Modelagem de Isotermas de Sorção (DDI) em Grãos de Café Verde (Coffee arabica L.)

Documentos relacionados
Isotermas de sorção de tâmaras: determinação experimental e avaliação de modelos matemáticos 1

Isotermas de dessorção de grãos de café com pergaminho

COMPORTAMENTO HIGROSCÓPICO DA SEMENTES DE LINHAÇA (Linum usitatissimum L.). G.Z. Campos e J.A.G. Vieira* RESUMO

DETERMINAÇÃO DAS ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE MICROCÁPSULAS DE ÓLEO ESSENCIAL DE CANELA EM DIFERENTES TEMPERATURAS

Fundamentos de Isoterma de Sorção. Decagon Devices LatAm

DETERMINAÇÃO DO CALOR ISOSTÉRICO DE SORÇÃO E DA ENTROPIA DIFERENCIAL DO CAJÀ EM PÓ MICROENCAPSULADO COM DIFERENTES FORMULAÇÕES RESUMO

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NOS PARÂMETROS DE MODELOS BI- PARAMÉTRICOS QUE PREDIZEM ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE UMIDADE DO GUARANÁ

Aplicação de modelos matemáticos bi e triparamétricos na predição de isotermas de adsorção de umidade do guaraná (Paullinia cupana) em pó 1

Secagem e Armazenagem de Grãos e Sementes Aula 04

OBTENÇÃO DAS ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DAS FARINHAS DAS SEMENTES DE NONI (MORINDA CITRIFOLIA L.)

AVALIAÇÃO DE ISOTERMAS DE SORÇÃO DE BANANA DESIDRATADA

ATIVIDADE DE ÁGUA DO CAJÁ EM PÓ MICROENCAPSULADO COM DIFERENTES MATERIAIS DE PAREDE RESUMO

XLVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2017 Hotel Ritz Lagoa da Anta - Maceió - AL 30 de julho a 03 de agosto de 2017

CONTRAÇÃO VOLUMÉTRICA DOS FRUTOS DE MAMONA DURANTE A SECAGEM

Sorption isotherms of pepper seeds variety Cabacinha

ISOTERMAS DE DESSORÇÃO DE GRÃOS DE FEIJÃO MACASSAR VERDE (Vigna unguiculata (L.) Walpers), VARIEDADE SEMPRE-VERDE.

Modelagem Matemática da Secagem de Café Natural Beneficiado com Alto Teor de Água

COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS ESTÁTICO E DINÂMICO NA DETERMINAÇÃO DO EQUILÍBRIO HIGROSCÓPICO DAS ESPÍGAS DE MILHO

Isotermas e Calor Isostérico de Sorção do Feijão 1

Isotermas de dessorção de resíduos de abacaxi

DETERMINAÇÃO DAS ISOTERMAS DE ADSORÇÃO E DO CALOR DE SORÇÃO DA FARINHA DE BABAÇU COMERCIAL

RESUMO. Palavras-chave: equilíbrio higroscópico, modelagem matemática, Oryza Sativa.

DETERMINAÇÃO DA CURVA DE EQUILÍBRIO HIGROSCÓPICO DO URUCUM

Estimação de Parâmetros em Modelos de Energia Livre de Gibbs em Excesso

PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FRUTOS DE MAMONA DURANTE A SECAGEM

ISOTERMAS DE SORÇÃO DAS ESPIGAS DE MILHO: OBTENÇÃO E MODELAGEM

AJUSTE DE CURVA DA VARIAÇÃO DA MASSA DO AGREGADO GRAÚDO (PEDRA BRITA) SUBMERSO NA ÁGUA EM FUNÇÃO DO TEMPO 1. Fernanda Maria Jaskulski 2.

ESTUDO DA CINÉTICA DE SECAGEM DAS CASCAS DE BANANAS DAS VARIEDADES NANICA E PRATA

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS DO PROCESSO DE SECAGEM DOS GRÃOS DE CANOLA (Brassicanapus L) RESUMO

COMPARAÇÃO DE MODELOS FENOMENOLÓGICOS PARA A HIDRATAÇÃO DE GRÃOS DE SOJA

Equilíbrio higroscópico de milheto, alpiste e painço: Obtenção e modelagem

DETERMINAÇÃO DE ISOTERMAS DE SORÇÃO DE UMIDADE PARA GRÃOS DE SOJA

ESTUDO DA SOLUBILIDADE DO PARACETAMOL EM ALGUNS SOLVENTES UTILIZANDO O MODELO NRTL

Higroscopicidade das sementes de pimenta (Capsicum chinense L.)

