O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E TECNOLOGIA ASSISTIVA: FORMAÇÃO DO PROFESSOR



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Transcrição:

O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E TECNOLOGIA ASSISTIVA: FORMAÇÃO DO PROFESSOR SHEILA VENANCIA DA SILVA VIEIRA sheilavenancia@gmail.com FAETEC/RJ RESUMO A formação dos professores para atuar numa proposta de Educação Especial com perspectiva inclusiva é parte da ação propulsora deste processo e precisa acompanhar as demandas educacionais e sociais além de receber investimentos na mesma proporção das novas estruturas pedagógicas para confrontar propostas curriculares, avaliativas, metodológicas, democráticas e ajustadas às diferentes formas de aprender. Objetivo Geral - investigar a formação continuada e em serviço ofertada pela rede FAETEC aos professores que atuam no Atendimento Educacional Especializado AEE e os objetivos específicos buscaram levantar as demandas docentes relacionadas à mediação com uso da Tecnologia Assistiva e sugerir investimentos em áreas temáticas correlatas. A pesquisa é de natureza qualitativa, do tipo bibliográfico em um primeiro momento. A segunda parte empregou se a pesquisa descritiva por se tratar de um estudo de caso. (CERVO; BERVIAN; DA SILVA, p. 79, 2007). A pesquisa aponta que as ações da Rede FAETEC estão em conformidade com o que indica a legislação brasileira no que se refere à formação docente para a promoção de uma Educação Especial na perspectiva Inclusiva, sugerimos então que o professor de AEE continue sendo apoiado e valorizado como agente deste processo e não um ser passivo. Com formação docente adequada, clareza das finalidades e o uso planejado da tecnologia, minimizamos uma extensa lacuna de reconhecimento e respeito com a pessoa com deficiência numa sociedade que classifica a representação ideal (necessária) para dela se constituir parte, e assim suprir seus interesses. PALAVRAS-CHAVE: Inclusão Formação de professores Tecnologias. 1

INTRODUÇÃO A formação dos professores para atuar numa proposta de Educação Especial com perspectiva inclusiva vem ganhando evidência nos debates educacionais, tendo em vista sua relevância para a inclusão escolar dos alunos com necessidades educacionais especiais. A inclusão dos alunos com deficiência na Escola é compreendida então como viável e urgente, entretanto, o investimento na formação docente, como parte da ação propulsora deste processo, precisa acompanhar as demandas educacionais e sociais e receber investimentos na mesma proporção das novas estruturas pedagógicas, pois, para trabalhar com a diversidade que se apresentam cotidianamente, em decorrência da abertura das escolas a uma educação para todos, é preciso enfrentar e confrontar propostas curriculares, avaliativas, metodológicas, democráticas e ajustadas às diferentes formas de aprender. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) assegurou às pessoas com deficiência, transtorno global de desenvolvimento e altas habilidades e/ou superdotação o Atendimento Educacional Especializado, complementar ou suplementar a sua escolarização, que deve acontecer preferencialmente em Sala de Recursos Multifuncionais na escola onde o aluno esteja matriculado, em outras escolas ou em centros de Atendimento Educacional Especializado. O Atendimento Educacional Especializado é uma modalidade da Educação Especial que perpassa todos os níveis de ensino e tem o objetivo de assegurar a todos os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e superdotação/altas habilidades serviços, recursos e estratégias específicas que garantam um processo de escolarização nas turmas regulares de qualidade, além de sua interação no contexto educacional, social e cultural. A Fundação de Apoio à Escola Técnica - FAETEC é uma reconhecida e eficaz potência dentro do estado do Rio de Janeiro no que se refere à formação dentre os diversos níveis de ensino, além de possuir uma estrutura favorável por sua missão de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologia, portanto, pode e deve investir 2

