DELIBERAÇÃO DO CONSELHO DIRECTIVO DA ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE

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DELIBERAÇÃO DO CONSELHO DIRECTIVO DA ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE I. INTRODUÇÃO

Transcrição:

DELIBERAÇÃO DO CONSELHO DIRECTIVO DA ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE Considerando as atribuições da Entidade Reguladora da Saúde (doravante ERS) conferidas pelo artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 309/2003, de 10 de Dezembro; Considerando os objectivos da actividade reguladora da ERS estabelecidos no artigo 25.º do Decreto-Lei n.º 309/2003, de 10 de Dezembro; Considerando os poderes de supervisão da ERS estabelecidos no artigo 27.º do Decreto- Lei n.º 309/2003, de 10 de Dezembro; Visto o processo registado sob o n.º ERS/078/08; I. DO PROCESSO I.1. Origem do processo 1. Em 9 de Outubro de 2008, a ERS recebeu uma exposição remetida pela Secretaria- Geral do Ministério da Saúde e subscrita pela utente M., residente na T., relativa à marcação de consulta na Liga Portuguesa de Deficientes Motores Centro de Recursos Sociais (doravante LPDM Centro de Recursos Sociais), entidade com o NIPC 500 740 028, com sede na Rua do Sítio do Casalinho da Ajuda, 1349-011 Lisboa e registada no SRER da ERS sob o n.º 13 816.

2. Na sequência dessa exposição, o Conselho Directivo da ERS deliberou, em 15 de Outubro de 2008, a abertura do processo de inquérito que corre termos sob o registo n.º ERS/078/08. I.2. A exposição da utente 3. Sumariamente, a utente em questão trouxe ao conhecimento da ERS que, em Setembro de 2008, se dirigiu à LPDM Centro de Recursos Sociais, na qualidade de utente do SNS, munida de uma Credencial emitida pelo respectivo médico de família, tendo-lhe sido dito que a marcação de consulta apenas poderia ser realizada para o dia 16 de Outubro de 2008. 4. No entanto, mais informou o serviço de atendimento daquele prestador que, caso quisesse pagar uma quantia adicional, lograria obter consulta de imediato. I.3. Diligências 5. No âmbito da investigação desenvolvida pela ERS, realizaram-se, entre outras, as diligências consubstanciadas em (i) (ii) Contacto telefónico estabelecido com a LPDM Centro de Recursos Sociais, com vista à marcação de consulta na qualidade de utente do SNS, munido da respectiva credencial, em 20 de Outubro de 2008; Ofício de pedido de elementos enviado à LPDM Centro de Recursos Sociais, em 28 de Outubro de 2008. II. DOS FACTOS 6. A utente M. é detentora do processo n.º ( ), junto da LPDM Centro de Recursos Sociais. 2

