Triple Bottom Line - Um estudo sobre os indicadores divulgados nos balanços sócio-ambientais das empresas do setor de papel e celulose.



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Transcrição:

Triple Bottom Line - Um estudo sobre os indicadores divulgados nos balanços sócio-ambientais das empresas do setor de papel e celulose Resumo Em resposta às crescentes exigências da comunidade em relação às organizações e sua atuação no mercado, e seguindo os princípios da Carta da Terra, as empresas se viram pressionadas a demonstrar através de Balanços Sócio-Ambientais como buscam alternativas para minimizar os danos que as suas atividades causam ao meio ambiente. Sendo assim as empresas ou a sociedade deve pensar nas formas de amenizar esses impactos e compensar o que não for possível. Neste sentido, o presente artigo apresenta uma pesquisa realizada com uma amostra de sete empresas do setor de papel e celulose, negociadas na Bolsa de Valores BOVESPA através das diretrizes da Global Reporting Initiative GRI em seu atual modelo. Os resultados da pesquisa demonstram que as empresas encontram-se equilibradas no Triple Bottom Line, apresentando em média 33% de indicadores referentes a cada aspecto. Abstract In response to growing demands for community organizations and their performance in the market, and following the principles of Earth Charter, the companies were pressured to show through Socio-Environmental Balance as seeking alternatives to minimize the damage that their activities cause to the environment. So the companies or the company should think of ways to mitigate these impacts and offset what is not possible. Accordingly, this article presents a study with a sample of seven companies in the pulp and paper sector, traded on the Stock Exchange - BOVESPA through the guidelines of Global Reporting Initiative - GRI in its current model. The survey results show that the companies are balanced in the Triple Bottom Line, by 33% of indicators for each aspect. People - Pessoas Planet - Planeta Profit Lucro Key Word 1

1. Introdução A contabilidade é um importante sistema de informação, que demonstra a situação patrimonial de uma empresa e é fundamental para avaliações de desempenho, sendo assim, esta ciência se torna crucial para análises e tomada de decisões em diferentes grupos interligados a empresa. Atualmente o desenvolvimento econômico vem causando grandes prejuízos ao nosso planeta, hoje agentes poluentes atingem nossas águas, solo e ar, tudo isso pode levar ao progresso, e até mesmo a redução da pobreza, porém o sistema ecológico do planeta já se encontra em nível alarmante. A luta entre o progresso e as questões ambientais, leva o nome de Desenvolvimento Sustentável. Mesmo a contabilidade e o desenvolvimento sustentável aparentemente serem temas contraditórios, os mesmo estão interligados; Segundo Maisa Ribeiro (2006, p. 45) podemos definir como o objetivo da contabilidade ambiental: identificar, mensurar e esclarecer os eventos e transações econômico-financeiros que estejam relacionados com a proteção, preservação e recuperação ambiental, ocorridos em um determinado período, visando a evidenciação da situação patrimonial de uma entidade, concluímos então que a contabilidade é uma importante ferramenta de auxílio na integração entre empresa, meio ambiente e stakeholders, pois a mesma pode fornecer demonstrações, auditorias e análises de desempenho tanto financeiro quanto ambiental. Segundo a United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD, 2000, p. 16) apud Nossa: Os stakeholders financeiramente sofisticados esperam ver a ligação entre desempenho ambiental e financeiro nos relatórios ambientais. Uma empresa que reconhece suas responsabilidades ambientais, tais como definidas por lei, e que institui sistemas efetivos e apropriados de gerenciamento ambiental e adota tecnologias ambientalmente amigáveis, 2