CALOR ISOSTÉRICO DA POLPA DE BANANA VARIEDADES MAÇÃ E NANICA

DETERMINAÇÃO E MODELAGEM MATEMÁTICA DA SECAGEM DE ARROZ AROMÁTICO

CALOR ISOSTÉRICO DE SORÇÃO DA SEMENTE DE GERGELIM BRS SEDA

ISOTERMAS DE DESSORÇÃO DE SEMENTES DE BETERRABA RESUMO. ) de sementes de beterraba, cv. Chata do Egito, em diferentes T e UR.

Pâmella de Carvalho Melo¹, Arlindo Modesto Antunes¹, Paulo Henrique Ribeiro Dias Alves², Jéssica Antônia Andrade Alves³, Ivano Alessandro Devilla 4

AVA LIA ÇÃO D A CIN ÉTICA D E SECAGEM D O TIJO LO CERÂM ICO

ISOTERMAS DE ADSORÇÃO E DESSORÇÃO DE MATERIAIS GRANULARES POROSOS

PARÂMETROS TERMODINÂMICOS DURANTE A SECAGEM DE FOLHAS DE AROEIRA (Schinus terebinthifolius)

ESTUDO DO FENÔMENO DE ADSORÇÃO DE ÁGUA E SELEÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS PARA REPRESENTAR A HIGROSCOPICIDADE DO CAFÉ SOLÚVEL RESUMO

CINÉTICA DE SECAGEM DA BORRA DE CAFÉ EM ESTUFA COM CIRCULAÇÃO DE AR

19 ESTUDO DO FENÔMENO DE ADSORÇÃO DE ÁGUA E SELEÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS PARA REPRESENTAR A HIGROSCOPICIDADE DO CAFÉ SOLÚVEL RESUMO

Modelos matemáticos na secagem intermitente de arroz

CINÉTICA DE SECAGEM DA CASCA DE MANGA TOMMY ATKINS

AVALIAÇÃO HIGROSCÓPICA DA FIBRA RESIDUAL DO ABACAXI HYGROSCOPIC EVALUATION OF PINEAPPLE RESIDUAL FIBER

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE UM BLEND DE MARACUJÁ E GOIABA

MODELOS MATEMÁTICOS PARA AJUSTE DAS ISOTERMAS DE DESSORÇÃO DA POLPA DE BANANA DA VARIEDADE PRATA 1

INVESTIGAÇÃO DE TOPOLOGIAS DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS PARA A PREVISÃO DA CINÉTICA DE SECAGEM DOS FRUTOS

ESTIMAÇÃO DO COEFICIENTE DE ATIVIDADE DE UM SISTEMA BINÁRIO EM EQUÍLIBRIO LÍQUIDO-VAPOR UTILIZANDO O MÉTODO UNIFAC

Planejamento de Misturas

Comportamento das isotermas de adsorção do pó da polpa de manga liofilizada. Behavior of adsorption isotherms of freeze-dried mango pulp powder

COMPORTAMENTO HIGROSCÓPICO DA LINGUIÇA TIPO CALABRESA HYGROSCOPIC BEHAVIOR OF SMOKE SAUSAGE

CINÉTICA DE SECAGEM E MODELAGEM MATEMÁTICA DO FRUTO DE BURITI (Mauritia flexuosa)

SECAGEM DA ABÓBORA (CUCRBITA MOSCHATA, L.) EM SECADOR DE LEITO FIXO

USO DE PLANEJAMENTO COMPOSTO CENTRAL NA AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS TEMPERAURA E CONCENTRAÇÃO DE SOLVENTES NO ESTUDO DA SOLUBILIDADE DA UREIA

Isoterma de dessorção e calor latente de vaporização da semente de pimenta Cumari Amarela (Capsicum chinense L.)

