Características Socioculturais das Crianças Desnutridas e Obesas em uma Unidade Básica de Saúde do Município de Porto Alegre

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Transcrição:

Características Socioculturais das Crianças Desnutridas e Obesas em uma Unidade Básica de Saúde do Município de Porto Alegre Ana Laura G. Xavier 1 Hellen Klein 1 Martine E. Kienzle Hagen 2 Alessandra C. Pizzato 3 aninhagx@hotmail.com, hellenklein@hotmail.com, martine.hagen@pucrs.br, acpizzato@terra.com.br RESUMO Objetivos: Analisar e comparar a influência de fatores socioculturais no desenvolvimento da desnutrição ou obesidade, em crianças. Métodos: Realizado um estudo descritivo transversal, com dados secundários. Fizeram parte do estudo todas as crianças desnutridas e obesas, com idade igual ou inferior a 5 anos e 11 meses, moradores da área de abrangência da Unidade Básica de Saúde Morro da Cruz. Foram analisados os dados de 43 crianças (31 desnutridas e 12 obesas). Foi utilizado o teste t, de Student, para comparação do estado nutricional com o peso ao nascer, o número de pessoas na casa e o número de irmãos. A estatística descritiva foi utilizada para comparar os grupos com as seguintes variáveis: sexo e escolaridade do cuidador, da mãe e do pai.resultados: A comparação entre a variável peso ao nascer e os grupos estudados foi significativa, mostrando que as desnutridas já nasceram com peso mais baixo do que as obesas. O resultado encontrado para a escolaridade do cuidador, no grupo de crianças desnutridas, foi de 77%, com 7 anos ou menos de estudo e, para as obesas, 58%, com 8 anos ou mais de estudo. Mais da metade das crianças, em ambos os grupos, tinham a mãe e o pai com escolaridade igual ou inferior a 7 anos. Conclusões: Identificouse que as condições de vida da criança e os cuidados que ela recebe podem interferir no seu estado nutricional. Palavras Chave: Criança; Desnutrição; Obesidade; Escolaridade; Indicadores de Saúde. ABSTRACT Objectives: Analyze and compare the influence of socialcultural factors in the development of malnutrition or obeside in children. Methods: Done through a transversal descriptive study, with secondary data. Were part of the study all malnourished and obese children, with age equal or lower to 5 years and 11 months of age, residents of the local area of the Basic Health Care Unit Morro da Cruz. 43 children were analyzed (31 malnourished and 12 obese). It was used the student t test, for comparing nutritional information with weight when born, number residents in the home and the number of siblings. The descriptive data was used to compare the groups with the following variables: sex, schooling of parent/guardian, father and mother. Results: The comparisson between the weight variable and the groups studied was significant, showing that malnourished children were already born with a lower weight than the obese. The result found for the schooling of the parent, in the malnourished group, was 77%, with 7 years or less of study, and 58% for the obese, with 8 or more years of study. More than half of the children, in both groups, had mother and father with schooling equal or inferior to 7 years. Conclusions: It was noted that the living conditions of the child and the care she receives may interfere in her nutritional state. Keywords: Child; Malnutrition; Obesity; Schooling; Health Indicators. 1 Diplomada do Curso de Graduação em Nutrição FAENFI - PUCRS. 2 Professora do Curso de Graduação em Nutrição FAENFI PUCRS. Orientadora do Trabalho. 3 Professora do Curso de Graduação em Nutrição FAENFI PUCRS. Co-Orientadora do Trabalho.

