AVALIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA EM POLICIAIS MILITARES DE CAMPINA GRANDE-PB

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA EM POLICIAIS MILITARES DE CAMPINA GRANDE-PB Ana Karoline Rocha Cordeiro 1 ; Karla Simone Maia da Silva 2 ; Jamille Virgínia Cosme Simão 2 ; Patrícia Maria de Freitas e Silva 3 ; Heronides dos Santos Pereira 4. RESUMO A Síndrome Metabólica (SM) descreve um conjunto de fatores de risco metabólico que se manifestam num indivíduo e aumentam as chances de desenvolver doenças cardíacas, derrames e diabetes. Essa síndrome está totalmente relacionada as doenças cardiovasculares que se desenvolvem a partir da ação de vários fatores de risco. Além da idade, a obesidade, o sedentarismo, a hipertensão arterial, o diabetes e as dislipidemias têm papel importante no contexto dessas doenças. Alterações no perfil lipídico estão frequentemente associadas à Síndrome metabólica que inclui ainda a resistência à insulina e pressão arterial elevada. Com a prevalência destes fatores na população em geral, esta pesquisa objetivou avaliar a presença de síndrome metabólica em policiais militares do Segundo Batalhão de Polícia Militar de Campina Grande- PB. Para tal, foram feitas análises das dosagens bioquímicas e dos hábitos que interferem na saúde de 73 profissionais, com faixa etária entre 18 e 60 anos. A presença de síndrome metabólica foi definida de acordo com NCEP-ATP III. Os resultados obtidos mostram que 39% apresentaram síndrome metabólica com alta prevalência de obesidade (84,9%), hipertensão (75,3%), hipertrigliceridemia (54,7%) e glicemia alterada (63,0%). Foi evidenciada a importância do acompanhamento, da atenção farmacêutica, do controle dos parâmetros bioquímicos, como também a prevenção de eventos cardiovasculares, promovendo uma melhor qualidade de vida para esses profissionais. Palavras-chave: Síndrome metabólica. Doenças cardiovasculares. Fatores de risco. ABSTRACT Metabolic syndrome (MS) describes a group of metabolic risk factors that increases the chances of personal development of heart disease, stroke and diabetes. This syndrome is totally related to cardiovascular diseases that happens because of several risk factors. Besides age, obesity, physical inactivity, high blood pressure, diabetes, and dyslipidemia have important roles in these diseases. Changes in lipid profile are often associated with metabolic syndrome, which includes insulin resistance and high blood pressure. Considering the prevalence of these factors in the general population, this study aims to evaluate the presence of metabolic syndrome in some military police men in Campina Grande- PB. For this, biochemical dosages and habits that interfere with the health of 73 professionals, aged between 18 and 60 years were analysed. The presence of metabolic syndrome was defined according to NCEP-ATP III. The results show that 39% had metabolic syndrome with high prevalence of obesity (84.9%), hypertension (75.3%), hypertriglyceridemia (54.7%) and high blood glucose (63.0%). It was highlighted the importance of monitoring, 1 Graduada em Farmácia pela Universidade Estadual da Paraíba, Campus Campina Grande, PB; 2 Graduanda em Farmácia Generalista na Universidade Estadual da Paraíba, Campus Campina Grande- PB; 3 Professora do Departamento de Farmácia da Universidade Estadual da Paraíba, Campus Campina Grande- PB, Brasil ; 4 Professor Doutor do Departamento de Farmácia da Universidade Estadual da Paraíba, Campus Campina Grande- PB, Brasil. 44

