DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO Aspectos práticos da Lei n.º 12.527/2011 aplicados aos Municípios Ana Maria Janovik, Advogada e Coordenadora da Área de Direitos Coletivos e Sociais da DPM
REGRAS SOBRE TRANSPARÊNCIA DAS INFORMAÇÕES PÚBLICAS LEI Nº 12.527/2011, Lei de Acesso à Informação LC Nº 131/2009, Lei da Transparência Fiscal
A Lei nº 12.527/2011, conhecida como Lei de Acesso à Informação, traz um princípio bastante simples: as informações referentes à atividade do Estado são públicas, salvo exceções expressas na legislação.
Princípios que norteiam uma cultura de acesso à informação - Máxima Divulgação - Obrigação de Publicar - Promoção de um Governo Aberto - Limitação das Exceções - Procedimentos que Facilitem o Acesso - Moderação dos Custos
Fundamento Constitucional Art. 5º, inciso XXXIII; Art. 37, 3º, inciso II; e, Art. 216, 2º.
INFORMAÇÕES PÚBLICAS Como regra, toda informação produzida ou custodiada por órgãos públicos é pública, ou seja, de interesse coletivo ou geral ressalvando-se as de natureza pessoal e sigilosa. Art. 7º da Lei de Acesso à Informação
INFORMAÇÕES PESSOAIS Art. 5º, inciso X, da Constituição da República: garantia individual à intimidade, vida privada, honra imagem das pessoas. Art. 4º, inciso IV, da LAI: informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural identificada ou identificável;
INFORMAÇÕES SIGILOSAS São informações imprescindíveis à segurança da sociedade ou do próprio Estado. Art. 4º, inciso III, da LAI: informação sigilosa: aquela submetida temporariamente à restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado
ABRANGÊNCIA DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO Todos os órgãos e entidades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como todos os Tribunais de Contas e o Ministério Público. Além da administração pública, a Lei abrange as entidades privadas sem fins lucrativos que recebem recursos públicos.
DIRETRIZES DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção; divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações; utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública; desenvolvimento do controle social da administração pública.
DEVERES DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS GESTÃO TRANSPARENTE DA INFORMAÇÃO, possibilitando amplo acesso a ela e sua divulgação; PROTEÇÃO DA INFORMAÇÃO, garantindo a sua disponibilidade, autenticidade e integridade; e PROTEÇÃO DA INFORMAÇÃO SIGILOSA e da INFORMAÇÃO PESSOAL, observada também a sua disponibilidade, autenticidade e integridade, e eventual restrição de acesso.
AUTORIDADE RESPONSÁVEL Para que o direito de acesso seja respeitado, a Lei criou a obrigação de todos os órgãos e entidades públicas indicarem um dirigente, subordinado diretamente à autoridade máxima, que deverá exercer as seguintes atribuições: assegurar o cumprimento eficiente e adequado das normas de acesso à informação; monitorar a implementação do disposto na Lei e apresentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento; recomendar as medidas indispensáveis à implementação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários para o cumprimento da Lei; orientar unidades no que se refere ao cumprimento do disposto na Lei e seus regulamentos.
DEFINIÇÕES Informação Documento Informação Sigilosa Informação Pessoal Tratamento da informação Disponibilidade Autenticidade Integridade Primariedade
TRANSPARÊNCIA ATIVA PASSIVA
TRANSPARÊNCIA ATIVA Quando se tratar de informações de interesse geral, os órgãos e entidades devem optar pela transparência ativa, se esforçando para publicar o máximo de informações possível (cumprindo a publicidade oficial e fomentando a publicidade institucional). Trata-se de divulgação de atos e informações de interesse coletivo ou geral que deve ser realizada de forma rotineira pelos órgãos e entidades públicas. Rol de informações mínimas: art. 8º da Lei de Acesso à Informação
TRANSPARÊNCIA PASSIVA Apesar do esforço para a maximização da transparência ativa, em geral haverá informações que não serão publicadas, visto que não despertam o interesse coletivo ou têm o uso muito restrito embora também sejam públicas. Para garantir o acesso também a essas informações, a administração pública tem a obrigação de fornecê-las por meio da transparência passiva. Para isso, a Lei de Acesso definiu procedimentos para possibilitar a solicitação de informação, estabeleceu prazos máximos de atendimento e criou mecanismos de recurso, para o caso de negativa de acesso.
