VIGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA DOS VETORES DA DOENÇA DE CHAGAS NO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO, ESTADO DO CEARÁ BRASIL



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Transcrição:

VIGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA DOS VETORES DA DOENÇA DE CHAGAS NO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO, ESTADO DO CEARÁ BRASIL Entomological surveillance of Chagas disease vectors in Farias Brito city, State of Ceará Brazil Assilon Lindoval Carneiro Freitas 1, Simone Patrícia Carneiro Freitas 2, Teresa Cristina Monte Gonçalves 3, Antônio Silva Lima Neto 4 RESUMO Este artigo tem por finalidade descrever a situação entomológica do Programa de Controle da Doença de Chagas Humana no município de Farias Brito, Estado do Ceará, no período 2001-2002. Dados secundários referentes à captura triatomínica de sete áreas do Programa Saúde da Família: Barreiro do Jorge, Carás dos Alcântaras, Cariutaba, Carnaúba dos Ribeiros, Monte Pio, Nova Betânia e Quincuncá são apresentados. Os resultados obtidos referentes à taxa de infestação, a dispersão e a distribuição geográfica das espécies possibilitaram avaliar a capacidade de colonização. Paralelamente, foi feita uma estimativa da prevalência dos índices de infecção natural dos triatomíneos pelo Trypanosoma cruzi. Das cinco espécies vetoras autóctones, Triatoma brasiliensis, Triatoma pseudomaculata, Panstrongylus megistus, Panstrongylus lutzi e Rhodnius nasutus, as duas primeiras são nativas, ubiqüistas, predominantemente peridomiciliares e de difícil controle. Um trabalho de vigilância epidemiológica de caráter contínuo se faz necessário, uma vez que a desativação regional da Fundação Nacional de Saúde impõe a absorção das atividades pelo município. PALAVRAS-CHAVE Hemíptera, Triatominae, saúde pública, doença de Chagas ABSTRACT The purpose of this article was to describe the entomological situation of the Human Chagas disease Control Program in the city of Farias Brito, State of Ceará, Brazil, in the period of 2001-2002. Data concerning the captures of triatomines in seven areas of the Family Health Program: Barreiro do Jorge, Carás dos Alcântaras, Cariutaba, Carnaúba dos Ribeiros, Monte Pio, Nova Betânia and Quincuncá are presented. The results concerning the infestation rates, dispersion and geographic distribution of the vectors make it possible to evaluate the level of settling capacity. Besides, an estimate of the prevalence of natural infection index of the triatomines for the Trypanosoma cruzi 1 Especialista em Gestão de Vigilância Ambiental em Saúde. 20 a Célula Regional de Saúde, Crato/CE. Endereço: Rua Professor Filgueira Sampaio, 310 Crato CE - CEP: 63.125-060 E-mail: assilon@saude.ce.gov.br 2 Doutora em Entomologia. Departamento de Biologia Animal da Universidade Federal de Viçosa. 3 Doutora em Biologia Parasitária. Pesquisadora Titular do Setor de Morfologia e Ultra-estrutura de Artrópodes do Departamento de Entomologia do Instituto Oswaldo Cruz. 4 Mestre em Saúde Pública. Professor da Universidade de Fortaleza - UNIFOR. C AD. SAÚDE COLET., RIO DE JANEIRO, 15 (2): 231-240, 2007 231

