DENSIDADE POPULACIONAL E CARACTERIZAÇÃO CROMOGÊNICA DE ACTINOBACTÉRIAS DO SEMIÁRIDO

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Transcrição:

DENSIDADE POPULACIONAL E CARACTERIZAÇÃO CROMOGÊNICA DE ACTINOBACTÉRIAS DO SEMIÁRIDO Livanio Cruz dos Santos (1); Franciandro Dantas dos Santos (1); Suzana Claudia Silveira Martins (2); Claudia Miranda Martins (2) 1Estudante do curso de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal do Ceará 1santos.bio.79@gmail.com 1 androdsantos@gmail.com 2 Professora Doutora do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará 2 suzana220@gmail.com 2 claudia.miranda.martins@gmail.com Introdução Actinobactérias são bactérias caracterizadas como aeróbias ou microaerófilas, porém espécies anaeróbias também são reconhecidas (Embley; Stackebrant, 1994); são Gram-positivas com elevada concentração de guanina e citosina no DNA (Sharna; David, 2012; Ventura et. al., 2007; Cwala; Igbinosa;Okon, 2011; Rao et al., 2012). São abundantes na natureza e dispersos em diversos ambientes, sendo o solo seu hábitat principal, onde sãoimportantes componentes da comunidade microbiana (El-Tarabily; Sivasithamparam, 2006; Jayasinghe; Parkinson, 2008). A quantificação de actinobactérias cultiváveis do solo é uma das formas de avaliar as alterações nessa comunidade, que é modificada pelos processos de uso do solo e, por isso, utilizada como indicador do impacto de diferentes atividades antrópicas (Previatiet al., 2012). A diversidade cromogênica também é um critério indicativo dessas alterações. As actinobactérias possuem valor comercial e medicinal, uma vez que apresentam habilidades em produzir grande variedade de compostos quimicamente bioativos, vitaminas e substâncias inibidoras das atividades enzimáticas. Além disso, produzem diversos produtos naturais, com destaque à produção de antibióticos (Taguchi et al., 1993; Grothet al., 1999; Pereira et al., 1999; Raja; Prabakarana, 2011).Também são usadas para a descoloração e odorização de água potável (Wohl; Mcarthur, 1998). Estudos apontam a presença de actinobactérias em solo de região semiárida (Lins; Araújo, 2011; Lima et al., 2014; Lima et al., 2017 ). Entretanto, a diversidade de actinobactérias no solo e suas respostas às perturbações que ocorrem nesse ambiente são pouco conhecidas (Barkaet al., 2016; Moreira e Siqueira, 2006). As queimadas submetem o solo e a comunidade edáfica a um regime crítico de estresse. Ainda que o fogo cause o aumento do ph do solo, diminuição na matéria orgânica e da concentração de ferro (FERNÁNDEZ-GONZÁLEZ et al., 2017), pesquisas indicam a predominância de actinobactérias após incêndios em áreas florestais (RODRÍGUEZ et al., 2014;

