APRESENTAÇÃO...01 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO...03 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL...14 LEGISLAÇÃO INCIDENTE E APLICÁVEL...49

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SUMÁRIO SUMÁRIO APRESENTAÇÃO...01 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO...03 ÁREAS DE INFLUÊNCIA...10 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL...14 Meio Físico...14 Meio Biótico...24 Meio Socioeconômico...30 LEGISLAÇÃO INCIDENTE E APLICÁVEL...49 PLANOS E PROGRAMAS CO-LOCALIZADOS...54 IMPACTOS AMBIENTAIS...56 PROGRAMAS AMBIENTAIS... 68 PROGNÓSTICO AMBIENTAL... 71 CONCLUSÕES...73 EQUIPE TÉCNICA...74 i

APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO O EMPREENDIMENTO O Sistema Adutor do Agreste Pernambucano é um empreendimento de infra-estrutura hídrica, composto por um sistema de adutoras que irá captar água na futura barragem de Ipojuca, no Ramal do Agreste, projeto de extensão do Eixo Leste do Projeto de Integração do rio São Francisco com Bacias do Nordeste Setentrional (PISF), para a região do Agreste de Pernambuco. A água tratada, produto final do empreendimento, será distribuída a 61 municípios que pertencem às bacias hidrográficas de Ipojuca, Moxotó, Ipanema, Goiana, Capibaribe, Sirinhaém, Mundaú, Una, Paraíba e Traipu. Os municípios de Itaíba, Ibirajuba e São João também serão beneficiados diretamente por este Sistema Adutor, em função da disponibilização de água de fontes locais que hoje abastecem outros municícios. O LICENCIAMENTO O Sistema Adutor do Agreste Pernambucano é um empreendimento do Governo Federal do Brasil, executado através do Ministério da Integração Nacional (MI). O empreendimento é objeto de licenciamento ambiental estadual através da Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (CPRH), conforme processo CPRH Nº 11.060/05. Inicialmente foi idealizado para todo o Ramal do Agreste Pernambucano, com Termo de Referência elaborado em janeiro de 2006 e revisado em outubro de 2006, sendo posteriormente desmembrado em dois licenciamentos. O empreendedor contratou o Consórcio das empresas CONESTOGA-ROVERS E ASSOCIADOS e ENGECORPS CORPO DE ENGENHEIROS CONSULTORES para desenvolver o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) e acompanhar o processo de licenciamento do empreendimento até a emissão da Licença Prévia (LP). O EIA do Ramal do Agreste Pernambucano foi concluído em março de 2008, tendo sido protocolado na CPRH para dar seqüência ao processo de licenciamento. Este RIMA é uma síntese do EIA do Sistema Adutor do Agreste Pernambucano, tendo sido elaborado em linguagem mais simples, resumida e objetiva, procurando mostrar os resultados da análise ambiental do empreendimento. Reservatório no Riacho do Tigre 1

Identificação do Empreendedor 2 Nome: MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL CGC: 03.353.358/0001-96 Endereço: Esplanada dos Ministérios, Bloco "E" - CEP 70062-900 Telefone: (61) 414-5828 Fax: (61) 225-8895 Representante Legal: GEDDEL QUADROS VIEIRA LIMA CPF: 220.627.341-15 Endereço: Esplanada dos Ministérios, Bloco "E", 8º Andar CEP: 70062-900 Telefone: (61) 3414-5814 / 3414-5815 Fax: (61) 3321-3122 Pessoa de Contato: JOÃO REIS SANTANA FILHO CPF: 005.832.605-78 Endereço: Esplanada dos Ministérios, Bloco "E", 9º andar, sala 900 CEP: 70062-900 Telefone: (61) 3414-5828 / 3414-5701 Fax: (61) 3414-5493 Identificação das Empresas Consultoras Nome: CONESTOGA-ROVERS E ASSOCIADOS LTDA. Inscrição Estadual: isenta Inscrição Municipal: 2.625.534-0 CNPJ: 02.104.432/0001-78 Endereço: Rua Francisco Tramontano, 100 / 6º Andar Real Parque São Paulo - SP CEP: 05.686-010 Telefone: (11) 3750-4301 Fax: (11) 3750-4366 Responsável Técnico: Eng. José Manuel Mondelo Prada Nome: ENGECORPS CORPO DE ENGENHEIROS CONSULTORES LTDA. Inscrição Estadual: isenta Inscrição Municipal: 442.317-1 CNPJ 62.025.440/0001-50 Endereço: Alameda Tocantins, 125 / 4o Andar Barueri SP CEP: 06.455-020 Telefone: (11) 2135-5281 Fax: (11) 2135-5244 Responsável Técnico: Eng. Danny Dalberson de Oliveira Lançamento da garrafa tipo Van Dorn 3 para coleta de fitoplâncton

CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO INFORMAÇÕES GERAIS O Sistema Adutor do Agreste Pernambucano terá início no reservatório de Ipojuca, que constitui o ponto final do Ramal do Agreste. A vazão máxima de água captada no reservatório de Ipojuca será da ordem de 3,3m³/s. A água será tratada em uma Estação de Tratamento de Água próxima ao reservatório. Após o tratamento, a água será conduzida por um sistema de adução de água formado por tubulações de aço e de ferro fundido, com diâmetros variando de 1.500 a 200 mm, com cerca de 1.030 km de extensão, que atenderá com água tratada 61 municípios da região. Açude Mulungu, na localidade de Ipojuca, próximo à nascente do rio Ipojuca e no local onde será construída a barragem de Ipojuca, ponto de partida do Sistema Adutor do Agreste Pernambucano Município de Arcoverde - PE LOCALIZAÇÃO E ACESSOS O acesso à região de inserção do empreendimento se dá através da BR-232 que interliga Recife a Salgueiro. Partindo-se da capital pernambucana por esta rodovia, percorre-se 80 km até atingir a cidade de Gravatá; seguindo esta mesma estrada, chega-se à sede municipal de Pesqueira após cerca de 130 km. O Sistema Adutor será construído a partir do reservatório de Ipojuca, no município de Arcoverde. Próximo à tomada d'água do reservatório será definida a área de implantação da Estação de Tratamento de Água (ETA). A partir da ETA, terá início o sistema de adução propriamente dito, que contornará a Terra Indígena Xucurú até atingir a cidade de Pesqueira, junto à BR-232. O eixo principal de adução de água se dará ao longo da rodovia federal BR-232, em extensão aproximada de 125 km, passando pelas cidades de Belo Jardim, Tacaimbó, São Caitano, Caruaru, Bezerros e Gravatá. 3