na qualificação, não apenas no seu próprio corpo docente, como também através de ações contínuas de capacitação. Por se responsável pela implementação da política de Educação Profissional e Tecnológica pública e gratuita no Estado do Rio de Janeiro, a FAETEC pode e deve, não apenas investir na formação do seu corpo docente, como também influenciar quantitativamente a capacitação profissional em diversas áreas numa perspectiva inclusiva, tanto pelo seu exemplo, ao inserir qualitativamente cada vez mais jovens e adultos com deficiência no mercado de trabalho, com sólida e ajustada infraestrutura que demandam investimento em suas equipes docentes, como também na sua formação básica, estruturar o currículo de seus cursos através da constituição de cursos, onde os alunos vivenciem na prática as ações práticas que envolvem as questões da diversidade. Esta pesquisa desenvolveu-se ao longo da atuação profissional da pesquisadora como regente de sala de recursos multifuncional em uma das Escolas que compõe a rede, através de diversas anotações registradas num diário de campo bem como no cotidiano sua própria prática docente, no contexto da atuação profissional como regente de uma sala de recursos multifuncional de uma das unidades da FAETEC. O espaço de formação deve se compor em ambiente de construção coletiva, de partilhar conhecimentos, estratégias e metodologias, de constituição de saberes. O espaço de trocas favorece a organização de projetos pedagógicos mais envolvidos com uma educação para todos. Ter acesso ao conhecimento e à educação de qualidade é desfrutar um dos aspectos da cidadania. OBJETIVO GERAL DA PESQUISA Investigar sobre a formação continuada e em serviço ofertada pela rede FAETEC aos professores que atuam no Atendimento Educacional Especializado AEE. 3

OBJETIVOS ESPECÍFICOS Levantar as demandas mais frequentes no cotidiano do professor de sala de recursos multifuncional no que se refere à mediação da Tecnologia Assistiva junto aos alunos atendidos; Relacionar sugestões para discussão junto à Equipe gestora no que se refere a cursos de formação apontando para áreas temáticas relacionadas ao fazer docente. METODOLOGIA Esta pesquisa desenvolveu se ao longo da atuação profissional da pesquisadora, através de diversas anotações registradas num diário de campo bem como no cotidiano sua própria prática docente, no contexto da atuação profissional como regente de uma sala de recursos multifuncional de uma das unidades da Fundação de Apoio à Escola Técnica FAETEC. A pesquisa é de natureza qualitativa, do tipo bibliográfica em um primeiro momento, buscando desenhar o estado da arte sobre assuntos relativamente históricos, em que se desenvolve por meio dos capítulos e subitens. Nestas etapas a mesma foi desenvolvida a partir de materiais publicados em livros, artigos, dissertações e teses. A segunda parte em que se empregou a pesquisa descritiva trata-se de um estudo de caso, que pesquisa sobre determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade, para analisar aspectos variados sobre sua vida (CERVO; BERVIAN; DA SILVA, p. 79, 2007). O caso se destaca por se constituir numa unidade dentro de um sistema mais amplo. As características essenciais ao estudo de caso seriam: a busca de descoberta, mesmo que o pesquisador parta de alguns pressupostos teóricos iniciais, teoria que servirá de esqueleto ou estrutura básica a partir da qual novos aspectos poderão ser detectados (LUDKE e ANDRÉ, 1986). 4

RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES Em muitos os aspectos desta pesquisa as ações institucionais caminham em uniformidade com a legislação brasileira que ampara a educação especial, entretanto a implementação de quaisquer recursos é uma processo complexo, pois envolve variáveis de pessoas, do equipamento, da tarefa a ser executada e até do ambiente favorável, sendo fundamental o papel da equipe de profissionais. Prover recursos e profissionais é apenas a mais simples ação política de qualquer sistema de ensino, é necessário investimento na evolução e desenvolvimento da prática profissional para que a mesma seja o mais acertiva possível. Ao concursar professores especialistas em Educação especial para o trabalho na sala de recursos, a rede em tela, assume inevitavelmente um compromisso também de continuidade e investimento na formação processual destes e de todos os profissionais que estão envolvidos no atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos público alvo da Educação Especial. O número de pessoas com deficiência que entra na escola cresce em todos os países e começam a reivindicar seu legítimo direito de ter acesso à informação, à formação e, principalmente, demandando espaços e acesso às tecnologias que devem ser adequados e apropriados às suas necessidades. O reconhecimento da diversidade humana impulsionou essa reivindicação e apontou para a necessidade diversificada de adequações as especificidades de sujeitos com necessidades especiais. A pesquisa foi realizada dentro de um recorte temporal que considera o ingresso da pesquisadora na referida rede (2011) e o final do último ano letivo (2013) e constatou que neste período promovidos: 08 eventos direcionados para a formação continuada dos professores das salas de recursos, equipes pedagógicas e para a comunidade escolar; 03 Livros com as experiências educacionais desenvolvidas na Rede relacionadas à prática pedagógica inclusiva Formação específica para Professores de Salas de Recursos Multifuncionais em áreas como LIBRAS, Braile e Sorobã; 5