FERNÁNDEZ-GONZÁLEZ et al., 2017). Porém, as condições para estabelecimento e crescimento de populações microbianas nos solos do semiárido após a ocorrência de queimadas são pouco conhecidos. Nesse contexto, objetivou-se avaliar o efeito do fogo sobre a abundância e diversidade cromogênica de actinobactérias isoladas de uma região antes e depois da ação do fogo. Metodologia Foram utilizadas amostras de solo cedidas pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo) procedentes da área da Fazenda Normal, localizada no município de Quixeramobim no Estado do Ceará (5º07 12,1 S e 39º10 33,3 W.). A coleta foi realizada em 1 ha de área, isolada por um faixa de 3 metros sem vegetação em dois períodos, antes do fogo e depois do fogo, numa profundidade de 0-20 cm. Na etapa de isolamento e quantificação, as amostras de solo foram homogeneizadas, pesadas (15 g) e transferidas para frascos contendo 135 ml de solução salina estéril a 0,85%. Esses frascos foram submetidos à agitação em mesa orbital a 145 g durante 30 minutos, resultando na diluição 10-1, utilizada para a obtenção das diluições de 10-2 a 10-4. Depois da diluição seriada, alíquotas de 100μL de cada diluição, foram semeadas, através da técnica de espalhamento em superfície em placas com meio de cultura CDA (Caseinato-Dextrose-Ágar) (Clark, 1965). Em seguida, as placas foram incubadas a 28 o C em B.O.D., durante sete dias. Após esse período, as colônias foram quantificadas e o resultado expresso em Unidade formadora de colônias por grama (Log UFC.g -1 ). As colônias com características diferentes foram selecionadas e reisoladas no mesmo meio seletivo CDA para actinobactérias. Para a coloração de Gram, utilizou-se uma lâmina, contendo uma gota de cada isolado de actinobactéria ressuspensa e, com o auxílio de uma alça de inoculação, foi feito um esfregaço, que depois de seco e fixado na chama, foi coberto durante 1 minuto com solução de cristal violeta. Em seguida, utilizou-se lugol, água corrente e álcool 95º GL para lavagem do esfregaço, que por fim, foi coberto com solução de fucsina básica por 30 segundos. As lâminas foram visualizadas em microscópio óptico a um aumento de 1000x. Cada cepa foi inoculada por estrias em placas de Petri, após purificação, contendo o meio seletivo CDA para actinobactérias. Em seguida as placas foram incubadas em estufa B.O.D a 28 ± 2 C por 7 dias. Na descrição das características culturais foram avaliadas as cores do micélio aéreo e

reverso das colônias conforme descrito por Wink (2012), baseada na carta de cores (RAL color charts). Resultados e Discussão A diversidade de coloração observada no micélio aéreo e reverso permitiu a obtenção de 30 cepas com características distintas e todas após a coloração de Gram confirmaram o caráter Grampositivo de actinobactérias. A densidade das populações de actinobactérias foi maior nas amostras de solo coletadas antes do fogo (Figura 1). A amostra de solo 06 (pré-fogo) apresentou a maior densidade populacional de actinobactérias com 1,46x10 7 log (UFC.g -1 ). Por outro lado, não se observou crescimento nas amostras 08 e 09, coletadas depois do fogo. Para Redinet al.(2011), isso pode está relacionado a uma maior quantidade de recursos no ambiente, evidenciando a influência do fogo sobre essa microbiota. Pode-se constatar que as queimadas diminuíramas populações de actinobactérias. De acordo com Assad (1996), a ação do fogo causa a redução da matéria orgânica, tendo como resultado a diminuição das populações microbianas do solo. Além disso, Fernándes- Gonzáles et al., (2017) relatam que após um incêndio florestal, as comunidades microbianas têm uma alteração transitória em sua composição. Figura 1. População de actinobactérias em logaritmo da Unidade Formadora de Colônias por mililitro (UFC ml- 1 ) em solo procedente de região semiárida de Quixeramobim-CE. As cepas de actinobactérias apresentaram características diversas em relação às cores do micélio aéreo e reverso, tanto antes como após o fogo (Figura 2). Observou-se que das 30 cepas obtidas, as cores predominantes na massa aérea antes do fogo foram cinza (40%), branco (33%) e

laranja (13%) e apenas 7% de colônias com as cores rosa e marrom. Depois que o solo submetido a ação do fogo, as cores que prevaleceram foramcinza (43%) e marrom (22%), colônias nas cores amarelo e branco (14%) e apenas 7% de cor bege. Já o pigmento do micélio reverso antes do fogo teve destaque para a coloração branca (43%), bege (22%) e rosa (14%) e colônias nas cores amarela, cinza e vinho (7%) e laranja (1,6%)apresentaram um menor percentual. No tratamento pós fogo, as cores predominantes foram marrom (46%) e branco (16%), paraa as cores bege e cinza (15%) e apenas 8% de cor amarela. Figura 2: Distribuição de cores nos micélios aéreo e reverso de actinobactérias em solo procedente de região semiárida de Quixeramobim CE. A observação de cores da massa do micélio aéreo e lado reverso é um dos primeiros métodos usados para distinção de isolados. Neste trabalho, a cores branco, cinza e marrom forampredominantes de forma similar com as observadas por Ramos et al. (2015) e Silva et al. (2015), que, ao caracterizarem culturalmente cepas de actinobactérias oriundas do semiárido, observaram a predominância das cores cinza, creme e branco. Após o fogo, a cor marrom (46%) apresentou maior predominância em relação às demais. Esse fato pode ter ocorrido em decorrência das cepas com essa característica serem mais resistentes e conseguirem se proliferar perante altas temperaturas, visto que a ação do fogo causou um aumento na temperatura do solo. contato@ @conidis.com.br

