AGRICULTURA DE PRECISÃO POR METODOLOGIA GEOESTATÍSTICA: APLICAÇÃO EM SOLOS DO ESTADO DE RONDÔNIA

Documentos relacionados
Distribuição espacial dos atributos físicos do solo no Horto Florestal São Benedito

ESTIMATIVA E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA BIOMASSA NA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

VARIABILIDADE PRODUTIVA DE PASTAGEM COM Brachiaria brizantha EM FUNÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO SOB TOPOSSEQUÊNCIA.

COKRIGAGEM NA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO CÁLCIO BASEADO NO ph EM UM LATOSSOLO CULTIVADO COM CAFÉ CONILON COSTA, Felipe Pianna 1

RESENHA 1. Aluno: Rodrigo de Almeida Muniz Doutorando: Engenharia de Sistemas Agrícolas

Nivelamento: conceitos básicos sobre geoestatística. Dr. Diego Silva Siqueira Colaborador no Grupo de Pesquisa CSME

VARIABILIDADE ESPACIAL DA MATÉRIA ORGÂNICA EM CAMBISSOLO IRRIGADO NO VALE DO AÇU, RN

GERAÇÃO DE UM ÍNDICE DE FERTILIDADE PARA DEFINIÇÃO DE ZONAS DE MANEJO EM AGRICULTURA DE PRECISÃO

VARIABILIDADE ESPACIAL DA CONDUTIVIDADE ELÉTRICA NO SOLO EM UM TALHÃO DE LARANJA: AMOSTRAS EM GRIDES REGULARES. Lucas Santana da Cunha 1 RESUMO

IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DA FERTILIDADE QUÍMICA DO SOLO INTERFERINDO NA PRODUTIVIDADE EM AGRICULTURA DE PRECISÃO

Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão- ConBAP 2014 São Pedro - SP, 14 a 17 de setembro de 2014

II SIMPAGRO da UNIPAMPA

GEOESTATÍSTICA APLICADA AO ESTUDO DA VARIAÇÃO DE CORES DO QUARTZO DA REGIÃO DE ANTÔNIO DIAS MG.

VARIABILIDADE ESPACIAL DO TERCEIRO QUARTIL DA PRECIPITAÇÃO MENSAL NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

3 Simpósio Internacional de Agricultura de Precisão

Uso da Geoestatística no diagnóstico da acidez do solo sob cultivo do café conilon

ANÁLISE GEOESTATÍSTICA: UMA INTRODUÇÃO. Célia Regina Grego

Álvaro V. Resende Embrapa Milho e Sorgo

USO DO SOFTWARE GEOEST PARA ANÁLISE ESPACIAL DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL ANUAL NO ESTADO DE SÃO PAULO

ANÁLISE ESPACIAL DA COBERTURA VEGETAL EM ÁREA DE PASTAGEM UTILIZANDO GEOESTATÍSTICA

Atributos do solo em um módulo de cultivo intensivo de hortaliças orgânicas. Soil attributes in an intensive cultivation module of organic vegetables.

Prof: Felipe C. V. dos Santos

ANÁLISE ESPACIAL DA PRODUÇÃO DE TOMATE CULTIVADO EM AMBIENTE PROTEGIDO

Capacitância elétrica e sua correlação com atributos do solo visando aplicação na agricultura de precisão

CORRELAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO BANCO DE SEMENTES DE PLANTAS DANINHAS COM A FERTILIDADE DOS SOLOS 1

VARIABILIDADE ESPACIAL DOS ATRIBUTOS QUÍMICOS DE UM LATOSSOLO VERMELHO EUTRÓFICO EM MARACAJU - MS

VARIABILIDADE ESPACIAL DA DENSIDADE DE UM LATOSSOLO SOB CAFEICULTURA NA REGIÃO DO CERRADO MINEIRO

O uso de técnicas geoestatísticas na espacialização da argila do solo

VARIABILIDADE ESPACIAL APLICADA A PESQUISA E AO DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO SUSTENTÁVEIS.

