Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

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Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo. Acordam na Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo I-RELATÓRIO

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Supremo Tribunal Administrativo:

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IMPUGNAÇÃO JUDICIAL LIQUIDAÇÃO IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE IMÓVEIS TEMPESTIVIDADE DA IMPUGNAÇÃO

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DO ACTO TRIBUTÁRIO DECLARAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO LIQUIDAÇÃO CORRECTIVA PRAZO

Acordam na Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo: - Relatório -

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Nas alegações, conclui o seguinte:

RECLAMAÇÃO DE ÓRGÃO DE EXECUÇÃO FISCAL PRESCRIÇÃO DA DÍVIDA INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO

PRAZO DE ARGUIÇÃO PROCESSO DE EXECUÇÃO FISCAL FALTA ELEMENTOS ESSENCIAIS DO ACTO PENHORA

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Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo. Acórdãos STA Processo: 0247/08. Data do Acordão: Descritores:

1.1. Terminou a alegação de recurso com as seguintes conclusões:

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Acordam na Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo

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MINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Supremo Tribunal Administrativo:

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FORMALIDADE AVISO DE RECEPÇÃO ASSINATURA DO AVISO POR PESSOA DIVERSA DO DESTINATÁRIO

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PORTAGEM COIMA NOTIFICAÇÃO ADMINISTRADOR DA INSOLVENCIA

IRC DEDUÇÃO COLECTA CONTRIBUIÇÃO AUTÁRQUICA CRÉDITO FISCAL POR INVESTIMENTO

ECLI:PT:TRE:2006:

OS DIREITOS E AS GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES E AS PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO FISCAL CADUCIDADE E PRESCRIÇÃO EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA

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CADUCIDADE DO DIREITO DE IMPUGNAR RECLAMAÇÃO PRÉVIA

Inconformada com o assim decidido, interpôs o presente recurso a Fazenda Pública com as respectivas alegações que resumiu nas seguintes conclusões:

Acordam na Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo

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Acordam, em conferência, nesta Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo

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Transcrição:

Acórdãos STA Processo: 0774/10 Data do Acordão: 26-01-2011 Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Tribunal: Relator: Descritores: Sumário: 2 SECÇÃO ISABEL MARQUES DA SILVA IMPUGNAÇÃO IRC PRESCRIÇÃO DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS I - Obsta à prescrição da dívida impugnada - IRC relativo a 1997 - o facto de em 2001 ter sido deduzida impugnação (artigo 49.º n.º 1 da LGT), acompanhada de suspensão do processo executivo em virtude da prestação de garantia (artigo 49.º n.º 3 da LGT, na redacção vigente naquela data), pois que a tais factos atribuía (e atribui) a lei vigente efeito interruptivo e suspensivo do prazo de prescrição. II - Se, embora contra legem, a Administração tributária deduziu ao lucro apurado por métodos indirectos parte dos prejuízos fiscais apurados num exercício anterior, não tem o contribuinte direito a deduzir novamente a um exercício posterior a parte dos prejuízos já deduzidos, pois que a ilegalidade cometida lhe não confere direito a uma dupla dedução dos prejuízos fiscais. Nº Convencional: JSTA000P12536 Nº do Documento: SA2201101260774 Recorrente: A... Recorrido 1: FAZENDA PÚBLICA Votação: UNANIMIDADE Aditamento: Texto Integral Texto Integral: Acordam na Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo: - Relatório - 1 A, Lda., com os sinais dos autos, recorre para este Tribunal da sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu, de 3 de Novembro de 2008, que julgou improcedente a impugnação deduzida contra liquidação