minimizará sua exposição ao risco/perda financeira futura decorrente de incidentes ambientais. Ao mesmo tempo, tal empresa pode ser capaz de conseguir prêmios de seguros mais baixos, refletindo o risco reduzido; uma classificação de risco favorável pode assegurar à empresa melhores condições de empréstimos; benefícios adicionais incluindo menores impostos relativos a fatores ambientais, multas, menores custos de operações e de disposição de resíduos; uma imagem verde poderia aumentar as receitas de venda. (tradução nossa). 1 Sendo assim, a participação da contabilidade é de extrema importância, pois desperta o interesse para as questões ambientais, auxiliando para que a classe empresarial implemente em sua gestão a variável ambiental, não apenas por esta constar em uma norma, ou até mesmo por trazer benefícios às empresas, mas por uma verdadeira conscientização ecológica. 2. Fundamentos Teóricos 2.1 Contabilidade Ambiental A contabilidade ambiental tem como objetivo, identificar e mensurar os eventos ambientais, como custos, investimentos e despesas, relacionados com questões ambientais, de forma financeira e quantitativa, como ferramenta de auxílio na tomada de decisões. Segundo o EPA 2, a contabilidade se divide em três subgrupos: Contabilidade Nacional Seu foco é a Nação e seu alvo é o público externo; sua aplicabilidade se dá através do acompanhamento do consumo dos recursos naturais renováveis ou não. 1 2 Financially sophisticated stakeholders want to see the link between environmental performance and financial performance in the environmental report. An interprise which recognizes its environmental responsabilities, as defined by law, and which institutes appropriate and effective systems of environmental management and adopts environmentally friendly technologies will minimize is exposure to future financial risk/loss arising from environmental incidents. At the same time, such an enterprise should be able to secure lower insurance premiums, reflecting the reduced risk a favorable risk rating may secure the interprise better borrowing terms when issuing corporate debt or equity additional benefits include lower green taxes, levies, fines; lower operating costs and wast disposal costs a green image could increase sales revenues. Environmental Protection Agency. 3

Contabilidade Financeira Seu foco é a empresa, seu alvo é o público externo; tem como função divulgação ao público de suas responsabilidades e custo ambientais financeiramente materiais, é um subsistema da contabilidade onde visa à identificação, avaliação e evidenciação de acontecimentos econômico-financeiros relacionados à área ambiental. Contabilidade Diretiva ou Gerencial Seu foco é a empresa, divisão, estabelecimento e linha de produção, seu alvo é o público interno; está voltada às informações financeiras que abranjam as atividades ligadas ao processo de produção que podem trazer danos ao meio ambiente, este subgrupo é utilizado por gestores para planejamento e tomada de decisões dentro de uma organização, sendo estes dispensados de seguirem formas legais de elaboração e divulgação. 2.2 Normas técnicas Normas Técnicas são normas estabelecidas para elaboração de balanços sócioambientais e relatórios da mesma natureza. As normas que dizem respeito ao tema do presente artigo são: NBC-T 15: Norma que estabelece procedimentos para evidenciação de informações de natureza social e ambiental, com o objetivo de demonstrar à sociedade a participação e a responsabilidade social da entidade. IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas): Fundado em 1997, o IBASE, é um modelo de demonstrativo por meio do qual as empresas são convidadas a apresentar à sociedade informações sobre seus investimentos internos e externos em ações de responsabilidade social empresarial. Embora o modelo tenha passado por três revisões, o seu formato não foi modificado. O objetivo do Balanço Social IBASE, segundo a instituição, é fazer com que ele não perca sua comparabilidade nem suas principais características: a simplicidade e o fácil entendimento. 4