A SSILON LINDOVAL CARNEIRO FREITAS, SIMONE PATRÍCIA CARNEIRO FREITAS, T ERESA CRISTINA MONTE GONÇALVES, ANTÔNIO SILVA LIMA NETO was obtained. Five species are considered autochthonous, Triatoma brasiliensis, Triatoma pseudomaculata, Panstrongylus megistus, Panstrongylus lutzi and Rhodnius nasutus. The first two are native, ubiquitous, mostly peridomiciliary and difficult to control. A continuous epidemiological surveillance becomes necessary as the regional deactivation of the National Foundation of Health imposes the absorption of the activities by city health department. KEY WORDS Hemiptera, Triatominae, public health, Chagas disease 1. INTRODUÇÃO O Nordeste brasileiro é tido como uma macrorregião onde a doença de Chagas ocorre endemicamente. Nele, diferentes sub-regiões fisiográficas comportam diversas espécies de triatomíneos. O Estado do Ceará, com cobertura vegetal predominante de caatinga, possui uma vasta área rural, com habitações humanas precárias, propiciando abrigo a várias espécies de triatomíneos de importância na saúde pública: Triatoma brasiliensis, Triatoma pseudomaculata, Panstrongylus megistus, Panstrongylus lutzi e Rhodnius nasutus. Há muitos destaques históricos pertinentes à doença de Chagas no Nordeste. Segundo Alencar (1977), o conhecimento da existência no Ceará de condições epidemiológicas adequadas ao desenvolvimento da doença de Chagas data de 1921, quando Gavião Gonzaga verificou triatomíneos infectados no Cariri, Quixadá e Baturité. Entretanto, somente 21 anos depois foram diagnosticadas as primeiras infecções humanas, quando realizadas no Cariri investigações epidemiológicas por Albuquerque, Brito e Morais, e, no mesmo ano, por Pondé, Mangabeira e Jansen, com o encontro de seis casos todos comprovados por xenodiagnóstico. Neiva e Pinto, em 1923, registraram o Panstrongylus megistus na Ibiapaba e, em 1922, o Triatoma brasiliensis, espécie também registrada por Evandro Chagas, em 1932, no sertão jaguaribano (Alencar & Sherlock, 1962). A partir do ano 2000, a vigilância epidemiológica foi mantida nas áreas assimiladas pelo processo de descentralização dos serviços de saúde, quando os estados e municípios então passaram a realizar as ações do programa. O município de Farias Brito logo que assumiu o programa de controle da doença de Chagas passou a executá-lo com pleno êxito, alcançando, no período 2001-2002, sem nenhuma interrupção, 100% de cobertura das localidades rurais, áreas onde ocorrem o ciclo parasitário doméstico na transmissão de Trypanosoma cruzi. O presente trabalho visa analisar os índices de infestação predial, distribuição e infecção natural por T. cruzi, das espécies de triatomíneos que ocorrem no município de Farias Brito CE, bem como a sua importância epidemiológica na transmissão da doença de Chagas no município. Tais dados podem vir a estabelecer 232 CAD. SAÚDE COLET., RIO DE JANEIRO, 15 (2): 231-240, 2007

V IGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA DOS VETORES DA DOENÇA DE CHAGAS NO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO, ESTADO DO CEARÁ BRASIL um perfil do quadro atual do programa de controle da doença de Chagas nesse município. 2. METODOLOGIA Farias Brito, município do Estado do Ceará, está localizado na Região do Cariri, mais precisamente na Microrregião 75, denominada Serra do Caririaçu, ocupando uma área geográfica de 476,8 km², distante cerca de 479 km de Fortaleza (latitude: 6º55 50"S e longitude: 39º33 56"W) (Figura 1). Esse município apresenta clima seco, caracterizado por temperaturas que variam entre 22ºC e 32ºC, sendo a média 28ºC. O relevo é constituído por vales (planícies) e serras (planaltos), sendo a serra do Quincuncá a de maior altitude, formada por um chapadão de terra roxa situado a leste em sentido sul-norte, de indiscutível importância para a agricultura local. O Vale do Cariús, banhado pelo rio que leva o mesmo nome, e principal afluente do rio Jaguaribe, corta o município no sentido sul-norte. A última faixa territorial, de altitude intermediária, é constituída de terras relativamente férteis e clima árido. A vegetação predominante é a caatinga arbórea, embora haja introdução de serrado e arbustos de pequeno porte (Farias Brito, 2000). Segundo o censo (IBGE, 2000), o município de Farias Brito possui uma população de 20.315 habitantes, e, destes, 8.726 residem na zona urbana e 11.589 residem na zona rural, dado este relevante no que diz respeito à doença de Chagas, uma vez que a transmissão vetorial se dá, predominantemente, nas áreas rurais. Figura 1 Município de Farias Brito e as sete áreas de PSF estudadas. C AD. SAÚDE COLET., RIO DE JANEIRO, 15 (2): 231-240, 2007 233