adicional de IRC referente ao ano de 1997, apresentando as seguintes conclusões: 1. Em 1992 a Impugnante apurou um prejuízo final de Esc: 3.111.490$00. 2. No exercício de 1994 teve lucros emergentes de apuramento por métodos (sic) indirectos. 3. Logo não poderiam ser deduzidos prejuízos nesse ano que, muito embora sem culpa da Recorrente, o foram, incorrecta e parcialmente. 4. No exercício de 1997 a Recorrente teve lucros e a esses deduziu os prejuízos de 1992. 5. Fê-lo bem e de acordo com a lei. 6. Se algo estava incorrecto e ilegal tal reportava-se ao exercício de 1994 e nunca ao de 1997. 7. Só para evitar e coarctar a defesa dos direitos do contribuinte, mormente a caducidade, a A.F. corrigiu a liquidação de 1997 ao invés de o fazer em relação ao de 1994. 8. Em 1997 (exercício) nenhuma ilegalidade existira. Em 1994, possivelmente sim, mas por culpa ou inércia da Administração Fiscal. 9. Seja como for, no momento, existe prescrição. Decidindo-se em contrário violou-se o artigo 46.º-2 e 77º do C.I.R.C. TERMOS em que V. Exªs. anulando a douta sentença recorrida e decidindo peça prescrição e/ou anulação da liquidação, FARÃO JUSTIÇA! 2 Não foram apresentadas contra-alegações. 3 - O Ministério Público não emitiu parecer. Colhidos os vistos legais, cumpre decidir. - Fundamentação - 4 Questões a decidir Importa verificar, em primeiro lugar, se, como alegado, está prescrita a dívida impugnada, questão suscitada pelo impugnante nas suas alegações de recurso e que é de conhecimento oficioso (artigo 175.º do CPPT), pois que caso assim seja a lide é supervenientemente inútil (artigo 287.º alínea e) do Código de Processo Civil). Improcedendo a prescrição da dívida impugnada, haverá que decidir se bem andou a sentença recorrida ao decidir manter a liquidação adicional de IRC impugnada resultante da correcção técnica dos prejuízos fiscais deduzidos pela impugnante, neles desconsiderando o valor dos prejuízos já deduzido ao imposto relativo a 1994. 5 Matéria de facto

Na sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu objecto do presente recurso foram dados como provados os seguintes factos: A) Através do documento 2001 8310002281 foi a impugnante notificada da liquidação adicional de IRC referente ao ano de 1997, no montante de 858.981$00 e para efectuar pagamento voluntário até 18.04.01 (art.º 1º da Petição Inicial); B) Em acção inspectiva interna realizada em 22.12.00, pelos Serviços de Inspecção Tributária à Impugnante, com vista à análise da sua situação tributária, foi efectuada uma correcção em sede de IRC no exercício de 1997 e que originou a liquidação n.º 8310002281,no valor de 858.981$00 (art.º 1.1 da Contestação); C) Tal liquidação derivou da seguinte correcção efectuada à matéria colectável por dedução indevida de prejuízos (artº 1.1 da Contestação): Exercício de 1997 Matéria colectável corrigida 3.415.491$ (matéria colectável declarada 1.587.114$00) Imposto liquidado 858.981$00; D) No exercício de 1992 o prejuízo fiscal declarado foi de 3.111.490$00 (art.º 4.º da P.I. e art. 2.1 da Contestação); E) Aos lucros tributáveis apurados nos exercícios de 1993 e 1994 a impugnante procedeu à dedução do prejuízo fiscal do exercício de 1992 de que resultou as seguintes matérias colectáveis (art.º 2.2 da Contestação): Exercício de 1993 Lucro tributável 1.283.113$00 Prejuízos fiscais deduzidos 1.283.113$00 (1992) Matéria Colectável: -------- Exercício de 1994 Lucro tributável 5.957.389$00 Prejuízo fiscal deduzido 1.828.377$00 (1992) Matéria Colectável: 4.129.013$00 F) Em 23.02.98 foram emitidos os respectivos DC 22 dos exercícios de 1993 e 1994, resultantes da inspecção externa realizada à impugnante, tendo sido corrigidos os respectivos lucros tributáveis por aplicação de métodos indirectos, para os seguintes valores, por si aceites, (artº 5º da P.I. e artº 2.3 da Contestação): 1993 2.175.368$00 1994 7.357.686$00 G) No exercício de 1993 a A.F. procedeu à correcção do valor do prejuízo deduzido pela impugnante na respectiva

