EVANGELISTA, MP; OOTANI, MA; AZEVEDO, EB; RODRIGUES, DM; NASCIMENTO, IR; AGUIAR, RWS. Reação fenotípica de genótipos de abóbora (Cucurbita spp.) a isolados de vírus provenientes de regiões produtoras de melancia do estado do Tocantins. 2010. Horticultura Brasileira 28: S1037-S1042. Reação fenotípica de genótipos de abóbora (Cucurbita spp.) a isolados de vírus provenientes Marielle Evangelista¹; Marcio Akio¹, Diego de Macedo Rodrigues¹; Emiliano Brandão Azevedo 1 Ildon Rodrigues do Nascimento¹; Raimundo Wagner de Souza Aguiar¹ 1 UFT Universidade Federal do Tocantins. Rua Badejos, Chácara 69/72 zona rural, CEP 77.402-970 Gurupi- TO, mariellebio@hotmail.com, ootani667@hotmail.com, diegomacedo@oi.co.br, ildon@uft.edu.br, rwsa@uft.edu.br RESUMO Diversos fatores bióticos reduzem a produção das cucurbitáceas dentre as quais as viroses se destacam por causar severos prejuízos. O gênero Cucurbita pode ser infectada por várias espécies de vírus, dentre os quais se destacam os Potyvirus, com sintomatologia diferenciada em função do hospedeiro, do tipo de vírus e da estirpe viral. Com este trabalho objetivou-se avaliar a suscetibilidade de abóbora caserta e jacarezinho às estirpes virais obtidas de diferentes localidades do estado do Tocantins. A identificação das amostras virais foi realizada por meio teste de Dot-Elisa (Elisa indireto), com antisoro específicos para os vírus PRSV-W, WMV-2 e ZYMV. De acordo com resultados obtidos pelo teste de Dot- Elisa, verifica a predominância de WMV-2 em todas as amostras obtidas e, associado com os vírus PRSV-W e ZYMV. A avaliação da severidade das amostras foi realizada por meio de notas, com avaliações de quatro em quatro dias após a inoculação por um período de 32 dias. Entre resultados obtidos, verificouse que a cultivar Caserta mostrou maior suscetibilidade a amostra PYG-14 obtidas da região de Gurupi, apresenta somente o vírus PRSV-W. No entanto, foi observada a severidade da amostra viral PGY-19 semelhantes à PYG-14, diferindo pela associação dos vírus PRSV-W, WMV-2 e ZYMV. Ao Contrario foi observado para cultivar jacarezinho onde apresenta maior suscetibilidade para PGY-19 da região de Gurupi. Em todas as avaliações realizadas, observa-se que as cultivares testadas de abóbora foram altamente suscetíveis as amostras virais. Demonstrando assim, sintomas intensos de bolhosidade, subdesenvolvimento e deformação foliar. Palavras-chave: Curcubita, Potyvirus, Sintomatologia. ABSTRACT Reaction of phenotypic genotypes of pumpkin (Cucurbita spp.) The virus isolates from watermelon producing areas of the state of Tocantins. Several biotic factors reduce the production of cucurbits among which stand out for the viruses cause severe damage. The genus Cucurbita can be infected by several viruses, among which stand out Potyvirus, with symptoms varied depending on the host, the virus strain and viral strain. This work aimed to evaluate the susceptibility of pumpkin caserta and jacarezinho across viral strains collected from different locations in the state of Tocantins. The identification of viral samples was performed by Dot-elisa with antiserum specific for the virus PRSV-W, ZYMV and WMV-2. According to results obtained by Dot-elisa test, verifies the predominance of WMV-2 in all the samples and associated with the virus PRSV-W and Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1037