ANTECEDENTES HISTÓRICOS 4 A história do Ramal do Agreste está atrelada à história do Eixo Leste (fonte hídrica do empreendimento) e, conseqüentemente, ao antigo Projeto de Transposição do Rio São Francisco (PTSF) e à sua versão atual revisada e denominada Projeto de Integração do São Francisco com Bacias do Nordeste Setentrional (PISF), empreendimento já licenciado pelo IBAMA. A idéia da transposição de águas do rio São Francisco para garantir sustentabilidade hídrica ao Semi-Árido Nordestino, o Presença de pescadores na Barragem do Prata abastecimento de populações e o desenvolvimento da região, foi objeto de vários estudos, desde meados do século passado. Desde então, o empreendimento já sofreu inúmeras alterações em termos de concepção e projeto, mas seu objetivo geral de garantir sustentabilidade hídrica que permita o abastecimento de populações e o desenvolvimento da região do Semi-Árido permanece o mesmo. Estudos demonstraram a necessidade e a oportunidade de um novo eixo de obras, o Eixo Leste, para atender áreas prioritárias não contempladas na concepção anterior do empreendimento. Dessa forma, na sua versão atual, o PISF complementa e amplia sua área de abrangência através do Eixo Leste, de onde parte o Ramal do Agreste e o Sistema Adutor, objeto do presente EIA/RIMA. OBJETIVOS O Agreste Pernambucano é uma área crítica em termos de escassez de água, o que dificulta a sobrevivência da população em condições dignas, gerando situações de pobreza e miséria. As secas no Nordeste são conhecidas desde os séculos XVI e XVII e a irregularidade das chuvas sempre foi uma característica da região. Há séculos, o problema da região continua à espera de soluções, sendo cada vez mais agravado, não só por imposição da natureza, como também pela necessidade de políticas públicas mais eficientes. O enfrentamento dessa problemática pelo poder público tem se caracterizado pela tentativa de garantir a disponibilidade de água nos rios não contínuos a partir da construção de reservatórios de armazenamento grandes e pequenos, regionalmente conhecidos por açudes. Os açudes, entretanto, sofrem perdas excessivas por evaporação e não conseguem disponibilizar, em média, mais do que 25% da água que armazenam. Neste contexto, as obras do Ramal do Agreste visam integrar açudes já construídos, reforçando a oferta hídrica local e assegurando a garantia de abastecimento de água à população beneficiada, até o ano de 2025. A distribuição de água para consumo humano, entretanto, será feita pelo Sistema Adutor do Agreste Pernambucano, que visa abastecer com água de boa qualidade 61 municípios da região. É interessante ressaltar que, na área a ser beneficiada pela implantação do sistema de adutoras, a população urbana tem grande participação na população a ser atendida, o atendimento à população rural situa-se em apenas 12% do total do suprimento.

JUSTIFICATIVAS As instalações atuais dos sistemas de abastecimento de água que atendem às sedes dos municípios da região do Agreste Pernambucano estão funcionando em condições precárias, tanto no que diz respeito ao suprimento de água bruta em quantidade e qualidade, como nos aspectos de tratamento, reserva e distribuição de água tratada. Segundo os dados disponíveis no ATLAS NORDESTE (ANA, 2005), um número expressivo de sedes municipais do Agreste de Pernambuco encontra-se em situação crítica de abastecimento, o que demonstra claramente a grande dependência da região de fontes hídricas externas, tais como o Eixo Leste do PISF, justificando plenamente a implantação do Ramal do Agreste e do Sistema Adutor. Verifica-se, assim, que alternativas que sirvam ao suprimento de demandas hídricas do Agreste de Pernambuco formadas por fontes locais ou por métodos tais como a chuva induzida e a reservação de águas da chuva servem apenas como possibilidades complementares, não representando opções para soluções definitivas da eficiência do abastecimento de água na região. Como conseqüência direta do atendimento às demandas de abastecimento, deverá ocorrer uma melhoria na qualidade de vida da população, com melhoria dos sistemas de saneamento básico e crescimento de atividades produtivas que têm na água um de seus mais importantes componentes. O Projeto também deverá contribuir para a fixação da população na região, sujeita, de longa data, a um processo contínuo de deslocamento, seja para outras regiões do País, seja para outros pontos do Nordeste. Deve-se ainda ressaltar como benefício relevante do empreendimento, devido à oferta constante de água de boa qualidade, àredução do número de internações hospitalares na região e à redução dos índices de mortalidade infantil. Finalmente, o Ramal do Agreste deverá contribuir ainda para a redução dos gastos públicos com medidas de emergência durante as freqüentes secas, uma vez que a oferta de água será garantida e o impacto das secas reduzido, justificando-se, portanto, também sob o ponto de vista econômico. 5