Synergismus scyentifica UTFPR

Número de amostras e seus efeitos na análise geoestatística e krigagem de atributos do solo

MAPEAMENTO DA DENSIDADE DO SOLO NUMA ÁREA CULTIVADA COM VIDEIRA USANDO A TÉCNICA DE KRIGAGEM 1. INTRODUÇÃO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

IV Simpósio de Geoestatística Aplicada em Ciências Agrárias 14 e 15 de Maio de 2015 Botucatu, São Paulo

COKRIGAGEM. Aplicação da cokrigagem

Artigo 2 Rafaelly Suzanye da Silva Santos

Ajuste de grades amostrais para o mapeamento da resistência à penetração de um Latossolo Bruno

Dependência Espacial de Atributos Químicos dos solos da Região do Alto Taquari

Variabilidade espacial dos atributos físicos numa área cultivada com pêssego **

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA HIDROLOGIA APLICADA. Estatística aplicada a hidrologia. Prof.

INTRODUÇÃO À ANÁLISE GEOESTATÍSTICA

Correlação da variabilidade espacial entre a produtividade de um pomar de pêssego e a densidade do solo para o município de Morro Redondo-RS **

Variabilidade espacial de propriedades físico químicas do estuário Ciénaga Grande de Santa Marta - CGSM Colômbia.

VARIABILIDADE ESPACIAL E TEMPORAL DE ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO E DA PRODUTIVIDADE DA SOJA NUM SISTEMA DE AGRICULTURA DE PRECISÃO 1

Distribuição espacial dos macronutrientes em um Latossolo cultivado com pastagem. Eduardo Oliveira de Jesus Santos 1, Ivoney Gontijo 2

VARIABILIDADE ESPACIAL DOS ATRIBUTOS DO SOLO RELACIONADO À ACIDEZ EM UMA ARGISSOLO AMARELO

Mapping and interpretation of physical and chemical attributes of soil using principal component analysis

11º Congresso Interinstitucional de Iniciação Científica CIIC a 04 de agosto de 2017 Campinas, São Paulo ISBN

UTILIZAÇÃO DE GEOESTATÍSTICA PARA O ESTUDO DO ATRIBUTO COBRE NO SOLO. Gabriel Tambarussi Avancini 1 RESUMO

IV Simpósio de Geoestatística Aplicada em Ciências Agrárias 14 e 15 de Maio de 2015 Botucatu, São Paulo

Estoque de carbono no solo e produtividade da cana-de-açúcar analisados quanto a variabilidade espacial

Distribuição espacial de atributos químicos do solo para implantação de um povoamento de eucalipto

ANÁLISE DE ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO EM ÁREAS CULTIVADAS COM GRÃOS NO NORDESTE PARAENSE, UTILIZANDO AGRICULTURA DE PRECISÃO

Spatial variability of soil chemical properties in an agroecosystem of the Lowlands

Revista Árvore ISSN: Universidade Federal de Viçosa Brasil

Krigagem indicativa na determinação da propabalidade de ocorrência de níveis críticos de compactação do solo

Variabilidade espacial de P, K, Na e Fe em um Latossolo cultivado com pimentado-reino

ANÁLISE TEMPORAL DA VARIAÇÃO DA TEMPERATURA EM UMA REGIÃO DO AGRESTE PERNAMBUCANO UTILIZANDO-SE A GEOESTATÍSTICA

Mariclei Maurílio Simões Marsetti 1,2, Lucas Rodrigues Nicoli 1,2, Eduardo Oliveira de Jesus Santos 1,2, Geferson Júnior Palaoro 1, Ivoney Gontijo 1n

INTRODUÇÃO À ESTATÍSTICA ESPACIAL. Prof. Anderson Rodrigo da Silva

Análise espacial da espécie Prosopis juliflora consorciada com o Cenchrus ciliaris L. no bioma caatinga. 0.1 Introdução. 0.2 Material e métodos

variabilidade espacial da vazão horária necessária em sistemas de irrigação convencional e autopropelido

VARIABILIDADE ESPACIAL DA CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DO SOLO CORRELACIONADOS COM A MATÉRIA ORGÂNICA E ARGILA

VARIABILIDADE ESPACIAL DA PRODUTIVIDADE DO CAFÉ CONILON EM DUAS SAFRAS AGRÍCOLAS

Geoestatística aplicada à agricultura de precisão

Uso da krigagem indicatriz na avaliação espacial de percevejos da espécie Piezodorus guildinii na Safra 2011/12.