7. A utente tem sido acompanhada clinicamente no referido prestador na qualidade de utente do SNS, desde há vários anos, mediante apresentação de Credenciais emitidas pelo respectivo médico de família. 8. A LPDM Centro de Recursos Sociais tem a natureza jurídica de Instituição Particular de Solidariedade Social (doravante IPSS), cujos estatutos foram aprovados e publicados em Diário da República de 16 de Abril de 1956, n.º 91, III série cfr. cópia dos estatutos da LPDM Centro de Recursos Sociais, juntos aos autos. 9. Assim, a LPDM Centro de Recursos Sociais celebrou, ao abrigo do Despacho Ministerial n.º 48/80, de 2 de Setembro de 1980, um contrato de prestação de consultas de Clínica Geral, Pediatria, Neurologia, Ortopedia e tratamentos de Medicina Física e Reabilitação com os Serviços Médico-Sociais (Serviço Distrital de Lisboa) cfr. cópia do Acordo, junta aos autos. 10. Foi elaborada, relativamente a tal contrato, e já pela Comissão Instaladora da Administração Regional de Saúde de Lisboa (actualmente, Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo doravante ARS LVT), uma Acta Adicional, que alarga o âmbito do referido acordo às consultas de Pneumotisiologia, Reumatologia e Ortopedia, bem com aos Elementos Auxiliares de Diagnóstico, nas áreas de Patologia Clínica e Provas Funcionais do Aparelho Respiratório cfr. cópia da Acta Adicional, junta aos autos. 11. Em 17 de Setembro de 2008, a utente em causa efectuou duas marcações de consultas na LPDM Centro de Recursos Sociais, sendo uma de fisiatria para o dia 16 de Outubro de 2008 e uma de ortopedia para o dia 25 de Outubro de 2008. 12. Segundo o prestador, no momento de marcação das consultas, foi comunicado à reclamante que só havia vagas para consultas comparticipadas pela ARS nessas datas, mas que existiam vagas para outros sistemas de saúde ( ) cfr. resposta ao pedido de elementos da LPDM Centro de Recursos Sociais, de 20 de Novembro de 2008, junta aos autos. 13. Efectivamente, a utente realizou a referida tentativa de marcação de consulta na qualidade de utente do SNS, munida da respectiva credencial emitida pelo respectivo médico de família, alegando que lhe foi dito que não havia vaga para os próximos 3

dias e marcaram-me para 16/10. No caso de eu pagar uma quantia extra teria logo consulta cfr. exposição inicial da utente, junta aos autos. 14. E, no dia 20 de Outubro de 2008, pelas 14h50, a ERS efectuou uma diligência consubstanciada em contacto telefónico estabelecido com a LPDM Centro de Recursos Sociais, com vista à marcação de consulta na qualidade de utente do SNS, munido da respectiva credencial. 15. Nesse contacto telefónico, a assistente da LPDM Centro de Recursos Sociais informou, inicialmente, que as consultas para utentes do SNS se encontravam suspensas, tendo depois dito que as mesmas marcações apenas poderão ser feitas para o mês de Janeiro ; 16. No entanto, informou igualmente que na qualidade de utente particular, a consulta poderia ser marcada para a próxima semana, o que implicaria o pagamento de 40 ou 45, consoante a especialidade em causa cfr. Memorando da diligência, junto aos autos. 17. Confrontada a LPDM Centro de Recursos Sociais relativamente ao conteúdo da exposição da utente e ao resultado da referida diligência, em concreto, sobre a diferença temporal praticada na marcação dos actos consoante a entidade financiadora dos utentes, veio o prestador afirmar que em média por consulta são vistos 13 utentes, sendo 8 vagas para utentes da ARS e 5 vagas para utentes beneficiários dos restantes sistemas de saúde e regime particular ; 18. Acresce que, ainda segundo o prestador, devido ao elevado número de utentes beneficiários da ARS que procuram a Instituição não conseguimos dar uma resposta imediata. ( ) Novos utentes aguardam em média 1/2 meses ; 19. Já relativamente a outros sistemas de saúde, o tempo de espera é significativamente menor, visto que existe menor procura dos nossos serviços por parte destes beneficiários cfr. resposta ao pedido de elementos da LPDM Centro de Recursos Sociais, de 20 de Novembro de 2008, junta aos autos. 20. Na verdade, foram atendidos na LPDM Centro de Recursos Sociais, entre Janeiro e Novembro de 2008, ( ) utentes da ARS LVT, ( ) utentes de outros subsistemas de 4