Isotermas de dessorção de folhas in natura de juazeiro e mororó 1

Propriedades Físicas de Grãos de Aveia Branca Submetidos ao Processo de Secagem

ENTROPIA DIFERENCIAL DO PÓ DO MIX DE BATATA YACON COM SUCO DE LIMÃO - CALOR ISOSTÉRICO DE SORÇÃO

Propriedades Físicas de Sementes de Girassol em Função do Teor de Água

DESSULFURIZAÇÃO ADSORTIVA DO CONDENSADO ORIUNDO DA PIRÓLISE DE PNEUS INSERVÍVEIS

DESSORÇÃO E CALOR ISOSTÉRICO DE AMÊNDOAS DE BARU DESORPTION AND ISOSTERIC HEAT OF BARU ALMONDS

DETERMINAÇÃO DE FUNÇÕES DE TRANSFERÊNCIA DE PROCESSOS QUÍMICOS ATRAVÉS DO MÉTODO DE EVOLUÇÃO DIFERENCIAL UTILIZANDO O SCILAB

Avaliação Cinética da Gaseificação com CO 2 do Bagaço de Maçã

Propriedades Físicas de Grãos de Feijão Carioca (Phaseolus vulgaris)

Modelagem e simulação da secagem de grãos de café

ESTUDO DO PROCESSO DE PURIFICAÇÃO DE BIODIESEL DE CANOLA POR ADSORÇÃO EM CARVÃO ATIVADO

ANÁLISE DOS PARÂMETROS DO MODELO DE ADSORÇÃO EM MULTICAMADA, CALOR ISOSTÉRICO E ENTROPIA DE DESSORÇÃO PARA ISOTERMAS DE CEVADA RESUMO

CINÉTICA DE SECAGEM DE MASSA ALIMENTÍCIA INTEGRAL. Rebeca de L. Dantas 1, Ana Paula T. Rocha 2, Gilmar Trindade 3, Gabriela dos Santos Silva 4

PARÂMETROS TERMODINÂMICOS DURANTE A SECAGEM DE GRÃOS E FRUTOS DE AMENDOIM

ISOTERMAS DE SORÇÃO DE FARINHA DE JABUTICABA: DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL PELO MÉTODO HIGROMÉTRICO E PREDIÇÃO TEÓRICA USANDO O SOFTWARE EMSO

Tamanho útil de parcela para produtividade de cafeeiro adulto

CÁLCULO DO EQUILIBRIO DE TROCA-IÔNICA DO SISTEMA Na + -Pb 2+ -Cu 2+ USANDO REDES NEURAIS ARTIFICIAIS.

DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DE SEMENTE DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) VARIEDADE EMGOPA OURO

Planejamento de Misturas

ISOTERMA DE ADSORÇÃO DE UMIDADE DA CASTANHA-DO-BRASIL (Bertholletia excelsa) MOISTURE ADSORPTION ISOTHERM FROM BRAZIL-NUT (Bertholletia excelsa)

Análise e Determinação da Umidade de Equilíbrio Higroscópico de Grãos e da Farinha de Trigo na Temperatura de 50 ºC

ISOTERMAS E CALOR ISOSTÉRICO DAS SEMENTES DE ALGODÃO COM LÍNTER E SEM LÍNTER

AVALIAÇÃO DA CINÉTICA E EQUILÍBRIO DA SECAGEM DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA APLICAÇÃO COMO ADSORVENTE

ESTUDO COMPARATIVO DE MODELOS DE COEFICIENTES DE ATIVIDADE DA FASE LÍQUIDA PARA SEPARAÇÃO DA MISTURA ETANOL-ÁGUA

ISOTERMAS E CALOR ISOSTÉRICO DE ADSORÇÃO DA ÁGUA DO AMIDO DE QUINOA ISOTERMAS Y CALOR ISOSTÉRICO DE ADSORCIÓN DE AGUA DE ALMIDÓN DE QUINUA

Determinação das Propriedades Físicas de Grãos de Girassol BRS G57.

Adsorção em interfaces sólido/solução

Bibliografia Recomendada. Cornell, J. A. A Primer on Experiments with Mixtures.