declaração modelo 22, conforme se verifica pela indicação no campo 101 da DC22 de valor a zeros (artº 2.3 da Contestação); H) No exercício de 1994 a A.F. não efectuou a respectiva correcção à dedução do prejuízo efectuado pela impugnante na declaração modelo 22 (artº 2.3 da Contestação); I) No exercício de 1994 a impugnante, e pelo facto da Inspecção não ter efectuado a decida correcção no DC 22, beneficiou da dedução do prejuízo no valor de 1.828.377$00, ou seja o lucro tributável apurado pela Inspecção no valor de 7.357.686$00 foi deduzido daquele valor, pelo que a matéria colectável fixada e constante da liquidação n.º 8310004436 foi no valor de 5.529.309$00 (art.º 2.5 da Contestação); J) A impugnante teve conhecimento daquela liquidação pela nota de cobrança com data de registo dos CTT em 20.04.98 (artº 2.5 da Contestação); K) Após o exercício de 1994 a Impugnante não fez qualquer dedução; (art.º 9º da P.I.); L) Até que, em 30.05.98, depois de ter conhecimento da liquidação conforme referido em J), a impugnante apresentou a declaração de rendimentos modelo 22 do exercício de 1997 tendo deduzido no campo 402 o valor total dos prejuízos de 1992 3.111.490$00, (art.º 10º da P.I. e art.sº 2.4 e 2.5 da Contestação); M) Em 16.07.01 apresentou a presente impugnação (art.º 1.1 da Contestação). 6 Apreciando. 6.1 Da alegada prescrição da dívida impugnada (IRC/1997) Apenas em sede de recurso, e sem minimamente fundamentar por que razão entende estar a dívida impugnada prescrita, vem a recorrente suscitar a questão da prescrição. Perante essa alegação, o tribunal a quo solicitou em 9 de Fevereiro de 2010 ao Serviço de Finanças competente a informação relevante com vista a aquilatar da verificação da prescrição (cfr. ofício de fls. 83 dos autos), informação que veio a ser prestada e deu entrada no tribunal recorrido em 22 de Fevereiro de 2010 (cfr. ofício de fls. 85 dos autos) e foi notificada ao mandatário da recorrente (fls. 88 dos autos). Com base na informação prestada pelo Serviço de Finanças, o tribunal a quo proferiu despacho de

sustentação do decidido (fls. 90 dos autos), no qual, relativamente à prescrição, conclui pela sua não verificação. É do seguinte teor o referido despacho: «O recorrente nas suas alegações de recurso invoca a prescrição. Nessa sequência, foi solicitada, ao Serviço de Finanças, informação sobre a verificação de causas de interrupção ou suspensão do prazo de prescrição. Por ofício de fls. 85, o Serviço de Finanças informou, além do mais, que o processo executivo se encontra suspenso desde 13.08.2001, nos termos do disposto no art. 169.º do CPPT., por força da prestação de garantia bancária suficiente. Assim, nos termos conjugados no disposto nos art.ºs 49.º, n.º 3 da LGT e 169.º do CPPT., é nosso entendimento que o prazo de prescrição encontra-se suspenso, por força da prestação de garantia, em 13.08.2001, pelo que se conclui pela não verificação da alegada prescrição. ( )». Vejamos. Sendo o imposto impugnado IRC relativo a 1997, o prazo de prescrição aplicável é o de oito anos previsto no n.º 1 do artigo 48.º da Lei Geral Tributária (LGT), ex vi do disposto no n.º 1 do artigo 297.º do Código Civil (aplicável por força do disposto no n.º 1 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 398/98, de 17 de Dezembro de aprovação da LGT), contado desde 1 de Janeiro de 1999, pois que a esta data, correspondente à da entrada em vigor da LGT, faltavam ainda nove anos para o prazo se completar segundo a lei antiga (artigo 34.º números 1 e 2 do Código de Processo Tributário - CPT, nos termos do qual o prazo de prescrição era de dez anos, contados do início do ano civil seguinte ao da verificação do facto tributário). Este prazo, se tivesse corrido ininterruptamente, ter-se-ia consumado no dia 1 de Janeiro de 2007 (oito anos após o seu início), mas tal não sucedeu por força da ocorrência de causas de interrupção e suspensão da prescrição, relevando, em concreto, para efeitos da contagem do prazo, as previstas na lei vigente ao tempo da sua ocorrência, por força do disposto na parte final do n.º 2 do artigo 12.º do Código Civil (cfr. JORGE LOPES DE SOUSA, Sobre a Prescrição da Obrigação Tributária: Notas Práticas, 2.ª ed., Lisboa, Áreas Editora, 2010, pp. 101/102). Consta da alínea M) do probatório fixado na sentença