VARIABILIDADE ESPACIAL DE ATRIBUTOS FÍSICOS E MECÂNICOS DO SOLO NA CULTURA DO CAFÉ

VARIABILIDADE ESPACIAL DA ALTURA DE PASTAGEM DE CAPIM MASSAI SOB DOIS MÉTODOS DE PASTEJO

VARIABILIDADE ESPACIAL DA CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DE UM SOLO COESO RELACIONADA COM ARGILA

VARIABILIDADE TEMPORAL DA TEMPERATURA EM PETROLINA-PE TEMPORAL VARIABILITY OF TEMPERATURE IN PETROLINA-PE

EFEITO E VIABILIDADE DA ADOÇÃO DE UM SISTEMA DE AGRICULTURA DE PRECISÃO PARA PEQUENAS PROPRIEDADES RESUMO

INCORPORARAÇÃO DA GEOESTATÍSTICA A PREVISÕES DE ESCOLHA MODAL

5 Apresentação e Discussão dos Resultados

MODELAGEM GEOESTATISTICA DE ELEMENTOS-TRAÇO PRESENTES NO SOLO EM DEPÓSITO DE VEÍCULOS

Variabilidade espacial e temporal de carbono e fósforo em sistemas de integração lavoura-pecuária em Mato Grosso **

Variabilidade Espacial do Teor de Umidade e da Variação de Armazenamento de Água em Latossolo Bruno Distrófico

9º Congresso Interinstitucional de Iniciação Científica CIIC a 12 de agosto de 2015 Campinas, São Paulo

¹IFNMG Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, Januária, MG, Brasil

Revista Brasileira de Geografia Física

ANALISE ESPACIAL DA NECESSIDADE DE CALAGEM EM ÁREA SOB CAFÉ CONILON

Variabilidade espacial de atributos químicos do solo e da população de Pratylenchus brachyurus **

ESPACIALIZAÇÃO DE PARÂMETROS DE SOLO EM UMA MICROBACIA DE OCUPAÇÃO URBANA - SOROCABA/SP

Aplicação da análise descritiva e espacial em dados de capacidade de troca de cátions

Um estudo da variabilidade espacial de condutividade elétrica do solo

3 Simpósio Internacional de Agricultura de Precisão

MUDANÇAS TEMPORAIS NA VARIABILIDADE ESPACIAL DO SOLO

Geoestatística aplicada à variabilidade espacial dos atributos químicos do solo e dendrométricos em plantio de Tectona grandis L.f.

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS NUTRIENTES EM UM LATOSSOLO CULTIVADO COM PIMENTA-DO-REINO

Análise de Componentes Principais para Definição de Zonas de Manejo em Agricultuta de Precisão

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO TEOR DE NITROGÊNIO EM SOLOS DO BIOMA CAATINGA DA ESPÉCIE ÁRBOREA SPONDIAS TUBEROSA (UMBUZEIRO)

VARIABILIDADE ESPACIAL DE ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO SPATIAL VARIABILITY OF THE SOIL PHYSICAL ATTRIBUTES

Como oferecer serviços com as melhores técnicas para lucratividade aos produtores rurais e às empresas

Estatística espacial Geoestatística. Profa. Dra. Rúbia Gomes Morato

VARIABILIDADE ESPACIAL DE NUTRIENTES EM UM LATOSSOLO CULTIVADO COM CAFÉ NA REGIÃO SUL DO ESPÍRITO SANTO

Variabilidade espacial da condutividade elétrica em pomares de laranja

Geoestatística como ferramenta para análise espacial da precipitação para o Mato Grosso e seleção de modelos semivariográficos

Variabilidade do solo como indicador da oportunidade da agricultura de precisão em sistema de plantio direto **

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL LISTA DE EXERCÍCIOS 5

Transcrição:

AGRICULTURA DE PRECISÃO POR METODOLOGIA GEOESTATÍSTICA: APLICAÇÃO EM SOLOS DO ESTADO DE RONDÔNIA Gerson Flôres Nascimento 1, Paulo Milton Barbosa Landim 2 1 Universidade Federal de Rondônia, Depto Matemática, Av. Presidente Dutra 2965 Centro. CEP 78 900-500. Porto Velho (RO), gersonfn@unir.br 2 Universidade Estadual Paulista, Departamento de Geologia Aplicada, campus de Rio Claro, plandim@rc.unesp.br Resumo - O objetivo deste trabalho foi verificar a variabilidade espacial de Al, Ca, MO e ph utilizando métodos estatísticos e geoestatísticos, em uma área considerada homogênea, contendo campo com pastagem e área de floresta. Os dados foram analisados em duas fases: análise química para identificar os teores de Al, Ca, MO e ph e; para a realização da análise quantitativa, os valores resultantes da análise química foram armazenados em planilhas eletrônicas com os respectivos posicionamentos geográficos. Foram ajustados modelos teóricos de variogramas aos dados experimentais e realizado o teste de validação cruzada, bem como a construção de mapas de atributos de solo, fazendo uso de krigagem ordinária. Foi possível concluir que a ocorrência de disparidades nos mapas dos teores de Al, Ca, MO e ph, nas áreas estudadas, é um indicativo da necessidade de adoção de metodologias diferenciadas para uso da área de pastagem, considerando o manejo adotado pelo pecuarista. Palavras-chave: geoestatística, krigagem, pastagem. GEOSTATISTICS METHODOLOGY IN PRECISION AGRICULTURE: APPLICATION IN SOILS OF RONDÔNIA STATE Abstract - The purpose of this work is to verify spatial variability of soil s macro nutrients chemical attributes using statistics and geostatistics tools, in an area considered homogeneous containing pasture and forest. The data was analyzed in two phases: chemical analysis and statistics analysis. The samples chemicals analysis were done to identify macro-nutrients contents Al, Ca, organic matter (MO) and ph and the values of the chemical analysis were recorded in spreadsheets with respective geographic positions. The theoretic model of variograms were adjusted to experimental data and carried out a cross validation test, as well as the maps construction of soil attributes using ordinary kriging. From the results was possible to conclude that the occurrence of disparities in spatial distribution maps of aluminum, calcium, organic matter and ph in studied areas is an indicative of necessity of adoption of differentiated methodologies for use of the pasture area, considering the management adopted by the cattle farmers. Key words: geostatistics, kriging, pasture. Introdução O conhecimento da variabilidade de propriedades dos solos para pastagem é cada vez mais necessário, tendo em vista a importância desses solos na cadeia produtiva de alimentos. Como o desempenho dos animais de produção está fortemente associado à nutrição em termos de qualidade e quantidade essa nutrição é comprometida na região amazônica. Costa et al. (2000) afirmaram que, a baixa fertilidade do solo em diversos locais da região amazônica é um fator limitante da longevidade e do cultivo das pastagens, que só se torna viável mediante a aplicação de técnicas de manejo e recuperação do pasto e controle de plantas invasoras. A qualidade do solo é um parâmetro fundamental na definição do potencial de produção e sustentabilidade de qualquer área agrícola, quando se decide incentivar atividades agrícolas em áreas com solos inadequados a esse propósito, pode se esperar o fracasso das colheitas; na Amazônia, decisões sobre a ocupação de áreas de terra são tomadas sem que haja informações satisfatórias sobre a qualidade das terras disponíveis (FEARNSIDE, 2002). As informações químicas dos solos são de alta relevância para um equilíbrio promissor entre solo, pasto e rebanho. Na busca do equilíbrio entre insumos aplicados e práticas agrícolas com atributos do solo e necessidade das plantas, os pesquisadores do solo estão conscientes de que as suas propriedades variam ISBN: 978-85-98187-19-8 1