ISO 14001: Norma criada pela International Organization for Standardization, que se baseia em dois princípios: melhoramento contínuo e o cumprimento da regulamentação legal. Embora tal norma esteja passando por uma revisão atualmente, continua sendo considerada um dos melhores padrões de adequação ao Sistema de Gestão Ambiental, sendo assim, reconhecido internacionalmente e aplicável a qualquer tipo de organização ou setor industrial. As normas técnicas dizem o que as empresas bem sucedidas ambientalmente devem ter e demonstrar na estrutura dos seus relatórios. 2.3 Diretrizes e Ferramentas de gestão Diretrizes são ferramentas de auxílio à gestão da sustentabilidade, e geralmente constituem uma estrutura para elaboração de relatórios sobre desempenho econômico, ambiental e social de uma organização. A maioria das diretrizes criadas até hoje são voluntárias. A seguir, são apresentadas algumas diretrizes elaboradas para auxiliar na integração entre empresas, meio ambiente e stakeholders. 2.4 Global Reporting Initiative GRI Lançada em 1997 a GRI é uma iniciativa conjunta da organização não governamental CERES e do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), e tem como objetivo melhorar a qualidade e a organização dos relatórios de sustentabilidade. A primeira publicação de suas diretrizes foi em junho de 2000, as mesmas foram atualizadas no ano de 2006, formando a relatório G3. As Diretrizes GRI apresentam conteúdo completo e estruturado para auxiliar na elaboração de relatórios, dizendo o que deve ser apresentado e qual a forma de apresentação. Segundo seu Guia para elaboração de Relatórios de Sustentabilidade, publicado em 2002. 5

2.5 Diretrizes GRI Apresentam princípios específicos sobre a elaboração de relatórios de sustentabilidade; Ajudam organizações a apresentar uma visão completa e equilibrada de seu desempenho econômico, ambiental e social; Facilitam a compatibilidade de relatórios de sustentabilidade, levando em conta os aspectos práticos da divulgação de informações por parte da organização dos mais variados tipos; Ajudam a estabelecer padrões de referência e a avaliar o desempenho de sustentabilidade relativos a códigos de conduta, padrões de desempenho e iniciativas voluntárias; Servem como um instrumento facilitador da participação das partes interessadas; As Diretrizes da GRI organizam os relatórios de sustentabilidade em termos de desempenho econômico, ambiental e social (triple bottom line resultado triplo). A GRI visa contribuir com o diálogo entre a organização e todas as partes interessadas. A missão da iniciativa é aumentar a compatibilidade, consistência e utilidade dos relatórios, e seu objetivo captar e expressar o consenso emergente sobre procedimentos e elaboração de relatórios criando um ponto de referência para as partes interessadas. As diretrizes são estruturadas a partir de indicadores que podem ser: Essenciais: indicadores relevantes para a maioria das organizações e partes interessadas. Adicionais: São indicadores que possuem características de um procedimento importante na medição econômica, ambiental ou social, mas é usado por poucas organizações, ou indicadores para fornecimento de informações de interesse a parceiros e são especialmente importantes para a entidade relatora. Segundo a GRI, A dimensão ambiental da sustentabilidade diz respeito aos impactos da organização sobre sistemas naturais vivos ou não, incluindo ecossistemas, terra, ar e água. Dentre as três dimensões de relatórios de sustentabilidade, esta é a que vem alcançando maior consenso. 6

Sendo assim, é de extrema importância o fornecimento de informações referentes ao meio ambiente de maneira estrutural e organizada. A GRI oferece os seguintes indicadores como meio de organizar tais informações: Sendo a GRI um modelo completo e bastante utilizado para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, o utilizamos como base, analisando o enquadramento das empresas do setor de papel e celulose em seus indicadores tanto explícita quanto implicitamente. 2.6 Carta da Terra Em 1987 surge através da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas ( conhecida como Comissão B undtland), uma declaração visando proteger o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, que exprime princípios a serem adotados pela sociedade objetivando um planeta sustentável. Traduzida em 40 línguas, a Carta da Terra vem mostrar através de 16 princípios a preocupação existente no planeta, em como adotarmos uma postura baseada na ética, visando a construção de uma sociedade justa e pacifica. 2.7 Triple Bottom Line Triple Bottom Line é o termo utilizado para refletir todo um conjunto de valores, objetivos e processos que uma companhia deveria focar com o objetivo de criar valor econômico, social e ambiental, que devem interagir, de forma holística, para satisfazer o conceito. Antigamente, uma empresa era sustentável se tivesse economicamente saudável, ou seja, tivesse um bom patrimônio e um lucro sempre crescente. Para um país, o conceito incluía um viés social. Afinal, o desenvolvimento teria que incluir uma repartição da riqueza gerada pelo crescimento econômico seja por meio de mais empregos criados, seja por mais serviço social para a população em geral. Esse critério, na maioria das vezes, é medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) do país, o que para o novo conceito é uma medição limitada. A 7