saúde e ( ) utentes particulares cfr. resposta ao pedido de elementos, junta aos autos. 21. No âmbito das consultas de ortopedia, tais números desagregam-se da seguinte forma: ( ) utentes da ARS LVT, ( ) utentes da ADSE, ( ) utentes beneficiários dos Serviços Sociais do Ministério da Justiça (SSMJ) e ( ) utentes particulares cfr. resposta ao pedido de elementos da LPDM Centro de Recursos Sociais, de 20 de Novembro de 2008, junta aos autos. 22. No âmbito das consultas de neurologia: ( ) utentes da ARS LVT, ( ) utentes da ADSE, ( ) utentes beneficiários do regime de Assistência na Doença aos Militares da GNR, ( ) utente beneficiário dos SSMJ e ( ) utentes particulares cfr. resposta ao pedido de elementos da LPDM Centro de Recursos Sociais, de 20 de Novembro de 2008, junta aos autos. 23. E, finalmente, no âmbito das consultas de fisiatria: ( ) utentes da ARS LVT, ( ) utentes da ADSE, ( ) utentes beneficiários do regime de Assistência na Doença aos Militares da GNR, ( ) utentes beneficiários da Portugal Telecom Associação de Cuidados de Saúde, ( ) utentes da Caixa Geral de Depósitos, ( ) utentes beneficiários dos SSMJ, ( ) utentes do Porto de Lisboa e ( ) utentes particulares cfr. resposta ao pedido de elementos da LPDM Centro de Recursos Sociais, de 20 de Novembro de 2008, junta aos autos. III. DO DIREITO III. 1. Das atribuições e competências da ERS 24. De acordo com o art. 3.º do Decreto-Lei n.º 309/2003, de 10 de Dezembro, a ERS tem por objecto a regulação, a supervisão e o acompanhamento, nos termos previstos naquele diploma, da actividade dos estabelecimentos, instituições e serviços prestadores de cuidados de saúde. 25. As atribuições da ERS, de acordo com o art. 6.º n.º 1 do Decreto-Lei n.º 309/2003, de 10 de Dezembro, compreendem a regulação e a supervisão dos estabelecimentos, instituições e serviços prestadores de cuidados de saúde, no que respeita ao 5

cumprimento das suas obrigações legais e contratuais relativas ao acesso dos utentes aos cuidados de saúde, à observância dos níveis de qualidade e à segurança e aos direitos dos utentes, constituindo atribuição desta Entidade Reguladora, nos termos do n.º 2 alíneas a) e b) daquele preceito legal, defender os interesses dos utentes e garantir a concorrência entre operadores, no quadro da prossecução dos direitos dos utentes. 26. Constitui objectivo da ERS, em geral, nos termos da alínea a) do n.º 1 do art. 25.º do Decreto-Lei n.º 309/2003, de 10 de Dezembro assegurar o direito de acesso universal e igual a todas as pessoas ao serviço público de saúde, bem como, nos termos da alínea c) do mesmo preceito legal, assegurar os direitos e interesses legítimos dos utentes. 27. A LPDM Centro de Recursos Sociais é um operador, para efeitos do art. 8.º do Decreto-Lei n.º 309/2003, de 10 de Dezembro, encontrando-se devidamente registada no SRER da ERS sob o n.º 13 816. III. 2. Do enquadramento legal aplicável às IPSS na prestação de cuidados de saúde a utentes do SNS 28. O Decreto-Lei n.º 119/83, de 25 de Fevereiro, que aprovou o Estatuto das IPSS resultou conforme se retira do preâmbulo da vontade firme do Governo criar condições adequadas para o alargamento e consolidação de uma das principais formas de afirmação organizada das energias associativas e da capacidade de altruísmo dos cidadãos ( ) ; 29. Acrescentando que quer as instituições prossigam objectivos sociais por assim dizer complementares dos que integram esquemas oficiais de protecção social ( ) quer representem a intervenção principal do respectivo sector ( ) em todas estas situações está em causa o respeito e a preservação do princípio de que a acção das organizações particulares de fins não lucrativos é fundamental para a própria consecução, mais rica e diversificada, dos objectivos de desenvolvimento social global de que o Estado é o superior garante. 6

