembro de 2012 e o cargo de secretário de Gestão de 2005 a 2007. Saliente-se, ainda, que esse termo de parceria que possibilitou os recebimentos de valores pela CONSIST foi inicialmente assinado por 4/10

DUVANIER PAIVA FERREIRA, secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento: 5/10

DUVANIER PAIVA FERREIRA faleceu no início do ano de 2012, mas sua esposa CASSIA GOMES recebeu valores ilícitos da CONSIST a partir de estratagema desenvolvido por JOÃO VACCARI. Com efeito, conforme revelado por MILTON e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, houve repasse de recursos devidos a VACCARI em razão de contratos da CONSIST à GOMES E GOMES PROMOÇÃO DE EVENTOS E CONSULTORIA, no período de 12/2013 a 3/2014, que superaram R$ 120 mil. A operação visou, segundo asseverado pelos colaboradores, a dar aparência de legalidade a uma ajuda de VACCARI a pessoa ligada ao PT. A corroborar suas afirmações, MILTON juntou nota fiscal expedida pela JAMP à GOMES E GOMES, de 6/12/2013, no valor de R$ 30 mil brutos. A partir do afastamento do sigilo bancário da JAMP, do mesmo modo, vê-se que ela pagou R$ 147.750,00 à GOMES E GOMES no período de 16/12/2013 a 26/9/2014. Não houve para tanto qualquer prestação de serviços. Federal, reconheceu que: A própria CASSIA GOMES ao prestar declarações perante à Polícia foi JOÃO VACCARI NETO quem sugeriu a declarante que montasse a empresa GOMES & GOMES PROMOÇÕES DE EVENTOS E CONSULTORIA LTDA ME, com a promessa que iria ajudar nos negócios; QUE JOÃO VACCARI NETO, por amizade a seu falecido marido e após a sua morte, sugeriu a constituição da empresa no ramo de eventos, que era uma área em que a declarante tinha experiência, pois atuou na CUT nesta área; QUE JOÃO VACCARI NETO indicou, então, JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, que tinha, salvo engano, um escritório de arquitetura no Bairro Pinherios, em São Paulo/SP, denominado JAMP ENGENHARIA; [ ] QUE JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH depositou R$ 30.000,00 (trinta mil reais) por mês na conta da empresa GOMES & GOMES PROMOÇÃO DE EVENTOS E CONSULTORIA LTDA, durante alguns meses; QUE essa seria a ajuda que JOÃO VACCARI NETO iria fazer, ou seja, iria depositar R$ 30.000,00 por mês na conta da declarante, que apenas precisava emitir uma nota fiscal eletrônica por mês; QUE a empresa da declarante não precisava prestar quaisquer serviços, pois, segundo JOÃO VACCARI NETO, isso seria uma doação de sua vontade; QUE JOÃO VACCARI NETO disse que 6/10

precisa das notas fiscais apenas para justificar as doações à empresa [...]. Conforme informado pela autoridade policial na ultima peça acostada nos autos, a empresa GOMES & GOMES também recebeu valores repassados pelas empresas titularizadas por ALEXANDRE ROMANO. Se isso não bastasse, ALEXANDRE ROMANO também confessou ter operacionalizado o repasse de valores da CONSIST para a empresa CRLS CONSULTORIA, indicada por GUSHIKEN mas pertencente a CARLOS ROBERTO CORTEGOSO. Segundo revelado por GUSHIKEN a ALEXANDRE ROMANO, esse seria um repasse para "ajudar eles", ou seja, o PARTIDO DOS TRABALHADORES. ALEXANDRE ROMANO também revelou ter operacionalizado o repasse de valores da CONSIST para o escritório PORTANOVA ADVOGADOS, não foram relacionadas a serviços prestados à CONSIST, mas sim emitidas a pedido de PAULO FERREIRA. Segundo ALEXANDRE ROMANO PAULO FERREIRA, ex- Secretário de Relações Institucionais do PT, lhe procurou, de forma autônoma, pedindo repasses ao escritório PORTANOVA para ajudá-lo". Disse ainda que PAULO FERREIRA já sabia do contrato da CONSIST porque o declarante já havia comentado com ele sobre o contrato, especialmente porque estava preocupado com a situação do contrato. Pois bem. Em decorrência de todos os fatos expostos, verifica-se que os pagamentos realizados a mando de ALEXANDRE ROMANO sem o necessário substrato fático, isto é, sem a correspondente prestação de serviço, ocorreram até o mês de julho do corrente ano, pelas mais variadas frentes, muitas das quais, ao que tudo indica, para beneficiar funcionários do alto escalão do Ministério do Planejamento e o próprio Partido dos Trabalhadores. Para a garantia da ordem pública faz-se necessário cessar essa prática, com a decretação da prisão preventiva do investigado. 7/10