ZYMV.The assessment of the severity of the samples was performed by means of notes, with evaluations every four days after inoculation for a period of 32 days. Among the results, it was found that the cultivar Caserta showed increased susceptibility to sample PYG-14 from the region of Gurupi presents only the virus PRSV-W. However, we observed the severity of the viral sample PGY- 19 similar to the PYG-14, differing by the association of virus PRSV-W, ZYMV and WMV-2. The opposite was observed for cultivar Jacarezinho where more susceptible to PGY-19 region of Gurupi. In all evaluations, it is observed that the pumpkin cultivars were highly susceptible to viral samples. Thus demonstrating symptoms of severe blistering, underdevelopment and leaf distortion. keywords: Cucurbita,, potyvirus, symptomatology. A família Cucurbitácea é constituída de aproximadamente 118 gêneros e cerca de 825 espécies (Barroso et al., 2000). No Brasil, o cultivo de espécies do gênero Cucurbita (abóbora, abobrinha e moranga), apresenta relativo valor econômico e nutricional, tendo ainda grande importância social, na geração de empregos diretos e indiretos. No Tocantins, estima-se que a área cultivada com espécies de abóbora em 2006 foi de cerca 265 hectare com uma produção de 5.620 toneladas de frutos (SEPLAN, 2006). Atualmente, diversos fatores bióticos reduzem a produção das cucurbitáceas no estado, dentre estes, estão a várias doenças causadas por vírus, que podem reduzir substancialmente a produtividade, tanto quantitativa como qualitativamente. Até o momento, pelo menos seis vírus já foram encontrados infectando naturalmente as cucurbitáceas: Papaya ringspot virus type W PRSV-w, vírus do mosaico 2 da melancia ( Watermelon mosaic virus 2 - WMV-2), vírus do mosaico da abóbora ( Squash mosaic virus - SqMV), vírus do mosaico amarelo da abobrinha ( Zucchini yellow mosaic virus - ZYMV), vírus do mosaico do pepino ( Cucumber mosaic virus CMV) vírus da clorose letal da abobrinha ( Zucchini lethal chlorosis virus - ZLCV) (Rezende et al., 1999). Essas viroses podem ocorrer isoladamente ou em associação, desencadeando sintomas diferenciais em função do hospedeiro e da estirpe viral, principalmente, comparando o grau de resistência e severidade das estirpes virais. Em curcubitáceas a sintomatologia observada em diferentes trabalhos demonstra sintomas que variam de clorose, a mosaico, malformações e/ou deformações foliares, principalmente nas folhas apicais (Zambolin & Dusi, 1995; Kurozawa & Pavan, 1997). Diante desses aspectos, o trabalho teve como objetivo avaliar a suscetibilidades de abóbora cv. Caserta e Jacarezinho às estirpes virais obtidas em diferentes regiões produtoras de melancia do estado do Tocantins. MATERIAL E METODOS O experimento foi realizado na Universidade Federal do Tocantins - Campus de Gurupi em casa-de-vegetação. As amostras virais foram coletadas de regiões produtoras de curcubitáceas no estado do Tocantins, nos municípios de Palmas (PyP-12), Gurupi (PyG-14 e PyG-19), Formoso do Araguaia (PyF-6) e Porto Nacional (PyPn-36 e PyPn-39)). Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1038
A identificação das viroses foi feita por meio do Dot-Elisa com antisoro específicos para os vírus PRSV-W, WMV-2 e ZYMV, cedidos gentilmente pela Dra. Mirtes F. Lima- EMBRAPA - CNPH (Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças - Brasília). Foi usado no experimento abóbora cv. Jacarezinho e cv. Caserta. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizados com 6 tratamentos 5 repetições. As mudas foram obtidas em bandejas de isopor de 128 células contento substrato comercial. No estádio de quatro a seis folhas definitivas foram transplantadas para vasos de cinco litros contendo o mesmo substrato Cada parcela foi constituída por cinco plantas (uma planta por vaso). Foi realizada inoculação das plantas ainda em bandejas no estágio de dois cotilédones. Para isso, as plantas foram polvilhadas Carborundum - 600 mesch seguida seguido de fricção manual da solução tampão de inoculação (fosfato monobásico e dibásico 0,02M, ph 7,0).. As avaliações foram realizadas com base em escala de notas, conforme proposto por Rezende (1996) em que: 1: representa plantas com folhas sem sintomas de mosaico; 2: representa plantas com poucas folhas apresentando leve mosaico nos bordos; 3: representa plantas com maioria das folhas com mosaico; 4: representa plantas com a maioria das folhas com mosaico, muitas bolhas e/ou folhas apresentando leve deformação; e 5: plantas com mosaico intenso, presença de bolhosidade e de deformações foliares mais severas. Após 4 dias da última inoculação foram feitas 8 avaliações com intervalos de 4 dias uma avaliação da outra. As notas média de parcela para cada tratamento foi realizado a análise de variância e em seguida foram ajustadas equações de regressão utilizando-se o software SIGMAPLOT 11.0 - SystatSoft Inc. 2008. RESULTADO E DISCUSSÃO A identificação viral pelo método Dot-Elisa verificou-se a ocorrência de mais uma estirpes viral por amostra, variando em função da região de onde as amostras foram obtidas (Tabela 1). Os sintomas exibidos pelos genótipos de abóbora Caserta Jacarezinho mostraram diferenças na severidade entre as amostras obtidas e respectivas estipes identificadas (Tabela 1 e 2). Entre as abóboras verificou-se que a Caserta foi mais susceptível às estirpes oriundas de Formoso (PYF-6), Palmas (PYP-12) e Gurupi (PYG14 e PYG19) demonstrando no oitavo dia de avaliação sintomas como estreitamento foliar, subdesenvolvimento, cordão-de-sapato, bolhosidade, esporão e enação (Figura. 2 -A, B e C). Ao contrário que foi observado para as amostra obtidas de Porto Nacional (PYPN-36 e PYPN-39) que possui associação de PRSV-w e WMV-2, das quais foi menos severa para a Caserta, com notas inferiores a 2. No entanto, foi observado para Jacarezinho maior suscetibilidade para estas estirpes (Figura 1). Em todos os bioensaios realizados verificouse que (PYG-19) que possui associação de PRSV-w, WMV-2 e ZYMV foi mais severos para abóbora Caserta e Jacarezinho, atingindo notas máximas no 28 dia de avaliação. Com sintomas de bolhosidade intenso, mosaico, subdesenvolvimento e deformação foliar (Figura 2 D, E e F). Enquanto no amostra de Gurupi (PYG-14) que possui somente o vírus tipo WMV-2 foi menos severa nos sintomas, com notas não superiores a três. As diferenças relacionadas à sintomatologia apresentada pelas amostras virais, podem esta relacionada com a associação dos vírus presente na mesma amostra (Tabela 1). Assim como, no processo de antagonismo ou sinergismo entre os vírus presente na amostra. De acordo com alguns trabalho, verifica-se que a infecção virais em cucurbitáceas é bastante dinâmica, variando em função do vírus e da estirpes, condições climáticas, população e Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1039
migração de vetores, espécie e variedade vegetal cultivada e reservatórios naturais de vírus predominantes (Yuki et al., 2000). Dessa maneira, a diferença na suscetibilidade dos genótipos de cucurbitáceas pode estar relacionada com diferenças na capacidade dessas estirpes em multiplicar-se no hospedeiro, ou até mesmo na especificidade e na translocação viral entre células das plantas. Sendo assim, conclui-se que as cultivares de abóboras analisados apresenta suscetibilidade diferenciada entre as amostra virais testadas, diferido também, em função da localidade onde as amostras foram obtidas. REFERÊNCIAS BARROSO, G.M.; PEIXOTO, A.L.; ICHASO, C.L.F.; GUIMARÃES, E.F.; COSTA C.G. 2002, Sistema de angiospermas do Brasil. 