DAS PELADAS À COPA DO MUNDO PAIXÃO MUNDIAL Quando o futebol começou no Brasil, há pouco mais de 100 anos, não havia muitos praticantes. Não existiam estádios como os de hoje e muito menos divulgação pela imprensa. Os atletas jogavam por amor à camisa e os torcedores acompanhavam como podiam. Hoje os tempos mudaram. O futebol conquistou multidões e, na virada para o século XXI, é o esporte mais popular do planeta. ERA DO RÁDIO Wikimedia Commons/Sindre Skrede Rádio Trânsito Nette, produzido na Noruega por Jan Wessel, Nette Rádio Norsk Radiofabrikk 1958-1962. Já imaginou se a Seleção Brasileira estivesse jogando a final da Copa do Mundo e você não pudesse acompanhar o jogo? Pois era assim que acontecia antigamente. A maioria das pessoas só ficava sabendo o resultado no dia seguinte, pelos jornais. Foi a partir da Copa de 1938, com a popularização do rádio, que os torcedores puderam, pelo menos, ouvir os jogos da Seleção. O aparelho era de madeira e a transmissão, cheia de ruídos. Ainda assim, o rádio conseguiu mobilizar os brasileiros em torno desse esporte. AO VIVO Demorou para que os brasileiros sentissem o gostinho de assistir ao vivo a um jogo de uma Copa do Mundo. Isso só foi possível em 1970. A transmissão era em preto e branco. Mas valeu a pena. Naquele ano, o Brasil conquistou o tricampeonato mundial, com Pelé, Rivelino, Tostão e companhia. Foi uma festa no país inteiro. TUDO SOBRE FUTEBOL Atualmente, é cada vez mais fácil ficar por dentro do futebol. Jornais, revistas, rádio, TV e internet dão grande destaque a esse esporte. Você pode saber as novidades do mundo da bola, assistir aos jogos ou buscar informações sobre o time do seu coração. Os meios de comunicação colocam à disposição tudo sobre futebol, contribuindo cada vez mais para sua popularização no mundo inteiro.
Shutterstock/sjgh INVENÇÃO DOS INGLESES A origem do futebol moderno deve-se a uma conversa de bar, em 26 de outrubro de 1863. Naquele dia, um grupo de jovens de Londres, na Inglaterra, reuniu-se na taberna Freemason s para definir as regras do esporte. Certa hora, os ânimos esquentaram e todos começaram a brigar. Os participantes dividiram-se em dois grupos. De um deles originou-se a liga de rúgbi, modalidade popular entre os ingleses na época. Do outro grupo nasceu o futebol. Wikimedia Commons/Frobles BEXIGA DE BOI Chutar a bola é um hábito que acompanha o ser humano desde tempos remotos. Da Europa ao Extremo Oriente há registros de um futebol primitivo. Valia tudo, cocos, pelotas feitas de tecidos, esfera de couro, bexiga de boi cheia de ar. Bola de futebol de 1924. Sevilla FC Museu. PLANETA BOLA Em 1904, foi criada a FIFA, Federação Internacional de Futebol Association, entidade que até hoje coordena o futebol mundial. Depois disso, o esporte não parou de crescer, expandindose da Europa para outros continentes: a América, a África, a Ásia e a Oceania. FUTEBOL NO BRASIL Cem anos atrás, pouca gente no Brasil sabia o que era futebol. Os matchs de football, como os jogadores chamavam as partidas, eram disputados por muitos estrangeiros e um punhado de brasileiros. Um século depois, o Brasil virou o país das chuteiras e transformou-se em referência para o mundo. Getty Images/Popperfoto/ Fotógrafo Desconhecido Charles Miller, que introduziu o futebol para o Brasil no século 19 O PAI DE TODOS Charles Miller foi quem trouxe o futebol para o Brasil. Paulistano, filho de imigrantes ingleses, Miller desembarcou no porto de Santos em 1894, após morar e estudar durante dez anos na Inglaterra. Na bagagem, ele trouxe duas bolas de couro, um livro de regras e alguns jogos de uniformes. Como ninguém sabia do que se tratava, tudo aquilo causou estranheza e curiosidade.