30. Ora, o n.º 1 do art. 1.º do Decreto-Lei n.º 119/83, de 25 de Fevereiro define as IPSS como instituições constituídas sem finalidade lucrativa, por iniciativa de particulares, com o propósito de dar expressão organizada ao dever moral de solidariedade e de justiça entre os indivíduos e desde que não sejam administradas pelo Estado ou por um corpo autárquico, para prosseguir, entre outros, os seguintes objectivos, mediante a concessão de bens e prestação de serviços ( ) ; 31. Designadamente, a promoção e protecção da saúde, nomeadamente através da prestação de cuidados de medicina preventiva, curativa e de reabilitação ( ) cfr. alínea e) do n.º 1 do art. 1.º do citado diploma legal. 32. Na prossecução deste objectivo, deve o Estado aceitar, apoiar e valorizar o contributo destas instituições, sendo que o contributo destas últimas e o apoio que lhes é prestado concretizam-se em formas de cooperação a estabelecer mediante acordos cfr. n.º 1 e 2 do art. 4.º do citado diploma legal. 33. Devendo as IPSS agir sempre com respeito pelos beneficiários, cujos interesses e os direitos ( ) preferem aos das próprias instituições, dos associados ou dos fundadores, não podendo aqueles ser discriminados com base em critérios ideológicos, políticos, confessionais e raciais cfr. n.º 1 e 2 do art. 5.º do citado diploma legal. 34. Só não se consideram como discriminações que desrespeitem o número anterior as restrições de âmbito de acção que correspondem a carências específicas de determinados grupos ou categorias de pessoas. cfr. n.º 3 do art. 5.º do citado diploma legal. 35. No caso em apreço, o acordo com o SNS detido pela LPDM Centro de Recursos Sociais foi originariamente celebrado com os então Serviços Médico-Sociais, tendo entrado em vigor na data de homologação pela Comissão Instaladora daqueles Serviços, pelo período de um ano, renovável por iguais períodos, desde que um dos outorgantes não o denuncie com a antecedência mínima de 6 meses cfr. art. 8.º do Acordo; 36. Destinando-se a regulamentar os termos em que aos primeiros [os Serviços Médico- Sociais], pode ser garantido pela segunda [a LPDM Centro de Recursos Sociais] o 7

acesso dos utentes dos Serviços Médico-Sociais a cuidados de saúde cfr. art. 1.º do Acordo. 37. Como visto, encontram-se actualmente abrangidas por tal Acordo as consultas de Clínica Geral, Pediatria, Neurologia, Ortopedia, Pneumotisiologia, Reumatologia e Ortopedia, bem como os tratamentos de Medicina Física e Reabilitação e os Elementos Auxiliares de Diagnóstico, nas áreas de Patologia Clínica e Provas Funcionais do Aparelho Respiratório. 38. Para os efeitos do Acordo, comprometeu-se a LPDM Centro de Recursos Sociais a aceitar os modelos de impressos em vigor nos Serviços Médico-Sociais ( ), que corresponderão às actuais Credenciais emitidas pelos médicos de família nos Centros de Saúde cfr. art. 5.º do Acordo. 39. Recorde-se que do enquadramento legal supra destacado decorre o dever das IPSS agirem sempre com respeito pelos beneficiários, cujos interesses e os direitos ( ) preferem aos das próprias instituições, dos associados ou dos fundadores, não podendo aqueles ser discriminados com base em critérios ideológicos, políticos, confessionais e raciais cfr. n.º 1 e 2 do art. 5.º do Decreto-Lei n.º 119/83, de 25 de Fevereiro. 40. Neste seguimento, é beneficiário cada um dos utentes do SNS que se dirige à LPDM Centro de Recursos Sociais e aufere dos respectivos serviços de saúde, não podendo ser discriminado, salvo as restrições decorrentes de uma acção que correspondem a carências específicas de determinados grupos ou categorias de pessoas cfr. n.º 3 do art. 5.º do citado diploma legal. 41. A este título, não pode deixar de referir-se que o direito à saúde é realizado através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadão, tendencialmente gratuito cfr. artigo 64.º n.º 1 da Constituição da República Portuguesa; e que 42. Na prossecução desse direito, deve o Estado, nos termos da alínea a) do n.º 3 do mesmo preceito, garantir o acesso a todos os cidadãos, independentemente da sua situação económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação. 8