A Lei de Acesso à Informação instituiu como dever do Estado a criação de um meio de contato entre a sociedade e o setor público, que é o Serviço de Informações ao Cidadão - SIC. São funções do SIC: orientar sobre pedidos de informação; informar sobre a tramitação de documentos e requerimentos de acesso; receber pedidos de acesso e devolver as respostas aos solicitantes.
PEDIDO DE ACESSO PEDIDO: Qualquer pessoa pode apresentar pedido de acesso, utilizando os meios disponibilizados pelos órgãos públicos, o qual deve conter a identificação do requerente e a especificação da informação. MOTIVAÇÃO: É proibido exigir que o solicitante informe os motivos de sua solicitação.
PEDIDO DE ACESSO PRAZO: Se a informação estiver disponível, ela deve ser entregue imediatamente ao solicitante. Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão público terá até 20 dias para concedê-la. Este prazo pode ser prorrogado por mais 10 dias, se houver justificativa.
PEDIDO DE ACESSO TAXAS: O serviço de busca e fornecimento da informação é gratuito, mas podem ser cobrados os custos de reprodução de documentos e, se for o caso, do envio da informação.
PEDIDO DE ACESSO RESPOSTA AO SOLICITANTE: Se disponível a informação: o SIC deverá comunicar ao solicitante sobre a disponibilidade imediata da informação e/ou enviá-la conforme o meio indicado no pedido (por e- mail, correspondência, retirada das cópias, consulta presencial); Se indisponível a informação: o SIC deverá indicar as razões da impossibilidade, total ou parcial, de acesso à informação pretendida; e/ou comunicar que não possui a informação e indicar, se for do seu conhecimento, o órgão ou entidade que a detém, ou transferir o pedido diretamente para o órgão responsável, informando ao requerente.
ENTREGA DA INFORMAÇÃO O SOLICITANTE TEM DIREITO DE RECEBER A INFORMAÇÃO Primária: coletada na fonte, com o máximo de detalhamento possível e sem modificações. Autêntica: produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado indivíduo, equipamento ou sistema. Íntegra:não deve ser modificada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino. Atualizada: deve ser disponibilizada a última versão da informação, quando for o caso.
RECURSOS Para garantir que o acesso seja a regra, e o sigilo apenas a exceção, há a possibilidade de recursos contra as decisões ou ações que impeçam a disponibilização da informação, que são cabíveis em três hipóteses: Descumprimento da Lei (se algum dispositivo da Lei de Acesso deixar de ser cumprido em relação a um pedido de informação); Omissão (caso o órgão ou entidade se omita e descumpra os prazos estabelecidos na Lei de Acesso e não entregue a informação requisitada); e, Pedido de desclassificação (de informação sigilosa);
EXCEÇÕES AO ACESSO: INFORMAÇÕES PESSOAIS Acesso restrito por 100 anos, independentemente de classificação, e só podem ser acessadas: pela própria pessoa; por alguém autorizado por ela; por um agente público autorizado por lei; para prevenção e diagnóstico médico se a pessoa estiver incapaz, e exclusivamente para essa finalidade; para a realização de estatísticas e pesquisas científicas de evidente interesse público, vedada a identificação da pessoa; para o cumprimento de ordem judicial; para defesa de direitos humanos; para proteção do interesse público preponderante.
EXCEÇÕES AO ACESSO: INFORMAÇÕES SIGILOSAS As informações classificadas são informações públicas, cuja divulgação indiscriminada pode colocar em risco a segurança da sociedade ou do Estado. Por isso, apesar de serem públicas, o acesso a elas deve ser restringido por um período determinado. A Lei de Acesso prevê que tais informações sejam classificadas como reservadas, secretas ou ultrassecretas, conforme o risco que sua divulgação proporcionaria e o prazo de sigilo necessário, devendo sempre ser utilizado o critério menos restritivo possível.
RESPONSABILIDADES DOS AGENTES PÚBLICOS A Lei de Acesso à Informação determina as obrigações de quem, no seu dia a dia, tem contato, manipula ou guarda informações públicas. O agente público que descumprir propositalmente essas obrigações poderá ser punido com, no mínimo, suspensão, além da possibilidade de responder por improbidade administrativa. A Lei de Acesso à Informação define como condutas ilícitas que podem ensejar responsabilidade: Não fornecer informações públicas; Não proteger informações sigilosas.
MUITO OBRIGADA!