DESCRIÇÃO TÉCNICA DO PROJETO 6 Fonte Hídrica e Concepção Geral A população a ser beneficiada por este sistema, na Região do Agreste Pernambucano, está estimada em 1,89 milhões de pessoas para fim de plano em 2037. A fonte hídrica do sistema é o reservatório Ipojuca, ponto final do Ramal do Agreste, que beneficiará a região com a adução de 8 m³/s do Eixo Leste do PISF. A configuração adotada para a concepção do Sistema Adutor do Agreste Pernambucano teve por base os seguintes pontos: o Sistema Adutor tem seu início no reservatório de Ipojuca, atendendo a população urbana e rural das cidades e povoados (faixa de 2,5 km para cada lado do eixo do traçado das adutoras); deverá atender a toda população abastecida com água tratada; o traçado das adutoras deverá privilegiar as condições de relevo naturais; o Sistema Adutor deverá se desenvolver ao longo do sistema viário, como forma de minimizar problemas ambientais, desapropriações e custos de manutenção. Demandas Envolvidas e Balanço Hídrico O Sistema Adutor do Agreste Pernambucano irá atender a 61 municípios. Além dos núcleos urbanos das sedes municipais, outros 80 distritos urbanos serão beneficiados, por estarem situados dentro da faixa de 2,5 km de cada lado da adutora. Toda a população rural da faixa de influência das adutoras também será atendida. Os valores de consumo médio por pessoa foram calculados conforme as normas do PROÁGUA para avaliar as demandas e ofertas de água na região do Agreste Pernambucano. Estes valores, aplicados às populações atendidas nos anos intermediários de 2010 e de 2025, resultaram nas demandas médias de água obtidas para as populações urbanas e rurais de cada município. Rio Ipojuca situado no minicípio de Caruaru Crianças retirando água

Características Técnicas das Obras Em resumo, as obras a serem realizadas para o Sistema Adutor do Agreste Pernambucano, para a produção e condução de água são as seguintes: adutora de água bruta 0,3 km; estação de tratamento de água - ETA tipo convencional; ETA capacidade nominal - vazão 3,3 m³/s; estação elevatória de água tratada (vazão final) 4,0 m³/s; adutora de água tratada - inicial 6,0 km; reservação de 20.000 m³; adutoras de distribuição de água tratada com 1.030 km; booster`s 5 unidades. Cronograma de Implantação e Valor do Investimento O investimento total orçado no Relatório Técnico Preliminar (RTP), com data base em junho de 2007, é de cerca de 1,34 bilhões de reais, assim distribuídos: 630 milhões de reais para obras civis; e 710 milhões de reais para tubulações e equipamentos. O prazo previsto para a execução das obras é de 24 (vinte e quatro) meses. EMPREENDIMENTOS ASSOCIADOS E DECORRENTES Os principais empreendimentos associados ou decorrentes do Sistema Adutor do Agreste Pernambucano são o Eixo Leste do Projeto de Integração do São Francisco com o Nordeste Setentrional (PISF), por constituir a fonte hídrica do projeto, e o Ramal do Agreste, que vai direcionar água para que as adutoras promovam a sua distribuição à área beneficiada. 7

ALTERNATIVAS LOCACIONAIS E DE TRAÇADO Estudos de Locação da ETA O projeto da Estação de Tratamento de Água (ETA Ipojuca) e de suas unidades complementares, a saber: Estação Elevatória de Água Tratada (EEAT) e Centro de Reservação com capacidade de 20.000 m³, tem como alternativa para a sua implantação, a utilização de área junto da Barragem de Ipojuca, onde estão localizadas a tomada d água e a adutora de água bruta, na margem direita do rio. 8 Alternativas de Traçado do Sistema Foram estudas quatro alternativas de traçado do Sistema de Adução: Alternativa 1 a captação ocorre no reservatório de Ipojuca e o caminhamento se faz em direção à cidade de Pesqueira. Em seguida à captação, foi prevista a construção de uma ETA, com início de um sistema de bombeamento. Previu-se também a instalação de tanques de reservação. A partir de Pesqueira, o sistema tem um caminhamento preferencial seguindo o próprio rio Ipojuca, passando pelas cidades de Belo Jardim, Tacaímbo, São Caitano, Caruaru, Bezerros, chegando até a cidade de Gravatá. Alternativa 2 similar à Alternativa 1, apresenta como diferença apenas o caminhamento do traçado desde o reservatório de Ipojuca até a cidade de Arcoverde e depois até Pesqueira. O novo traçado tem, entretanto, um desenvolvimento maior, com um total de 27.060 metros de extensão adicional. Alternativa 3 nesta alternativa, a vazão do reservatório Ipojuca é lançada diretamente no rio Ipojuca e captada ao longo do rio em De acordo com os cálculos estimados, a Alternativa 1 tem uma vantagem em relação a Alternativa 2 de cerca de R$ 35,6 milhões. pontos estratégicos para atendimento à população. Esta alternativa tem a vantagem de não exigir um bombeamento inicial da ordem de 136 m, porém traz em si o problema de modificar as condições naturais do rio dentro do trecho que atravessa a reserva indígena. Pelas razões apontadas, as autoridades do MI, responsáveis pelo acompanhamento técnico dos estudos, decidiram pelo abandono desta alternativa.