espacialmente (TRANGMAR et al., 1985). Goovaerts (1998) usou variogramas e krigagem para análise do comportamento espacial de valores de ph na superfície do solo e condutividade elétrica, envolvendo campo com pastagem e área de floresta. Diante do exposto, pode-se constatar a importância de se conhecer cada vez mais e melhor o comportamento espacial das informações químicas dos solos, particularmente quando se trata de uma cadeia produtiva de alimentos associada com áreas de pastagens. Assim, o uso da geoestatística para estudar o comportamento espacial de informações químicas dos solos, contendo área de pastagem e área de floresta, resultará em subsídios que poderão contribuir de forma positiva em tomadas de decisões associadas ao manejo de solos. Neste trabalho o objetivo foi utilizar métodos estatísticos e geoestatísticos, para verificar a variabilidade espacial de atributos químicos do solo referentes à macro nutrientes em uma área considerada homogênea, contendo campo com pastagem e área de floresta. Materiais e Métodos A área de estudo encontra-se na propriedade rural, situada no Lote 138 do setor 5 da gleba Baixo Candeias Igarapé Três Casas, confluência da Linha 27 com a Linha 84; essa propriedade é denominada de Fazenda Mata Verde e está localizada no município de Candeias do Jamari RO, cerca de 30 km da capital do Estado de Rondônia [(-09º14 48.2491415, -63º46 41.0261077 ); (-09º14 29.8863205, 63º46 35.3340676 ); (-09º14 30.1387052 ); (-09º15 20.8656443, -63º44 36.1841398 )]. Para determinação da amostragem foi realizada uma pré-amostragem, conforme recomendação de Burgess et al. (1981). A partir da pré-amostragem, utilizando a metodologia descrita em Oliveira (1991), foi concluído o tamanho de 130 amostras para a área com pastagem (malha quadrada com lado de 117 m) e 130 amostras para a área de floresta (malha quadrada com lado de 165 m). Para analise descritiva dos dados foi utilizado o software Statistica versão 6 e, para analisar a variabilidade espacial dos dados e confecção de mapas fez-se uso do software GS + versão 7. Após o armazenamento dos dados em planilhas eletrônicas, foi realizada a descrição estatística, fazendo uso da média aritmética, variância, desvio padrão amostral e coeficiente de variação. Essas informações foram necessárias para uma identificação inicial da distribuição dos teores de Al, Ca, MO e ph nas áreas estudadas. Com base na geoestatística foi realizada a análise da estrutura e a dependência espacial, a partir da forma do variograma com seus respectivos parâmetros (C=variância espacial, C 0 =efeito pepita, C+ C 0 =patamar, a=alcance). Tanto a estrutura quanto a dependência espacial entre os valores observados podem ser expressas pela relação γ ( h) = 1 Var Z ( x + h) Z ( x) 2., onde a função γ ( h ) é definida como variograma ou função intrínseca (SOARES, 2006). Na existência de dependência espacial, as estimativas dos pontos não observados foram obtidas pela técnica de krigagem ordinária. A estimativa por krigagem ordinária não exige que os dados apresentem uma distribuição normal, mas apresenta melhores rendimentos quando a normalidade dos dados é satisfeita (PAZ-GONZALEZ et al., 2001). Resultados e Discussões Na Tabela 1 são mostradas algumas estatísticas das variáveis Al, Ca, MO e ph nas áreas de floresta e com pastagem. ISBN: 978-85-98187-19-8 2