INTRODUÇÃO O cuidado com a alimentação deve iniciar mesmo antes do nascimento, desde a concepção, durante a gestação, no aleitamento e, conseqüentemente, por toda a vida. O atendimento inadequado das necessidades energéticas do organismo pode acarretar dois dos principais distúrbios nutricionais: a desnutrição ou a obesidade 1. A desnutrição energético-protéica (DEP) é definida como um conjunto de condições patológicas com deficiência simultânea de proteínas e calorias, em variadas proporções, que acomete preferencialmente crianças de baixa idade 2. Estudos indicam que a desnutrição, em fases precoces da vida, promove redução da capacidade de realizar trabalhos, maior vulnerabilidade a doenças infecciosas, menor capacidade cognitiva, redução na capacidade de biotransformação metabólica, má absorção intestinal de nutrientes e deficiência no crescimento e desenvolvimento 1,3. A obesidade é definida como um excesso de gordura corporal relacionado à massa magra e seu desenvolvimento sofre influência de fatores biológicos, psicológicos e socioeconômicos 4. Está associada a várias doenças, entre as quais enfermidades cardiovasculares (e seus fatores de risco: hipertensão e hiperlipidemias), diabetes mellitus e certos tipos de câncer 1. A fim de identificar o estado nutricional de crianças, a avaliação antropométrica é um dos indicadores de saúde da criança mais sensíveis e usados, constituindose em meio universalmente aplicável, rápido e barato para determinar o estado nutricional. Em comunidades, é um importante instrumento epidemiológico, fornecendo uma estimativa da prevalência e gravidade das alterações nutricionais 8. A criança vista como uma unidade isolada, e seu estado nutricional solitariamente avaliado, não permitem entender o dinamismo e a heterogeneidade da situação nutricional. Os distúrbios nutricionais têm determinantes multicausais, com condicionantes biológicos e sociais, estando relacionados ao atendimento (ou não) de suas necessidades básicas, como saúde, alimentação, saneamento, educação e outros 6,7. Tanto a desnutrição quanto a obesidade são agravos relevantes para a saúde, principalmente para crianças menores de 5 anos de idade, que são as primeiras a sofrerem o impacto de qualquer mudança na comunidade 1,5. No Brasil, a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS), realizada em 1996, detectou entre as crianças, 5,7% de peso baixo para a idade, 2,3% de peso baixo para a estatura e 10,5% de retardo de crescimento linear 25. Nessa mesma pesquisa, foi encontrada uma prevalência de crianças obesas em 4,9% 9. Este estudo teve por objetivo analisar as características socioculturais de crianças desnutridas e obesas de 0 a 5 anos, em uma Unidade Básica de Saúde, no Município de Porto Alegre. MÉTODOS Foi realizado um estudo descritivo transversal, utilizando-se o banco de dados da pesquisa intitulada Vigilância e Educação em Saúde de Crianças Desnutridas e Obesas da Área Adstrita a uma Unidade Básica de Saúde do Município de Porto Alegre, coordenada pela professora do Curso de Nutrição da PUCRS, Dra. Martine Elisabeth Kienzle Hagen, e realizada no período de julho de 2004 a dezembro de 2006. A população do estudo caracterizou-se por crianças com idade igual ou inferior a 5 anos e 11 meses, moradores da área de abrangência da Unidade Básica de Saúde Morro da Cruz, no Município de Porto Alegre. A avaliação nutricional foi realizada em 431 crianças da comunidade, classificadas como desnutridas, eutróficas e obesas. Entre as crianças avaliadas, 7% (31 crianças) eram desnutridas, 3% (12 crianças) eram obesas e 90% (388 crianças) eutróficas. Fizeram parte do presente estudo apenas as crianças desnutridas e obesas. O uso de classificação por Escore-Z para os índices peso-altura (P/A), altura-idade (A/I) e pesoidade (P/I) deveu-se ao atendimento às atuais recomendações da OMS (WHO, 1986). O padrão de referência utilizado nesta pesquisa foi o do National Center for Health Statistics (NCHS), de 1978, adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como