perna ecológica do tripé trouxe, então, um problema e uma constatação. Se os empresários e os governantes não cuidassem do aspecto ambiental podiam ficar sem matéria-prima e talvez, sem consumidor, além de contribuir para a destruição do planeta Terra. Assim, o triple bottom line ficou também conhecido como os 3 Ps (People, Planet and Proift, ou, em português, PPL - Pessoas, Planeta e Lucro), os três lados devem ser vistos / divulgados com pesos iguais, pois, um sustenta o outro. People Refere-se ao tratamento do capital humano de uma empresa ou sociedade. Além de salários justos e estar adequado à legislação trabalhista, é preciso pensar em outros aspectos como o bem estar dos seus funcionários, propiciando, por exemplo, um ambiente de trabalho agradável, pensando na saúde do trabalhador e da sua família. Além disso, é imprescindível ver como a atividade econômica afeta as comunidades ao redor. Nesse item, estão contidos também problemas gerais da sociedade como educação, violência e até o lazer. Planet Refere-se ao capital natural de uma empresa ou sociedade. Aqui assim como nos outros itens, é importante pensar no pequeno, médio e longo prazo. A princípio, praticamente toda atividade econômica tem impacto ambiental negativo. Nesse aspecto, a empresa ou a sociedade deve pensar nas formas de amenizar esses impactos e compensar o que não é possível amenizar. Assim uma empresa que usa determinada matéria-prima deve planejar formas de repor os recursos ou, se não é possível, diminuir o máximo possível o uso desse material, assim como saber medir a pegada de carbono do seu processo produtivo, que, em outras palavras, quer dizer a quantidade de CO2 emitido pelas suas ações. Além disso, obviamente, deve ser levada em conta a adequação à legislação ambiental. Para uma 8

determinada região geográfica, o conceito é o mesmo e pode ser adequado, por exemplo, com um sério zoneamento econômico da região. Profit Trata-se do lucro. É resultado econômico positivo de uma empresa. Quando se leva em conta o triple botton line, essa perna do tripé deve levar em conta os outros dois aspectos. Ou seja, não adianta lucrar devastando, por exemplo. 3.Objetivos de Pesquisa A pesquisa tem como objetivo verificar e levantar se os fatos ambientais são reconhecidos e contabilizados de forma a atender a necessidade da gestão ambiental das empresas e seus stakeholders, assim como examinar a forma de divulgação de fatos ambientais por empresas de um mesmo setor dentro do método Tripple Botton Line. 4. Metodologia O presente artigo irá abranger os seguintes tipos de pesquisa: Pesquisa bibliográfica sobre os temas Desenvolvimento sustentável, Contabilidade Geral e Contabilidade ambiental. A pesquisa foi realizada por meio da seleção das empresas do setor de papel e celulose de capital aberto, negociadas em 2007 na BOVESPA, totalizando sete empresas, sendo elas: Aracruz, Celul Irani, Klabin S/A, Melhor SP, Melpaper, Suzano Papel e V C P 3. Os dados foram obtidos através da análise dos balanços sócio-ambientais disponíveis nas home pages das empresas, com algumas exceções que necessitaram de contato telefônico e envio de e-mails. Utilizamos como ferramentas complementares contatos com o Instituto Ethos e o acompanhamento de profissionais da área. 3 Empresas apresentadas conforme seu nome de pregão. 9