TÍTULO: FERMENTAÇÃO DE EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA VERDE POR BACTÉRIAS PROBIÓTICAS

Etapas da Modelagem. Modelagem e Controle da Qualidade da Água Superficial Regina Kishi, 11/11/2014, Página 1

Físico-Química de Alimentos

ADSORÇÃO MULTICOMPONENTE DE CO2 E CH4 EM CARBONO ATIVADO PARA PROCESSOS DE PURIFICAÇÃO DE BIOGÁS

CORRELAÇÃO ENTRE OS PARÂMETROS DE TORRA E A QUALIDADE FINAL DA BEBIDA CAFÉ

SECAGEM DE SEMENTES INTRODUÇÃO. LPV-0638: Produção de Sementes TEOR DE ÁGUA DAS SEMENTES INTRODUÇÃO. - Importância da Água

5 Parte experimental Validação analítica

CINÉTICA DA CONTRAÇÃO VOLUMÉTRICA DOS GRÃOS DE DUAS CULTIVARES DE MILHO-PIPOCA DURANTE O PROCESSO DE SECAGEM

ESTUDO DA ESTABILIDADE DA ESPUMA DA POLPA DO UMBU (SPONDIAS TUBEROSA L.) PARA SECAGEM PELO MÉTODO FOAM-MAT

OBTENÇÃO E MODELAGEM DAS ISOTERMAS DE DESSORÇÃO E DO CALOR ISOSTÉRICO DE DESSORÇÃO PARA GRÃOS DE TRIGO

4 Cálculo de Equivalentes Dinâmicos

Transcrição:

Modelagem de Isotermas de Sorção (DDI) em Grãos de Café Verde (Coffee arabica L.) 36 Gentil Andres Collazos-Escobar 1, Nelson Gutiérrez- Guzmán 1, Henry Alexander Váquiro-Herrera 2, Renso Alfredo Aragón 1, Erika Tatiana Cortes-Macías RESUMO O objetivo deste trabalho foi determinar as isotermas de sorção em grãos de café verde de alta qualidade para temperaturas de 25, 30 y 40 C e atividades de água entre 0.1 e 0.8 utilizando o método dinâmico de ponto de orvalho. Os dados de sorção foram modelados usando nove equações para representar a dependência do teor de água de equilíbrio com a atividade de água e a temperatura. O modelo DLP representou satisfatoriamente o efeito da temperatura sob o equilíbrio higroscópico nos grãos de café; apresentou-se um coeficiente de determinação ajustado maior que 0.97 e um erro quadrático médio menor que 0.01 kg kg -1 base seca, indicando um bom ajuste para fins práticos e pode-se aplicar para estabelecer as condições ótimas de armazenamento a fim de preservar e garantir a qualidade dos grãos de café verde. Palavras-chave: Atividade de água, Umidade de equilíbrio, Higroscopicidade, Adsorção, Dessorção. INTRODUÇÃO O café é um dos produtos exportados pelos países em desenvolvimento. É considerado um dos mais importantes no mundo pelo lucro de exportação e industrialização (Corrêa et al., 2010), no estado de grão cru ou café verde, é o mais comercializado nos mercados internacionais, representando até o 90% do valor total (Monteiro da Silva y Leite, 2013). Os grãos de café verde são matrizes altamente higroscópicas (Iacheri et al., 2015), 1 Faculdade de Engenharia. Centro Surcolombiano de Investigación en Café CESURCAFÉ. Universidad Surcolombiana. Neiva-Huila-Colombia. E-mail: gentilcollazosescobar09@gmail.com; cesurcafe@usco.edu.co 2 Faculdade de Engenharia Agronômica, Universidad del Tolima, Ibagué-Tolima-Colombia. E-mail: havaquiro@ ut.edu.co 377

