EXMO. SR. DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ESPÍRITO SANTO Suspensão de segurança nº 2009.02.01.003242-2 A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, SEÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, com sede na Av. Marechal Câmara, nº 150, Centro, Rio de Janeiro, inscrita no CNPJ sob o nº 33.648.981/0001-37, vem, por seus procuradores abaixo assinados, com fulcro no artigo 15, 5º da Lei 12.016/09, requerer a EXTENSÃO DA SUSPENSÃO JÁ DEFERIDA NESTES AUTOS, pelos motivos que passa a expor: 1- Como se depreende da inicial, trata-se de pedido de suspensão dos efeitos de sentença concedida pelo MM. Juízo da 23ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, a qual julgou procedente o pedido para permitir a inscrição de bacharéis em direito, sem a exigência legal da aprovação em exame de ordem (art. 8º, IV da lei 8.906/94), por reputá-la inconstitucional.
2- Ocorre que, em 13.04.2009, foi autuado sob o nº 2009.51.01.008280-4 e distribuído à mesma 23ª Vara Federal mandado de segurança com causa de pedir e pedido idênticos (inicial doc. 1), na qual figura como impetrante o bacharel MARCO ANTÔNIO DOS ANJOS. 3- A magistrada a quo, Dra. Maria Amelia Senos de Carvalho, deferiu a antecipação dos efeitos da tutela (decisão publicada em 27.04.2009 doc. 2), confirmando seu entendimento (absolutamente isolado, diga-se de passagem) já manifestado na decisão suspensa no bojo do presente procedimento. 4- Interposto agravo de instrumento (doc. 3), foi concedido efeito suspensivo pelo relator, Des. Antonio Cruz Netto (doc. 4). 5- Nada obstante, a referida magistrada prolatou sentença de mérito, confirmando a antecipação dos efeitos da tutela anteriormente concedida nos seguintes termos: Ora, a Carta Magna limita o direito ao exercício da profissão à qualificação profissional fixada em lei. Qualificação é ensino, é formação. Neste aspecto, o exame de ordem não propicia qualificação nenhuma e como se vê das recentes notícias e decisões judiciais reconhecendo nulidade de questões dos exames (algumas por demais absurdas), tampouco serve como instrumento de medição da qualidade do ensino obtido pelo futuro profissional. Desta forma, a L. 8.906/94 no seu art. 8o, inc. IV é inconstitucional. A OAB por outro lado, não se constitui em instituição de ensino como disciplinada pela L. 9.394/96. Isto posto, CONCEDO A SEGURANÇA e confirmo a liminar para determinar à autoridade coatora que se abstenha de exigir do impetrante submissão a exame de ordem para conceder-lhe
inscrição, bastando para tanto o cumprimento das demais exigência do art. 8o. da L. 8.906/94. 6- Ressalte-se que já foi interposto o recurso de apelação em 28.08.2009 (doc. 7). No entanto, como é sabido, a apelação em mandado de segurança é despida de efeito suspensivo, já que comporta execução provisória (art. 14, 3º, da Lei 12.016/2009). Observe-se também que, de acordo com o disposto no art. 15, 3º da referida Lei, a interposição do recurso cabível contra a decisão não prejudica, nem condiciona a suspensão de sua eficácia por este meio. 7- Daí a necessidade deste requerimento, para evitar a consumação irreversível da sentença proferida pela juíza da 23ª Federal. 8- Essa, portanto, a decisão que se pretende suspender, pela sistemática positivada pela Lei 12.016/2009 (nova lei do mandado de segurança). 9- Conforme se depreende da mera leitura das decisões - aquela já suspensa neste procedimento (doc. 5) pela decisão de fls. 61-65 e a nova decisão proferida pela mesma magistrada no mandado de segurança nº 2009.51.01.008280-4 (doc. 6)-, são elas absolutamente idênticas. 10- A nova Lei do mandado de segurança (Lei n. 12.016/2009), em vigor desde 10.08.2009, dispõe o seguinte: Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o
presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição. (...) 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original. 11- Ressalte-se que o impetrante já requereu administrativamente sua inscrição nos quadros da OAB/RJ, o que, sem a suspensão ora requerida, se tornará muito em breve irreversível (assim que cumprida a tramitação interna regular, o que ocorrerá em poucos dias). 12- O que se pretende, portanto, é precisamente aditar o pedido inicial (fls. 25-26), requerendo a V. Exa. que, reconhecendo a absoluta identidade entre os objetos referidos processos, estenda liminarmente e inaudita altera parte ( antes mesmo da oitiva dos interessados e do Ministério Público - art. 14, 4º, da Lei 12.016/2009) os efeitos da suspensão já deferida na decisão de fls. 61-65 à sentença que julgou procedente o pedido do mandado de segurança nº 2009.51.01.008280-4, em que figura como impetrante o bacharel Marco Antônio dos Anjos, pelos mesmos argumentos de fundo já aduzidos na inicial de fls. 02-26, bem como nos documentos a ela acostados, até seu trânsito em julgado. 13- Ao final, após a realização do contraditório com a citação dos interessados e intimação do Ministério Público, requer a confirmação da liminar anteriormente concedida, a fim de suspender definitivamente os efeitos da
sentença proferida no processo nº 2009.51.01.008280-4 (23ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro), até seu trânsito em julgado. Nestes termos, Pede deferimento. Rio de Janeiro, 9 de setembro de 2009. RONALDO CRAMER Procurador-Geral da OAB/RJ OAB/RJ 94.401 GUILHERME PERES DE OLIVEIRA Subprocurador-Geral da OAB/RJ OAB/RJ 147.553 WADIH DAMOUS Presidente da OAB/RJ OAB/RJ 768-B