5. Análise dos Dados e Resultados Visto que o objetivo do presente artigo é a análise dos indicadores sócio-ambientais divulgados pelas empresas do setor de papel e celulose negociadas na BOVESPA em 2007, adotaremos a seguinte metodologia: Analisaremos os balanços do ano de 2007 das empresas listadas abaixo com o objetivo de identificar o grau de responsabilidade sustentável de tais empresas, listamos abaixo um breve resumo com informações objetivas das empresas analisadas: Tabela 1 Empresas Selecionadas Empresa Fundação Controle Qtde. Colaboradores Faturamento 2006 (em milhões U$$) Aracruz 1967 Brasileiro 2151 1.106,10 Celulose Irani 194l Brasileiro 1699 178,70 Klabin 1899 Brasileiro 6912 1.546,80 Melhor SP 1890 Brasileiro 1090 - Melpaper 1890 Brasileiro 1090 - Suzano 1921 Brasileiro 3241 1.492,30 VCP 1959 Brasileiro 3498 1.418,20 Fonte: Elaborado pelos pesquisadores. A partir de tais informações, iniciaremos a tabulação e sua posterior análise dos seguintes pontos: 6. Análise dos Dados e Resultados Nível da Divulgação das Empresas do Papel e Celulose, segundo os padrões estipulados no Triple Bottom Line. 10

Gráfico 1 DIVULGAÇÃO POR GRUPO 34,97% 33,07% AMBIENTAL ECONÔMICO SOCIAL 31,96% Através desta análise podemos observar que o conceito de que os 3 P s devem ser vistos e divulgados com pesos iguais se aplica ao setor de papel e celulose, uma vez que não há discrepância entre os grupos apresentados. Análise geral dos Aspectos Divulgados O Triple Bottom Line é composto por trinta e três aspectos (grupos), segundo o protocolo de indicadores EC, EN, HR, LA, PR e SO que estão estruturados de forma a refletir os impactos que uma organização gera no meio ambiental, social e econômico. Gráfico 2 Gráfico 3 Análise de Apresentação por Aspecto - Ambiental Análise de Apresentação por Aspecto - Econômico 14,00% 12,00% 10,00% 8,00% 6,00% 4,00% 2,00% 0,00% 13,11% 13,11% 13,11% 12,13% 11,15% 9,84% 9,84% 9,84% 7,87% Geral Transporte Conformidade Produtos e Serviços Emissões, Efl. e Res. Biodiversidade Agua Energia Materiais 40,00% 35,00% 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 31,03% Desempenho Econômico 37,93% Presença no Merc. 31,03% Impactos Econômicos 11

Gráfico 4 6,0% 5,0% 4,0% Análise de Apresentação por Aspecto - Social 5,4% 5,4% 5,4% 5,4% 5,4% 5,4% 5% 5% 4,5% 4,0% 5,4% 5% 4,9% 4,9% 4,7% 4,7% 4,0% 4,0% 4,0% 4,0% 4,0% 3,0% 2,0% 1,0% 0,0% Concor. Desleal Politicas Púb. Corrupção Comunidade Conformidade Privacidade do Cliente Comunic. Mark. Com uma análise feita através dos aspectos, podemos visualizar melhor os indicies que apresentaram um grau de divulgação deficitário. O aspecto energia pertencente ao grupo ambiental, possue apenas 7,8% de divulgação fato relevante, visto que é de extrema importância sabermos quais as iniciativas e programas das empresas em reduzir o consumo de energia. Rotulagem do Prod. Seg. e Saúde do Cliente Iguald. De Oport. Treinam. E Educ. Seg. e Saúde no Trab. Rel. Trab. E Gov. Emprego Direitos Indigenas Prat. De Segurança Trabalho Escravo Trab. Infantil Liberdade de Neg. Não Discriminação Praticas de Invest. Percentual de Indicadores divulgados em 2007 Dentre as empresas negociadas na BOVESPA em 2007, iremos analisar os percentuais de indicadores apresentados pelas mesmas, levando em consideração os setenta e nove indicadores apresentados pelo TBL, sendo assim a análise abaixo nos possibilitará identificar quais empresas estão adequadas ao Triple Bottom Line. Gráfico 5 Análise Geral por Empresa - TBL 100,00% 75,95% 91,14% 79,75% 94,94% 80,00% 60,00% 40,00% 20,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% A justificativa para que os percentuais das empresas Melpaper e Melhor SP seja igual a 12