43. Nesse sentido, a Lei de Bases da Saúde, aprovada pela Lei n.º 48/90, de 24 de Agosto, consagra a complementaridade e o carácter concorrencial do sector privado e de economia social na prestação de cuidados de saúde; 44. Assim, o n.º 4 da Base I da Lei de Bases da Saúde, estabelece que os cuidados de saúde são prestados por serviços e estabelecimentos do Estado ou, sob fiscalização deste, por outros entes públicos ou por entidades privadas, sem ou com fins lucrativos ; 45. Consagrando-se nas directrizes da política de saúde estabelecidas que é objectivo fundamental obter a igualdade dos cidadãos no acesso aos cuidados de saúde, seja qual for a sua condição económica e onde quer que vivam, bem como garantir a equidade na distribuição de recursos e na utilização de serviços (Base II da Lei de Bases da Saúde). 46. Recorde-se, a este respeito, que para efectivação do direito à protecção da saúde, o Estado actua através de serviços próprios, celebra acordos com entidades privadas para a prestação de cuidados e apoia e fiscaliza a restante actividade privada na área da saúde. cfr. n.º 2 da Base IV da Lei de Bases da Saúde. 47. Ou seja, pode o Estado fazer recurso a entidades privadas, com ou sem fins lucrativos, enquanto auxílio à prossecução da sua missão e imposição constitucional de garantia de acesso a cuidados de saúde pelos utentes do SNS. 48. É assim que O Ministério da Saúde e as administrações regionais de saúde podem contratar com entidades privadas a prestação de cuidados de saúde aos beneficiários do Serviço Nacional de Saúde sempre que tal se afigure vantajoso, nomeadamente face à consideração do binómio qualidadecustos, e desde que esteja garantido o direito de acesso. 49. Sendo certo que A rede nacional de prestação de cuidados de saúde abrange os estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde e os estabelecimentos privados e os profissionais em regime liberal com quem sejam celebrados 9

contratos nos termos do número anterior. cfr. n.ºs 3 e 4 da Base XII da Lei de Bases da Saúde, destaque nosso. 50. Em tais casos de contratação com entidades privadas, com ou sem fins lucrativos, os cuidados de saúde são prestados ao abrigo de acordos específicos, por intermédio dos quais o Estado incumbe essas entidades privadas da missão de interesse público inerente à prestação de cuidados de saúde no âmbito do SNS, passando essas instituições a fazer parte da rede nacional de prestação de cuidados de saúde, tal como definida no n.º 4 da Base XII da Lei de Bases da Saúde, isto é, do conjunto de operadores, públicos e privados, com ou sem fins lucrativos, que garantem a imposição constitucional de prestação de cuidados públicos de saúde. 51. Ou seja, quando o Estado opte por, efectivamente, estender a rede nacional de prestação de cuidados de saúde por via do recurso à contratação de entidades do sector privado, com ou sem fins lucrativos, é ainda sempre e somente da rede nacional de prestação de cuidados de saúde em toda a sua envolvente, complexidade, quadro legal e missão que se cuida. 52. E faz-se notar que O Estatuto [do SNS] aplica-se às instituições e serviços que constituem o Serviço Nacional de Saúde e às entidades particulares e profissionais em regime liberal integradas na rede nacional de prestação de cuidados de saúde, quando articuladas com o Serviço Nacional de Saúde. cfr. artigo 2.º do Estatuto do SNS aprovado pelo Decreto-Lei n.º 11/93, de 15 de Janeiro de 1993; 53. Tudo concorre, assim, para a imposição clara e inequívoca das regras do SNS às entidades do sector privado, com ou sem fins lucrativos, quando o Estado, como referido, opte ou necessite de estender a predita rede nacional de prestação de cuidados de saúde, por via do recurso à contratação, a tais entidades. 54. De tanto resulta, então, que a LPDM Centro de Recursos Sociais, enquanto entidade privada do sector social, que celebrou um acordo de cooperação com o SNS para prestação de cuidados de saúde a utentes do SNS, não pode alhear-se daquele que é o quadro legal conformador do direito fundamental de acesso dos utentes do SNS aos cuidados de saúde; 10