A SSILON LINDOVAL CARNEIRO FREITAS, SIMONE PATRÍCIA CARNEIRO FREITAS, T ERESA CRISTINA MONTE GONÇALVES, ANTÔNIO SILVA LIMA NETO Para o atual trabalho, basicamente, compulsaram-se os dados secundários disponíveis na Coordenadoria Técnica de Endemias da 20ª Célula Regional de Saúde SESA/CE e Coordenação Técnica de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde de Farias Brito, seguindo roteiro de avaliação do Programa de Controle da Doença de Chagas Humana PCDCh de acordo com os critérios do Manual de Normas Técnicas da SUCAM (Brasil, 1980), como também obedecendo aos preceitos éticos da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O enfoque básico foi, naturalmente, o conjunto de dados entomológicos e de controle, sistematizados em tabela comparativa por localidades e período do estudo, quando as atividades foram absorvidas pelo município. As capturas foram realizadas nos ambientes domiciliares e peridomiciliares em sete localidades rurais do município: Barreiro do Jorge, Carás dos Alcântaras, Cariutaba, Carnaúba dos Ribeiros, Monte Pio, Nova Betânia e Quincuncá (Figura 1). Os dados apresentados são referentes às capturas triatomínica das áreas rurais do Programa Saúde da Família existentes no município de Farias Brito, Estado do Ceará. Entre as localidades, foram observadas as espécies capturadas nos anos de 2001 e 2002. A forma de seleção destas localidades compreendeu a abrangência de cada unidade do Programa Saúde da Família, com representatividade de aproximadamente 80% de cobertura do território municipal. Uma série de trabalhos pioneiros sobre a doença de Chagas no Nordeste foram consultados, sendo os principais referidos na bibliografia do texto. Os indicadores triatomínicos-tripanossômicos e operacionais utilizados foram: a prevalência da infestação triatomínica nos domicílios, a prevalência da distribuição e dispersão das espécies vetoras e a ocorrência de infecção natural nos triatomíneos por T. cruzi. A partir dessas prevalências, foi calculado o teste t, a fim de ser definida a significância da diferença entre as prevalências nos dois anos, verificando-se até que ponto são significativas estatisticamente na população do estudo. É sabido que na região nordestina ocorrem todas as principais formas clínicas da doença de Chagas (Dias et al., 2000). Com o apoio dos Agentes Comunitários de Saúde ACS e das Equipes do Programa Saúde da Família PSF, realizamos uma pesquisa de campo com o objetivo de identificar o número de indivíduos chagásicos residentes nas respectivas localidades em estudo, e, então, conhecermos a evolução da transmissão da doença e seu impacto de morbidade no município. Foram encontrados seis casos humanos soropositivos do mal de Chagas, onde todos apresentam o quadro clínico na fase crônica cardíaca da doença. Esses portadores encontram-se distribuídos nas seguintes localidades: Barreiro do Jorge (1), Carás dos Alcântaras (2), Quincuncá (1), Clemente (1), área próxima a Carás dos Alcântaras e em Juá (1), área próxima a Cariutaba. 234 CAD. SAÚDE COLET., RIO DE JANEIRO, 15 (2): 231-240, 2007

V IGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA DOS VETORES DA DOENÇA DE CHAGAS NO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO, ESTADO DO CEARÁ BRASIL 3. RESULTADOS No Nordeste do Brasil, já foram identificadas mais de 27 espécies ou subespécies de triatomíneos transmissores da T. cruzi, o que corresponde a mais da metade das espécies detectadas no Brasil (Dias et al., 2000). Os dados apresentados são referentes às capturas triatomínica das áreas rurais do Programa Saúde da Família existentes no município de Farias Brito, Estado do Ceará. Os dados entomológicos registraram a presença das cinco principais espécies de triatomíneos reconhecidas como ocorrentes no Estado do Ceará: T. brasiliensis, T. pseudomaculata, P. megistus, P. lutzi e R. nasutus. Nas sete localidades trabalhadas, foram capturados 1.757 triatomíneos em 2001 e 1.830 no ano de 2002, sendo os Carás dos Alcântaras a que apresentou o maior número de triatomíneos capturados nos dois anos, 472 espécimes, e Carnaúba dos Ribeiros a que registrou o menor número, com 47 espécimes (Tabela 1). Pôde-se observar que o índice de infestação predial diminuiu de 12,80% em 2001 para 10,54% em 2002. A localidade de Carás dos Alcântaras apresentou o maior índice de infestação predial nos dois anos do programa, com 21,6% em 2001 e 20,93% em 2002, enquanto que Barreiro do Jorge obteve o menor índice, mostrando 6,0% em 2001 e 6,1% em 2002. Chama a atenção a grande dispersão de T. pseudomaculata e do T. brasiliensis. Na localidade de Barreiro do Jorge, foram capturados 81 espécimes de T. pseudomaculata, uma de P. megistus e seis de R. nasutus; em Carás dos Alcântaras, 134 espécimes de T. brasiliensis e 338 de T. pseudomaculat; em Cariutaba, 57 espécimes de T. brasiliensis e 30 de T. pseudomaculata; em Carnaúba dos Ribeiros, 13 espécimes de T. brasiliensis, 27 de T. pseudomaculata, e sete de R. nasutus; em Monte Pio, 36 espécimes de T. brasiliensis e 63 de T. pseudomaculata; em Nova Betânia, 22 espécimes de T. brasiliensis e 54 de T. pseudomaculata; em Quincuncá, 17 espécimes de T. brasiliensis, 168 de T. pseudomaculata, seis de P. megistus e apenas um espécime de P. lutzi. Na Tabela 1, observa-se uma pequena redução no total da população triatomínica domiciliada (54,22% 45,8%) e peridomiciliada (52,96% 47,4%) capturada em 2001 e 2002. A espécie T. brasiliensis apresentou taxa de infestação reduzida de 79,22% (2001) para 70,77% (2002) no domicílio, e de 20,07% (2001) para 15,15% (2002) no peridomicílio. Ao contrário, T. pseudomaculata apresentou elevação da taxa de infestação de 20,78% (2001) para 29,2% (2002) no domicílio e 76,81% (2001) para 82,8% (2002) no peridomicílio. P. megistus, P. lutzi e R. nasutus foram capturados apenas no peridomicílio, havendo uma redução de espécimes de P. megistus capturados em 2002 (0,23%) e um aumento para R. nasutus (1,9%), não sendo capturado nenhum espécime de P. lutzi. O teste t não mostrou uma diferença significativa da prevalência (p = 0,271) entre os dois anos. C AD. SAÚDE COLET., RIO DE JANEIRO, 15 (2): 231-240, 2007 235

A SSILON LINDOVAL CARNEIRO FREITAS, SIMONE PATRÍCIA CARNEIRO FREITAS, T ERESA CRISTINA MONTE GONÇALVES, ANTÔNIO SILVA LIMA NETO Tabela 1 Índice de infestação predial e levantamento de triatomíneos, por localidade, do município de Farias Brito, Estado do Ceará, no período de 2001-2002. Fonte: 20ª CERES e Secretaria Municipal de Saúde. P = positivos, N = negativos, A = Anexo, D= domicílio, Tb = T. brasiliensis, Tp = T. pseudomaculata, Pm = P. megistus, Pl = P. Lutzi, Rn = R. nasutus * presença de três espécimes de T. pseudomaculata positivos para T. cruzi. 236 CAD. SAÚDE COLET., RIO DE JANEIRO, 15 (2): 231-240, 2007

V IGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA DOS VETORES DA DOENÇA DE CHAGAS NO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO, ESTADO DO CEARÁ BRASIL A tabela ressalta, ainda, que a taxa de infecção natural por T. cruzi é muito baixa, apenas três espécimes de T. pseudomaculata, capturados no peridomicílio, foram positivos, dois no Sítio Fazenda e um em Tabuleiro dos Mendes, ambas na área de Quincuncá. É certo que a transmissão natural da doença de Chagas no país foi grandemente difundida e que há tecnologia bastante para sustentar os níveis de controle alcançados (Vinhaes, 2000). O Brasil e outros países do Cone Sul estão comemorando a eliminação do T. infestans, o que representa um enorme avanço nos índices de incidência e de impacto da doença humana. 4. DISCUSSÃO Segundo Dias et al. (2000), no Nordeste, o grande número de espécies chama a atenção, indicando diversidade ambiental e ação antrópica. A transmissão da doença de Chagas no Nordeste ocorreu basicamente por meio de P. megistus, T. brasiliensis e T. infestans (espécies básicas) em suas áreas próprias de ocorrência, tendo P. megistus diminuído sua densidade em praticamente todo o Nordeste, restando como espécie mais importante T. brasiliensis, sendo os T. pseudomaculata imediatamente como espécies secundárias. As diferenças fundamentais de comportamento e distribuição das espécies triatomínicas se explicam pela ecologia de cada microrregião, pelo tipo e intensidade da ação antrópica, pela capacidade de domiciliação e colonização de cada espécie. Em alguns casos, as associações dos triatomíneos, em relação ao habitat e ao hospedeiro, parecem ser cada vez mais especializadas, ou seja, as espécies se adaptam a habitats particulares, devido à procura pela fonte vertebrada de alimentação. No presente estudo, a presença de espécimes de P. megistus em Barreiro do Jorge e Quincuncá pode ser devido ao fato dessas localidades estarem entre 720 a 760m de altitude, ambientes ideais para esta espécie que se restringe a microrregiões e microambientes umbrosos e mais úmidos. o R. nasutus em Barreiro do Jorge, encontra-se associado a ninhos de aves em palmáceas, como a macaúba (acrocomia sderocarpa), bastante comum na região, que se tornam habitats naturais da espécie. Apesar de terem sido capturados apenas indivíduos adultos de P. megistus, a presença desses no peridomicílio os torna importantes para a vigilância epidemiológica, uma vez que podem formar colônias e manterem o ciclo de transmissão do parasito entre o homem e os animais domésticos nas áreas citadas. O T. pseudomaculata foi encontrado no peridomicílio de todas as localidades, o que está de acordo com as observações feitas por Alencar e Sherlock (Bento et al., 1989). É provável que o baixo grau de domiciliação observado seja, em parte, devido à presença de T. brasiliensis no interior do domicílio, por encontrarem condições adequadas, como abrigo e alimentação no peridomicílio (anexos) e C AD. SAÚDE COLET., RIO DE JANEIRO, 15 (2): 231-240, 2007 237

A SSILON LINDOVAL CARNEIRO FREITAS, SIMONE PATRÍCIA CARNEIRO FREITAS, T ERESA CRISTINA MONTE GONÇALVES, ANTÔNIO SILVA LIMA NETO ao uso constante de inseticidas aplicado no interior das residências como forma de controle vetorial, mantendo-os livres de infestações triatomínicas (Oliveira-Filho et al., 2000). A tabela mostra o T. pseudomaculata como sendo a espécie com o maior número de indivíduos capturados (387 em 2001 e 374 em 2002), em relação às demais espécies no mesmo período, destes foram identificados três exemplares positivos para T. cruzi, demonstrando taxas de infecção natural baixa (0,61%), enquanto que todas as outras espécies capturadas foram negativas para T. cruzi. A espécie T. brasiliensis é considerada a principal transmissora da doença de Chagas no Estado do Ceará, podendo, em algumas regiões, outras espécies apresentarem taxas de infecção mais elevada (Alencar et al., 1976). A tabela mostra que o T. brasiliensis é uma espécie dispersa e abundante, encontrada nas localidades mais áridas e quentes do município, justamente por suas características euritrópicas, pouco higrófila e capaz de suportar temperaturas muito elevadas. Os dados esboçados na tabela mostram que, no município de Farias Brito espécies como T. brasiliensis e T. pseudomaculata vem mantendo altos níveis de infestação e de colonização tanto no domicílio quanto no peridomicílio (anexos). Verifica-se ainda, que o número de espécimes de T. pseudomaculata capturados é consideravelmente maior que T. brasiliensis, podendo assim indicar T. pseudomaculata como sendo a espécie mais importante no município de Farias Brito, o que preocupa justamente por ser espécies nativas com potencial invasivo e de difícil controle. A tabela mostra ainda que foram capturados apenas 13 exemplares de R. nasutus, seis exemplares na localidade do Barreiro do Jorge nos dois períodos do estudo, e sete exemplares na Carnaúba dos Ribeiros em 2002, todos capturados no peridomicílio (anexos), caracterizando-os como espécie silvestre, sem importância epidemiológica na transmissão da doença de Chagas no município. Da espécie P. lutzi, foi capturado apenas um exemplar na localidade de Quincuncá em 2001. Da espécie P. megistus, foi capturado um exemplar na localidade de Barreiro do Jorge em 2001 e seis exemplares em 2002, na localidade de Quincuncá nos dois períodos. Embora capturados no peridomicílio, merece maior atenção por terem facilidade de formar colônias no intradomicílio. Embora os níveis de infecção sejam incompatíveis com a transmissão, é necessário um trabalho de vigilância de caráter contínuo, com pronta intervenção por parte da Secretaria Municipal da Saúde, uma vez que a presença dos triatomíneos nesses ambientes pode manter o ciclo do parasito T. cruzi entre homens e animais. A presença de triatomíneos no peridomicílio, na região do Cariri, também pode estar associada ao fato das pessoas estarem levando para casa e para áreas em torno da mesma, madeira do ambiente silvestre, que poderão conter triatomíneos, principalmente, nas formas jovens, conseqüentemente, ocasionando 238 CAD. SAÚDE COLET., RIO DE JANEIRO, 15 (2): 231-240, 2007

V IGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA DOS VETORES DA DOENÇA DE CHAGAS NO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO, ESTADO DO CEARÁ BRASIL uma forma de dispersão passiva dos vetores (Freitas et al., 2004). Esses dados podem ser considerados, uma vez que o município de Farias Brito possui uma cobertura vegetal predominante de caatinga hiper-xerófila onde predominam as famílias das Eufortbiceae, representadas principalmente pelos marmeleiros (Cróton sap) e a jurapreta (Mimosa tenunuiflora willdenow), utilizada pela população rural como principal fonte energética doméstica, como também na construção de abrigo para animais. 5. CONCLUSÃO A grosso modo, o perfil esboçado mostra que no município de Farias Brito ocorrem as principais espécies vetoras na transmissão da doença de Chagas no Estado do Ceará, dentre elas se destacam duas espécies: o T. pseudomaculata e o T. brasiliensis; principalmente por terem um comportamento vetorial de colonização peridomiciliar, as demais espécies registradas não têm apresentado tendências fortes à domiciliação; portanto, ocorrem em densidades relativamente menores e comportamento vetorial mais domiciliado, o que favorece o sua eliminação principalmente mediante o controle químico continuado pelo município. A doença de Chagas ainda é um importante problema de saúde pública no Nordeste e torna-se importante para as autoridades sanitárias do município manter a continuidade do PCDCh, principalmente no que diz respeito às duas espécies (T. pseudomaculata e o T. brasiliensis) nativas, que têm o potencial invasivo e de difícil controle. A comprovada eficácia das campanhas de controle, utilizando produtos químicos e inseticidas de ação residual na dedetização das residências infestadas, ação até então recomendada como primeira alternativa no controle dos vetores, não implica em subestimar a importância de outras medidas relevantes, tais como melhoramento das habitações, a higiene dos anexos, o envolvimento e a participação comunitária da educação para saúde das populações que vivem nas áreas onde ocorrem as infestações dos triatomíneos. As ações profiláticas da doença de Chagas abrangem vários aspectos, que vão desde o controle ao vetor e às formas de transmissão da doença, passando pela prevenção da morbi-mortalidade com a assistência médica de qualidade, que deveria ser acessível a toda população chagásica e terminando com ações que visam à reintegração dos indivíduos à sociedade. * Agradecimentos: Ao Dr. José Leiva Cabral, gerente da 20ª Célula Regional de Saúde, e à Dra. Sheyla Martins Alves, Secretária Municipal de Saúde de Farias Brito, pelo apoio na realização deste trabalho. Aos Agentes Comunitários de Saúde e aos profissionais médicos e enfermeiros do Programa Saúde da Família, pela colaboração e apoio na busca e identificação de portadores chagásicos no município de Farias Brito, e ao Sr. Vicente de Paula Pereira Matos, Coordenador de Endemias da 20ª Célula Regional de Saúde, pelo aporte e fornecimento dos dados entomológicos. C AD. SAÚDE COLET., RIO DE JANEIRO, 15 (2): 231-240, 2007 239

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