A Mudança do Clima e seus impactos no Oceano Atlântico Sul



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Transcrição:

A Mudança do Clima e seus impactos no Oceano Atlântico Sul da escala global até a regional Instituto Oceanográfico Universidade de São Paulo Outubro - 2012

Outline Motivação 1 Motivação 2 3 4 5

Introdução - Contexto:

O Contexto: Temperatura esta aumentando Projeções de mudanças climáticas são mais aceleradas nas altas latitudes que em qualquer outra região do planeta Diferenças de temperatura 1950-2000

Os oceanos absorvem calor 90% do calor (aquecimento global) é absorvido pelos oceanos. ( 20 vezes mais calor que a atmosfera desde 1955.) Atmosphere: 0.7 x 10 22 J Ocean: 14.5 x 10 22 J Levitus et al. 2004

Sinal do Aquecimento Global é Visto em Todos os Oceanos Source: Washington, W (pers. comm.) adapted from Barne:, SIO

Questões globais associadas ao Oceano Atlântico Sul -Austral Tendência na TSM: 1948-2000 Temperature trend (SODA 1948-2000)

Evidência do aquecimento na Antártica 2% do gelo Antártico está nas plataformas de gelo que cobrem 50% da região de costa 1979-2000 MAIS GELO 1 1

Evidência do aquecimento na Antártica Círculos denotam perda de massa (vermelho) ou ganho (azul). Dados obtidos de sensoriamento remoto, Rignot et al., 2008.

O Oceano Austral também esta esquentando Aquecimento na coluna d água T/S (reanálise oceânica) Gille, S. T., 2002. Warming of the Southern Ocean since the 1950s. Science. Profundidade (m) C /década La3tude Sul

Motivac a o Oceanos e os modelos nume ricos Conclusa o Mudanc as na densidade dos oceanos: salinidade no Atla ntico Sequestro (uptake) de CO2 associado a estratificac a o Curry et al., Nature (2003) Salinity differences between 1990 / 1960 A Mudanc a do Clima e seus impactos no Oceano Atla ntico Sul

Água de fundo esta menos densa. Adoçamento da AABW (Shepherd, Rignot)

Motivac a o Oceanos e os modelos nume ricos Conclusa o O Oceano Austral e sensı vel ao impacto do gelo-marinho. Aquecimento provoca aumento do fluxo de gelo para os oceanos. Larsson-B Ice Shelf Collapse 31/01-07/03 2002 Weddell A Mudanc a do Clima e seus impactos no Oceano Atla ntico Sul

No Mar de Weddell, está sendo observado e modelado o aquecimento de águas densas profundas. Onde se formam as águas mais densas do planeta Agua cálida do MW esquentou 0.3C desde a metade dos anos 1970 s. Robertson et al., JGR, 2002 A diferença não é constante! Os máximos coincidem c/ ocorrência da Polynia de Weddell, causando aquecimento

A Conexão entre Atlântico Sul-Austral com as Mudanças Climáticas Atlântico Sul e setor Austral e CO 2 Águas frias contém mais CO 2. Águas ricas em CO 2 nas altas lats, afundam. CO 2 em águas densas fica armazenado mais tempo. Degelo contribuindo para aumento da estratificação na superfície oceânica em altas latitudes e alteração na formaçao-transformação de massas d agua chaves para a questão climática.

Ligações do Oceano Austral com a Criosfera Formação das principais massas d água

Processos biológicos Sorvedouro CO2 ciclos -biogeoquímicos"

Ligações do Oceano Austral com a Criosfera CO 2 na coluna d água Fluxo de CO2 observado (Takahashi et al.) CO 2 (excedente) 1968-1996$ origem antropogênica $ acumulado na camada $ da Água Intermediária Antártica (AIA) $ McNeil et al. 2007

Sequestro de CO 2 depende da intensidade dos ventos Ventilação = f (divergência e estratificação gerada pelo vento) A formação da AAIW (Água Intermediária Antartica) e da AABW (Água de fundo Antartica) são importante componentes da ventilação do Oceano Austral

ventilação = contato com a atmosfera AABW (Água de fundo Antartica) é formada predominantemente no mar de Wedell importância dos ventos na subdução (Wainer et al. 2004 Climatic Change)

Mudanças na ventilação e transformação das massas dágua afetam os oceanos resultados séculos 20 e 21 Taxas de formação se mantém, mas muda a densidade da formação where u e w are decadal means of zonal/vertical velocities at H depth (decade s mixed layer maximum depth) 21 st C 20 th C Goes, Wainer et al., 2008, GRL

Paleo Subdução Impacto no sequestro de CO 2 e calor pelos oceanos: ventos fortes maior recirculação (OVT) maior ventilação maior sequestro de CO 2 resultado de simulação com o CCSM3 para o LGM, Holoceno médio e d Pre-Industrial, (Wainer et al, 2012) 6K LGM PI Glacial AAIW formed vigorously at σ=27.7