55. Nem tampouco dos próprios direitos dos utentes do SNS que do mesmo decorrem. III.3. A existência de tempos de espera diferentes consoante as entidades financiadoras dos utentes 56. Como já referido, o Acordo em causa no âmbito do presente processo de inquérito destina-se a regulamentar os termos em que aos [Serviços Médico-Sociais], pode ser garantido pela [LPDM Centro de Recursos Sociais] o acesso dos utentes dos Serviços Médico-Sociais a cuidados de saúde cfr. art. 1.º do Acordo; 57. Abrangendo as consultas de Clínica Geral, Pediatria, Neurologia, Ortopedia, Pneumotisiologia, Reumatologia e Ortopedia, bem como os tratamentos de Medicina Física e Reabilitação e os Elementos Auxiliares de Diagnóstico, nas áreas de Patologia Clínica e Provas Funcionais do Aparelho Respiratório; 58. E devendo, para tal, a LPDM Centro de Recursos Sociais aceitar os modelos de impressos em vigor nos Serviços Médico-Sociais ( ), que corresponderão actualmente às Credenciais emitidas pelos médicos de família nos Centros de Saúde cfr. art. 5.º do Acordo. 59. Constitui, então, dever da LPDM Centro de Recursos Sociais receber e cuidar dos utentes, em função do grau de urgência, nos termos dos contratos que haja celebrado, bem como, nos termos do n.º 2 do artigo 37.º do Estatuto do SNS, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 11/93, de 15 de Janeiro, cuidar dos doentes com oportunidade e de forma adequada à situação, isto é, de forma pronta e não discriminatória; 60. O que naturalmente também implicará o dever de não recusar a prestação de cuidados de saúde a utentes do SNS com base em quaisquer motivos de ordem financeira, de gestão ou outra, sob pena de colocarem em crise a missão de interesse público que o Estado lhes atribuiu mediante a celebração de convenção com o SNS. 61. Decorre do exposto a inadmissibilidade de tratamento diferenciado dos utentes no acesso a determinada consulta pela LPDM Centro de Recursos Sociais, consoante o utente seja beneficiário do SNS, de um subsistema ou seguro de saúde, ou seja um utente particular. 11

62. Ora, recorde-se que a utente M. efectuou, em 17 de Setembro de 2008, duas marcações de consultas na LPDM Centro de Recursos Sociais, sendo uma de fisiatria para o dia 16 de Outubro de 2008 e uma de ortopedia para o dia 25 de Outubro de 2008. 63. Tendo-lhe sido comunicado, segundo a própria LPDM Centro de Recursos Sociais que só havia vagas para consultas comparticipadas pela ARS nessas datas, mas que existiam vagas para outros sistemas de saúde ( ) cfr. resposta ao pedido de elementos da LPDM Centro de Recursos Sociais, de 20 de Novembro de 2008, junta aos autos. 64. No entanto, a utente lograria obter consulta de imediato, mediante pagamento de uma quantia adicional. 65. E, na verdade, na diligência de contacto telefónico realizada pela ERS no dia 20 de Outubro de 2008, a LPDM Centro de Recursos Sociais informou, inicialmente, que as consultas para utentes do SNS se encontravam suspensas, tendo depois dito que as mesmas marcações apenas poderão ser feitas para o mês de Janeiro ; 66. No entanto, mais informou que na qualidade de utente particular, a consulta poderia ser marcada para a próxima semana, o que implicaria o pagamento de 40 ou 45, consoante a especialidade em causa cfr. Memorando da diligência, junto aos autos. 67. Recorde-se, igualmente, que a LPDM Centro de Recursos Sociais veio afirmar que em média por consulta são vistos 13 utentes, sendo 8 vagas para utentes da ARS e 5 vagas para utentes beneficiários dos restantes sistemas de saúde e regime particular ; 68. E que devido ao elevado número de utentes beneficiários da ARS que procuram a Instituição não conseguimos dar uma resposta imediata. ( ) Novos utentes aguardam em média 1/2 meses, sendo certo que relativamente a outros sistemas de saúde, o tempo de espera é significativamente menor, visto que existe menor procura dos nossos serviços por parte destes beneficiários cfr. resposta ao pedido de elementos da LPDM Centro de Recursos Sociais, de 20 de Novembro de 2008, junta aos autos. 69. O que traduz um comportamento destinado a sujeitar os utentes do SNS a maiores tempos de espera face aos utentes particulares e claramente consubstancia uma discriminação dos primeiros face aos segundos. 12