Veja-se que ALEXANDRE ROMANO, apesar da deflagração das diversas fases da operação lava-jato, e mesmo da decretação da prisão preventiva de alguns próceres do PARTIDO DOS TRABALHADORES, inclusive daqueles que se relacionavam com o próprio ALEXANDRE, não fez cessar sua atividade criminosa, justificando a necessidade de sua prisão. Outrossim, a investigação criminal também revelou que ALEXANDRE ROMANO, possivelmente, ocultou evidências dos fatos sob investigação, dado que as buscas realizadas em sua residência resultaram infrutíferas, sendo que ele, dias antes, retirou do local uma mala. Tal proceder é bastante estranho e, embora não se possa afirmar que nessa mala tenham sido colocadas provas dos ilícitos, não há qualquer justificativa para essa conduta, pelo que, até o adequado esclarecimento do ocorrido, também se justifica a decretação da prisão preventiva, com fundamento na conveniência da instrução criminal. Em face do exposto, presente ampla prova da materialidade dos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção praticados por ALEXANDRE ROMANO, o requer a conversão de sua prisão temporária em preventiva, cautelar de cunho excepcional, mas necessária, no presente caso, para garantir ordem pública e a instrução criminal. Oportuno destacar, a íntima conexão do caso CONSIST com a Operação Lava Jato e com os desvios perpetrados em desfavor da Petrobras, eis que, conforme reconhecido pelo próprio operador MILTON PASCOWITCH, foram utilizados valores em espécie por ele recebidos das empresas HOPE e PERSONAL, em decorrência da corrupção de funcionários da Diretoria de Serviços da Estatal, para, mediante compensações internas, efetuar o pagamento de propinas de VACCARI devidas em decorrência dos contratos da CONSIST mediados pelo Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão. Nesse sentido: QUE o declarante, em determinada oportunidade, recebeu uma ligação de JOÃO VACCARI, que gostaria de falar com o declarante; QUE marcaram uma conversa na sede do Partido dos Trabalhadores em SÃO PAULO; QUE o 8/10

VACCARI então relatou ao declarante que o Partido possuía um crédito junto a uma empresa e que vinha apresentando problemas com um intermediário anterior de nome EDUARDO ROMANO; QUE JOÃO VACCARI então indicou o telefone de um dos executivos da empresa CONSIST SOFTWARE, sendo o Diretor Jurídico VALTER; QUE foi realizada uma reunião entre o declarante, seu irmão JOSE ADOLFO e VALTER, quando, a partir da atividade comercial da JAMP, foi decidido que formalizariam um contrato com o escopo de contatos comerciais entre a JAMP e a CONSIST para aquisição de um software de gerenciamento de empréstimos na modalidade de crédito consignado; QUE não houve qualquer prestação de serviços referente ao contrato; QUE os valores do contrato foram acertados entre o declarante e VALTER; QUE o contrato tinha um valor global estimado de aproximadamente 12 milhões de Reais, em pagamentos mensais; QUE ao que se recorda os valores de faturamento eram informados mensalmente por e-mail por VALTER para seu irmão JOSÉ ADOLFO para a emissão das notas; QUE no total foram faturados aproximadamente 15 milhões referentes ao referido contrato, conforme documentos que apresenta; QUE dos valores eram descontados 20% a título de tributos; 15% era mantido na JAMP e o restante era destinado ao JOÃO VACCARI; QUE os valores eram entregues pelo declarante na sede do PARTIDO DOS TRABALHADORES em SÃO PAULO, diretamente para JOÃO VACCARI; QUE em uma ocasião o declarante recebeu uma portadora no RIO DE JANEIRO, enviada por JOÃO VACCARI, de nome MARTA, que foi até a residência do declarante no RIO DE JANEIRO e lá recebeu R$ 300.000,00; QUE MARTA tem como particularidade ser irmã gêmea de uma outra pessoa conhecida do declarante, uma vez que trabalhava na JD CONSULTORIA, empresa de JOSE DIRCEU, como auxiliar administrativa; QUE esses recursos tinham como origem os recursos que lhe eram entregues na prestação de contas das empresas HOPE e PERSONAL, quando o mesmo fazia algum represamento de recursos e encaminhava a parcela do declarante e eventuais sobras de valores não entregues; QUE os valores eram faturados mensalmente, com emissão de notas e pagamentos por meio de transferência bancária para a conta da JAMP; QUE houve uma reunião na CONSIST com a participação de JOSE ADOLFO, irmão do declarante, quando foi sugerida a alteração da empresa a ser dada continuidade aos faturamentos, sendo esta reunião realizada com o presidente da empresa PABLO KIEPERSMIT e o diretor jurídico; QUE a parcela destinada ao PARTIDO DOS TRABALHADORES sempre foi paga em espécie; QUE quando as empresas HOPE e PERSONAL encerraram os pagamentos mensais que faziam em espécie ao declarante, o mesmo comunicou a JOÃO VACCARI que tinha a intenção de encerrar a intermediação, tendo em vista a dificuldade em gerar dinheiro em espécie [...] TERMO DE COLABORAÇÃO n. 19, de MILTON PASCOWITCH. Por fim, requer o Ministério Público Federal, ainda, seja determinado o bloqueio cautelar de quaisquer ativos mantidos em instituições financeiras por 9/10

ALEXANDRE ROMANO, no limite de R$ 60 milhões de reais, valor mínimo possivelmente por ele ilegalmente recebido da CONSIST, dentro do esquema criminosa ora narrado. Curitiba, 17 de agosto de 2015. ROBERSON HENRIQUE POZZOBON Procurador da República ANTONIO CARLOS WELTER Procurador Regional da República 10/10