2.ed., Viçosa: UFV, v. 1. KUROZAWA, C.; PAVAN, M. A. Doenças das cucurbitáceas. In: Kimathi, H.;AMORIN, L.; BERGAMIM FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE, J.A.M. 1997. (Ed.). Manual de fitopatologia: doenças de plantas cultivadas. 3. ed São Paulo: Ceres, v. 2, p 325-337. REZENDE, J.A.M., PACHECO, D.A. & IEMMA, A.F. 1999. Efeitos da premunização da abóbora Menina Brasileira com estirpes fracas do vírus do mosaico do mamoeiro estirpe melancia. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 34:1481-1489. SECRETARIA DE PLANEJAMENTO DO ESTADO DO TOCANTINS-SEPLAN. Anuário estatístico do Tocantins. Disponível em: www.seplan.to.gov.br/.../ AluMatEnsSuperUNITINS_2000.pdf. Acesso em: 20 out. 2006. YUKI, V.A., REZENDE, J.A.M., KITAJIMA, E.W., BARROSO, P.V.A., KUNIYUKI, H., GROPPO, G.A., & PAVAN, M.A. 2000. Occurrence, distribution, and relative incidence of five viruses infecting cucurbits in the State of São Paulo, Brazil. Plant Disease, 84:516-520. ZAMBOLIN, E. M.; DUSI, A.N. 1995. Doenças causadas por virus em cucurbitáceas. Informe agropecuário, Belo Horizonte, v.17, n. 182, p. 60-62. Tabela 1. Identificação dos isolados de Potyvirus usados conforme região de origem (Identification of potyvirus isolates used as source region). UFT Gurupi, 2009. VIROSE PRSV-W WMV-2 ZYMV PYF-6.-.+.- PYPN-36.+.+. PYG-14.-.+.- PYP-12.-.+.- PYG-19.+.+.+ PYPN-39.+.+.- Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1040
Tabela 2. Análises de regressão linear (α= Y + bx) da reação das cultivares de abóbora 0 caserta e jacarezinho conforme isolado ao longo do período de avaliação (Linear regression analysis (α = Y0 + bx) of the reaction of cultivars of pumpkin and caserta Jacarezinho as isolated during the evaluation period). UFT Gurupi, 2009 Cultivar Estirpes virais α Y R R P 0 adj Caserta PyPn-36 0 0 1 1 - PyP-12 0,0964** 0,7000** 0,9361 0,8514 0,0019** PyF-6 0,1107** 0,8714** 0,9576 0,9004 0,0007** PyG-14 0,1482** 0,5214** 0,9379 0,8555 0,0018** PyPn-39 0,0464** 0,6429** 0,9481 0,8787 0,0011** PyG-19 0,0893** 2,0143** 0,8773 0,7236 0,0095** Jacarezinho PyPn-36 0,1205** 0,8393 0,9316 0,8414 0,0023** PyP-12 0,1049** 1,1875** 0,9758 0,9422 0,0002** PyF-6 0,1094** 1,4196** 0,9777 0,947 0,0001** PyG-14 0,0937** 0,9821** 0,9791 0,9504 0,0001** PyPn-39 0,1228** 1,1161** 0,9674 0,9231 0,0004** PyG-19 0,1220** 1,5595* 0,9396 0,8595 0,0017** Figura 1. Média de notas de severidade em função do tempo para as divesas amostras virais estudadas: Palmas (PyP-12), Gurupi (PyG-14 e PyG-19), Formoso do Araguaia (PyF-6) e Porto Nacional (PyPn-36 e PyPn-39). A - Cultivar jacarezinho e B - Cultivar caserta (Average grades of severity depending on the time for the dives viral samples studied: Palmas (PYP-12), Gurupi (PYG and PYG-14-19), Formoso do Araguaia (PYF-6) and Porto Nacional (PyPn-36 and PyPn-39). A - Growing Jacarezinho and B - Growing caserta). UFT Gurupi, 2009. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1041
Figura 2. Sintomas fenotípicos observados em abóbora caserta A- esporão e mosaico. B - Cordão de sapato e enação. C - bolhosidade, deformação foliar e estreitamento foliar. D - Sintomas observados em abóbora jacarezinho cordão de sapato e deformação foliar. E - Esporão e estreitamento foliar. F - mosaico e bolhosidade (Phenotypic symptoms observed in squash caserta-a-spur and mosaic. B - Shoestring and enaction. C - blistering, leaf distortion and leaf narrowing. D - Symptoms observed in pumpkin Jacarezinho shoelace, and leaf distortion. E - narrowing and spur leaf. F - mosaic and blistering). UFT - Gurupi, 2009. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1042