pharmaceutical care, control of biochemical parameters, as well as the prevention of cardiovascular events, promoting a better quality of life for these professionals. Keywords: Metabolic syndrome. Cardiovascular diseases. Risk factors. 1. INTRODUÇÃO De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o termo Síndrome Metabólica (SM) descreve um conjunto de fatores de risco metabólico que se manifestam num indivíduo e aumentam as chances de desenvolver doenças cardíacas, derrames e diabetes. A Síndrome Metabólica apresenta também como característica a resistência à ação da insulina, por isso é conhecida como síndrome de resistência à insulina. Esse hormônio que capta a glicose, age menos nos tecidos fazendo com que o pâncreas produza mais insulina e elevando o seu nível no sangue. (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 2015) Alguns fatores contribuem para o aparecimento da síndrome metabólica, como por exemplo, os genéticos, excesso de peso e a ausência de atividade física. As mudanças sócioeconômicas e epidemiológicas no Brasil e em vários países do mundo permitiram uma transição nutricional constatada pelo aumento da obesidade e do sobrepeso. Estima-se que no Brasil existem mais de 20 milhões de indivíduos obesos. Na população adulta, 12,5% dos homens e 16,9 % das mulheres apresentam obesidade e cerca de 50% têm excesso de peso. Quanto à hipertensão arterial uma pesquisa realizada pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, mostrou que 22,7% da população brasileira é hipertensa. A pesquisa ainda mostrou que a prevalência em mulheres (25,4%) é maior que os homens (19,5%). (D SOUZA-LI, 2009; SOUZA, 2010; ROSENBAUM, 2012; BRASIL, 2011) Tendo em vista que os policiais militares, por possuírem uma alta prevalência de sedentarismo, estresse e uma má alimentação, devido as condições de trabalho se encaixam no quadro das profissões vulneráveis para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, tornando-se necessário analisar as condições de saúde desses profissionais. Diante o exposto a presente pesquisa teve como objetivo analisar a prevalência de síndrome metabólica dos policiais militares e alertar sobre os riscos das doenças cardiovasculares, como também o controle e prevenção já que esses profissionais são bastante susceptíveis. 2. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizado um estudo transversal com uma abordagem quantitativa e descritiva de um grupo de 73 voluntários com idades entre 18 a 60 anos, de ambos os gêneros. A pesquisa foi desenvolvida no Segundo Batalhão de Polícia Militar da Paraíba localizado na cidade de Campina Grande. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual da Paraíba sob o número de processo CAAE: 45957415.0.0000.5187, em que foram cumpridas as exigências éticas da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. A coleta de dados foi feita a partir da aplicação de um questionário contendo informações como dados de identificação, gênero, idade, medidas antropométricas (peso, 45

altura e circunferência abdominal), sedentarismo, hábitos de etilismo e tabagismo e uso de medicamentos. Além disso, foram utilizados os resultados dos exames bioquímicos (glicose, colesterol total, colesterol HDL, colesterol LDL, colesterol VLDL e triglicerídeos). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nesta pesquisa foram analisados dados de 73 policiais, em que 97,3% correspondiam ao gênero masculino (n=71) e 2,7% ao gênero feminino (n= 2) (Gráfico 1), onde predominou a faixa etária de 40 a 49 anos (Gráfico 2). Fonte: Dados da pesquisa, 2015 Fonte: Dados da pesquisa, 2015. Além dos fatores genéticos, a síndrome metabólica apresenta contribuição dos fatores de excesso de peso (principalmente na região abdominal), sedentarismo e resistência insulínica. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, esses fatores promovem o aparecimento de doenças cardiovasculares e diabetes, já que o exercício físico é bastante importante para a prevenção e até desaparecimento delas. De acordo com a ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) através do IMC (Índice de Massa Corporal), foram identificados os graus de obesidade dos policiais associando-os à presença de sedentarismo (gráfico 3). Considerando que 52,1% dos policiais responderam que não são sedentários e 47,9% responderam que são, ou seja, quase a metade não pratica nenhum tipo de exercício físico, pode-se dizer que esses dados já evidenciam um dos fatores de risco para SM. Além disso, a partir do grau I, o sobrepeso pode evoluir para obesidade, já que não se tem os cuidados e prevenção de doenças por parte da população, como nesse caso as cardiovasculares. Pode-se dizer que 84,9% dos indivíduos voluntários apresentam algum grau de obesidade, onde 35,6% (mais de um terço) já evidenciam um grau de obesidade bastante elevado. 46

Gráfico 3 Distribuição do grau de obesidade dos policiais militares do Segundo Batalhão de Polícia Militar de Campina Grande-PB. 50% 40% 30% 20% 10% 0% 0% 0 (abaixo do peso) 49,30% 35,60% 15,10% 0% 0 (normal) I (sobrepeso) II (obesidade) III (obesidade) Fonte: Dados da Pesquisa, 2015. A Sociedade Brasileira de Diabetes afirma que ter três ou mais dos fatores dos indicados da síndrome metabólica indica um sinal da presença da resistência insulínica. De acordo com a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica e a Sociedade Brasileira de Diabetes, verifica-se no gráfico 4 o percentual de policiais militares com provável diabetes. Gráfico 4 Distribuição da alteração de glicose em jejum dos policiais militares do Segundo Batalhão de Polícia Militar de Campina Grande-PB. 37,00% 63,00% Glicemia Alterada Glicemia Normal Fonte: Dados da Pesquisa, 2015. Para classificar a síndrome metabólica, foram utilizados os critérios da NCEP-ATP III (National Cholesterol Education Program s Adult Treatment Panel III), portanto, o gráfico a seguir representa cada item de forma separada para enfatizar a prevalência de cada alteração. 47