ESPORTE DE ELITE O futebol não tinha nada de popular. Só gente com dinheiro jogava, porque o material era importado e custava caro. O primeiro jogo aconteceu em abril de 1894, no bairro do Brás, em São Paulo, entre as equipes do São Paulo Railway, time de Charles Miller, e do Gas Company. O Railway venceu por 4 a 2. PRIMEIROS CLUBES Os grandes times brasileiros surgiram no início do século XX: Fluminense (1902), Grêmio (1903), Corinthians (1910) e Palestra Itália (1914), como exemplos. A popularização do esporte veio na mesma época, quando os campos de futebol foram abertos às camadas mais pobres da população. Getty Images/Mondadori/ Fotógrafo Desconhecido CAMPEÃO DO MUNDO A taça do mundo é nossa, dizia o refrão da música. A conquista do primeiro título do Brasil, em 1958, levou a uma histeria nacional. Na Copa da Suécia, a Seleção Brasileira derrotou na final os donos da casa, por 5 a 2. Os jogadores viraram heróis. E o mundo conheceu o talento de um gênio de apenas 17 anos: Pelé. Edson Arantes do Nascimento, também chamado de Pelé, agachado em um campo de futebol. 1961 BICAMPEÃO Um título conquistado graças a Garrincha, o driblador de pernas tortas. Na Copa do Chile, em 1962, a Seleção Brasileira não pôde contar com o Pelé. O camisa 10 do Brasil se machucou logo na segunda partida e ficou fora dessa Copa. Coube, então, a Garrincha comandar o escrete nacional e trazer o bicampeonato. Na final, os brasileiros derrotaram a Checoslováquia por 3 a 1. A TAÇA DO MUNDO É NOSSA Em 1970, o campeonato mundial aconteceu no México. Dessa vez, os brasileiros puderam assistir à conquista da Copa do Mundo ao vivo pela TV, mesmo que em preto e branco e só para os poucos que dispunham do aparelho. A vitória por 4 a 1 sobre a Itália, na final, garantiu a posse definitiva da Taça Jules Rimet, concedida à primeira seleção tricampeã do mundo.
TETRACAMPEÃO Folhapress/Folha Imagem/ Antonio Gauderio Após o tricampeonato, o Brasil ficou 24 anos sem título em Copas. Nesse período, encerrou-se no país a era dos militares no poder, restabeleceram-se a democracia e as eleições diretas. Várias vezes a Seleção tentou trazer a taça, mas o título mundial só voltaria em 1994, com uma equipe que partiu do Brasil desacreditada e retornou consagrada. O Brasil voltou dos Estados Unidos com o tetra ao vencer a Itália, nos pênaltis. EUA 17.07.1994 O capitao Dunga beija a Taça. FAMA PARA POUCOS Contratos milionários e salários fabulosos. Carrões e uma mansão para morar. Foto nas capas de jornais e revistas. Essa vida de luxo e riqueza é reservada a pouquíssimos jogadores. Mas a grande maioria dos atletas profissionais do Brasil precisa mesmo é contar os centavos para sobreviver. Shutterstock/Rocket400 Studio SALÁRIO MÍNIMO Para entender o contraste entre os que ganham muito e os que ganham pouco no futebol, imagine esta cena: em uma classe com 30 alunos, todos carregavam balas na mochila. Um dia, a professora quis saber quantas balas cada criança tinha. Descobriu, então, que 26 delas tinham não mais que duas balas cada uma. Três tinham três balas. E um único aluno tinha mais de 20 balas! No futebol brasileiro acontece a mesma coisa. Mas, em vez de balas, a conta se faz com salários mínimos. ATLETA CIFRÃO O jogador é um investimento para o time. Com bom elenco, uma equipe consegue títulos, melhores patrocinadores e mais dinheiro. É por isso que as estrelas do futebol são tão disputadas e custam tão caro. O jogador Rivaldo, eleito pela Fifa o melhor do mundo de 1999, é um bom exemplo disso. Veja quanto ele vale em relação ao preço de um carro popular
zero km, desde o início da carreira até o ano 2000. Em 1992, o time do interior paulista Mogi- Mirim pagou, pelo passe de Rivaldo, 10 mil dólares à equipe pernambucana do Santa Cruz. Em 1993, o Corinthians pagou 550 mil dólares, cerca de 55 carros populares, ao Mogi-Mirim, apenas pelo empréstimo do jogador. Já em 1994, o Palmeiras-Parmalat pagou, 2, 4 milhões de dólares ao Mogi-Mirim, o equivalente a 240 automóveis. Em 1996, Rivaldo iniciou sua carreira internacional. O Deportivo La Coruña, da Espanha, pagou 9 milhões de dólares ao Palmeiras, o mesmo que 900 carros. A carreira do jogador decolou de vez na Europa. Em 1997, o também espanhol Barcelona pagou 29,6 milhões de dólares ao La Coruña, tanto quanto 2.960 carros populares. Em 2000, o Barcelona estipulou o passe de Rivaldo em 50 milhões de dólares, ou seja, o equivalente a 5 mil automóveis populares. CAMPO DE DINHEIRO No futebol de hoje, a bola ganhou um companheiro inseparável: o marketing. É um casamento que deu certo e rende muitos negócios. Tanto é assim que a arrecadação com ingressos já não é a principal fonte de renda dos times. Agora, o dinheiro vem de outras fontes, como patrocínios, contratos de TV e venda de produtos. Dessa forma, o campo de jogo transformou-se em uma grande vitrine e o futebol, em um grande mercado. Fonte: Futebol, coleção de olho no mundo Recreio Das peladas à Copa do Mundo.