Anais - VII Conferência Brasileira de Pós-Colheita podem trocar vapor de água e cheiros com o ambiente alterando sua qualidade. Portanto, o armazenamento é uma das operações de grande importância para garantir a qualidade do café (Poltronieri & Rossi, 2016). Os ambientes úmidos produzem incrementos do teor de água no alimento, acelerando as reações de deterioração causadas pelos microrganismos (Corrêa et al., 2010), pelo contrário, se o teor de água diminui, ocorrerá queda de peso, provocando prejuízo económico (Yazdani et al., 2006). Por meio das isotermas de sorção se pode analisar e estabelecer as condições ótimas de armazenamento. Elas são específicas para as matrizes alimentarias em termos de composição e estrutura e são importantes para desenhar e otimizar processos e equipamentos de armazenamento e secagem, bem como para a previsão de estabilidade e a vida útil durante o armazenamento (Yogendrarajah et al., 2015). Vários modelos teóricos, empíricos e semi-empíricos tem sido testados para o ajuste das isotermas de sorção. Porém, não existe um único modelo para descrever completamente a sorção nos produtos agro-alimentares (Bon et al., 2012), portanto, é necessário validar, a partir dos dados experimentais, o melhor modelo matemático para descrever o comportamento de sorção dos grãos de café verde. isotermas de sorção do café tem sido geradas usando o método estático. Este método apresenta desvantagens em longos períodos para atingir o equilíbrio do produto, dificuldade em obter medições conclusivas e precisas, grandes amostras e grande habilidade do pesquisador para fazer as medições de peso durante a obtenção do equilíbrio (Schmidt & Lee, 2012). Estes inconvenientes tem sido resolvidos com o desenvolvimento da sorção dinâmica de vapor de água, no caso específico do método da isoterma de ponto de orvalho dinâmico (Iacheri et al., 2015). Este método oferece alta disponibilidade de pontos experimentais, extensas condições de trabalho e grande precisão, eliminando as perturbações associadas com o manuseio das amostras e os possíveis fenómenos de transferência de massa com o ambiente onde o experimento é desenvolvido (Schmidt & Lee, 2012). Ligar o efeito que exerce a temperatura na isoterma de sorção é importante porque os alimentos são frequentemente expostos a uma ampla faixa de temperaturas durante seu processamento e armazenamento (Eim et al., 2011). Portanto, devido à importância de avaliar a higroscopicidade do café verde a partir da dependência do teor de água de equilíbrio com a atividade de água e a temperatura, o presente trabalho teve como objetivo determinar as isotermas de sorção dos grãos de café verde para 25, 30 y 40 C e atividades de água entre 0.1 y 0.8 usando o método da isoterma de ponto de orvalho dinâmico e avaliar a capacidade de diversos modelos matemáticos para estimar o fenômeno de sorção no alimento. 378

MATERIAL E MÉTODOS Nove amostras de café variedade Colombia, Castillo e Caturra (Coffee arabica L.) da região de Huila (Colômbia), foram analisadas sensorialmente por meio da metodología da SCAA (Specialty Coffee Association of America) e processadas no Centro Surcolombiano de Investigación en Café CESURCAFÉ, por quatro degustadores expertos (SCAA, 2015). Foram feitas as isotermas de trabalho em atividades de água entre 0.1 y 0.8 e temperaturas de 25, 30 y 40 C pelo método da isoterma de ponto de orvalho dinâmico (DDI). As medições foram realizadas em triplicata usando o Vapor Sorption Analizer (VSA Aqualab Decagon Device, Inc. Pullman, WA), com intervalos de atividade de água de 0.01 para adsorção, 0.01 para desorção e fluxo de ar de 100 ml min -1. Os dados experimentais foram modelados usando nove expressões matemáticas como se observa na tabela 1, onde X e é o teor de água de equilíbrio (kg kg -1, base seca), a w é a atividade de água, X m, K e C são os parâmetros do modelo de GAB, T é a temperatura absoluta (K) e b i são os parâmetros dos modelos empíricos. TABELA 1 Expressões matemáticas para a modelagem de grãos de café verde Modelo Referência Expressão Matemática Equação GAB Smith Kunh White and Eiring Oswin Chung-Pfost Peleg Polynomial (Corrêa et al., 2010) (Shigehisa, et al., 2015) (Domian, et al., 2018) (Sormoli & Langrish, 2015) (Shigehisa, et al., 2015) (Mousa et al., 2012) (Yogendrarajah, et al., 2015) (Mousa et al., 2012) DLP (Shittu et al., 2015) = ( ) (1 )(1 ( ) ) (1) = (1 ) (2) = (3) = 1 ( ) (4) = (5) 1 = ( ) (6) = (7) = (8) = = ( ) (9) *Foi considerado que os parámetros das equações empíricas têm uma dependência linear com a temperatura. 379