Alternativa 4 uma variante da Alternativa 3. É feita uma captação no reservatório Ipojuca e as águas são encaminhadas para o rio Ipojuca seguindo o mesmo traçado da Alternativa 1 até a cidade de Pesqueira, contornando assim a reserva indígena existente na região. Desta cidade, até o rio Ipojuca, segue o caminhamento previsto na Alternativa 1 para abastecer a cidade de Poções. De acordo com o detalhamento e resultados finais da análise, principalmente no que diz respeito às condições sanitárias, foi abandonada também esta alternativa. JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA SELECIONADA A Alternativa 1 é aquela que se mostra a mais vantajosa economicamente e do ponto de vista sanitário, a que apresenta as melhores características. Ressalta-se, no entanto, que as diferenças de custos de tubulação entre a Alternativa 1 e a Alternativa 4 podem ser consideradas como desprezíveis. 9

ÁREAS DE INFLUÊNCIA CONSIDERAÇÕES INICIAIS O Sistema Adutor do Agreste Pernambucano é um conjunto de adutoras de água tratada que se inicia no município de Arcoverde (PE) e percorre as faixas de domínio das principais estradas da região do Agreste Pernambucano, de modo a garantir o abastecimento de água de boa qualidade para consumo humano em toda a região. Abrange, assim, 61 municípios, além de alguns distritos e de várias localidades da zona rural desses municípios dentro de uma faixa de 5 km de largura em torno das adutoras principais. A definição das áreas de estudo foi feita segundo os procedimentos comuns de observação das características do empreendimento, das suas principais relações com as diferentes regiões em que está inserido e, por fim, da conseqüência destas relações nos vários elementos ambientais. Para esses estudos ambientais foram consideradas as duas tradicionais unidades espaciais de análise, ou seja: a Área de Influência Indireta AII e a Área de Influência Direta AID, esta última, território em que se dão majoritariamente as transformações ambientais primárias (ou diretas) decorrentes do empreendimento. 10

ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA Meios Físico e Biótico A Área de Influência Indireta (AII) é definida como a área real ou potencialmente afetada pelos impactos indiretos da implantação e operação do empreendimento. O conceito da bacia hidrográfica como unidade de estudos ambientais vem sendo aplicado há bastante tempo em diversos países, inclusive no Brasil, não apenas como espaço preferencial de análise, mas como um limite geográfico onde se pode melhor controlá-los e, assim, manter a qualidade ambiental. Por isso foi definida a inclusão das bacias receptoras desses recursos na Área de Influência Indireta dos estudos físico-bióticos do empreendimento. Apesar de atender apenas municípios do Estado de Pernambuco, a água distribuída pelo projeto, após consumida pela população, acabará sendo destinada para a drenagem natural e atingindo todas as bacias hidrográficas envolvidas, estendendo-se para regiões do Estado de Alagoas. As dez bacias que compõem a Área de Influência Indireta (AII) são apresentadas a seguir: Moxotó, Ipojuca, Goiania, Capibaribe, Sirinhaém, Una, Mundaú, Paraíba, Traipu e Ipanema. Marca d água nas rochas que cercam a Barragem do Mulungu,indicando o baixo nível de água atual Bovinos atravessando o rio Una Reservatório no riacho do Tigre, próximo a Henrique Dias 11