0% é que as mesmas não divulgam relatórios sócio-ambientais, segundo contato feito com a empresa, o motivo da não divulgação se dá pelo fato de que a mesma não possui produção própria, que foi repassada para as empresas em que ela é acionista. Segundo a Revista Exame Melhores e Maiores de 2007, a empresa Klabin é a que possui maior faturamento no setor de papel e celulose. Porém, em seus balanços sócioambientais não foram localizados os índices remissivos GRI, o que impossibilitou a análise segundo tais padrões, o que justifica o percentual 0% atribuído a esta empresa no gráfico acima. A Suzano foi classificada em primeiro lugar entre as melhores empresas de papel e celulose do setor, segundo a Revista Exame, porém em seus relatórios apresenta somente 79,75% dos indicadores. A empresa Aracruz é a primeira produtora, em nível mundial, de celulose e eucalipto. Em nossa análise a empresa ficou em 3º lugar entre as empresas que divulgam seus relatórios segundo os padrões indicados no TBL, atingindo 75,95% de divulgação. Em segundo em nossa análise em relação encontra-se a empresa Celulose Irani com um alto percentual de divulgação sendo apresentado 91,14% dos indicadores apresentados em seu balanço sócio-ambiental. Atingindo o 1º lugar, no que diz respeito à divulgação de indicadores sócio-ambientais, segundo o padrão TBL, está a V.C.P., divulgando 94,94% dos indicadores, com formato de índice remissivo, destacando o fato relevante de que é a segunda mais nova empresa no ramo de papel e celulose entre as empresas pesquisadas, esta ganha mérito, entre nós pesquisadores, de empresa exemplo de responsabilidade ambiental, social e econômica assim como nível e transparência informativa para/com seus stakeholders. Percentual de Divulgação das Empresas por Grupo. Sendo o TBL dividido em três grupos, faremos uma análise individual por empresa, a 13

fim de identificar a tendência de apresentação em seus respectivos balanços sócio-ambientais. Gráfico 6 Gráfico 7 Análise dos Indicadores de Desempenho - Aracruz Análise dos Indicadores de Desempenho - Celul. Irani 26% 34% AMBIENTAL ECONÔMICO SOCIAL 37% 47% AMBIENTAL ECONÔMICO SOCIAL 40% 16% Através dos gráficos acima, podemos perceber desequilíbrio entre os grupos apresentados. Na empresa Aracruz há uma tendência positiva ao que diz respeito às informações de natureza econômica, porém a empresa Celul. Irani percebe-se uma tendência na área econômica negativa, sendo o grupo ambiental e social tendo mais influência em seu relatório sócio-ambiental. Gráfico 8 Gráfico 9 Análise dos Indicadores de Desempenho - Suzano Análise dos Indicadores de Desempenho - V.C.P. 37% 26% AMBIENTAL ECONÔMICO SOCIAL 34% 31% AMBIENTAL ECONÔMICO SOCIAL 37% 35% Na empresa Suzano embora tenha um bom equilibro entre os grupos social e econômico, ainda sim é necessário uma análise no grupo ambiental, pois o mesmo apresenta 26% das informações divergindo do restante que possue 37% das informações apresentadas. Mas uma vez em 1 lugar vem à empresa V.C.P., pois foi à única que conseguiu equilibrar o tripé da sustentabilidade, considerando os grupos com pesos iguais entre si, com isso fornecendo aos seus stakeholders um relatório transparente e balanceado. 14