Motivac a o Oceanos e os modelos nume ricos Conclusa o A Mudanc a do Clima e seus impactos no Oceano Atla ntico Sul

Mudanças nos oceanos Quais são as causas? Aumento do degelo? Aumento da precipitação? (i.e. processos hídrológicos ** ) Mudanças nos ventos e circulação oceânica associadas ao buraco de ozonio.

gelo + oceano é um problema regional-local de impacto global Como abordar o problema? Ferramenta Numérica (modelos) Implementatação de um modelo de plataforma de gelo marinho, interagindo termodinâmicamente com o oceano Austral

Simulando os oceanos dentro do contexto climático - o sistema Terra C omo os modelos estão representando os Oceanos, Antartica e a interação entre os sistemas?

As massas d água são excelentes indicadores para as alterações climática Suas características obtidas via interação com a atmosfera são bem representadas? Weddell Sea Atlan&c Ocean POP3 with sea ice Observa(ons POP3 without sea ice Kerr, Wainer et al., 2007 ASsci. Woce Atlas - h8p://woceatlas.tamu.edu

Modelos climáticos (classe-ipcc): o oceano abaixo da superfície Temperature/ Salinity at 30W (Russell et al. 2006) obs x 18 IPCC model results. Temp Salt

Representação da Cobertura de gelo - grande impacto na circulação e formação de Massas D água Observações Modelos do IPCC (AR4)

Fica claro a importância do setor Atlântico do Oceano Austral no clima global mas as interações Oceano-Atmosfera-Gelo Marinho ocorrem na escala regional-local através dos processos Formação e termodinâmica das plataformas de gelo marinho Formação e Transformação de massas d água Polynias interacão de escalas

Os Limites

Limites: Ferramentas & Conhecimento Física e Resoluçao versus recursos computacionais

Desafio: Traduzir a informação climática da escala global para a regional nos oceanos Modelagem Regional (ROMS)

Resultados em escala regional - Atlântico Sul Modelo de Bacia Atlântico Sul Forçantes climatológicas Normal Year forcing CORE exemplo (vento).

Na fronteira do conhecimento: interação das plataformas de gelo com o oceano Implementação de plataforma de gelo + gelo marinho O objetivo específico é o entendimento dos processos de interação oceano-atmosfera-gelo marinho através da implementação do modelo numérico ROMS

Modelo Regional - Resultados

Ice-Shelves - Metodologia Qual a importância de considerar o gelo marinho + ice-shelves num modelo regional para o Oceano Austral? Rodada de 90 anos com o ROMS: modelo hidrodinâmico + gelo marinho + ice-shelf (termodinamica e só expessura (SE)) inicialização e CC T-S Levitus 98 Forçantes do conjunto CORE v2 (NYF = normal year forcing)

Resultados - secções verticais T-S para Weddell Meccia, Wainer et al, 2012 (in revision)

Resultados - secções verticais T-S para RossTonelli, Wainer et al, 2012 (in revision)

Discussão Motivação Qual a importância de considerar o gelo marinho + ice-shelves num modelo regional para o Oceano Austral? Inclusão de gelo marinho é absolutamente necessário nas simulações para a correta representação da circulação. A contribuição desse trabalho é a inclusão das ice-shelves. A inclusão das ice-shelves só é possível quando são considerados: Expessura do gelo Termodinâmica ativa (i.e. trocas de calor)

Modelos e Observaçãos caminham de mãos dadas 1 Hoje: Excelentes projeções de futuro com modelos de escala Global 2 Em andamento: Desenvolvimento de modelos para a previsão CLIMÁTICA regional-local individualizados. 3 Necessidades para o futuro: Infra-estrutura computacional, observações sistemáticas e contínuas

Modelos e Observaçãos caminham de mãos dadas 1 Hoje: Excelentes projeções de futuro com modelos de escala Global 2 Em andamento: Desenvolvimento de modelos para a previsão CLIMÁTICA regional-local individualizados. 3 Necessidades para o futuro: Infra-estrutura computacional, observações sistemáticas e contínuas Infra estrutura de gerenciamento de dados (Observados e Modelados)

Modelos e Observaçãos caminham de mãos dadas 1 Hoje: Excelentes projeções de futuro com modelos de escala Global 2 Em andamento: Desenvolvimento de modelos para a previsão CLIMÁTICA regional-local individualizados. 3 Necessidades para o futuro: Infra-estrutura computacional, observações sistemáticas e contínuas Infra estrutura de gerenciamento de dados (Observados e Modelados) Formação de recursos humanos.

Motivac a o Oceanos e os modelos nume ricos Conclusa o OBRIGADA In situ hydrographic profiles A Mudanc a do Clima e seus impactos no Oceano Atla ntico Sul