parâmetro internacional de referência 10,11. O teste t, de Student, foi usado para a comparação do estado nutricional das crianças e peso da criança ao nascer; como também para comparar o número de pessoas que moram na casa e o número de irmãos da criança. Foi realizada análise de freqüência entre o estado nutricional e as variáveis sexo, escolaridade do cuidador, escolaridade da mãe, escolaridade do pai. Os resultados foram apresentados utilizando-se a estatística descritiva, com a distribuição absoluta e relativa da população estudada nessas variáveis. Foram respeitados os aspectos éticos da pesquisa com seres humanos. Os pesquisadores assinaram o termo de confidencialidade e privacidade dos dados. RESULTADOS Na pesquisa inicial, foram avaliadas 431 crianças, 90% (388 crianças) classificadas como eutróficas, 7% (31 crianças) como desnutridas e 3% (12 crianças) como obesas (Tabela 1). Para esta população, a proporção encontrada de crianças desnutridas é significativamente superior à população de crianças obesas, conforme a Tabela 1. O limite superior do Intervalo de Confiança (IC) para crianças obesas não atinge o limite inferior do IC para crianças desnutridas (para um IC de 95%). A média de peso ao nascer para as crianças desnutridas (29 crianças) foi de 3.000g, tendo um desvio padrão (DP) de 477g, enquanto que, para o grupo de 2

obesos (12 crianças), a média foi de 3.453g, com um DP de 380g. Identificou-se uma diferença significativa entre os grupos (p=0,006) (Tabela 2). Das variáveis relativas à estrutura familiar, foi encontrada uma média de 5,1 (DP=1,7) para o número de pessoas na família no grupo de crianças desnutridas (31 crianças), e uma média de 5,2 (DP=1,5) para o grupo de crianças obesas (12 crianças). Em relação à variável número de irmãos da criança, a média encontrada para as crianças desnutridas (31 crianças) foi de 3,3 irmãos (DP=2). Para as crianças obesas (12 crianças), a média foi de 3,2 irmãos (DP=1,5). Não foram encontradas diferenças significativas entre as crianças desnutridas e obesas nas variáveis número de pessoas na família e número de irmãos da criança (p=0,856 e p=0,848, respectivamente) (Tabela 2). Das crianças classificadas como desnutridas, 61% (19 crianças) eram do sexo feminino e 39% (12 crianças), do sexo masculino. A distribuição por sexo de crianças obesas foi homogênea (Tabela 3). Ao analisar a variável escolaridade do cuidador, notou-se que 77% (24 crianças) das crianças desnutridas tinham o cuidador com 7 anos ou menos de estudo. Por outro lado, entre as crianças obesas, 58% (7 crianças) possuíam o cuidador com 8 anos ou mais de estudo (Tabela 4). A Tabela 5 mostra os resultados da análise referente à escolaridade materna. Verificou-se que entre 77% (24 crianças) das crianças desnutridas e 55% (6 crianças) das crianças obesas, as mães tinham escolaridade igual ou inferior a 7 anos. Para a variável escolaridade do pai, observaram-se valores semelhantes. A escolaridade paterna, igual ou inferior a 7 anos, foi encontrada entre 77% (23 crianças) das crianças desnutridas e 58% (7 crianças) das crianças obesas (Tabela 6). DISCUSSÃO Ao analisar os dados, é importante lembrar que os resultados aqui apresentados são restritos à população da área estudada, não correspondendo, portanto, a características das crianças residentes em todo o Município. Nessa população observou-se que entre as crianças desnutridas e obesas houve um número maior de crianças desnutridas (4% a mais) do que de crianças obesas. Em seu estudo, Granthan-McGregor refere que existem importantes diferenças nas prevalências de desnutrição infantil entre os países. Fatores como nível de desenvolvimento econômico, distribuição de riquezas, estabilidade política, prioridade nos gastos públicos e padrão sociocultural de um país podem influenciar estes diferenciais 16. Além das variações internacionais, existem diferenças entre regiões, entre ppulações urbanas e rurais, entre famílias, vivendo em uma mesma comunidade e entre crianças da mesma família 12. No estudo