PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NA RELAÇÃO DE CONSUMO

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Transcrição:

FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NA RELAÇÃO DE CONSUMO 1

Trânsito em julgado da sentença - não cabe mais recurso Intimação para pagamento no prazo de 15 (quinze) dias - Art. 523 do CPC (cumprimento voluntário da execução) Se não houver pagamento voluntário no prazo de 15 (quinze) dias, incidirão multa de 10% e honorários advocatícios de 10%. 2

Artigo 523, 3º, do CPC Não efetuado tempestivamente o pagamento previsto no caput (15 dias), será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação. 3

1. Conceito de incidente de desconsideração da personalidade jurídica A desconsideração da personalidade jurídica é uma prática no direito civil e no direito do consumidor de, em certos casos, desconsiderar a separação patrimonial existente entre o capital de uma empresa e o patrimônio de seus sócios para os efeitos de determinadas obrigações, com a finalidade de evitar sua utilização de forma indevida, ou quando este for obstáculo ao ressarcimento de dano causado ao consumidor. 4

Art. 28 do CDC. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. 5

Artigo 28, 5º, do Código de Defesa do Consumidor Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. 6

Agravo de Instrumento Cumprimento de sentença Insurgência contra decisão que desconsiderou a personalidade jurídica da devedora e determinou a inclusão dos Agravantes no polo passivo da demanda CDC que adota a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica, bastando a comprovação de que a insolvência da devedora constitui obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados ao consumidor Inteligência do art. 28, 5º do CDC Retirada de sócios após a citação e prolação da sentença Inaplicabilidade do prazo previsto no parágrafo único do art. 1.003 do CC Entendimento do E. STJ Decisão mantida - Recurso improvido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2219767-16.2017.8.26.0000; Relator (a): Luiz Antonio Costa; Órgão Julgador: 7ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional II - Santo Amaro - 4ª Vara Cível; Data do Julgamento: 21/02/2018; Data de Registro: 22/02/2018) 7

Cabimento: a) Todas as fases do processo de conhecimento b) Na fase do cumprimento da sentença c) Execução fundada em título executivo extrajudicial 8

Credor Devedor (Empresa) Desconsideração da personalidade jurídica SÓCIOS DA EMPRESA Bens dos sócios 9

Atenção A desconsideração da personalidade jurídica não transforma o sócio em codevedor da empresa, mas estende a responsabilidade patrimonial a ele. 10

A desconsideração da personalidade jurídica passa a ser intervenção de terceiro, porque o sócio fica como responsável patrimonial na demanda. 11

O pedido de desconsideração da personalidade jurídica pode ser requerida na inicial, contudo, compete ao exequente demonstrar o preenchimento dos requisitos dos artigos 50 do Código Civil e 28 do Código de Defesa do Consumidor. 12

O credor deverá requerer o incidente de desconsideração da personalidade jurídica da empresa. 13

Atenção A desconsideração da personalidade jurídica cabe em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. 14

Atenção A desconsideração da personalidade jurídica cabe em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. 15

Cabe também em grau de recurso a desconsideração da personalidade jurídica. Da decisão do relator cabe agravo interno - artigo 1.021 do Código de Processo Civil. 16

Desconsideração inversa da personalidade jurídica: o sócio é devedor e os bens da empresa são penhorados. 17

Artigo 137 do Código de Processo Civil Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havidos em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente. 18

A desconsideração da personalidade jurídica requerida na inicial não é classificada como intervenção de terceiro, porque o sócio ou a empresa (desconsideração inversa) já figuram no polo passivo da demanda. 19

Ao incluir o sócio, deve-se deixar claro na petição inicial que ele não é codevedor, mas seu patrimônio responde pela dívida da empresa. 20

Nesse caso, a desconsideração será declarada na sentença. O sócio deverá, portanto, recorrer por meio do recurso de apelação. 21

Cumprimento de sentença Ação declaratória de inexigibilidade de débito e danos morais Negativação indevida Desconsideração da personalidade jurídica. Tratando-se de cumprimento de sentença de ação oriunda de relação de consumo, é possível desconsiderar a personalidade da pessoa jurídica apenas com base no fato de não apresentar condições econômico-financeiras para cumprir a obrigação. Art. 28, 5º, do CDC. Recurso não provido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2034940-93.2019.8.26.0000; Relator (a): Itamar Gaino; Órgão Julgador: 21ª Câmara de Direito Privado; Foro de São Vicente - 6ª Vara Cível; Data do Julgamento: 16/04/2019; Data de Registro: 16/04/2019) 22

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ATO ILÍCITO - INSCRIÇÃO INDEVIDA - DANO MORAL - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - INSOLVÊNCIA DAPESSOA JURÍDICA - DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA - ART. 28, 5, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - POSSIBILIDADE - PRECEDENTES DO STJ - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. INSURGÊNCIA DA RÉ. 1. É possível a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade empresária - acolhida em nosso ordenamento jurídico, excepcionalmente, no Direito do Consumidor - bastando, para tanto, a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial, é o suficiente para se "levantar o véu" da personalidade jurídica da sociedade empresária. Precedentes do STJ: REsp 737.000/MG, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 12/9/2011; (Resp 279.273, Rel. Ministro Ari Pargendler, Rel. p/ acórdão Ministra Nancy Andrighi, 29.3.2004; REsp 1111153/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe de 04/02/2013; REsp 63981/SP, Rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, Rel. p/acórdão Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJe de 20/11/2000. 23

2. "No contexto das relações de consumo, em atenção ao art. 28, 5º, do CDC, os credores não negociais da pessoa jurídica podem ter acesso ao patrimônio dos sócios, mediante a aplicação da disregard doctrine, bastando a caracterização da dificuldade de reparação dos prejuízos sofridos em face da insolvência da sociedade empresária" (REsp 737.000/MG, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, DJe 12/9/2011). 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1106072/MS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 02/09/2014, DJe 18/09/2014) 24