Anais - VII Conferência Brasileira de Pós-Colheita Para o ajuste e a estimação dos modelos matemáticos realizou-se uma análise de regressão não linear com a ferramenta Curve Fitting de Matlab R2017a (The MathWorks Inc., Natick, MA, USA). O coeficiente de determinação ajustado (R 2 ) e a raiz do erro adj quadrático médio (RMSE) foram usadas para avaliar o ajuste dos modelos. Segundo Bastıoğlu et al (2017), se considera que um modelo é aceitável se o RMSE é inferior a 0.1 kg kg -1, b.s. Em termos gerais altos valores de R 2 e R 2 e baixos valores de RMSE adj mostram alto ajuste (Yang et al., 2015). RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 2 apresenta os cinco modelos generalizados com o melhor ajuste dos dados experimentais ligado ao efeito da temperatura; o modelo DLP se pode considerar o que melhor representou os dados experimentais, devido a que conseguiu um valor de R 2 adj maior que 0.97 e valores de RMSE menores que 0.01 kg kg-1 b.s. Além disso, os intervalos de confiança que apresentam todos os parâmetros do modelo foram estatisticamente significativos a um nível de confiança de 95%, indicando um bom ajuste para fins práticos (Baptestini et al., 2017), portanto, se pode aplicar para predizer ou estabelecer as condições ótimas de armazenamento (umidade relativa e temperatura) em função do teor de água de equilíbrio nos grãos de café verde. O modelo Polynomial mostrou alta correspondência com os dados experimentais e parâmetros estatisticamente significativos, porém, apresentou um maior número de parâmetros que o modelo DLP. Um menor número de parâmetros para a modelagem não só simplifica os cálculos, mas também contribui para obter valores mais confiáveis, devido a que diminuem os graus de liberdade no procedimento de identificação (García-Pérez et al., 2008). Os outros quatro modelos matemáticos (White and Eiring, Oswin, Chung-Pfost, Peleg) não conseguem descrever adequadamente o fenômeno de sorção do produto, devido a que apresentam baixo ajuste (R 2 adj 0.90; RMSE 0.005 kg kg-1, b.s.). TABELA 2. Modelos matemáticos para a representação das curvas de equilíbrio higroscópico dos grãos de café verde Modelos Parâmetros Intervalos de confiança 95% R 2 adj RMSE GAB X m = 0.123 kg kg -1 b.s K= 0.163 C= 4.287 10 4 K -1 [0.12, 0.126] [0.136, 0.190] [3.962 10 4, 4.612 10 4 ] 0,918 0.003 Polynomial b 3.1 = -1.682 b 3 = 7.093 10-3 K -1 b 2.1 = 1.009 b 2 = -5.657 10-3 K -1 b 1 = 1.223 10-3 K -1 b 0 = 0.0564 [-2.001, -1.363] [6.046 10-3, 8.141 10-3 ] [0.7855, 1.232] [-6.399 10-3, -4.915 10-3 ] [1.161 10-3, 1.285 10-3 ] [0.05412, 0.05869] 0.967 0,002 380

DLP b 3 = -3.675 10-5 K -1 b 2.1 = -0.1366 b 2 = 3.899 10-4 K -1 b 1 = -5.694 10-5 K -1 b 0 = 0.1197 [-3.934 10-5, -3.416 10-5 ] [-0.1467, -0.1266] [3.571 10-4, 4.227 10-4 ] [-5.878 10-5, -5.509 10-5 ] [0.1193, 0.1201] 0.971 0.002 Smith b 2.1 = 0.1905 b 2 = -6.956 10-4 K -1 b 1.1 = 0.2114 b 1 = -3.447 10-4 K -1 [0.1532, 0.2277] [-8.181 10-4, -5.731 10-4 ] [0.1746, 0.2482] [-4.66 10-4, -2.234 10-4 ] 0.917 0.003 Kunh b 2.1 = 0.1826 b 2 = -2.358 10-4 K -1 b 1.1 = 0.07351 b 1 = -2.655 10-4 K -1 [0.1486, 0.2165] [-3.477 10-4, -1.239 10-4 ] [0.05912, 0.0879] [-3.128 10-4, -2.182 10-4 ] 0.921 0.003 A figura 1 mostra os valores experimentais e os estimados com o modelo DLP para 25, 30 y 40 C. As isotermas DDI resultantes são da forma tipo II de acordo com a classificação de Brunauer (1940) e relatada por Iaccheri et al (2015) e Pittia, et al (2006) no café verde. As isotermas mostraram um grande aumento do teor de água de equilíbrio em intervalos de atividade de água de 0.1-0.4 e 0.6-0.8. Labuza & Altunakar (2007) explicam que o comportamento observado na figura 1 acontece pelos efeitos aditivos da lei de Raoult, efeitos da capilaridade e interações da água superficial, relatam que neste tipo de isotermas são observadas duas regiões de inflexão, uma próxima de 0.2-0.4 e outra de 0.6-0.7 de atividade de água, resultado das mudanças na magnitude dos efeitos físicos e químicos separados; acumulação de multicamadas e enchimento de pequenos poros na região inferior, seguido por inchaço, preenchimento de poros dilatados e dissolução de solutos na região superior. FIGURA 1. Valores experimentais e estimados das isotermas de trabalho dos grãos de café verde para todas as temperaturas avaliadas 381