de Huttly e colaboradores (1991), o peso ao nascer mostrou ser um importante fator na predição do estado nutricional aos 11 meses de idade 15. Após a análise dos dados, percebe-se uma relação semelhante ao observar que as crianças com diagnóstico de desnutrição apresentavam uma média de peso ao nascer inferior àquelas consideradas obesas. Como a diferença foi significativa, concluiu-se que quanto menor o peso que estas crianças tinham ao nascer, maior o risco de desenvolverem desnutrição e, quanto maior o peso, maior o risco de obesidade na infância. A população infantil é, do ponto de vista psicológico, socioeconômico e cultural, dependente do lugar em que vive e, na maioria das vezes, é constituído pela família, sendo que suas atitudes são, freqüentemente, reflexo desse ambiente. Quando desfavorável, o ambiente poderá propiciar condições que levem ao desenvolvimento de distúrbios alimentares que, uma vez instalados, poderão permanecer caso não aconteçam mudanças neste contexto 4. Ao analisar o estado nutricional em relação ao número de pessoas na família, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas, visto que os dois grupos apresentaram média semelhante. No estudo de Olinto et al. (1993), o número total de pessoas por dormitório esteve associado apenas com a altura baixa para a idade 12. Não foram encontrados outros estudos que comprovassem as mesmas variáveis. A variável número de irmãos não apresentou associação estatística com o estado nutricional, pois não houve diferença significativa das médias dos grupos. Carvalhaes e Benício (2002) referem, em seu estudo, apenas uma fraca associação entre o número de filhos e o estado nutricional da criança 13. No entanto, para Zöllner e Fisberg (2006), há uma associação estatística entre o número de irmãos e o déficit nutricional 14. Guimarães et al. (1999) relataram que crianças cujas mães tiveram quatro ou mais filhos apresentaram chance 3,5 vezes maior de ter déficit de estatura quando comparadas com crianças cujas mães tiveram apenas um filho 24. Os dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN), de 1989, também demonstraram que na região Sul (zona urbana do Brasil), ter dois ou mais filhos menores de cinco anos implica um risco 4,3 vezes maior de retardo de crescimento em relação a ter apenas um filho 22. O menor número de filhos por mulher significa melhores condições de cuidado, inclusive psicossocial. Ocorre, nesse caso, menor competição pelo tempo materno, fato mais relevante para as crianças menores, dependentes das mães, para serem alimentadas e atendidas em relação à higiene, aos cuidados com a saúde e à estimulação cognitiva. Ter poucos filhos pode também ser um facilitador para a entrada da mulher no mercado de trabalho, o que possibilita melhores condições de vida. Pelos dois caminhos, o impacto resultante do menor número de filhos tende a ser favorável à redução da prevenção da desnutrição 14. Verificou-se que, na população estudada, houve uma prevalência de 22% a mais de meninas desnutridas do que de meninos desnutridos. Por outro lado, o estudo de Olinto e colaboradores (1993) encontrou uma maior prevalência de déficit de peso/altura em meninos (6% a mais), enquanto para o indicador altura/idade não houve diferença 12. Quanto às crianças obesas, não houve diferença significativa entre os sexos. Para algumas pesquisas, a prevalência da obesidade infantil e adulta é maior no sexo feminino, não havendo causas bem 3