70. Ora, este procedimento apresenta-se como o instrumento de gestão da capacidade, escolhido voluntariamente pelo prestador de cuidados de saúde; 71. Sendo que quando um prestador assume contratar com um subsistema ou com o SNS, regra geral aceita ter que disponibilizar, no limite, a totalidade da sua capacidade instalada. E igualmente regra geral, tal disponibilização afigura-se como dinâmica, isto é, a sua capacidade actual e futura, independentemente do seu natural aumento. 72. Contudo, sempre que um prestador assume tal tipo de obrigações perante dois ou mais subsistemas, ou ainda perante um subsistema e o SNS, na prática está a aceitar cumulativamente a obrigação de disponibilizar a totalidade da sua capacidade instalada relativamente a cada um dos subsistemas (ou subsistema e SNS). 73. Poder-se-á encarar uma tal situação com menor preocupação quando a procura passada de cuidados de saúde de um tal prestador indicar, de forma segura, que a capacidade instalada do mesmo garante as procuras normais (isto é, dos subsistemas e/ou do SNS e/ou das redes de seguros de saúde com quem contratou), bem como as suas tendências de crescimento e seus eventuais acréscimos pontuais. 74. Já a contrario não se poderá considerar como aceitável que um prestador que consistentemente revele uma incapacidade de prover às procuras com que geralmente se vê confrontado contrate ou mantenha a sua situação de convencionado, uma vez que demonstra não possuir capacidade instalada para garantir e assumir as finalidades últimas das convenções a que aderiu. 75. Em tais situações, verifica-se que o prestador assumiu obrigações que vão para além da sua efectiva capacidade instalada, pelo que as efectivas capacidades disponibilizadas não correspondem àquela primeira. 76. Ora, bem se compreenderá que não será através da criação, manutenção e gestão de tempos de espera prolongados que os prestadores se acharão em cumprimento das obrigações assumidas. 77. Na prática, sempre que um prestador, como a LPDM Centro de Recursos Sociais, voluntariamente recorre ao estabelecimento de quotas em função de entidades financiadoras (in casu dos 13 utentes atendidos, 8 serão da ARS LVT e 5 beneficiários 13