Meio Socioeconômico Para os estudos do meio socioeconômico, foi considerado como Área de Influência Indireta (AII) o espaço provável dos desdobramentos sociais e econômicos indiretos do uso previsto das águas conduzidas pelo Projeto, principalmente sobre os processos da mobilidade da população e da qualidade de vida em geral. Assim, considerou-se para delimitação da AII para o meio antrópico os limites envolventes dos 61 municípios que serão futuramente atendidos, além de mais 3 (três) municípios que se beneficiarão diretamente em função do aumento da disponibilidade das águas locais para o seu abastecimento. Feira de Sulanca, em Caruaru Parque Ecológico João Vasconcelos sobrinho, em Caruaru 12

ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA A Área de Influência Direta (AID) é definida como a área sujeita aos impactos diretos da implantação e operação do empreendimento. Sua delimitação é função das características sociais, econômicas, físicas e biológicas dos sistemas a serem estudados e das características do empreendimento. Considerou-se como limites para a Área de Influência Direta uma faixa de 5 km em torno das obras do Sistema Adutor (2,5 km para cada lado). Dentro desta faixa, todas as comunidades existentes serão atendidas pelo abastecimento de água do projeto. Como exceção, temos a área delimitada pela Terra Indígena Xucurú, no município de Pesqueira. Uma pequena porção desta Terra Indígena está próxima ao Sistema Adutor, dentro da faixa de 2,5 km de um dos lados, porém não sofrerá nenhum impacto direto do empreendimento, de modo que optou-se por não inserila na AID. Por outro lado, a Terra Indígena Xucurú será beneficiada indiretamente, pois atualmente a COMPESA, órgão estadual de saneamento básico, capta água em alguns reservatórios pertencentes a esta área, deixando de fazê-la após a implantação do empreendimento. 13

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DIAGNÓSTICO AMBIENTAL Meio Físico Clima e Condições Meteorológicas 14 Estudos recentes do fenômeno das secas no Nordeste Brasileiro mostraram a necessidade de se conhecer as características da atmosfera em nível regional e em nível global. O clima do Nordeste do Brasil, por suas diferentes características, é considerado o de maior complexidade entre as regiões brasileiras. Essa complexidade decorre fundamentalmente de sua posição geográfica em relação aos diversos sistemas de circulação atmosférica e, também, em função do relevo, da latitude e da localização continental. O regime de chuvas da região também é complexo e gerador de preocupação. Outro elemento importante na análise climática do Nordeste Brasileiro é a variação dos ventos na costa. Semi-Árido Nordestino O clima da região semi-árida nordestina é caracterizado pela falta de chuvas e pelas altas taxas de evaporação e insolação. O leste do Piauí, todo o Estado do Ceará e a metade oeste dos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco se encontram na área de maior freqüência de secas. O regime de chuvas no Semi-Árido Nordestino pode ser caracterizado por dois períodos bem definidos: um chuvoso no verão e outro seco no inverno, sendo os meses mais chuvosos os de novembro, dezembro e janeiro; os mais secos os de junho, julho e agosto, tendo seu período de precipitação iniciado em setembro, atingindo o seu máximo em dezembro e, praticamente, terminando no mês de maio. Observa-se na região o fenômeno do veranico, período entre 10 e 25 dias, durante a época de seca, com temperaturas elevadas, que ocasionam a alta evapotranspiração. A insolação é muito forte, da ordem de 2.800 horas por ano em média, e a evaporação atinge, nas regiões mais secas, 2.000 mm. Afloramento de Rocha Afloramento na localidade de PEDRA