Tabela 1. Estatística descritiva para as variáveis Al (cmol c /dm 3 ), Ca (cmol c /dm 3 ), MO (cmol c /dm 3 ) e ph (em água) das amostras coletadas nas áreas estudadas Variável x s S 2 CV Min Max CA CC LI LS Floresta Al 1,920 0,5988 0,3586 31,19 0,70 3,60 0,34-0,34 1,82 1,99 Ca 0,3389 0,1515 0,0229 44,70 0,08 0,72 0,38-0,69 0,31 0,34 MO 1,7433 0,3379 0,1142 19,38 1,12 2,72 0,24-0,46 1,68 1,74 ph 3,998 0,1630 0,0266 4,08 3,58 4,36-0,18-0,40 3,97 4,00 Pastagem Al 1,678 0,5766 0,3325 34,36 0,20 3,10-0,24 0,44 1,58 1,68 Ln(Ca) -0,7861 0,4705 0,2214 59,85-2,10 0,42-0,17 0,86-0,82-0,79 MO 2,0466 0,4642 0,2155 22,68 1,03 3,38 0,21-0,29 1,96 2,05 ph 4,430 0,3612 0,1304 8,15 3,54 5,45 0,15-0,01 4,37 4,43 x =média; S 2 =variância; S=desvio padrão; CV=coeficiente de variação; CA=coeficiente de assimetria; CC=coeficiente de curtose; Min=valor mínimo; Max=valor máximo; LI=limite inferior do intervalo de confiança para a média com (1-α)=0,95; LS=limite superior do intervalo de confiança para a média com (1-α) = 0,95; Ln=logarítmo de base e. No trabalho de Salman et al. (2009), no campo experimental da EMBRAPA em Porto Velho (RO) foram encontrados valores médios de 0.47 cmol c /dm 3, 1.04 cmol c /dm 3, 2.87 cmol c /dm 3 e 5,1 (em água), respectivamente para Al, Ca, MO e ph. As informações dos variogramas teóricos ajustados (Tabela 2) mostraram que na área de floresta, qualquer par de amostras vizinhas que se encontravam a uma distância superior a 1518 metros entre si, não estavam correlacionadas e, neste caso, os pontos amostrados nessa área teriam a mesma influência nas estimativas, isto é, os pesos (λ i ) do estimador de krigagem seriam iguais; similarmente, na área de pastagem, para uma distância superior a 664 metros. Tabela 2. Características dos ajustes de variogramas teóricos nas áreas estudadas Variável Modelo C 0 C 0+C C 0 C 0 + C a CR SQR Floresta Al Exponencial 0,1926 0,8620 49,87 1338 0,808 3,432E-03 Ca Esférico 0,0120 0,0278 43,17 1518 0,805 2, 217E-05 MO Exponencial 0,0171 0,1172 14,60 430 0,667 3, 256E-03 ph Esférico 0,0142 0,0284 49,82 963 0,848 1, 270E-04 Pastagem Al Exponencial 0,0544 0,0350 15,55 450 0,924 7,225E-03 Ca Exponencial 0,0874 0,2266 38,57 444 0,462 7, 072E-03 MO Exponencial 0,0356 0,2202 16,18 280 0,513 5, 834E-03 ph Esférico 0,0673 0,1356 49,63 664 0,979 1, 011E-03 C 0=efeito pepita, C 0+C=patamar, C 0/(C 0+C)=grau de dependência espacial (%), a=alcance (m); CR=coeficiente de correlação obtido pelo procedimento de validação cruzada; SQR=soma dos quadrados de resíduos. Com o mapeamento das áreas experimentais (Figura 1), realizado com a utilização de valores obtidos a partir da krigagem ordinária, foi possível observar que a concentração dos teores de Al na classe entre 1.71 cmol c /dm 3 e 2.18 cmol c /dm 3 foi a de maior representatividade na área de floresta. Similarmente, na área de pastagem, ocorreu maior concentração de Al na classe entre 1.22 cmol c /dm 3 e 2.05 cmol c /dm 3. Figura 1. Mapas de krigagem para a variável Al nas áreas estudadas. ISBN: 978-85-98187-19-8 3