definidas para esta ocorrência 17,18. Para a OMS (1986), a maior prevalência neste sexo se deve ao fato de que o excesso de energia é preferencialmente estocado sob a forma de gordura e não de proteína, como acontece no sexo masculino 19. Sabe-se que as crianças passam a maior parte do dia com seu cuidador e este, muitas vezes, não tem a capacidade de cuidar adequadamente e nem de atender a todas as necessidades das crianças. Os resultados da variável escolaridade do cuidador podem indicar influência sobre o estado nutricional das crianças, visto que grande parte dos cuidadores de crianças desnutridas tinham 7 anos de estudo, ou menos, e das crianças obesas, 8 anos de estudo ou mais. Entretanto, não foram encontrados artigos que corroborem estes resultados. O Índice de Desenvolvimento Infantil de Porto Alegre (2006), para uma população total de 1.360.598, apresentou um percentual de 12% de crianças cujas mães têm escolaridade precária (menos de 4 anos de estudo) e para os pais um valor de 11%. No Brasil esses índices apresentaram-se da seguinte forma (população total de 169.872.827): para escolaridade precária da mãe 28% e para os pais 32% 20. No presente estudo, verificou-se que a maior parte das crianças desnutridas e obesas tinham mães e pais com escolaridade igual ou inferior a 7 anos. O percentual de mães com escolaridade igual ou inferior a 7 anos foi de 22% superior no grupo de crianças desnutridas, comparando-o ao grupo de crianças obesas. Para os pais com escolaridade igual ou inferior a 7 anos, o grupo de crianças desnutridas apresentou um percentual de 19% superior ao grupo de crianças obesas. Drachler et al. (2002) mostraram, em seu estudo, que o efeito da escolaridade materna sobre a altura de crianças foi maior em Porto Alegre do que nas cinco maiores cidades da República Checa, onde todas as famílias moravam em domicílios com saneamento básico e as desigualdades socioeconômicas eram bem menores do que na amostra brasileira 21. Em outro estudo, Drachler e colaboradores (2003) afirmaram que é possível que o efeito da escolaridade materna seja resultado de vários fatores, desde melhores condições de saúde ao nascimento, práticas nutricionais e de higiene adequadas, e de outras que promovam e preservem a saúde 21. Os dados da PNSN (1989) confirmaram a existência de associação entre escolaridade materna e déficit de estatura, constatando que a escolaridade materna inferior a quatro anos associou-se com 4,3 vezes mais chance de déficit de estatura 22. A escolaridade paterna, além de refletir a classe social, é um dos determinantes da renda familiar, influindo diretamente no consumo familiar. Já a escolaridade materna atuaria principalmente nos cuidados preventivos (alimentação, higiene, imunizações, etc.) e curativos (manejo doméstico das doenças e busca precoce de atendimento) 12. Outras pesquisas identificaram ser mais intenso o efeito da escolaridade paterna do que da escolaridade materna, sugerindo que o fator socioeconômico predomina sobre os cuidados 12,23. CONCLUSÃO Os resultados encontrados neste estudo demonstraram que as condições nas quais a criança vive e os cuidados que ela recebe podem influenciar o seu estado nutricional, aumentando o risco de desenvolver distúrbios nutricionais. A realização de mais estudos com estes indicadores e com um maior número de crianças, seria importante para uma melhor compreensão da relação entre os fatores estudados e o desenvolvimento da desnutrição ou da obesidade infantis. Juntamente com estes estudos, devem ser realizadas ações educativas, com o objetivo de promover a saúde. REFERÊNCIAS 1. Mondini L, Monteiro CA. 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Tabela 3 Distribuição das crianças desnutridas e obesas de uma Unidade Básica de Saúde do Município de Porto Alegre, de acordo com o sexo. Sexo N % N % Feminino 19 61 6 50 Masculino 12 39 6 50 Total 31 100 12 100 Tabela 4 Distribuição das crianças desnutridas e obesas de uma Unidade Básica de Saúde do Município de Porto Alegre, de acordo com a escolaridade do cuidador. Escolaridade do Cuidador(a) N % N % 7 anos 24 77 5 42 8 anos 7 23 7 58 Total 31 100 12 100 Tabela 5 Distribuição das crianças desnutridas e obesas de uma Unidade Básica de Saúde do Município de Porto Alegre, segundo a escolaridade da mãe. Escolaridade da Mãe N % N % 7 anos 24 77 6 55 8 anos 7 23 5 45 Total 31 100 11 100 Tabela 6 Distribuição das crianças desnutridas e obesas de uma Unidade Básica de Saúde do Município de Porto Alegre, segundo a escolaridade do pai. Escolaridade do Pai N % N % 7 anos 23 77 7 58 8 anos 7 23 5 42 Total 30 100 12 100 6