7. Conclusões Após uma intensa análise dos balanços sócio-ambientais divulgados pelas empresas do setor de papel e celulose negociadas na BOVESPA, constatou-se que a Contabilidade Ambiental é uma importante ferramenta que pode contribuir muito no processo de tomada de decisões das partes relacionadas. As informações que obtivemos foram contraditórias com as premissas e expectativas no quesito de divulgação das informações, onde esperávamos encontrar uma relação entre fundação (tempo de mercado), faturamento x divulgação das informações e constatamos que esta relação não é verdadeira, porém no quesito referente ao equilíbrio das informações apresentadas, estas superaram as nossas expectativas, onde as empresas selecionadas e analisadas divulgaram de forma equilibrada os indicadores ambientais, sociais e econômicos. Um fato relevante que foi constatado é o caso da empresa Klabin, que possuindo o maior faturamento das empresas selecionadas, ela não apresenta em seus relatórios informações padronizadas segundo os padrões estabelecidos pela GRI, o que dificultou a análise dos dados. A empresa modelo em relação à divulgação dos indicadores pela GRI nos aspectos do Triple Bottom Line, foi a VCP, com 94,94% de indicadores divulgados. Pode-se constatar que as empresas divulgam as informações de maneira transparente aos seus stakeholders, o que facilita no processo de tomada de decisão. Esta divulgação ainda tem muito que melhorar, pois as mesmas dispõem de diversas ferramentas que norteiam o fornecimento de tais informações como as constantes na Carta da Terra; devido à apresentação destes relatórios não serem ainda obrigatórias, onde as empresas divulgam de forma espontânea e com a finalidade de ter um diferencial no mercado, o que pode ser entendido por muitos como uma ferramenta de marketing, já que algumas informações podem estar ocultadas no relatório. Este é um assunto novo, mas de grande importância, pois diz respeito a como as 15

empresas se preocupam com o meio em que estão inseridas, como elas buscam minimizar os impactos causados pela sua atividade na sociedade. Novas pesquisas poderão ser aplicadas para empresas negociadas na Bolsa de Valores, por estas serem SA s e terem obrigações quanto divulgações, assim como objetivos testar outros indicadores de natureza social, ambiental e econômico, nos moldes do Triple Botom Line. 11. Bibliografia pesquisa BECKER, Dinizer Fermiano. Desenvolvimento sustentável: necessidade e/ou possibilidade? Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2002. Conjunto de Protocolo de Indicadores: EN. Global Reporting Initiative, 2006. Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade 2002. Global Reporting Initiative, 2002. Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade 2006. Global Reporting Initiative, 2006. GRI: Diretrizes para Padronização de Relatórios de Sustentabilidade. Business Meets Social Development BSD. Guia para elaboração de Balanço Social e Relatório de Sustentabilidade 2007. Instituto Ethos, 2007. http://www.dnv.com.br/certificacao/sistemasdegestao/meioambiente/iso14001.asp http://www.globalreporting.org/ http://www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idestrutura=18 http://www.wwf.org.br/wwf_brasil/wwf_brasil/index.cfm IUDÍCIBUS, Sérgio & Outros. Manual de contabilidade das sociedades por ações Aplicável também às demais sociedades. 5 ed.; São Paulo: Atlas 2000. MELO NETO, Francisco Paulo de. Empresas socialmente sustentáveis: o novo desafio da gestão moderna. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. Níveis de Aplicação da GRI. Global Reporting Initiative, 2002 2006. NOSSA, Valcemiro. Disclosure ambiental uma análise do conteúdo dos relatórios ambientais de empresas do setor de papel e celulose em nível internacional. Tese (doutorado). USP, 1992. RIBEIRO, Maisa de Souza. Contabilidade ambiental. 1º ed. São Paulo: Saraiva, 2006. SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2002. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21 e. São Paulo: Cortez, 2000. UNCTAD United Nation Conference on Trade and Development. Integrating environmental and financial performance at the enterprise level; a methodology for standardizing eco-efficiency indicators. United Nations: Geneva, 2000. 16