Avaliação Climatológica das Secas As secas no Nordeste são conhecidas desde os séculos XVI e XVII. A região alterna períodos de longa estiagem e períodos curtos de chuva concentrada. Para que a zona compreendida por este fenômeno climático fosse atendida e definida a área de sua atuação, foi delimitada, por Lei, em 1936, o chamado polígono das secas. Passadas mais de seis décadas, o problema do polígono das secas ou da região semi-árida continua à espera de soluções, sendo cada vez mais agravado por imposição da Natureza e pela necessidade de políticas públicas mais eficientes. Considerando as análises realizadas na região, que apontam para a grave escassez de água, fica demonstrada a necessidade da implantação de sistemas de fornecimento hídrico complementares à água da chuva, no sentido de se amenizar a aridez da região. Rio completamente seco, devido à estiagem no Agreste Pernambucano Cultivo de mandioca mecanizado após Buíque rumo a Tupanatinga Temperatura do Ar no Nível da Superfície Pode-se afirmar que, em anos de El Niño de forte atividade, as secas no Nordeste brasileiro passam a ser mais pronunciadas, principalmente no Semi-Árido, onde, em situação regular, elas já estão presentes. Os fortes episódios de La Niña, porém, ainda merecem mais análises quanto aos seus impactos no Nordeste Brasileiro. Panorâmica de relevo de Argissolos 15

Principais Características Climatológicas As principais características do clima na área de interesse e em torno do Projeto do Sistema Adutor do Agreste de Pernambucano, por parâmetro, são as seguintes: Vento Meridional no Nível da Superfície: as componentes meridionais assumem valores positivos em toda a área do projeto. Os valores de velocidade da componente meridional decrescem à medida que os ventos adentram ao continente. Taxa de Evaporação Potencial: os máximos valores no Semi-Árido ocorrem de outubro a dezembro (> 400 W/m²). Taxa de Precipitação: apresenta-se, predominantemente, na direção sudoeste para nordeste, tendo os maiores valores próximos ao litoral. Temperatura do Ar: apresenta-se, em geral, de sudoeste para nordeste (litoral). Em outubro e novembro ocorre uma mudança natural do Semi-Árido para noroeste. Fluxo de Calor no Nível da Superfície do Solo: a variação em função das estações do ano é relativamente marcante. Vetor Vento no Nível da Superfície: de modo geral, os ventos se deslocam com uma componente leste acentuada, com pequenas variações ao longo do ano, principalmente no inverno. Vento Zonal no Nível da Superfície: os ventos zonais são predominantes do setor leste, cuja dimensão diminui à medida que se adentra o continente. Pressão Atmosférica no Nível da Superfície: as configurações dos campos de pressão à superfície pouco variam ao longo do ano. Percebe-se um ajuste geral do campo de pressão à superfície com as topografias da Serra dos Irmãos, Serra Grande, Chapada do Araripe, Serra dos Cariris, Planalto da Borborema e Serra dos Cariris Novos. Umidade Relativa do Ar no Nível da Superfície: de janeiro a março, surge um mínimo relativo que se desloca para leste, na direção do oceano. Em janeiro, esse núcleo apresenta uma posição próxima a Flores (PE), a leste e mais seco que a área do empreendimento, com valor de 78%. De abril a agosto, o sinal se inverte, passando a se configurar um núcleo de máximo relativo (em torno de 80%), que se desloca gradualmente para leste. Em setembro, a configuração do campo de isolinhas sobre o Semi-Árido nordestino passa a ser não fechada, no sentido do litoral. Em outubro, volta a surgir um núcleo de mínimo relativo próximo a Ouricuri (PE), a leste e mais seco que a área do empreendimento, o qual sofre variações de valor, chegando a 65% em dezembro e persistindo desse modo até março. 16 Riacho Ipanema