Levantamento estatístico do número de alunos na Rede para melhor distribuição dos recursos de acessibilidade; Investimento e divulgação em artigos e materiais científicos junto aos Eventos acadêmicos de relevância nacional e internacional; Implementação e estruturação de Laboratórios de Ambiente Virtual de Aprendizagem. Propomos que neste trabalho, o docente seja considerado um agente fundamental no processo de inclusão que precisa ser apoiado e valorizado, além de constantemente se capacitando e atualizando, como agente do processo e não um ser passivo. Em relação ao uso das Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs: a pesquisa demonstra que a formação docente para esta área precisa ser contínua e processual. Seu uso deve ser ajustado a cada demanda, pois está baseada em processo individuais de desenvolvimento. Em relação às principais demandas de mediação através do uso de Tecnologia Assistiva - TA na sala de recursos: todas as fases do processo de pesquisa propiciaram atitudes auto reflexivas e ações para além do uso da TA no cotidiano da sala de aula, pois também trouxe a importância da atenção para o registro da ação, possibilitando a construção de portfólio do fazer pedagógico, bem como para um planejamento estratégico acertivo, significativo e fundamentado em escolhas adequadas para cada intervenção. Em relação aos investimentos na formação complementar docente e a projeções: esta é uma ação complexa, que envolve organização do tempo e das prioridades. A pesquisa demonstra que a Rede possui abertura e potencial que favorece e propicia investimentos individuais em formação. Como pesquisadora e também elemento participante da pesquisa, o envolvimento e interesse por todas as oportunidades no campo da formação continuada foram, são e serão consideradas, como resposta e assunção de compromisso com a melhoria e qualificação no processo de mediação da aprendizagem. 6

As Tecnologias Assistivas amparadas ao ensino crítico e a formação adequada de professores, minimizam uma extensa lacuna de conhecimento e de respeito com a pessoa com deficiência numa sociedade que classifica a representação ideal (necessária) para dela se constituir parte, e assim suprir seus interesses. Todo e qualquer avanço tecnológico, econômico, social, que promova o bem-estar social pressupõe o reconhecimento igualitário dos direitos de cada um. Portanto, equidade só é possível com acessibilidade (LARROYD& NETO, 2013). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AINSCOW, M. (2009). Tornar a Educação Inclusiva: como esta tarefa deve ser conceituada. In O. Fávero, W. Ferreira, T. Ireland & D. Barreiros, Tornar a Educação inclusiva (pp. 11-21). Brasília: Unesco. BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, janeiro de 2008. BRAUN, P. Uma intervenção colaborativa sobre os processos de ensino e aprendizagem do aluno com deficiência intelectual. Tese. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Educação, 2012. 324 f. BUENO, J. G. S. Crianças com necessidades educativas especiais, política educacional e a formação de professores: generalistas ou especialistas? Revista Brasileira de Educação Especial, n.º5 set. 1999, p.7-23. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; DA SILVA, R. Fases da elaboração da pesquisa. In:. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Pretice Hall, 2007, p. 83-89. LARROYD, C & NETO, J. P. M. O Desenho Universal Como Direito Fundamental. In Funções do legislativo no contexto constitucional / CANCELLIER DE OLIVO, L. C., SILVA, R. P. (organizadores). Florianópolis : FUNJAB, 2013. 248 p. (Direito do Estado; v.3). LUDKE, M.& ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, Editora Pedagógica e Universitária, 1986. 99p. MENDES, E. G. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Revista Brasileira de Educação, v. 11, n. 33, p. 387-405, set./dez.2006. PLETSCH, M. D. & DAMASCENO, A. (orgs). Educação especial e inclusão escolar: reflexões sobre o fazer pedagógico. Seropédica, RJ: Ed. da UFRRJ, 2011. 7

VIGOTSKY. L. S. Fundamentos de defectologia. Cuba: Editorial Pueblo y Educaciòn, 1997.. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 8