No mapa de concentração de cálcio (Figura 2) na área de floresta, a maior concentração foi identificada na classe entre 0.27 cmol c /dm 3 e 0.38 cmol c /dm 3 ; enquanto que, na área de pastagem, quase a metade da concentração de cálcio foi encontrada na classe entre -1.09 cmol c /dm 3 e -0.57 cmol c /dm 3. Figura 2. Mapas de krigagem para a variável Ca nas áreas estudadas. A classe entre 1.60 cmol c /dm 3 e 2.04 cmol c /dm 3 foi a que representou maior concentração de MO na área de floresta (Figura 3). Similarmente, na área de pastagem, a maior concentração de MO foi encontrada na classe entre 1.86 cmol c /dm 3 e 2.45 cmol c /dm 3. Figura 3. Mapas de krigagem para a variável MO nas áreas estudadas. Pelo mapa para ph na área de floresta (Figura 4) concluiu-se que mais da metade da concentração de ph estava presente na classe entre 3.91 (em água) e 4.06 (em água). Similarmente, na área de pastagem, ocorreu maior concentração de ph na classe entre 4.36 (em água) e 4.65 (em água). Figura 4. Mapas de krigagem para a variável ph nas áreas estudadas. Conclusões Os atributos alumínio, cálcio, matéria orgânica e potencial de hidrogênio foram diferentemente alterados sob influência do tipo de uso e ocupação aplicados na área de pastagem. A variabilidade mensurada pelo coeficiente de variação entre os valores observados, na área de pastagem, foi maior do que na área de floresta; isso ocorreu em todos os macro-nutrientes analisados. O fato do solo da área de pastagem ter sofrido alteração pelo manejo, é relevante para este contexto. Em cada uma das áreas estudadas, foi identificada uma variabilidade espacial diferenciada entre os macro-nutrientes. Na área de floresta, ocorreu, com maior intensidade, a autocorrelação entre os valores observados. Essa diferenciação da variabilidade espacial pode ser explicada a partir do manejo efetuado sobre o solo com pastagem. A ocorrência de disparidades de concentração de teores nas classes dos mapas dos atributos, Al, Ca, MO e ph, nas áreas estudadas, é um indicativo da necessidade de adoção de metodologias diferenciadas para uso da área de pastagem, considerando o manejo adotado pelo pecuarista. Evidentemente, tais conclusões são válidas para a região estudada e em outras circunstâncias, ou regiões, uma nova análise geoestatística deverá ser efetuada, principalmente no que se refere ao número de amostras a serem coletadas e ao padrão de amostragem. ISBN: 978-85-98187-19-8 4

Referências BURGESS, T.M.; WEBSTER, R.; MC BRATNEY, A.B. Optimal interpolation and isarithmic mapping of soil properties: IV Sample Strategy. Europian Journal of Soil Science, v. 32, p.643-659, 1981. COSTA, N.A.; MOURA, C.L.D.; TEIXEIRA, L.B.; SIMÃO-NETO, M. Pastagens cultivadas na Amazônia. Belém: Embrapa, 2000. 151p. FEARNSIDE, P.M.; LEAL FILHO, N. Solo e desenvolvimento na Amazônia: Lições do projeto dinâmica biológica de fragmentos florestais. Manaus-AM: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 2002. (http://philip.inpa.gov.br/publ_livres/mss%20and%20in%20press/soil-les-port5.pdf) GOOVAERTS, P. Geostatistical tools for characterizing the spatial variability of microbiological and physicochemical soil properties. Bio Fertil, v.27, p.315-334, 1998. OLIVEIRA, M.S. Planos amostrais para variáveis espaciais utilizando geoestatística. 1991. 100f. Dissertação (Mestrado em Estatística) Instituto de Matemática, Estatística e Ciência da Computação, Universidade de Campinas, Campinas. PAZ-GONZALEZ, A.; CASTRO, M. T.; VIEIRA, S. R. Geostatistical analysis of heavy metals in a onehectare plot under natural vegetation in a serpentine area. Canadian Journal of Soil Science, Ottawa, v. 81, p. 469-479, 2001. SOARES, A. Geoestatística para as ciências da terra e do ambiente. Lisboa-Portugal: IST Press, 2006. 214p. TRANGMAR, B.B. YOST, R.S.; UEHARA, G. Applications of geostatistics to spatial studies of soil properties. Adv Agron 33, p. 45-94, 1985. SALMAN, A.K.D.; CAVALCANTE, M.V.B.; BENTES-GAMA, M.M.; MARCOLAN, A.L.; SOARES, J.P.G.; COSTA, J.R. Avaliação do crescimento de árvores leguminosas introduzidas em área de pastagem de braquiária com diferentes relevos em Porto Velho, RO. Disponível em:<http://www.pronaf.gov.br/dater/arquivos/2014419990.pdf>. Acesso em: 06 jan 2009. ISBN: 978-85-98187-19-8 5