Anais - VII Conferência Brasileira de Pós-Colheita Observa-se o efeito da temperatura sobre as isotermas de sorção em atividades de água maiores; efeito estatisticamente significativo e diferenciado para a isoterma de 40 C no intervalo de atividades de água de 0.75-0.8. Os resultados permitem inferir que a higroscopicidade dos grãos de café verde aumentou com a temperatura, um efeito similar ao relatado por Eim et al (2011) para cenoura. Os autores atribuem esse comportamento ao alto teor de açúcar, mudança na estrutura cristalina do açúcar para estado amorfo e aumento do número de sítios de sorção quando os biopolímeros incham. As curvas de equilíbrio higroscópico obtidas pelo método de isotermas de ponto de orvalho dinâmico oferecem alta disponibilidade de pontos experimentais, ampla gama de trabalho e grande precisão, proporcionando uma grande vantagem para a modelagem dos dados experimentais. Sendo detalhadas e com alta resolução, facilitam o ajuste dos modelos às tendências das zonas de adsorção e dessorção e permitem obter expressões gerais capazes de representar o fenômeno de sorção em função de diferentes condições de temperatura e umidade relativa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAPTESTINI, M. F.; CORRÊA, P. C.; HORTA DE OLIVEIRA, G. H; CECON, P. R.; SOARES, F. N. F. Kinetic modeling of water sorption by roasted and ground coffee. Acta Scientiarum. 2017. Disponível em: <DOI: 10.4025/actasciagron.v39i3.32576>. Acesso em: 19 jul. 2018. BASTIOĞLU, A. Z.; KOÇ, M.; ERTEKIN, F. G.; 2017. Moisture sorption isotherm of microencapsulated extra virgin olive oil by spray drying. Food Measure. Disponível em: <DOI: 10.1007/s11694-017-9507-4>. Acesso em: 19 jul. 2018. BON, J.; VAQUIRO, H. A.; MULET, A. Modeling sorption isotherms and isosteric heat of sorption of mango pulp cv. tommy atkins. 2012. Disponível em: <http://www. scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1692-356120120002000>. Acesso em: 19 jul. 2018. BRUNAUER, S.; DEMING, S. L.; DEMING, E. W.; TELLER, E. On a Theory of the van der Waals Adsorption of Gases. J. Am. Chem. Soc. 1940. Disponível em: <DOI: 10.1021/ ja01864a025>. Acesso em: 19 jul. 2018. CORRÊA, P.C.; GONELI, L. A.; JUNIOR, A.; OLIVEIRA, H. G.; VALENTE, D. Moisture sorption isotherms and isosteric heat of sorption of coffee in different processing levels. International Journal of Food Science and Technology. 2010. Disponível em: <DO I:10.1111/j.1365-2621.2010.02373.x>.Acesso em: 19 jul. 2018. 382