Ruídos A medição dos níveis de ruído na região foi realizada a fim de conhecer o ruído ambiente, auxiliando na criação dos mapas de ruído na região do empreendimento. Foram realizadas medições durante o dia e a noite. Os resultados das medições de ruído ambiente na região do Sistema Adutor do Agreste Pernambucano durante o dia apresentaram os seguintes ruídos perceptíveis: pássaros, mugido de vaca, pessoas falando, crianças gritando, trânsito de veículos, gato miando, grilo, cabra, passagem de moto, latidos de cães, buzina de moto e carro, vento na vegetação, passagem de ônibus, música mecânica, crianças na escola, passagem de caminhão, passagem de bicicleta e charrete. Já os resultados das medições de ruído ambiente na região do Sistema Adutor do Agreste Pernambucano no período da noite apresentaram os seguintes ruídos perceptíveis: galo, vento na vegetação, pássaros, passagem de carro e caminhão e cabra. Várzea de Pão-de-açucar Rio Ipojuca rodeado de moradias precárias que ali despejam seu esgoto sem nenhum tratamento Pedreiras para retirada de paralelepipedos. Britacal (Brita Caruaru Ltda.) GEOLOGIA E GEOTECNIA Área de Influência Indireta A Área de Influência Indireta do Sistema Adutor inclui porções da Província Borborema, seções basais e intermediárias de Bacias Sedimentares Paleozóicas Meso-Cenozóicas Interiores e Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira. Área de Influência Direta A partir de dados secundários, foi confeccionado em escala regional (1:100.000) o mapa geológico da Área de Influência Direta (AID) do Sistema Adutor. A base de dados foi compilada do SIG Geológico do Brasil, na escala de 1:2.500.000, apresentado pela CPRM em 2003, sendo então incorporadas informações de mapeamentos de maior detalhe e pequenas modificações. Em termos de grandes compartimentos geotectônicos, a Área de Influência Direta do Sistema Adutor do Agreste de Pernambuco inclui porções da Província Borborema e parte da Bacia Sedimentar do Jatobá. 17

Ocorrência de Sismos na Região Nordeste As atividades sísmicas que atingem o Nordeste evidenciam que liberação de energia sísmica, em geral, ocorre em áreas afetadas por falhamentos ou convergência de estruturas. A zona sismogênica abrangida pela área do Sistema Adutor é a Zona Sismogênica de Caruaru, zona esta que se restringe ao Bloco Pernambuco. Em novembro de 1981 ocorreram três eventos sísmicos subseqüentes na Zona Sismogênica de Caruaru, de magnitude igual a 3.1, um deles afetando uma área de 300km². Em agosto de 2002 ocorreram 1.218 tremores em Caruaru/PE, dos quais 102 foram registrados no dia 19 com a maior magnitude atingindo 3,5 graus na escala Richter. Recentemente houve um abalo sísmico, no dia 20/08/2007, que atingiu 4 graus na escala Richter, sendo o maior abalo registrado deste 1970. Hidrogeologia Classificação e caracterização dos sistemas aqüíferos Com base no mapa geológico (CPRM, 2003) no interior dos limites da Área de Influência Direta do Sistema Adutor do Agreste Pernambucano podem ser reconhecidos três sistemas aqüíferos, os quais são distinguidos em função das variações de parâmetros hidrodinâmicos como transmissividade, condutividade hidráulica e tipo de porosidade. Assim foram definidos o Sistema Aqüífero Fissural, o Sistema Aqüífero Garanhuns e o Sistema Aqüífero Jatobá: Sistema Aqüífero Fissural: engloba todas as rochas metamórficas e ígneas aflorantes na Área de Influência Direta, ocupando praticamente todo o Agreste de Pernambuco. Sistema Aqüífero Garanhuns: a cidade de Garanhuns está posicionada morfologicamente, numa discreta projeção do tabuleiro sedimentar da região, que se apresenta aqui recortado e entalhado pela drenagem procedente de noroeste e do nordeste. Com base no levantamento de campo dos litotipos aflorantes na zona urbana de Garanhuns, e seus posicionamentos litoestratigráficos com as unidades indicadas na geologia regional, verificam-se que a maior parte desses litotipos corresponde, em superfície, à exposição da Formação São Sebastião. Motor para bombeamento d'água 18 Sistema Aqüífero Intergranular Jatobá: representado na Área de Influência Direta pela Formação Tacaratu. Essa formação na AID aflora ao longo da borda SSE da bacia sedimentar, ocupando porções dos municípios de Tupanatinga e Buique, onde se apresenta bastante recortada pela erosão e capeada por espesso manto eluvial. Açude Tambores no rio Ipanema