recorrida que em 16 de Julho de 2001, ou seja decorridos ainda menos de três anos sobre o início do prazo, foi deduzida impugnação judicial, sendo que se colhe do ofício de fls. 85 dos autos que a impugnação foi acompanhada de prestação de garantia bancária suficiente para suspender a execução fiscal, que se encontra, em virtude desse facto, suspensa desde 13 de Agosto de 2001. Ora, à data (e actualmente, pois que quanto a este aspecto do regime não houve alterações) a impugnação judicial deduzida, por si só, constituía facto interruptivo da prescrição (cfr. o n.º 1 do artigo 49.º da LGT) e, se acompanhada da suspensão da execução fiscal em virtude de garantia prestada para esse efeito, constituía igualmente facto suspensivo do respectivo prazo prescricional (cfr. o então n.º 3 do artigo 49.º da LGT, na redacção então vigente e JORGE LOPES DE SOUSA, op. cit., pp. 52/53 e 66/69), suspensão esta que se mantém ainda hoje. Ora, independentemente da interrupção da prescrição ocorrida em virtude da dedução de impugnação se poder ter desgraduado em mera suspensão do prazo em virtude da paragem do processo por mais de um ano por facto não imputável ao impugnante (ex vi do n.º 2 do artigo 49.º da LGT então vigente), o certo é que essa paragem apenas se poderá terá verificado em data posterior à da prestação de garantia para suspender a execução, pois que esta foi prestada menos de um mês após a dedução da impugnação (em 13 de Agosto de 2001, conforme ofício de fls. 85) estando já nessa data o prazo suspenso em virtude da impugnação acompanhada da prestação de garantia. E assim sendo, o prazo de prescrição não reiniciou a sua contagem até à presente data, em virtude daquela suspensão. Manifesto é, pois, não estar prescrita a dívida impugnada, improcedendo esta alegação da recorrente e mantendo-se útil o conhecimento do recurso. 6.2 Da legalidade da liquidação impugnada A sentença recorrida, a fls. 56 a 61 dos autos, julgou a impugnação improcedente, mantendo a liquidação adicional de IRC impugnada, fundamentando a decisão nos termos seguintes (cfr. sentença recorrida, a fls. 60 e 61 dos autos): «( ) Como se alcança da análise dos factos dados como provados, sobretudo dos fixados nas alíneas E) a J), resulta evidente que a impugnante, no ano de 1994, beneficiou da dedução parcial do prejuízo, relativamente ao ano de 1992,