DOMIAN, E.; BRYNDA-KOPYTOWSKA, A.; CIESLA, J.; GÓRSKA, A. Effect of carbohydrate type on the DVS isotherm-induced phase transitions in spray-dried fat-filled pea protein-based powders. Journal of Food Engineering. 2018. Disponível em: DOI: https://doi.org/10.1016/j.jfoodeng.2017.11.012. Acesso em: 19 jul. 2018. EIM, V. S.; ROSSELLO, G.; FEMENIA, A.; SIMAL, S. Moisture Sorption Isotherms and Thermodynamic Properties of Carrot. International Journal of Food Engineering. 2011. Disponível em: <DOI: 10.2202/1556-3758.1804>. Acesso em: 19 jul. 2018. GARCÍA-PÉREZ, J. V; CÁRCEL, J. A; CLEMENTE, G; MULET, A. Water sorption isotherms for lemon peel at different temperatures and isosteric heats. 2008. Disponível em: <doi:10.1016/j.lwt.2007.02.010>. Acesso em: 26 jul. 2018 IACCHERI, E.; LAGHI, L.; CEVOLI, C.; BERARDINELLI, A.; RAGNI, L.; ROMANI, S.; ROCCULI, P. Different analytical approaches for the study of water features in green and roasted coffee beans. Journal of Food Engineering. 2015. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.jfoodeng.2014.08.016>. Acesso em: 19 jul. 2018. LABUZA, P. T.; ALTUNAKAR, B. Water Activity Prediction and Moisture Sorption Isotherms. Water Activity in Foods: Fundamentals and Applications. 2007. Disponível em: <DOI: 10.1002/9780470376454.ch5>. Acesso em: 19 jul. 2018. MONTEIRO DA SILVA, O.; LEITE, M. C. A. Income Content of the World Coffee Exports. AD-minister. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=s1692-02792013000100005>. Acesso em: 19 jul. 2018. MOUSA, W.; MOHAMAD, F.; JINAP, S. G.; MOHD, H.; RADU, S. Sorption isotherms and isosteric heats of sorption of Malaysian paddy. J Food Sci Technol. 2012. Disponível em: <DOI 10.1007/s13197-012-0799-4>. Acesso em: 19 jul. 2018. PITTIA, P.; NICOLI, M. C.; SACCHETTI, G. Effect of moisture and water activity on textural properties of raw and roasted coffee beans. Journal of Texture Studies. 2007. Disponível em: <DOI: 10.1111/j.1745-4603.2007.00089.x>. Acesso em: 19 jul. 2018. POLTRONIERI, P.; ROSSI, F. 2016. Challenges in Specialty Coffee Processing and Quality Assurance. Challenges. 2016. Disponível em: <DOI:10.3390/challe7020019>. Acesso em: 19 jul. 2018. SCAA - Specialty Coffee Association of America. SCAA Protocols cupping specialty. 2015. Disponível em: <http://scaa.org/?page=resources&d=cupping-protocols>. Acesso em: 5 jan. 2018. 383

Anais - VII Conferência Brasileira de Pós-Colheita SCHMIDT, S. J.; LEE, W. J. Comparison Between Water Vapor Sorption Isotherms Obtained Using The New Dynamic Dewpoint Isotherm Method and those Obtained Using The Standard Saturated Salt Slurry Method. International Journal of Food Properties 15(1-2):236-248, 2012. Disponível em: <DOI: 10.1080/10942911003778014>. Acesso em: 19 jul. 2018. SHIGEHISA, T.; INOUE, T.; KUMAGAI, H. Matematical model of water sorption isotherms of UBC. Fuel Processing Technology. 2015. Disponível em: <DOI http:// dx.doi.org/10.1016/j.fuproc.2014.11.023>. Acesso em: 19 jul. 2018. SHITTU, T. A.; IDOWU-ADEBAYO, F.; ADEDOKUN, I. I.; ALADE, O. Water vapor adsorption characteristics of starch-albumen powder and rheological behavior of its paste. Nigerian Food Journal. 2015. Disponível em: DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j. nifoj.2015.04.014. Acesso em: 19 jul. 2018. SORMOLI, M. E.; LANGRISH, T. A.G. Moisture sorption isotherms and net isosteric heat of sorption for spray-dried pure orange juice powder. LWT - Food Science and Technology. 2015. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.lwt.2014.09.064>. Acesso em: 19 jul. 2018. YANG, Z.; ZHU, E.; ZHU, Z. Water desorption isotherm and drying characteristics of green soybean. Journal of Stored Products Research. 2015. Disponível em: <https:// doi.org/10.1016/j.jspr.2014.10.006>. Acesso em: 19 jul. 2018. YAZDANI, M.; SAZANDEHCHI, P.; AZIZI, M.; GHOBADI, P. Moisture sorption isotherms and isosteric heat for pistachio. Eur Food Res Technol. 2006. Disponível em: <DOI 10.1007/s00217-006-0256-6>. Acesso em: 19 jul. 2018. YOGENDRARAJAH, P.; SAMAPUNDO, S.; DEVLIEGHERE, F.; DE SAEGER, S.; DE MEULENAER, B. Moisture sorption isotherms and thermodynamic properties of whole black peppercorns (Piper nigrum L.). LWT - Food Science and Technology. 2015. Disponível em: <DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.lwt.2015.05.045>. Acesso em: 19 jul. 2018. 384