EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 13ª VARA FEDERAL CRIMINAL DE CURITIBA, SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ.

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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 13ª VARA FEDERAL CRIMINAL DE CURITIBA, SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ. Ref. Proc. nº Inquérito Policial nº 1617/2015 SR/DPF/PR Processo Originário nº CÂNDIDO ELPÍDIO DE SOUZA VACCAREZZA, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado, requerer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, sendo isso o que efetivamente faz, consoante as razões de fato e de direito que passa a aduzir. I CONTEXTUALIZAÇÃO PROCESSUAL O requerente teve deferido, em seu desfavor, o pedido de prisão temporário manejado em caráter alternativo pelo Ministério Público Federal. Na data de cumprimento da referida medida, foi efetivada, ainda, busca e apreensão em sua residência, medida que resultou na apreensão da quantia de R$ ,00 (cento e vinte e dois mil reais). Ocorre que, conforme se demonstrará, a medida constritiva de liberdade se torna desnecessária diante do contexto processual, especialmente diante da ausência dos requisitos autorizadores do acautelamento preventivo, eis que a liberdade do requerente não representa risco à ordem pública ou à instrução penal. II DO ESTADO DE SAÚDE DO REQUERENTE O requerente se encontra em processo de tratamento de um provável câncer de próstata. Após exames preliminares realizados no intuito de se aferir as possíveis

2 razões de uma alteração hormonal, o requerente foi surpreendido por uma alteração na referida glândula. Como médico que é, e considerando o histórico familiar de mortes por câncer de próstata, o requerente não teve dificuldades em prever os desdobramentos do referido resultado. Neste contexto, fora agendado para o dia 21/08/2017, no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na cidade de SP, um exame complementar invasivo denominado biópsia por punção (arquivo anexo). Em razão de sua prisão temporária, o requerente não teve condições de prosseguir com o diagnóstico complementar e, de conseguinte, a realização da cirurgia de remoção do tumor já identificado em sua próstata. Portanto, considerando o grave estado de saúde em que se encontra, o requerente espera que seja revogada sua prisão temporária, ou, alternativamente, sejam deferidas as medidas constritivas das quais se tratará em tópico próprio a seguir. III DA JUSTIFICATIVA PARA AS DISPONIBILIDADES FINANCEIRAS APREENDIDAS Por ocasião do cumprimento do mandado de busca e apreensão em sua residência, o requerente teve apreendida a quantia de R$ ,00 (cento e vinte e dois mil reais) em pecúnia. Malgrado não tenha justificado a origem dos recursos no momento da

3 apreensão, o numerário em questão não possui origem ilícita. Na Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física - DIRPF de 2015/2016, o requerente declarou como Disponibilidade a quantia de R$ ,00 (cinquenta mil reais). Já na DIRPF de 2016/2017, o valor declarado como Disponibilidade foi atualizado para R$ ,00 (sessenta e cinco mil reais). Devido a deterioração de sua condição financeira e premido pela necessidade de promover um tratamento de câncer não amparado por seu plano de saúde, o requerente solicitou a um amigo pessoal, no caso o Sr. José Guilherme de Andrade, portador da cédula de identidade nº , e do CPF nº , domiciliado na rua Visconde de Parnaíba, 1461, apto. 93-B, bairro Bresser, São Paulo SP, , um empréstimo capaz de custear parte de seu tratamento. O referido amigo contraiu perante a Caixa Econômica Federal um empréstimo consignado no valor de R$ ,00 (cento e sessenta mil e seiscentos reais) a serem pagos em 72 (setenta e duas) parcelas iguais, mensais e sucessivas, no valor de R$ 4.700,62 (quatro mil e setecentos reais e sessenta e dois centavos), conforme especificado no Contrato nº , celebrado na Agência nº 431.

4 Do montante total contratado com a Caixa Econômica Federal, fora repassada pelo contratante ao requerido, em abril de 2017 e em espécie, a quantia de R$ ,00 (cinquenta mil reais). Tanto o empréstimo quanto o saque da quantia estão registrados nos extratos bancários do Sr. José Guilherme (arquivo anexo). A obrigação do requerente em pagar a quantia foi registrada em nota promissória garantidora do compromisso (arquivo anexo), cujo vencimento, conforme se vê, é o dia 23/08/2017. Oportuno ressaltar que o Sr. José Guilherme disponibiliza, desde já, seus sigilos bancário e fiscal, bem assim solicita autorização deste h. Juízo para depósito em cartório da via original do título de crédito. O restante do valor apreendido, que remonta à quantia de R$ 7.000,00 (sete mil reais), foi retirado das contas correntes do próprio requerente e de sua companheira, razão pela qual resta justificada a procedência lícita da quantia apreendida, aspecto que justifica o seu desbloqueio, sendo isso o que desde já se requer. I DA SÍNTESE DO DEPOIMENTO DO REQUERENTE À POLÍCIA FEDERAL AUSÊNCIA DO PERICULUM LIBERTATIS O requerente exerceu o cargo de deputado federal por 4 legislaturas, tendo sido nomeado como líder nos dois governos do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e no primeiro mandato da Presidente Dilma Roussef. Como liderança política, recebia diariamente em seu gabinete pleitos dos mais diversos, oriundos não apenas da iniciativa privada como também de setores da administração pública federal. Dada a sua ascendência no campo político, o requerente recebia solicitações de encaminhamento das mais variadas. Nesse contexto, é possível se depreender que a relação do requerente com o investigado Jorge Luz não consistia em uma parceria de negócios, mas em uma relação de amizade marcada por uma convivência esporádica na qual se falava de assuntos os mais variados.

5 Com efeito, o acervo probatório trazido ao inquérito não autoriza, por si só, a conclusão de que o requerente cometeu os crimes a ele imputados, in casu o previsto no artigo 1º da Lei nº 9.613/98, e os previstos nos artigos 288, 317 e 333 do Código Penal. Conforme disse em seu depoimento, o requerente não participou de reuniões para tratar de assuntos comerciais na sede da Petrobras, quer seja da Sargeant Marine, quer das demais empresas citadas no inquérito, e máxime na presença dos demais investigados. Forçoso se concluir que, em uma negociação de tamanha magnitude, o acervo probatório deveria demonstrar uma participação ostensiva do requerente. Não há registro de mensagens recebidas ou respondidas pelo requerente, que tenham como origem ou destino o endereço de oxfordgt@gmail.com, supostamente criado para agilizar o contato entre os participantes de um grupo de trabalho cujo único objetivo era conduzir as negociações de interesses escusos perante a Petrobras e agentes políticos. O requerente não possui (nem nunca possuiu!) empresas ou contas no exterior, nem tampouco possui qualquer outro ativo que possa ter sido adquirido a partir do recebimento de valores ilícitos. Ainda neste passo, o requerente não ocupa cargo na Administração Pública Federal e nem exerce mandato eletivo. Ademais, o requerente possui endereço fixo e disponibiliza a este h. Juízo, desde já, seu passaporte. Portanto, ausente o periculum libertatis, eis que não mais subsistem as razões fáticas ou jurídicas que possam justificar a segregação do requerente por prazo superior ao já estabelecido a título de prisão temporária, razão pela qual se requer que Vossa Excelência revogue o decreto prisional. Caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência, considerando seu estado crítico de saúde, o requerente pleiteia a fixação

6 do regime prisional domiciliar ou o estabelecimento de medidas cautelares alternativas. Nestes termos, exora deferimento! Curitiba PR, em 21 de agosto de Marcellus Ferreira Pinto OAB/ES OAB/SP (suplementar)