Conclusões A diversidade cromogênica dos micélios aéreos foi maior depoisda ação do fogo. Por outro lado, os micélios reversos apresentaram menor diversidade de cores antes da queimada. Ademais, ofogo reduziu a densidade populacional de actinobactérias, uma vez que as populações microbianas dessa classe foram maiores nas amostras coletadas antes da queimada. Referências AMAL, A. M.; ABEER, K. A.; SAMIA, H. M.; NADIA, A. E. H.; AHMED, K. A.; EL- HENNAWI, H. M. Selection of pigment (melanin) production in Streptomyces and their application in printing and dyeing of wool fabrics.researchjournalofchemicalsciences, v. 1, 2011. ARAÚJO, S. M. S. A região semiárida do nordeste do Brasil: Questões ambientais e possibilidades de uso sustentável dos recursos. Revista Eletrônica-Revista Científica da FASETE, 5, 2011. ASSAD, M.L.R.C.L. Recursos biológicos: ocorrência e viabilidade. In: SIMPÓSIO SOBRE O CERRADO, 8., INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON TROPICAL SAVANNAS. 1. Brasília. Anais / Proceedings. Planaltina, DF :Embrapa-CPAC, 1996. p.20-24 CLARK, F. E. Actinomyces. In: BLACK, C.A. (Ed). Methods of soil analysis.madison. American Society of Agronomy. 1965. CWALA, Z.; IGBINOSA, E. O.; OKON. A. I., 2011. Assessment of antibiotics production potentials in four actinomycetes isolated from aquatic enviroments of the Eastern Cape Province of South Africa. African Journal of Pharmacy and Pharmacology, 5: 118-124. EL-TARABILY K. A.; SIVASITHAMPARAM K. Non-streptomyceteactinomycetes as biocontrol agents of soil-borne fungal plant pathogens and as plant growth promoters.soil Biology and Biochemistry, v.34, 2006. EMBLEY, T. M.; STACKEBRANDT, E.The Molecular phylogency and systematics of the Actinomycetes.Annual Review of Microbiology, v. 48, 1994. FÉRNANDEZ-GONZÁLEZ A. J. et al. The rhizosphere microbiome of burned holm-oak: potential role of the genus Arthrobacter in the recovery of burned soils. Scientific Reports, v.7, n. 6008, 2017. GROTH, I.; VETTERMANN, R.; SCHUETZE, B.; SCHUMANN, P.; SAIZ-JIMENEZ, C. Actinomycetes in karstic caves of northern Spain (Altamira and Tito Bustillo).Journal ofmicrobiological Methods, v. 36, 1999. JAYASINGHE, B. A. T. D.; PARKINSON, D. Actinomycetes as antagonists of litter decomposer fungi.applied Soil Ecology, v.38,2008. LIMA, J. V. L. et al. Populações microbianas cultiváveis do solo e serrapilheira de uma unidade de conservação no semiárido brasileiro. Enciclopédia Biosfera, v. 10, 2014. LIMA, J. V. L. et al. Characterization of actinobacteria from the semiarid region, and their antagonistic effect on strains of rhizobia.africanjournalofbiotechnology, v. 16, 2017. LINS, C. V.; ARAÚJO J. M. 2011. Isolamento de actinobactérias da rizosfera de plantas nativas da caatinga. XIX Congresso de Iniciação Científica da Universidade Federal de Pernambuco UFPE, 1-4 MOREIRA, F. M. S.; SILVA, K.; NÓBREGA, R. S. A.; CARVALHO, F. Bactérias diazotróficas associativas: diversidade, ecologia e potencial de aplicações.comunicatascientiae, v. 1, 2010.

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