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Transcrição:

Prof. Dr. Vander Ferreira de Andrade vanderandrade@bol.com.br

Apelação Recurso contra decisões definitivas, que julgam extinto o processo, apreciando ou não o mérito, devolvendo ao Tribunal Amplo conhecimento da matéria Hipóteses de cabimento da apelação (art. 593 CPP) Prazo: 5 (cinco) dias

Das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular Somente as sentenças que condenam ou absolvem o réu são decisões de mérito O réu pode apelar contra decisão absolutória, para alterar o dispositivo da sentença Muitos juízes consideram como antecedentes decisões absolutórias, por falta de provas; melhor portanto a absolvição por exclusão da ilicitude do que por insuficiência probatória.

Das decisões definitivas ou com força de definitivas proferidas por juiz singular nos casos não abrangidos pelo RESE Não julgam o mérito; colocam fim a controvérsia do processo principal ou do incidental (podem ou não extingui-lo). Também chamadas de decisões interlocutórias mistas. Ex: decisão definitiva, que coloca fim ao processo: quando o juiz extingue de ofício, o feito, por reconhecer a exceção da coisa julgada. Cabe apelação.

Das decisões do Tribunal do Júri (art. 593) ocorrer nulidade posterior à pronúncia for a sentença do juiz presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos

Apelação no Tribunal do Júri Garante o duplo grau de jurisdição, ao mesmo tempo em que busca preservar a soberania dos veredictos. Súmula 713 STF: O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição. Penas elevadas demais para réus primários ou excessivamente brandas para reincidentes, sem ter havido fundamento razoável, ou MS incompatíveis com a doença mental apresentada pelo réu podem ser alteradas pela interposição do recurso.

Apelação no Tribunal do Júri A simples existência do recurso de apelação questionando a decisão dos jurados não constitui ofensa ao princípio da soberania dos veredictos - (harmonização dos princípios) Os jurados podem errar e nada impede que o tribunal reveja a decisão, impondo a necessidade de fazer um novo julgamento. O juiz togado não substitui o jurado na tarefa de dar a última palavra quanto ao crime doloso contra a vida que lhe for apresentado para julgamento. Provido o recurso, por ter o júri decidido contra a prova dos autos, cabe ao Tribunal proferir uma outra decisão. Esta, sim, torna-se soberana, porque essa apelação só pode ser utilizada pela defesa uma única vez (art. 593, 3.º in fine).

Apelação no Tribunal do Júri O princípio da soberania dos veredictos não se aplica à Justiça Militar (Justiça Especial). Tribunal do Júri (Justiça Comum) Da sentença do Conselho Militar Federal de 1.º grau, cabe recurso ao STM, o qual pode ingressar no mérito da decisão, reformando a sentença para condenar ou absolver o réu. A soberania dos veredictos está reservada ao colegiado de jurados (Tribunal do Júri), pessoas leigas, em crimes comuns dolosos contra a vida.

Apelação no Tribunal do Júri Quando o tribunal dá provimento ao apelo contra decisão absolutória do Júri para que novo julgamento se realize, atendendo a pedido do MP, não pode restaurar os efeitos de eventual prisão preventiva que fora decretada pelo juiz de 1.º grau, sem que existam novos fundamentos.

Princípio da Unirrecorribilidade das Decisões Cada decisão comporta um único recurso cabível; não é viável combater um julgado por variados mecanismos (pode gerar decisões contraditórias, insegurança e ausência de economia processual). Exceção: quando o fato da decisão comportar mais de um fundamento, motivador de mais de um recurso. Ex: recurso extraordinário e especial, contra acórdão, desde que a decisão contrarie a CF e a dê à lei federal interpretação diversa da que lhe tenha dado outro tribunal.

Legitimidade Recursal do MP e de Terceiros Pode o representante do MP interpor recurso em favor do réu, pois o promotor não está vinculado à acusação, podendo, dada sua independência funcional, acreditar na inocência do acusado ou concluir que a pena aplicada foi exagerada. O MP não é obrigado a recorrer; faculdade, vinculada ao convencimento do representante da sociedade. Se o MP apresentar recurso, não poderá desistir - consequência da obrigatoriedade da ação penal e da indisponibilidade do processo.

MP na Ação Penal Privada: Apelação O MP não tem legitimidade para recorrer de sentença absolutória em ação penal privada. O MP pode apresentar recurso de apelação contra a decisão condenatória, que não aplicou corretamente a pena ou que, injustamente, sem provas suficientes, condenou o querelado.

Deserção Há possibilidade de deserção, quando não houver o pagamento das custas (art. 806, 2.º) e as despesas de traslado (art. 601, 2.º). Essas hipóteses continuam viáveis, após a revogação do art. 595 do CPP, pois não tem vinculação alguma com a prisão cautelar e a fuga do réu.

Efeitos da Apelação Ao contrário da absolutória, cujo efeito é meramente devolutivo, a sentença condenatória deve ter efeito devolutivo e suspensivo, não sendo executada, até que haja o trânsito em julgado, a fim de não se ofender o princípio da presunção de inocência (art. 597, CPP).

Efeitos da Apelação (art. 393 CPP) são efeitos da sentença condenatória recorrível: I ser o réu preso ou conservado na prisão, assim nas infrações inafiançáveis, como nas afiançáveis enquanto não prestar fiança; II ser o nome do réu lançado no rol dos culpados. Havendo condenação a PPL, em regime fechado ou semiaberto, havendo requisito da prisão preventiva, existe razão para, cautelarmente, segregá-lo. Não mais tem aplicação o inciso II. Está revogado pelo princípio constitucional da presunção de inocência.

Direito à Execução Provisória da Pena Súmulas 716 STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória ; Súmula 717 STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.

Princípio da Voluntariedade dos Recursos (art. 599 CP) A apelação pode ser interposta quer em relação a todo o julgado, quer em relação a parte dele, permitindo à parte a livre apreciação da decisão judicial. O inconformismo pode ser total, discordando o réu, da condenação, da pena, do regime; pode ser parcial, questionando somente a pena aplicada ou o regime. Idem para o MP.

Prazos Sucessivos (art. 600, 3.º, CPP) Havendo 2 ou + apelantes ou apelados, os prazos serão comuns (economia processual) - todos (apelantes e apelados) devem se manifestar no mesmo prazo. Crítica: inviabilização da ampla defesa e restrição do duplo grau de jurisdição. Em processos complexos, as partes necessitam ter os autos em mãos para estudar o seu conteúdo, confrontar provas e apresentar as razões, o que se torna impossível quando o prazo é comum e não se concede carga dos autos fora de cartório. Assim, o juiz permite que os prazos sejam sucessivos. Perspectiva contrária: processo eletrônico