no valor de 1.828.377$00. Dedução e benefício esses que a impugnante teve conhecimento, não tendo reagido contra a liquidação feita nesses termos, apesar de saber que os lucros tributáveis relativos aos anos de 1993 e 1994 tinham sido corrigidos por aplicação de métodos indirectos (facto que nunca foi posto em causa pela impugnante). Aliás, foi a própria impugnante que procedeu à dedução do prejuízo fiscal da totalidade do exercício de 1992, nos exercícios de 1993 e 1994, cujos respectivos lucros tributáveis vieram a ser corrigidos por aplicação de métodos indirectos. Assim, não poderia, a impugnante, na declaração de rendimentos modelo 22 do exercício de 1997, deduzir o valor total dos prejuízos de 1992, no montante de 3.111.490$00, porquanto sabia já que, desse montante, o valor parcial de 1.828.377$00 tinha sido deduzido no lucro tributável de 1994 (alínea L) dos factos provados). Apenas o podendo fazer relativamente à diferença verificada, ou seja 1.283.113$00, sob pena de, caso contrário, beneficiar a impugnante ilicitamente duplamente daquela dedução. Assim, irrelevante se torna o argumento invocado pela impugnante de que a administração fiscal não deveria ter deduzido os prejuízos no exercício de 1994, porquanto o lucro tributável referente a esse exercício foi feito por recurso a métodos indirectos. Isto, porque, por um lado, a impugnante teve conhecimento da liquidação feita nesses termos e não reagiu contra a mesma; por outro lado, a impugnante não foi prejudicada por essa liquidação, uma vez que já beneficiou, por essa via, da dedução do prejuízo parcial do ano de 1992, no montante de 1.828.377$00». (fim de citação). Discorda do decidido a recorrente, alegando que nenhuma ilegalidade existiu na dedução integral dos prejuízos do exercício de 1992 aos lucros obtidos em 1997, pois que se algo estava incorrecto e ilegal tal reportava-se ao exercício de 1994, apurado por métodos indirectos, e nunca ao de 1997, imputando à sentença recorrida, que assim não julgou, a violação dos artigos 46.º n.º 2 e 77.º do Código do IRC. Vejamos. Tem razão a recorrente quando afirma que ao exercício de 1994 não deviam ter sido deduzidos parte dos prejuízos fiscais apurados em 1992, pois que a matéria colectável foi fixada por métodos indirectos e a lei (o n.º 2 do artigo 46.º do Código do IRC, ao tempo, o actual n.º 2 do artigo 52.º

do Código do IRC) o veda nesses casos. Aquele acto de liquidação não é, contudo, objecto da presente impugnação e, apesar de ilegal, convalidou-se na ordem jurídica, pois que não foi impugnado. Mas já não assiste razão à impugnante quando reputa de ilegal a liquidação adicional de IRC efectuada ao exercício de 1997 que desconsiderou a dedução de parte dos prejuízos relativos a 1992 já deduzidos ao exercício de 1994. A recorrente, sem qualquer razoabilidade e sem suporte legal, pretende no fundo ter direito a que a parte do prejuízo relativo a 1992 e já deduzido em 1994 possa ser de novo deduzido ao exercício de 1997, pois que aquela primeira dedução seria contra legem. Ora, reconhecendose embora que a dedução não devia ter sido efectuada a um dos exercícios no qual a matéria colectável foi fixada por métodos indirectos, dessa dedução indevida decorre necessariamente que o montante do prejuízo que pode ser deduzido em 1997 é apenas a parte do prejuízo de 1992 ainda não objecto de dedução, pois que da ilegalidade cometida não decorre nenhum direito à dupla dedução de parte do prejuízo apurado, do qual resultaria, aliás, um enriquecimento sem causa da recorrente. Não há, pois, qualquer ilegalidade na liquidação adicional referente ao exercício de 1997, que se limitou a desconsiderar na dedução dos prejuízos fiscais obtidos em 1992 o montante já objecto de dedução no exercício de 1994. Improcedem, deste modo, as alegações da recorrente. - Decisão - 7 - Termos em que, face ao exposto, acordam os juízes da Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo em negar provimento ao recurso, confirmando a decisão recorrida e julgando não prescrita a dívida impugnada. Custas pela recorrente, fixando-se a procuradoria em 1/6. Lisboa, 26 de Janeiro de 2011. - Isabel Marques da Silva (relatora) Pimenta do Vale António Calhau.