dos restantes subsistemas e regime particular), encontra-se a disponibilizar, apenas, parte da sua capacidade a cada um dos subsistemas (ou SNS) com quem contratou; 78. Tal como estará a induzir em grave erro tais subsistemas (ou SNS) que gerem a sua rede de convencionados com base na expectativa da capacidade de resposta da mesma. 79. Ora, sempre se dirá que se a LPDM Centro de Recursos Sociais entendeu, de forma livre e voluntária, contratar com todas as entidades em questão (SNS e subsistemas de saúde), deve reconhecer que um tal exercício tem como limite os direitos e interesses dos utentes. 80. Ora, poder-se-á considerar que o prestador não se acharia obrigado a compatibilizar as diferentes procuras por parte dos utentes beneficiários do SNS, subsistemas e particulares, porquanto o mesmo não se encontraria contratualmente obrigado a prestar os seus serviços aos utentes do SNS sem qualquer tipo de discriminação. 81. Na realidade, o Acordo é omisso quanto a esse aspecto, sendo que de toda a análise supra efectuada, resulta que a não discriminação dos utentes do SNS deverá ter seguramente constituído pressuposto assente do Estado (in casu representado pelos então Serviços Médico-Sociais); 82. Porquanto de outro modo não estaria a garantir efectivamente a missão pública que à mesma impende velar e cumprir. 83. Disto resulta que se qualquer dúvida houvesse, a mesma seria facilmente solucionada mediante revisão do acordo em vigor entre a LPDM Centro de Recursos Sociais e a ARS LVT, no sentido da previsão expressa de um tal dever de não discriminação; 84. O que, necessariamente, conduzirá a que a LPDM Centro de Recursos Sociais deva, efectivamente, ponderar da sua capacidade de resposta às diferentes solicitações que aceitou satisfazer. 85. Tanto é tão mais necessário porquanto só um equilíbrio entre a procura estimada e a capacidade de resposta da LPDM Centro de Recursos Sociais garantirá o permanente respeito do direito de acesso dos utentes do SNS aos cuidados de saúde por si prestados. 14

IV. AUDIÊNCIA DE INTERESSADOS 86. A presente decisão foi precedida da necessária audiência escrita de interessados, nos termos do art. 101.º n.º 1 do Código do Procedimento Administrativo, tendo sido chamados a pronunciar-se, relativamente ao projecto de deliberação da ERS, a exponente M. e a LPDM Centro de Recursos Sociais. 87. Por ofício de 2 de Fevereiro de 2009, veio a LPDM Centro de Recursos Sociais afirmar que tal medida foi adoptada no sentido de diminuir o défice financeiro que actualmente temos no Programa Cuidados de Saúde, de acordo com o documento que remete em anexo, que contabiliza em ( ) o prejuízo total resultante da prestação de consultas de especialidade de ortopedia, neurologia e fisiatria. 88. No entanto, igualmente se comprometeu a LPDM Centro de Recursos Sociais a cumprir a instrução da ERS; 89. Acrescentando que caso a Instituição não consiga encontrar outras alternativas para fazer face a este défice, teremos de analisar novamente a situação, procurando em conjunto com a ARS encontrar uma solução para este problema. 90. A exponente não se pronunciou relativamente à proposta de decisão apresentada. 91. Em face do exposto, deve concluir-se que da audiência de interessados realizada não resultam factos ou razões susceptíveis de alterar o sentido da decisão proposta, antes se reafirmando a necessidade de efectivamente emitir a instrução constante do Projecto de Deliberação da ERS. V. DECISÃO 92. O Conselho Directivo da ERS delibera, assim, nos termos e para os efeitos do preceituado nos art. 27.º e 36.º do Decreto-Lei n.º 309/2003, de 10 de Dezembro emitir uma instrução à Liga Portuguesa de Deficientes Motores Centro de Recursos Sociais, nos seguintes termos: 15

a. A Liga Portuguesa de Deficientes Motores Centro de Recursos Sociais deve garantir que o seu compromisso assumido de atender todos os seus utentes em função da estrita ordem de chegada ou do carácter prioritário da concreta situação clínica, não estabelecendo diferentes tempos de espera ou quotas de acordo com a entidade financiadora dos utentes, é efectivamente cumprido. 93. O Conselho Directivo da ERS mais delibera proceder à abertura de um processo de monitorização para acompanhamento do cumprimento da instrução ora emitida. 94. A presente decisão será publicitada no sítio oficial da ERS na Internet. 95. Da presente decisão será dado conhecimento à ARS LVT. Porto, 12 de Fevereiro de 2009. O Conselho Directivo. 16