Gráfico 5 Alterações segundo os critérios da NCEP-ATP III a partir dos dados dos policiais militares do Segundo Batalhão de Polícia Militar de Campina Grande-PB 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 38,30% 52,05% 1,40% 2,70% 2,70% 1,40% 32,90% 47,90% 27,40% 17,80% Mulher Homem Hipolipemiantes Sem antihipertensivos Com antihipertensivos Glicose Hipertensos 20,50% Circunferência Triglicerídeos HDL Pressão Arterial Glicose Hipertensos Abdominal Fonte: Dados da Pesquisa, 2015. Pode-se observar que a circunferência abdominal, triglicerídeos e pressão arterial são os problemas mais evidenciados com alteração clara, uma vez que a prevalência de hipertrigliceridemia se dá em quase 60% da população estudada, se somada as alterações em homens e mulheres. A presença de circunferência abdominal alterada também é evidenciada em ambos os gêneros, com prevalência de mais de um terço da população. O predomínio de 34,3% de colesterol HDL baixo indica a presença de colesterol e triglicerídeos aumentados, já que o primeiro retira o excesso de colesterol periférico, diminuindo o risco de doenças cardiovasculares. A síndrome metabólica é diagnosticada com a presença de três ou mais componentes de acordo com o NCEP-ATP III. O gráfico a seguir mostra a prevalência de síndrome metabólica dos policiais. De acordo com Salaroli et al. (2007), os parâmetros mais frequentemente encontrados respectivamente foram hipertensão arterial, hipertrigliceridemia, baixo HDL, glicemia alterada ou presença de diabetes, e presença de obesidade abdominal (para homens) e hipertensão arterial, baixo HDL e presença de obesidade abdominal (para mulheres). De acordo com Oliveira et al. (2006), a frequência de SM também foi maior em indivíduos com idade mais avançada com 41,4% para indivíduos com 45 anos ou mais, sendo 38,4% em mulheres e 18,6% em homens, tendo uma prevalência global de 30%. O avanço da idade pode estar relacionado a redução da demanda de esforço físico com consequente ganho de peso (OLIVEIRA et al., 2007). 48

Gráfico 6 Prevalência da síndrome metabólica dos policiais militares do Segundo Batalhão de Polícia Militar de Campina Grande-PB. 70,00% 61,60% 60,00% 50,00% 40,00% < 3 Componentes 3 Componentes 30,00% 20,00% 20,50% 17,90% > 3 Componentes 10,00% 0,00% Fonte: Dados da pesquisa, 2015. A prevalência de SM com três ou mais componentes compreende 17,90% da população de policiais avaliada indicando a relação entre a síndrome e os fatores de risco estabelecidos. Com o presente estudo torna-se indispensável o acompanhamento desses profissionais, incluindo atenção farmacêutica e controle dos parâmetros bioquímicos. 4. CONCLUSÃO A síndrome metabólica foi prevalente em 39% do total dos policiais. Já 62% apresentam uma provável chance de desenvolver a síndrome no futuro. Além desses resultados, foi observado que quase a metade não pratica nenhum tipo de exercício físico, pode-se dizer que esses dados já evidenciam um dos fatores de risco para SM, onde 84,9% dos indivíduos voluntários apresentam algum grau de obesidade, onde 35,6% (mais de um terço) já evidenciam um grau de obesidade bastante elevado. A hipertrigliceridemia apresentou-se prevalentemente aos outros componentes de classificação da síndrome metabólica, seguido de hipertensão arterial e por último, a circunferência abdominal alterada. No presente estudo, foi evidenciada a importância do acompanhamento, da atenção farmacêutica, do controle dos parâmetros bioquímicos, como também a prevenção de eventos cardiovasculares, promovendo uma melhor qualidade de vida para esses profissionais. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2011: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. Série G. Estatística e Informação em Saúde - Brasília, 2012. D SOUZA-LI, Lília. Síndrome metabólica e obesidade: é melhor prevenir desde a 49

infância. Disponível em <http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=47&id=58> Acesso em 15 de abril de 2015. OLIVEIRA, E. P. et al. Prevalência de síndrome metabólica em uma área rural do semiárido baiano. Arq Bras Endocrinol Metab vol.50 no.3 São Paulo June 2006. OLIVEIRA, Mônica de. Síndrome Metabólica. Sociedade Brasileira de endocrinologia e metabologia. Disponível em <http://www.endocrino.org.br/sindrome-metabolica/> Acesso em 16 de abril de 2015. ROSENBAUM, P. Albert Einstein: Sociedade Beneficente Israelita Brasileira. Doenças Crônicas: Obesidade. Disponível em <http://www.einstein.br/einsteinsaude/doencas/paginas/tudo-sobre-obesidade.aspx> Acesso em 16 de abril de 2015. SALAROLI, L. B. et al. Prevalência de Síndrome Metabólica em Estudo de Base Populacional, Vitória, ES Brasil. Arq Bras Endocrinol Metab 2007;51/7. SOUZA, E.B. Transição nutricional no Brasil: análise dos principais fatores. Cadernos UniFoA, edição nº 13, Agosto 2010 Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Síndrome Metabólica. Disponível em: <http://www.endocrino.org.br/sindrome-metabolica/>. Acesso em: 16 abr. 2015. 50